terça-feira, 17 de junho de 2025

Mateus 6, 1-6.16-18 Superar a justiça dos hipócritas.

* 1 “Prestem atenção! Não pratiquem a justiça de vocês diante dos homens, só para serem elogiados por eles. Fazendo assim, vocês não terão a recompensa do Pai de vocês que está no céu.” Relação com o próximo -* 2 “Por isso, quando você der esmola, não mande tocar trombeta na frente, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa. 3 Ao contrário, quando você der esmola, que a sua esquerda não saiba o que a sua direita faz, 4 para que a sua esmola fique escondida; e seu Pai, que vê o escondido, recompensará você.” Relação com Deus -* 5 “Quando vocês rezarem, não sejam como os hipócritas, que gostam de rezar em pé nas sinagogas e nas esquinas, para serem vistos pelos homens. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa. 6 Ao contrário, quando você rezar, entre no seu quarto, feche a porta, e reze ao seu Pai ocultamente; e o seu Pai, que vê o escondido, recompensará você.” Relação consigo mesmo -* 16 “Quando vocês jejuarem, não fiquem de rosto triste, como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto para que os homens vejam que estão jejuando. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa. 17 Quando você jejuar, perfume a cabeça e lave o rosto, 18 para que os homens não vejam que você está jejuando, mas somente seu Pai, que vê o escondido; e seu Pai, que vê o escondido, recompensará você.” Comentário: 6,1: O termo justiça se refere, aqui, a atitudes práticas em relação ao próximo (esmola), a Deus (oração), e a si mesmo (jejum). Jesus não nega o valor dessas práticas. Ele mostra como devem ser feitas para que se tornem autênticas. * 2-4: A esmola é um gesto de partilha, e deve ser o sinal da compaixão que busca a justiça, relativizando o egoísmo da posse. Dar esmola para ser elogiado é servir a si mesmo e, portanto, falsificá-la. * 5-6: Na oração, o homem se volta para Deus, reconhecendo-o como único absoluto, e reconhecendo a si mesmo como criatura, relativizando a auto-suficiência. Por isso, rezar para ser elogiado é colocar-se como centro, falsificando a oração. * 16-18: Jejuar é privar-se de algo imediato e necessário, a fim de ver perspectivas novas e mais amplas para a realização da vida. Trata-se de deixar o egocentrismo, para crescer e dispor-se a realizar novo projeto de justiça. Jejuar para aparecer é perder de uma vez o sentido do jejum. A oração, o jejum e a esmola são ações que revelam nossa opção por Cristo e, por isso, devem ser realizadas com simplicidade, discrição e sinceridade. Elas não devem ser vistas como motivos para recebermos aplausos ou reconhecimento, mas sim como expressões da nossa alegria e gratidão a Deus. Como afirma Paulo, “Deus ama quem dá com alegria”, ama aquele que se predispõe a ajudar o próximo sem pensar em reconhecimento ou retribuição, a não ser aquela que vem do alto. Através do Evangelho de hoje, aprendemos que a esmola revela o grau de generosidade de quem a pratica, por isso deve estar isenta de interesse pessoal; a oração é o nosso diálogo com Deus, simples e direto, e por isso não é preciso convertê-la em espetáculo; o jejum demonstra nosso desapego aos bens materiais e simboliza nossa purificação, por isso não devemos exaltar-nos por ele.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Mateus 5, 43-48 Amar como o Pai ama.

-* 43 “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo, e odeie o seu inimigo!’ 44 Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês! 45 Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu, porque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos. 46 Pois, se vocês amam somente aqueles que os amam, que recompensa vocês terão? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47 E se vocês cumprimentam somente seus irmãos, o que é que vocês fazem de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48 Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu.” Comentário: * 43-48: O Evangelho abre a perspectiva do relacionamento humano para além das fronteiras que os homens costumam construir. Amar o inimigo é entrar em relação concreta com aquele que também é amado por Deus, mas que se apresenta como problema para mim. Os conflitos também são uma tarefa do amor. O v. 48 é a conclusão e a chave para se compreender todo o conjunto formado por 5,17-47: os discípulos são convidados a um comportamento que os torne filhos testemunhando a justiça do Pai. Sobre os cobradores de impostos, cf. nota em Mc 2,13-17. Na sexta antítese do Sermão da montanha, Jesus questiona o ódio aos inimigos. A referência “ame seu próximo e odeie seu inimigo” não é um texto conhecido do Antigo Testamento, mas devia ser ditado corrente na época. Jesus contrapõe esse preceito, pois ele não condiz com o amor abundante de Deus, que chama todos à santidade e à perfeição. Ao contrário, a nova norma revela a receita para sermos perfeitos como nosso Pai é perfeito: amar sem medida, amar até mesmo os inimigos e aqueles que nos perseguem. Esse grande desafio foi aceito por todos os santos e mártires, que servem, para nós, como modelos de fé. Seguir Jesus é fazer o mesmo que ele fez. Amar a todos é a ação fundamental. Amar significa também ser solidário e ajudar os que necessitam, como mostra Paulo ao pedir aos Coríntios donativos para os pobres de Jerusalém.

domingo, 15 de junho de 2025

Mateus 5, 38-42 Violência e resistência.

