quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
Marcos 7, 31-37 Jesus inicia uma nova criação.
* 31 Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole. 32 Levaram então a Jesus um homem surdo e que falava com dificuldade, e pediram que Jesus pusesse a mão sobre ele. 33 Jesus se afastou com o homem para longe da multidão; em seguida pôs os dedos no ouvido do homem, cuspiu e com a sua saliva tocou a língua dele. 34 Depois olhou para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abra-se!” 35 Imediatamente os ouvidos do homem se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. 36 Jesus recomendou com insistência que não contassem nada a ninguém. No entanto, quanto mais ele recomendava, mais eles pregavam. 37 Estavam muito impressionados e diziam: “Jesus faz bem todas as coisas. Faz os surdos ouvir e os mudos falar.”
Comentário:
* 31-37: A missão de Jesus inicia nova criação (Gn 1,31). Para isso ele abre os ouvidos e a boca dos homens, para que eles sejam capazes de ouvir e falar, isto é, discernir a realidade e dizer a palavra que a transforma.
Decápole significa, literalmente, dez cidades, referindo-se ao conjunto de povoados fundados entre os séculos IV e I a.C. e conquistados por Pompeu no ano 63 a.C. Essas cidades, localizadas na região que hoje está dividida entre Israel, Síria e Jordânia, eram habitadas por uma população de cultura pagã. Portanto, Jesus continua a realizar milagres entre os pagãos, mostrando, assim, que eles também são acolhidos no Reino. Jesus aparece aqui, também, como o Redentor que restaura a bondade perdida por Adão e Eva no paraíso, texto que, por sinal, vemos na primeira leitura de hoje. Cristo é o novo Adão, que dá início à nova humanidade, não mais marcada pelo pecado, mas pela graça. Ele faz os surdos ouvir e os mudos falar (cf. Is 29,18). Uma curiosidade é que o rito do “efatá” faz parte ainda hoje do sacramento do batismo. Depois de batizá-la, o sacerdote traça o sinal da cruz sobre os ouvidos e a boca da criança, repetindo o mesmo gesto de Jesus, um gesto simbólico, mas de significado muito profundo, que tem sua origem no Evangelho que hoje meditamos.
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
Marcos 7, 24-30 Jesus veio para todos.
* 24 Então Jesus saiu daí e foi para a região de Tiro e Sidônia. Entrou numa casa e não queria que ninguém soubesse onde ele estava. Mas não conseguiu ficar escondido. 25 Uma mulher, que tinha uma filha com um espírito mau, ouviu falar de Jesus. Foi até ele e caiu a seus pés. 26 A mulher era pagã, nascida na Fenícia da Síria. Ela suplicou a Jesus que expulsasse de sua filha o demônio. 27 Jesus disse: “Deixe que primeiro os filhos fiquem saciados, porque não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos.” 28 A mulher respondeu: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos ficam debaixo da mesa e comem as migalhas que as crianças deixam cair.” 29 Então Jesus disse: “Por causa disso que você acaba de dizer, pode voltar para casa; o demônio já saiu da sua filha.” 30 Ela voltou para casa e encontrou sua filha deitada na cama, pois o demônio já tinha saído dela.
Comentário:
* 24-30: A salvação trazida por Jesus não é privilégio de um povo determinado, mas é para todos os que acreditam nele e na sua missão, mesmo que sejam considerados como cães, isto é, estrangeiros. Não é mais a raça e o sangue que unem as pessoas a Deus, mas a fé em Jesus e no mundo novo e transformado que ele desperta.
Ao ser rejeitado pelos judeus, Jesus traça outro percurso para sua missão. Marcos expressa essa mudança de destinatários do anúncio do Reino ao revelar o diálogo entre Jesus e a mulher grega (pagã). Após romper com as tradições e discutir com os fariseus, Jesus se dirige a terras pagãs e começa ali a realizar milagres. Mostra, assim, que a pureza cultual e a segregação racial não fazem sentido para ele. Recordemos sempre que os leitores do Evangelho de Marcos são os neocristãos convertidos entre os pagãos. O episódio narrado hoje está cheio de símbolos que consolam esses neocristãos e aproximam da sua realidade a mensagem evangélica. Cronologicamente, podemos dizer que foi o primeiro passo de Jesus para incluir todos os povos no Reino de Deus.
terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
Marcos 7, 14-23 Jesus anuncia uma nova moralidade.
* 14 Em seguida, Jesus chamou de novo a multidão para perto dele e disse: “Escutem todos e compreendam: 15 o que vem de fora e entra numa pessoa, não a torna impura; as coisas que saem de dentro da pessoa é que a tornam impura. 16 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”
17 Quando Jesus entrou em casa, longe da multidão, os discípulos lhe perguntaram sobre essa parábola. 18 Jesus disse: “Será que nem vocês entendem? Vocês não compreendem que nada do que vem de fora e entra numa pessoa pode torná-la impura, 19 porque não entra em seu coração, mas em seu estômago, e vai para a privada?” (Assim Jesus declarava que todos os alimentos eram puros). 20 Jesus continuou a dizer: “É o que sai da pessoa que a torna impura. 21 Pois é de dentro do coração das pessoas que saem as más intenções, como a imoralidade, roubos, 22 crimes, adultérios, ambições sem limite, maldades, malícia, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. 23 Todas essas coisas más saem de dentro da pessoa, e são elas que a tornam impura.”
