sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023
Lucas 5, 27-32 Jesus rejeita a hipocrisia social.
-* 27 Depois disso, Jesus saiu, e viu um cobrador de impostos chamado Levi, que estava na coletoria. Jesus disse para ele: “Siga-me.” 28 Levi deixou tudo, levantou-se, e seguiu a Jesus. 29 Depois, Levi preparou em casa um grande banquete para Jesus. Estava aí numerosa multidão de cobradores de impostos e outras pessoas sentadas à mesa com eles. 30 Os fariseus e seus doutores da Lei murmuravam, e diziam aos discípulos de Jesus: “Por que vocês comem e bebem com os cobradores de impostos e com pecadores?” 31 Jesus respondeu: “As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes. 32 Eu não vim para chamar justos, e sim pecadores para o arrependimento.”
Comentário:
* 27-32: Cf. nota em Mc 2,13-17: Os cobradores de impostos eram desprezados e marginalizados porque colaboravam com a dominação romana, cobrando imposto e, em geral, aproveitando para roubar. Jesus rompe os esquemas sociais que dividem os homens em bons e maus, puros e impuros. Chamando um cobrador de impostos para ser seu discípulo, e comendo com os pecadores, Jesus mostra que sua missão é reunir e salvar aqueles que a sociedade hipócrita rejeita como maus.
Ao convidar alguém para compor o grupo dos apóstolos, Jesus não busca a opinião dos fariseus nem dos mestres da Lei. Estes jamais teriam indicado Levi-Mateus, que era cobrador de impostos. Ora, fariseus e mestres da Lei desprezavam essa profissão e tinham preconceito contra quem a exercia. Seguros de terem a salvação garantida, eles ficavam indignados porque Jesus se sentia à vontade na casa dos marginalizados. Jesus envolve de especial atenção os excluídos da sociedade. Não só os convida à conversão, mas acredita no potencial deles para uma grande missão: evangelizar o mundo, como no caso de Mateus. Jesus oferece a salvação a toda a humanidade. Só quem se julga cheio de saúde é que dispensa o médico!
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023
Mateus 9, 14-15 Jesus provoca ruptura.
* 14 Então os discípulos de João se aproximaram de Jesus, e perguntaram: “Nós e os fariseus fazemos jejum. Por que os teus discípulos não fazem jejum?” 15 Jesus respondeu: “Vocês acham que os convidados de um casamento podem estar de luto, enquanto o noivo está com eles? Mas chegarão dias em que o noivo será tirado do meio deles. Aí então eles vão jejuar.
Comentário:
* 14-17: Cf. nota em Mc 2,18-22. Jesus veio substituir o sistema da Lei, rigidamente seguido pelos fariseus. A justiça que vem da misericórdia abre as portas do Reino para todos.
Jesus se apresenta como o noivo que desposa a comunidade e convida todos a viverem esta festa sublime. E a festa é justamente a presença dele, de suas obras em favor dos menos favorecidos. A festa da renovação de mentalidade. Momento de reconhecer que não é o acúmulo de obras que apressa a vinda do Messias. Jesus já está presente como expressão viva do infinito amor de Deus. É preciso entrar em comunhão com ele. Portanto, nem jejum nem luto, mas festa jubilosa porque Deus está conosco. A resposta de Jesus não desvaloriza nem anula a prática do jejum. Mas é preciso não se deter em ações que desviam o foco do que é mais importante: no centro estão Jesus e seus ensinamentos. Nesta nova realidade, mais importante do que o jejum é acolher Jesus, presente também na vida do outro.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023
Lucas 9, 22-25 Jesus é o Messias.
22 E acrescentou: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar no terceiro dia.” 23 Depois Jesus disse a todos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga. 24 Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim, esse a salvará. 25 De fato, que adianta um homem ganhar o mundo inteiro, se perde e destrói a si mesmo?
