sexta-feira, 10 de outubro de 2025
Lucas 11, 27-28 A verdadeira felicidade.
* 27 Enquanto Jesus dizia essas coisas, uma mulher levantou a voz no meio da multidão, e lhe disse: “Feliz o ventre que te carregou, e os seios que te amamentaram.” 28 Jesus respondeu: “Mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática.”
Comentário:
* 27-28: Acolher a palavra de Jesus é dom maior do que o simples fato de ser mãe dele.
Maria é modelo de fé e de seguimento porque soube acolher a Palavra de Deus, sendo fiel ao projeto de vida que o Senhor lhe traçou. Disse “sim” à sua vocação, tornando-se a nova Arca da Aliança. Exatamente por isso é bem-aventurada (feliz). Ela deu vida ao Verbo de Deus, Jesus Cristo, Palavra feita carne que deve agora ser aceita e vivida por todos a fim de que o Reino se instale no mundo. Por isso, Jesus afirma que todos os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática são também bem-aventurados (felizes), a exemplo de sua Mãe. Quem ouve a Palavra e a transforma em atos concretos passa a fazer parte da família de Jesus, empenhando-se por promover a justiça, a fraternidade e a paz. A bem-aventurança lida no Evangelho de hoje se associa e completa as bem-aventuranças anunciadas anteriormente (Lucas 6,20-23 e Mateus 5,1-12).
quinta-feira, 9 de outubro de 2025
Lucas 11, 15-26 Jesus é mais forte do que Satanás.
15 Mas alguns disseram: “É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios.” 16 Outros, para tentar Jesus, pediram-lhe um sinal do céu. 17 Mas, conhecendo o pensamento deles, Jesus disse: “Todo reino dividido em grupos que lutam entre si, será destruído; e uma casa cairá sobre outra. 18 Ora, se até Satanás está dividido contra si mesmo, como o seu reino poderá sobreviver? Vocês dizem que é por Belzebu que eu expulso os demônios. 19 Se é através de Belzebu que eu expulso os demônios, através de quem os filhos de vocês expulsam os demônios? Por isso, eles mesmos hão de julgar vocês. 20 Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou para vocês. 21 Quando um homem forte e bem armado guarda a sua casa, os bens dele estão em segurança. 22 Mas, quando chega um homem mais forte do que ele e o vence, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava, e reparte o que roubou. 23 Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa.”
Pior do que antes -* 24 “Quando um espírito mau sai de um homem, fica vagando em lugares desertos à procura de repouso, e não encontra. Então diz: ‘Vou voltar para a casa de onde saí’. 25 Quando ele chega, encontra a casa varrida e arrumada. 26 Então ele vai, e traz consigo outros sete espíritos piores do que ele. Eles entram, moram aí e, no fim, esse homem fica em condição pior do que antes.”
Comentário:
* 14-23: A cura do endemoninhado mostra que a ação de Jesus consiste em libertar o homem da alienação que o impede de falar. A ação de Jesus testemunha a chegada do Reino de Deus, pois para vencer Satanás é preciso ser mais forte do que ele. Mas Jesus é, ao mesmo tempo, a presença da salvação e do julgamento: quem não age com Jesus, torna-se adversário.
* 24-26: Cf. nota em Mt 12, 43-45: Recusando Jesus e o Reino de justiça que ele traz, os homens ficam entregues a uma alienação maior do que aquela em que se encontravam antes da sua vinda.
Certa vez, o papa Francisco afirmou em uma homilia que “podemos caminhar o quanto quisermos, podemos edificar um monte de coisas, mas, se não confessarmos Jesus Cristo, algo está errado. Quando não confessamos Jesus Cristo, confessamos o mundanismo do diabo, o mundanismo do demônio” (14 de março de 2013). Essas palavras traduzem bem o que Jesus nos ensina no Evangelho de hoje: “Quem não está comigo, está contra mim; e quem não recolhe comigo, espalha”. O demônio é tudo aquilo que nos desvia da relação de amor com Deus e com os irmãos, é tudo aquilo que tenta ofuscar nossa dignidade de filhos de Deus. Só é possível combater o mal e a divisão no mundo em nome de Cristo. Só quem confessa verdadeiramente Jesus Cristo pode esperar com tranquilidade o dia em que o Senhor nos julgará com justiça, restituindo-nos a dignidade de filhos de Deus.
quarta-feira, 8 de outubro de 2025
Lucas 11, 5-13 Pedir com confiança.