Comentário:
* 14-23: O que vem de fora não torna o homem pecador, e sim o que sai do coração, isto é, da consciência humana, que cria os projetos e dá uma direção às coisas. Jesus anuncia uma nova forma de moralidade, onde os homens podem relacionar-se entre si na liberdade e na justiça. Com isso, aboliu a lei sobre a pureza e impureza (Lv 11), cuja interpretação era o fundamento de uma sociedade injusta, baseada em tabus que criavam e solidificavam diferenças entre as pessoas, gerando privilegiados e marginalizados, opressores e oprimidos.
Ao longo do capítulo 7 de Marcos, encontramos uma interessante amostra da pedagogia de Cristo: após discutir com seus rivais, Jesus instrui o povo e, logo em seguida, os discípulos. O tema presente no Evangelho de hoje continua a ser a questão da impureza. Ao contrário do que defendiam os judeus, Jesus declara que não há alimentos impuros, mas as intenções e ações é que podem tornar-se impuras. O que torna o ser humano impuro é a atitude que brota do seu coração, recordando que, na época de Jesus, o coração era tido como a sede do pensamento e da vontade. O objetivo é mostrar que o cristão deve preocupar-se unicamente com sua consciência, pois é dela que nascem os vícios e as más intenções. O modo de seguir o caminho reto é deixar-se guiar pela fé e pelo Evangelho.
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
Marcos 7, 1-13 Jesus desmascara as falsas tradições.
* 1 Os fariseus e alguns doutores da Lei foram de Jerusalém e se reuniram em volta de Jesus. 2 Eles viram então que alguns discípulos comiam pão com mãos impuras, isto é, sem lavar as mãos. 3 Os fariseus, assim como todos os judeus, seguem a tradição que receberam dos antigos: só comem depois de lavar bem as mãos. 4 Quando chegam da praça pública, eles se lavam antes de comer. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre.
5 Os fariseus e os doutores da Lei perguntaram então a Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, pois comem pão sem lavar as mãos?” 6 Jesus respondeu: “Isaías profetizou bem sobre vocês, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas o coração deles está longe de mim. 7 Não adianta nada eles me prestarem culto, porque ensinam preceitos humanos’. 8 Vocês abandonam o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens.”
9 E Jesus acrescentou: “Vocês são bastante espertos para deixar de lado o mandamento de Deus a fim de guardar as tradições de vocês. 10 Com efeito, Moisés ordenou: ‘Honre seu pai e sua mãe’. E ainda: ‘Quem amaldiçoa o pai ou a mãe, deve morrer’. 11 Mas vocês ensinam que é lícito a alguém dizer a seu pai e à sua mãe: ‘O sustento que vocês poderiam receber de mim é Corbã, isto é, consagrado a Deus’. 12 E essa pessoa fica dispensada de ajudar seu pai ou sua mãe. 13 Assim vocês esvaziam a Palavra de Deus com a tradição que vocês transmitem. E vocês fazem muitas outras coisas como essas.”
Comentário:
* 1-13: Jesus desmascara o que está por trás de certas práticas apresentadas como religiosas. E toma um exemplo concreto referente ao quarto mandamento. Corbã era o voto, pelo qual uma pessoa consagrava a Deus os próprios bens, tornando-os intocáveis e reservados ao tesouro do Templo. Aparentemente Deus era louvado, mas na realidade os pais ficavam privados de sustento necessário, enquanto o Templo e os sacerdotes ficavam ainda mais ricos.
A liturgia de hoje entra na parte central do Evangelho de Marcos e reflete sobre questões profundas relacionadas à ética cristã. Jesus nos mostra que a pureza e a impureza não estão ligadas aos sinais externos, como o compreendiam os judeus, mas ao interior de cada pessoa. Somos impuros quando o que está no nosso coração não é digno e não reflete o amor de Deus. Jesus não promove o desprezo da tradição. Ao contrário, quer que se vá à sua raiz, resgatando os valores iniciais apontados por Deus desde a criação do mundo. Enfrenta os doutores da Lei, que estudam a tradição, e os fariseus, que a praticam nos seus mínimos detalhes, pois são incapazes de ver o verdadeiro sentido da fé. Realizam vários rituais externos sem se preocupar com a pureza de coração e a santidade, fundamentais na vida cristã.
domingo, 9 de fevereiro de 2025
Marcos 6, 53-56 Jesus é a presença de Deus.
53 Acabando de atravessar, chegaram à terra, em Genesaré, e amarraram a barca. 54 Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus. 55 Iam de toda a região, levando os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. 56 E onde ele chegava, tanto nos povoados como nas cidades ou nos campos, colocavam os doentes nas praças e pediam que pudessem ao menos tocar a barra da roupa de Jesus. E todos os que tocaram, ficaram curados.