Comentário:
* 18-27: Não basta declarar e aceitar que Jesus é o Messias; é preciso rever a ideia a respeito do Messias, o qual, para construir a nova história, enfrenta os que não querem transformações. Por isso, ele vai sofrer, ser rejeitado e morto. Sua ressurreição será a sua vitória. E quem quiser acompanhar Jesus na sua ação messiânica e participar da sua vitória, terá que percorrer caminho semelhante: renunciar a si mesmo e às glórias do poder e da riqueza.
Contrariamente à mentalidade da época, Jesus não veio implantar um reinado com base em violência, guerra e expulsão dos ocupantes estrangeiros. Veio para entregar sua vida por amor. Com linguagem dura, porém realista, Jesus fala de sua morte, em Jerusalém, pelas mãos dos chefes do povo. Obediente aos planos do Pai, ele seguirá até o fim, sem fugir nem esmorecer. E exige que o acompanhemos nesse itinerário. Isso implica tomar a cruz de cada dia. Não se trata de buscar o sofrimento, como se Deus tivesse prazer em nos ver sofrer. Trata-se, isto sim, de cumprir a missão que assumimos como seguidores de Jesus Cristo. Desse modo, daremos testemunho de nossa fé, mesmo que tenhamos de enfrentar adversidades, para “salvar a própria vida”.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2023
Mateus 6, 1-6.16-18 Superar a justiça dos hipócritas.
* 1 “Prestem atenção! Não pratiquem a justiça de vocês diante dos homens, só para serem elogiados por eles. Fazendo assim, vocês não terão a recompensa do Pai de vocês que está no céu.”
Relação com o próximo -* 2 “Por isso, quando você der esmola, não mande tocar trombeta na frente, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa. 3 Ao contrário, quando você der esmola, que a sua esquerda não saiba o que a sua direita faz, 4 para que a sua esmola fique escondida; e seu Pai, que vê o escondido, recompensará você.”
Relação com Deus -* 5 “Quando vocês rezarem, não sejam como os hipócritas, que gostam de rezar em pé nas sinagogas e nas esquinas, para serem vistos pelos homens. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa. 6 Ao contrário, quando você rezar, entre no seu quarto, feche a porta, e reze ao seu Pai ocultamente; e o seu Pai, que vê o escondido, recompensará você.”
Relação consigo mesmo -* 16 “Quando vocês jejuarem, não fiquem de rosto triste, como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto para que os homens vejam que estão jejuando. Eu garanto a vocês: eles já receberam a recompensa. 17 Quando você jejuar, perfume a cabeça e lave o rosto, 18 para que os homens não vejam que você está jejuando, mas somente seu Pai, que vê o escondido; e seu Pai, que vê o escondido, recompensará você.”
Comentário:
* 6,1: O termo justiça se refere, aqui, a atitudes práticas em relação ao próximo (esmola), a Deus (oração), e a si mesmo (jejum). Jesus não nega o valor dessas práticas. Ele mostra como devem ser feitas para que se tornem autênticas.
* 2-4: A esmola é um gesto de partilha, e deve ser o sinal da compaixão que busca a justiça, relativizando o egoísmo da posse. Dar esmola para ser elogiado é servir a si mesmo e, portanto, falsificá-la.
* 5-6: Na oração, o homem se volta para Deus, reconhecendo-o como único absoluto, e reconhecendo a si mesmo como criatura, relativizando a autossuficiência. Por isso, rezar para ser elogiado é colocar-se como centro, falsificando a oração.
* 16-18: Jejuar é privar-se de algo imediato e necessário, a fim de ver perspectivas novas e mais amplas para a realização da vida. Trata-se de deixar o egocentrismo, para crescer e dispor-se a realizar novo projeto de justiça. Jejuar para aparecer é perder de uma vez o sentido do jejum.