* 5 Jesus acrescentou: “Se alguém de vocês tivesse um amigo, e fosse procurá-lo à meia-noite, dizendo: ‘Amigo, me empreste três pães, 6 porque um amigo meu chegou de viagem, e não tenho nada para oferecer a ele’. 7 Será que lá de dentro o outro responderia: ‘Não me amole! Já tranquei a porta, meus filhos e eu já nos deitamos; não posso me levantar para lhe dar os pães?’ 8 Eu declaro a vocês: mesmo que o outro não se levante para dar os pães porque é um amigo seu, vai levantar-se ao menos por causa da amolação, e dar tudo aquilo que o amigo necessita. 9 Portanto, eu lhes digo: peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! 10 Pois, todo aquele de que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta. 11 Será que alguém de vocês que é pai, se o filho lhe pede um peixe, em lugar do peixe lhe dá uma cobra? 12 Ou ainda: se pede um ovo, será que vai lhe dar um escorpião? 13 Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas aos filhos, quanto mais o Pai do céu! Ele dará o Espírito Santo àqueles que o pedirem.”
Comentário:
* 5-13: O Evangelho insiste na oração perseverante e confiante. Se os homens são capazes de atender ao pedido de amigos e filhos, quanto mais o Pai! Ele nada recusará. Pelo contrário, dará o Espírito Santo, isto é, a força de Deus que leva o homem a viver conforme a vida de Jesus Cristo.
Deus nos conhece profundamente e sabe do que precisamos. Como um Pai bondoso e atento, responde sempre aos pedidos de seus filhos. Deus nos ama e nos criou para sermos felizes e para imitá-lo no amor e na misericórdia. Os pequenos castigos que deu ao povo ao longo da história da salvação, ou que hoje nos dá, são apenas instrumentos para nos fortalecer e amadurecer. Encontrar e permanecer no caminho da realização exige muita insistência e perseverança. Mas não é tempo perdido. Pelo contrário, somente insistindo no caminho do bem, da justiça e da verdade, receberemos o pão da salvação. É importante nos dirigirmos a Deus através da oração, para manifestar nossos anseios e desejos, pois isso cria intimidade e alimenta nosso espírito. Quando rezamos, sentimos a presença de Deus em nossa vida e tudo se torna mais fácil: as portas se abrem, o que estava oculto aparece, tudo é iluminado.
terça-feira, 7 de outubro de 2025
Lucas 11, 1-4 O “Pai Nosso”.
* 1 Um dia, Jesus estava rezando em certo lugar. Quando terminou, um dos discípulos pediu: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou os discípulos dele.” 2 Jesus respondeu: “Quando vocês rezarem, digam: Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. 3 Dá-nos a cada dia o pão de amanhã, 4 e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos aqueles que nos devem; e não nos deixes cair em tentação.”
Comentário:
*1-4: Os mestres costumavam ensinar os discípulos a rezar, transmitindo o resumo da própria mensagem. O Pai Nosso traz o espírito e o conteúdo fundamental de toda oração cristã. Esta oração se faz na intimidade filial com Deus (Pai), apresentando-lhe os pedidos mais importantes: que o Pai seja reconhecido por todos (nome); que sua justiça e amor se manifestem (Reino); que, na vida de cada dia, ele nos dê vida plena (pão de amanhã); que ele nos perdoe como nós repartimos o perdão; que ele não nos deixe abandonar o caminho de Jesus (tentação).