* 38 “Vocês ouviram o que foi dito: “Olho por olho e dente por dente!” 39 Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês. Pelo contrário: se alguém lhe dá um tapa na face direita, ofereça também a esquerda! 40 Se alguém faz um processo para tomar de você a túnica, deixe também o manto! 41 Se alguém obriga você a andar um quilômetro, caminhe dois quilômetros com ele! 42 Dê a quem lhe pedir, e não vire as costas a quem lhe pedir emprestado.” Comentário: * 38-42: Como se pode superar a vingança ou até mesmo a «justa» punição? O Evangelho propõe atitude nova, a fim de eliminar pela raiz o círculo infernal da violência: a resistência ao inimigo não deve ser feita com as mesmas armas usadas por ele, mas através de comportamento que o desarme. Quando a lei do talião (descrita em Êxodo 21,24 e Levítico 24,19-20) foi criada, o objetivo era pôr fim a uma onda de violência e vingança, assegurando, inicialmente, o princípio da equivalência jurídica: um por um. Com o tempo, também essa lei se tornou um princípio de vingança, que vemos existir ainda hoje. Cristo propõe um novo princípio que implica vencer o mal pelo bem que se faz. À violência, respondemos com a paz; à agressão, com o perdão; ao egoísmo, com a generosidade. A nova sociedade composta pelos seus discípulos (a comunidade cristã) deve se deixar guiar pela humildade, pelo respeito e pela caridade. O cristão é chamado a ser testemunho de algo novo entre os que o rodeiam.

sábado, 14 de junho de 2025

João 16, 12-15 O Espírito vai guiar o testemunho dos discípulos.

- 12 “Ainda tenho muitas coisas para dizer, mas agora vocês não seriam capazes de suportar. 13 Quando vier o Espírito da Verdade, ele encaminhará vocês para toda a verdade, porque o Espírito não falará em seu próprio nome, mas dirá o que escutou e anunciará para vocês as coisas que vão acontecer. 14 O Espírito da Verdade manifestará a minha glória, porque ele vai receber daquilo que é meu, e o interpretará para vocês. 15 Tudo o que pertence ao Pai, é meu também. Por isso é que eu disse: o Espírito vai receber daquilo que é meu, e o interpretará para vocês. Comentário: * 4b-15: Através do testemunho dos discípulos, o testemunho de Jesus continua na história. Guiados pelo Espírito, os discípulos se tornam capazes de interpretar o mundo a partir da palavra e ação de Jesus. Em qualquer lugar e época, eles irão testemunhar, mostrando que: o pecador é aquele que rejeita a obra de Deus realizada em Jesus e em seus seguidores; o justo é Jesus, presente e atuante naqueles que o testemunham; o condenado é príncipe ou chefe do sistema que condenou Jesus e continua perseguindo seus seguidores. Desse modo, o julgamento de Deus inverte o julgamento dos homens: a morte de Jesus transforma-se em vida, e aqueles que o condenaram, agora são condenados. O Evangelho faz parte do grande discurso de despedida de Jesus. Há muita coisa, diz o Evangelho, que não compreendemos. Não há como penetrar em todos os mistérios de Deus, mas o Espírito da Verdade, prometido por Jesus, haverá de clarear a mensagem e a vida do Mestre. O Espírito Santo, terceira pessoa da Santíssima Trindade, introduzirá os discípulos na compreensão do que Jesus disse e realizou. Uma só é a revelação: sua fonte está no Pai, realiza-se no Filho e se completa nos fiéis por meio do Espírito. O Espírito age em nós em sintonia com o Pai e o Filho. A Trindade Santa nos ensina que é possível viver a comunhão e a fraternidade nas famílias e nas comunidades cristãs, unidos ao Pai, ao Filho e ao Espírito. A Santíssima Trindade nos convida a abrir-nos ao mistério de Deus, crer na Boa-nova de seu Filho e trabalhar para construir um mundo mais humano, mais fraterno e mais justo. A exemplo de Jesus, deixemo-nos impulsionar e fortalecer pelo Espírito de Deus.