Comentário:
* 45-56: O episódio mostra o verdadeiro Deus sendo revelado em Jesus (“Eu Sou” - cf. Ex 3,14). Os discípulos não conseguem ver a presença de Deus em Jesus, porque não entenderam o acontecimento dos pães. Para quem não entende que o comércio e a posse devem ser substituídos pelo dom e pela partilha, Jesus se torna fantasma ou apenas fazedor de milagres que provoca medo, e não a presença do Deus verdadeiro.
As ações de Jesus prefiguram a nova criação, origem de uma nova humanidade, em que todos são envolvidos pela graça de Deus e participam de seu Reino. Por onde passa, Jesus deixa sinais dessa novidade e, por isso, é procurado e acolhido por todos. No Evangelho de hoje, vemos um resumo de sua atividade messiânica, concluindo o capítulo 6 de Marcos, que descreve sua passagem pelas terras pagãs realizando muitos sinais. Os maiores sinais são sempre a cura de enfermos. É interessante meditar este trecho do Evangelho na véspera do Dia Mundial dos Doentes, celebrado todos os anos em 11 de fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lourdes. Segundo a narração de Marcos, para quem tem fé, basta tocar a veste de Jesus para ser curado. Obviamente, não é o fato de tocar a veste que salva, mas sim a fé e o reconhecimento de que Jesus é verdadeiramente o Messias, o Filho de Deus. Todos os que têm fé, mesmo hoje, sem poder tocar fisicamente em Jesus, podem ser curados através do toque espiritual.
sábado, 8 de fevereiro de 2025
Lucas 5, 1-11 O seguimento de Jesus.
* 1 Certo dia, Jesus estava na margem do lago de Genesaré. A multidão se apertava ao seu redor para ouvir a palavra de Deus. 2 Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago; os pescadores haviam desembarcado, e lavavam as redes. 3 Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões. 4 Quando acabou de falar, disse a Simão: “Avance para águas mais profundas, e lancem as redes para a pesca.” 5 Simão respondeu: “Mestre, tentamos a noite inteira, e não pescamos nada. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes.” 6 Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes, que as redes se arrebentavam. 7 Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que fossem ajudá-los. Eles foram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem. 8 Ao ver isso, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” 9 É que o espanto tinha tomado conta de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer. 10 Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Mas Jesus disse a Simão: “Não tenha medo! De hoje em diante você será pescador de homens.” 11 Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo, e seguiram a Jesus.
Comentário:
Jesus se encontra à beira do lago de Genesaré, onde havia grande multidão que queria ouvir a Palavra de Deus. Para o povo, a Palavra de Jesus era a Palavra de Deus. Depois, subindo na barca de Pedro, Jesus continua ensinando e pede a Pedro que lance as redes em águas mais profundas. Apesar de uma noite infrutífera, conseguem uma abundante pesca. É sinal do Reino de Deus chegando. Obediência à Palavra de Deus provoca resultados positivos. É a confiança na força do Evangelho que produz resultados inesperados. Após o sucesso da pesca, o Mestre chama alguns pescadores para segui-lo e partilhar a missão. De “pescadores de peixes”, transformam-se em “pescadores de gente”. A comunidade cristã é convidada por Jesus a lançar as redes em águas mais profundas, ou seja, ir além da mesmice, enfrentar os desafios da modernidade que lançam à miséria milhares de pessoas. Obedecendo às palavras de Jesus, a Igreja pode recuperar sua força de atração e de credibilidade.
1 Coríntios 15, 1-11 Cristo ressuscitado, fundamento da nossa fé.
* 1 Irmãos, lembro a vocês o Evangelho que lhes anunciei, que vocês receberam e no qual permanecem firmes. 2 É pelo Evangelho que vocês serão salvos, contanto que o guardem do modo como eu lhes anunciei; do contrário, vocês terão acreditado em vão. 3 Por primeiro, eu lhes transmiti aquilo que eu mesmo recebi, isto é: Cristo morreu por nossos pecados, conforme as Escrituras; 4 ele foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; 5 apareceu a Pedro e depois aos Doze. 6 Em seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez; a maioria deles ainda vive, e alguns já morreram.7 Depois apareceu a Tiago e, em seguida, a todos os apóstolos. 8 Em último lugar apareceu a mim, que sou um aborto. 9 De fato eu sou o menor dos apóstolos e não mereço ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus. 10 Mas aquilo que sou, eu o devo à graça de Deus; e sua graça dada a mim não foi estéril. Ao contrário: trabalhei mais do que todos eles; não eu, mas a graça de Deus que está comigo. 11 Portanto, aí está o que nós pregamos, tanto eu como eles; aí está aquilo no qual vocês acreditaram.
Comentário:
* 1-11: A certeza da fé cristã se baseia num fato: a ressurreição de Cristo. Paulo recorda o ensinamento tradicional da Igreja, e o confirma enumerando as testemunhas que viram Cristo ressuscitado. Encontramos aqui os traços principais do Credo e, ao mesmo tempo, o mais antigo testemunho escrito sobre o ensinamento primitivo da Igreja a respeito das aparições de Jesus Cristo.
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