O ser humano tende a fazer propaganda das próprias boas obras. Jesus previne seus discípulos contra isso. Dar esmola, rezar, jejuar, receber as cinzas só para chamar a atenção sobre si mesmo não tem valor perante Deus. O que realmente conta é a atitude interior de conversão a Deus e aos irmãos. Por isso é que Jesus insiste: tudo se faça com discrição e humildade. Do contrário, podemos ficar reféns da aprovação dos outros para o que realizamos. Então caímos no perigo de dar aparência de virtude para algo que não passa de ostentação e exibicionismo. Desse modo, enganamos o próximo e a nós mesmos. Podem até nos aplaudir, mas isto seria uma recompensa fugaz e vazia. Importa a aprovação de Deus, que conhece o nosso íntimo e a quem nada passa despercebido.
2 Coríntios 5, 20-6,2 O ministério da reconciliação.
20 Sendo assim exercemos a função de embaixadores em nome de Cristo, e é por meio de nós que o próprio Deus exorta vocês. Em nome de Cristo, suplicamos: reconciliem-se com Deus. 21 Aquele que nada tinha a ver com o pecado, Deus o fez pecado por causa de nós, a fim de que por meio dele sejamos reabilitados por Deus.
1 Visto que somos colaboradores de Deus, nós exortamos vocês para que não recebam a graça de Deus em vão. 2 Pois Deus diz na Escritura: “Eu escutei você no tempo favorável, e no dia da salvação vim em seu auxílio.” É agora o momento favorável. É agora o dia da salvação.
Comentário:
* 5,14-6,2: Os inimigos de Paulo dizem que ele não é apóstolo porque não foi testemunha ocular da vida terrestre de Jesus, nem lhe conheceu as palavras e atos. Por isso, não pode ser testemunha do Evangelho. No entanto, o Apóstolo mostra que o Evangelho não é simples história de Jesus, e sim o anúncio de sua morte e ressurreição, que restaura a condição humana, vence a alienação causada pelo pecado e inaugura nova era. A cruz de Jesus anuncia o fim da inimizade com Deus e inaugura a era da reconciliação universal. Enquanto esperamos o dia da ressurreição, Deus escolheu apóstolos para exercer o ministério da reconciliação. Por meio deles, o Senhor Jesus continua sua atividade na terra e convoca todos os homens:” reconciliem-se com Deus”.
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023
Marcos 9, 30-37 Quem é o maior?
-* 30 Partindo daí Jesus e seus discípulos atravessavam a Galiléia. Jesus não queria que ninguém soubesse onde ele estava, 31 porque estava ensinando seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue na mão dos homens, e eles o matarão. Mas, quando estiver morto, depois de três dias ele ressuscitará.” 32 Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus estava dizendo, e tinham medo de fazer perguntas.
33 Quando chegaram à cidade de Cafarnaum e estavam em casa, Jesus perguntou aos discípulos: “Sobre o que vocês estavam discutindo no caminho?” 34 Os discípulos ficaram calados, pois no caminho tinham discutido sobre qual deles era o maior. 35 Então Jesus se sentou, chamou os Doze e disse: “Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último, e ser aquele que serve a todos.” 36 Depois Jesus pegou uma criança e colocou-a no meio deles. Abraçou a criança e disse: 37 “Quem receber em meu nome uma destas crianças, estará recebendo a mim. E quem me receber, não estará recebendo a mim, mas àquele que me enviou.”
Comentário:
* 30-37: Os discípulos não compreendem as consequências que a ação de Jesus vai provocar, pois ainda concebem uma sociedade onde existem diferenças de grandeza. Quem é o maior? Jesus mostra que a grandeza da nova sociedade não se baseia na riqueza e no poder, mas no serviço sem pretensões e interesses.