Em diversas passagens, o Evangelho nos diz que Jesus saiu para rezar. No deserto ou na montanha, sozinho ou com os apóstolos, vemos que Jesus rezava ao Pai com frequência. Hoje, vemos a oração que ele ensinou aos seus discípulos e que se tornou a principal oração do cristão, pois concentra os elementos essenciais da nossa fé: a consciência de que Deus é Pai e, portanto, todos somos irmãos; o desejo de agradecer a esse Pai as maravilhas que nos concede, enquanto esperamos o momento de encontrá-lo face a face no Reino; a confiança de que ele nos protege e alimenta, garantindo o pão cotidiano; a certeza da sua misericórdia, que perdoa nossos pecados e nos ensina a perdoar nosso próximo. Somos convidados a rezar com frequência essa oração do pai-nosso.
segunda-feira, 6 de outubro de 2025
Lucas 1, 26-28 O Messias vai chegar.
* 26 No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré. 27 Foi a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de Davi. E o nome da virgem era Maria. 28 O anjo entrou onde ela estava, e disse: “Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!” 29 Ouvindo isso, Maria ficou preocupada, e perguntava a si mesma o que a saudação queria dizer. 30 O anjo disse: “Não tenha medo, Maria, porque você encontrou graça diante de Deus. 31 Eis que você vai ficar grávida, terá um filho, e dará a ele o nome de Jesus. 32 Ele será grande, e será chamado Filho do Altíssimo. E o Senhor dará a ele o trono de seu pai Davi, 33 e ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó. E o seu reino não terá fim.” 34 Maria perguntou ao anjo: “Como vai acontecer isso, se não vivo com nenhum homem?” 35 O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de você será chamado Filho de Deus. 36 Olhe a sua parenta Isabel: apesar da sua velhice, ela concebeu um filho. Aquela que era considerada estéril, já faz seis meses que está grávida. 37 Para Deus nada é impossível.” 38 Maria disse: “Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.” E o anjo a deixou.
Comentário:
* 26-38: Maria é outra representante da comunidade dos pobres que esperam pela libertação. Dela nasce Jesus Messias, o Filho de Deus. O fato de Maria conceber sem ainda estar morando com José indica que o nascimento do Messias é obra da intervenção de Deus. Aquele que vai iniciar nova história surge dentro da história de maneira totalmente nova.
Na festa de Nossa Senhora do Rosário, a liturgia propõe o Evangelho da anunciação para a nossa meditação. Rica de detalhes e de símbolos, essa narrativa nos mostra como uma jovem simples da Palestina é chamada a ser protagonista da história da salvação, desempenhando uma extraordinária missão: receber em seu ventre o Filho de Deus. A anunciação, juntamente com outros mistérios da vida de Jesus e Maria, é recordada na oração do rosário, cuja origem remonta aos conventos da Idade Média. Mais tarde, Nossa Senhora apareceu a São Domingos e indicou-lhe a recitação do rosário como arma eficaz para combater a doutrina herética dos albigenses. A festa que hoje celebramos veio logo a seguir. Inicialmente chamada festa de “Santa Maria da Vitória”, celebra a vitória dos cristãos sobre os turcos, em 1571, na Batalha de Lepanto. O papa Pio V atribui esse feito histórico à oração que o povo cristão dirigiu a Nossa Senhora.
domingo, 5 de outubro de 2025
Lucas 10, 25-37 O amor é prática concreta.
* 25 Um especialista em leis se levantou, e, para tentar Jesus perguntou: “Mestre, o que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” 26 Jesus lhe disse: “O que é que está escrito na Lei? Como você lê?” 27 Ele então respondeu: “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o seu coração, com toda a sua alma, com toda a sua força e com toda a sua mente; e ao seu próximo como a si mesmo.” 28 Jesus lhe disse: “Você respondeu certo. Faça isso, e viverá!” 29 Mas o especialista em leis, querendo se justificar, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” 30 Jesus respondeu: “Um homem ia descendo de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de assaltantes, que lhe arrancaram tudo, e o espancaram. Depois foram embora, e o deixaram quase morto. 31 Por acaso um sacerdote estava descendo por aquele caminho; quando viu o homem, passou adiante, pelo outro lado. 32 O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu, e passou adiante, pelo outro lado. 33 Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e teve compaixão. 34 Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal, e o levou a uma pensão, onde cuidou dele. 35 No dia seguinte, pegou duas moedas de prata, e as entregou ao dono da pensão, recomendando: ‘Tome conta dele. Quando eu voltar, vou pagar o que ele tiver gasto a mais’.” E Jesus perguntou: 36 “Na sua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”37 O especialista em leis respondeu: “Aquele que praticou misericórdia para com ele.” Então Jesus lhe disse: “Vá, e faça a mesma coisa.”