Romanos 5, 1-5 O motivo da nossa esperança.

* 1 Assim, justificados pela fé, estamos em paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. 2 Por meio dele e através da fé, nós temos acesso à graça, na qual nos mantemos e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus. 3 E não só isso. Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, 4 a perseverança produz a fidelidade comprovada, e a fidelidade comprovada produz a esperança. 5 E a esperança não engana, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Comentário: * 5,1-11: Justificados pela fé em Jesus Cristo, estamos em paz com Deus; por isso, começamos a viver a esperança da salvação. Essa esperança é vivida em meio a uma luta perseverante, ancorada na certeza, garantida pelo Espírito Santo que nos foi dado (vv. 1-5). Deus manifestou seu amor em Jesus Cristo, que morreu por nós quando ainda éramos pecadores (vv. 6-8). Agora que já fomos reconciliados podemos crer com maior razão e esperar que seremos salvos pela vida-ressurreição de Jesus (vv. 9-11). O termo “tribulação”, que aparece muitas vezes no Novo Testamento, se refere às opressões e repressões de que é vítima o povo de Deus. Opressões e repressões por parte dos poderes humanos, que procuram reduzir o alcance do testemunho cristão para que este não abale a estrutura vigente na sociedade.

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Mateus 5, 33-37 Juramento e verdade.

-* 33 “Vocês ouviram também o que foi dito aos antigos: ‘Não jure falso’, mas ‘cumpra os seus juramentos para com o Senhor’. 34 Eu, porém, lhes digo: não jurem de modo algum: nem pelo Céu, porque é o trono de Deus; 35 nem pela terra, porque é o suporte onde ele apóia os pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. 36 Não jure nem mesmo pela sua própria cabeça, porque você não pode fazer um só fio de cabelo ficar branco ou preto. 37 Diga apenas ‘sim’, quando é ‘sim’; e ‘não’, quando é ‘não’. O que você disser além disso, vem do Maligno.” Comentário: * 33-37: A necessidade de juramentos é sinal de que a mentira e a desconfiança pervertem as relações humanas. Jesus exige relacionamento em que as pessoas sejam verdadeiras e responsáveis. Jesus continua apresentando aos seus discípulos os fundamentos da nova Lei. O juramento era um procedimento legal e prática religiosa que procurava respaldar com uma instância superior a simples palavra humana, e assim era ocultada a desconfiança nessa mesma palavra. Jesus condena tal atitude de desconfiança humana, pois entre os cristãos a sinceridade deve prevalecer sempre, inviabilizando todo e qualquer juramento. O próprio Cristo experimentou a radicalidade de um “sim” sincero e definitivo ao morrer por todos. O cristão é convidado então a ser testemunha autêntica desta vida nova em Cristo, para que seja a Palavra de Deus a assegurar seu testemunho

Mateus 5, 27-32 Adultério e fidelidade.

* 27 “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não cometa adultério’. 28 Eu, porém, lhes digo: todo aquele que olha para uma mulher e deseja possuí-la, já cometeu adultério com ela no coração. 29 Se o olho direito leva você a pecar, arranque-o e jogue-o fora! É melhor perder um membro, do que o seu corpo todo ser jogado no inferno. 30 Se a mão direita leva você a pecar, corte-a e jogue-a fora! É melhor perder um membro do que o seu corpo todo ir para o inferno. 31 Também foi dito: ‘Quem se divorciar de sua mulher, lhe dê uma certidão de divórcio’. 32 Eu, porém, lhes digo: todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada, comete adultério.” Comentário: * 27-32: Jesus radicaliza até à interioridade a fidelidade matrimonial, apelando ao amor verdadeiro e leal. O adultério começa com o olhar de desejo, e o mal deve ser cortado pela raiz. A exceção citada no v. 32 pode referir-se ao caso de união ilegítima, por causa do grau de parentesco que trazia impedimento matrimonial segundo a Lei (Lv 18,6-18; At 15,29). De maneira muito sintética, Jesus expõe a nova ordem sobre o adultério e sobre o divórcio. Vai além do preceito antigo, expresso no Decálogo (Ex 20,14 e Dt 5,18), dizendo-nos que o pecado nasce antes na atitude interior (desejo) e nos sentidos (visão). É preciso evitar toda forma de pecado com uma atitude reta e justa. Atitude como a demonstrada pelos apóstolos, que mantinham a alegria, a força e a fé apesar de todas as tribulações. O cristão é chamado a viver a radicalidade do Evangelho, em todas as situações da nossa existência, evitando qualquer imperfeição ou desvio, para assim expressar a dignidade de Deus, que nos cria e recria por meio da sua Palavra.