“Jesus não queria que ninguém ficasse sabendo”. Essa expressão soa como refrão que se repete ao longo do Evangelho de Marcos. É que, desde o início de sua vida pública, Jesus encontra forte oposição dos fariseus e doutores da Lei, que buscam oportunidade para matá-lo. Jesus se preserva e se oculta, sem, no entanto, deixar de fazer a vontade do Pai. Com o segundo anúncio da paixão, Jesus apresenta, mais uma vez, seu modelo de serviço até a morte. Os discípulos não compreendem o discurso; ao contrário, sonham com o poder. Jesus quer inculcar-lhes uma novidade: no seu Reino, o maior é o que serve a todos. É pelo serviço aos pequenos que se construirá a nova sociedade de Jesus. Toda prática que visa ser superior aos outros e dominá-los está totalmente fora do projeto de Deus.
domingo, 19 de fevereiro de 2023
Marcos 9, 14-29 Orar é unir-se com Deus.
* 14 Quando Jesus, Pedro, Tiago e João chegaram perto dos outros discípulos, viram que eles estavam rodeados por uma grande multidão. Alguns doutores da Lei estavam discutindo com eles. 15 Logo que a multidão viu Jesus, ficou surpresa e correu para cumprimentá-lo. 16 Jesus perguntou aos discípulos: “O que é que vocês estão discutindo com eles?” 17 Alguém da multidão respondeu: “Mestre, eu trouxe a ti meu filho que tem um espírito mudo. 18 Cada vez que o espírito o ataca, joga-o no chão e ele começa a espumar, range os dentes e fica completamente rijo. Eu pedi aos teus discípulos para expulsarem o espírito, mas eles não conseguiram.” 19 Jesus disse: “Ó gente sem fé! Até quando deverei ficar com vocês? Até quando terei que suportá-los? Tragam o menino aqui.”
20 E levaram o menino. Quando o espírito viu Jesus sacudiu violentamente o menino, que caiu no chão e começou a rolar e a espumar pela boca. 21 Jesus perguntou ao pai: “Desde quando ele está assim?” O pai respondeu: “Desde criança. 22 E muitas vezes já o jogou no fogo e na água para matá-lo. Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos.” 23 Jesus disse: “Se podes!... Tudo é possível para quem tem fé.” 24 O pai do menino gritou: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé.”
25 Jesus viu que a multidão corria para junto dele. Então ordenou ao espírito mau: “Espírito mudo e surdo, eu lhe ordeno que saia do menino e nunca mais entre nele.” 26 O espírito sacudiu o menino com violência, deu um grito e saiu. O menino ficou como morto e por isso todos diziam: “Ele morreu!” 27 Mas Jesus pegou a mão do menino, levantou-o, e o menino ficou de pé.
28 Depois que Jesus entrou em casa, os discípulos lhe perguntaram à parte: “Por que nós não conseguimos expulsar o espírito?”» 29 Jesus respondeu: “Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração.”
Comentário:
* 14-29: Os discípulos de Jesus só poderão ajudar os homens a discernir a realidade (ouvir) e dizer a palavra transformadora (falar) se estiverem plenamente convictos de que Deus quer realizar uma sociedade justa. A oração exprime a união íntima com Deus e com o seu plano, porque Deus pode desalienar o homem, vencendo o mal.
No centro da cena e no meio da multidão alvoroçada, encontra-se um menino com sintomas de epilepsia. Ele simboliza o povo oprimido e desesperado. Recorrem aos discípulos para que o curem. Não conseguem; falta-lhes fé. Sentem-se impotentes diante do mal que aprisiona as pessoas. Jesus os recrimina: “Oh, geração incrédula! Até quando estarei com vocês?”. Recorrem a Jesus, a quem o pai conta o drama do menino. Mas também o pai, que representa a esperança da multidão, tem fé miúda: “Se podes fazer alguma coisa…”. Jesus reforça a lição sobre a fé: “Tudo é possível para quem crê”. Finalmente, Jesus ordena que o espírito surdo e mudo deixe a criança em paz. Aos discípulos decepcionados pela incapacidade de curar o menino, Jesus esclarece o motivo do fracasso: falta de fé e oração.
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