Comentário:
* 25-37: O primeiro a colocar obstáculos no caminho de Jesus é um teólogo. Este sabe que o amor total a Deus e ao próximo é que leva à vida. Mas, não basta saber. É preciso amar concretamente. A parábola do samaritano mostra que o próximo é quem se aproxima do outro para lhe dar uma resposta às necessidades. Nessa tarefa prática, o amor não leva em conta barreiras de raça, religião, nação ou classe social. O próximo é aquele que eu encontro no meu caminho. O legista estabelecia limites para o amor: “Quem é o meu próximo?” Jesus muda a pergunta: “O que você faz para se tornar próximo do outro?”
No centro do Evangelho de hoje está a questão da identidade do nosso próximo, pois, no Antigo Testamento, é um termo muito amplo. Em alguns casos, é somente o irmão ou parente; em outros, um amigo ou membro do mesmo clã ou grupo social. Jesus alarga o campo semântico, tentando fazer compreender que o próximo é todo aquele que precisa de nós, independentemente de raça, religião, classe social etc. O próximo a ser amado, respeitado e acolhido é todo homem e toda mulher, sem distinção de nenhum tipo. Até mesmo nossos inimigos ou opositores são nossos próximos, daí o mandamento supremo de “amar o próximo como a si mesmo”, que substitui, juntamente com o “amar a Deus sobre todas as coisas”, toda a Torá. Em Jesus, somos convidados a “nos fazermos próximos” uns dos outros.
sábado, 4 de outubro de 2025
Lucas 17, 5-10 Atitudes do discípulo.
5 Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” 6 O Senhor respondeu: “Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: ‘Arranque-se daí, e plante-se no mar’. E ela obedeceria a vocês.
7 Se alguém de vocês tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Venha depressa para a mesa’? 8 Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepare-me o jantar, cinja-se e sirva-me, enquanto eu como e bebo; depois disso você vai comer e beber’? 9 Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado? 10 Assim também vocês: quando tiverem cumprido tudo o que lhes mandarem fazer, digam: ‘Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer’.”
Comentário:
* 1-10: Lucas reúne aqui sentenças de Jesus sobre o escândalo, a correção fraterna, o perdão, o poder da fé e a necessidade de estar desinteressadamente a serviço de Deus. São atitudes fundamentais para a vida do discípulo de Jesus.
Na viagem a Jerusalém, os apóstolos reconhecem sua falta de fé, por isso o pedido: “Aumenta nossa fé”. Jesus mostra-lhes a importância da fé, mesmo pequena. A fé do cristão não está em aderir a um conjunto de verdades abstratas, mas trata-se de uma escolha concreta: a de seguir o Mestre. Segundo o texto, o poder da fé é muito grande, consegue coisas humanamente impossíveis. A pequena parábola pode chocar os corações mais genuínos. Ela dá a impressão de justificar a escravidão, mas Jesus não aprova escravidão nenhuma, apenas aproveita da realidade presente no seu tempo, em que havia muitos escravos. Precisamos de muita fé para compreender nossa contribuição gratuita ao serviço do Reino de Deus. A parábola mostra que os servidores do Evangelho não devem esperar aplausos e recompensas. Ela quer desfazer o conceito de um “deus capitalista”, uma troca de favores, que recompensa ou castiga conforme nosso agir. Deus nunca esquecerá o bem que fazemos, mas não o fazemos para ter méritos diante dele.
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