terça-feira, 18 de maio de 2021

João 17, 11-19 Os discípulos de Jesus rompem com o mundo.

 11“Pai santo, guarda-os em teu nome, o nome que me deste, para que eles sejam um assim como nós somos um. 12Quando eu estava com eles, guardava-os em teu nome, o nome que me deste. Eu guardei-os e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição, para se cumprir a Escritura. 13Agora, eu vou para junto de ti e digo estas coisas, estando ainda no mundo, para que eles tenham em si a minha alegria plenamente realizada. 14Eu lhes dei a tua palavra, mas o mundo os rejeitou, porque não são do mundo, como eu não sou do mundo. 15Não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno. 16Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo. 17Consagra-os na verdade; a tua palavra é verdade. 18Como tu me enviaste ao mundo, assim também eu os enviei ao mundo. 19Eu me consagro por eles, a fim de que eles também sejam consagrados na verdade”.

Comentário:

* 6-19: Os discípulos vão continuar a missão de Jesus. Como Jesus, eles romperam com a mentalidade perversa do sistema que rege a sociedade. A missão deles, porém, não é sair do "mundo", e sim permanecerem unidos, presentes no meio da sociedade, dando testemunho de Jesus. O Pai os protegerá de se contaminarem com o espírito do "mundo", a cujas ameaças e seduções eles não cederão.

Depois de rezar ao Pai pela própria glorificação, Jesus reza pelos seus discípulos. Pede para eles unidade, a exemplo da união dele com o Pai. Pede também que sejam preservados das artimanhas do Maligno e que continuem no mundo sem ser do mundo, pois é aí onde devem dar testemunho. Mesmo com a ausência de Jesus, a comunidade é convidada a manter a união com ele e a unidade com todos aqueles que acreditam nele. A volta de Jesus à glória não impede que seus seguidores continuem vivendo a mesma alegria de quando estavam com ele. Apesar da cruz e de serem rejeitados pelo mundo, a alegria deveria ser uma característica fundamental dos cristãos. No meio desse mundo perverso, foram enviados a fim de testemunharem a verdade que vem de Deus. Jesus se santifica, se consagra a Deus, para que eles também se tornem santos e sejam também consagrados ao Pai.

Oração
Ó Jesus, em forma de testamento espiritual, fazes importantes pedidos ao Pai em favor dos teus discípulos: que o Pai conserve dentro deles a tua alegria; que não os retire do mundo, porque eles não são do mundo; e que, pelo Espírito, os consagre para a missão de implantar o Reino de Deus. Amém.

segunda-feira, 17 de maio de 2021

João 17, 1-11 O que é a vida eterna?

 1Jesus ergueu os olhos ao céu e disse: “Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique a ti 2e, porque lhe deste poder sobre todo homem, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe confiaste. 3Ora, a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e àquele que tu enviaste, Jesus Cristo. 4Eu te glorifiquei na terra e levei a termo a obra que me deste para fazer. 5E agora, Pai, glorifica-me junto de ti, com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse. 

Os discípulos de Jesus rompem com o mundo - 6Manifestei o teu nome aos homens que tu me deste do meio do mundo. Eram teus e tu os confiaste a mim, e eles guardaram a tua palavra. 7Agora eles sabem que tudo quanto me deste vem de ti, 8pois dei-lhes as palavras que tu me deste, e eles as acolheram e reconheceram verdadeiramente que eu saí de ti e acreditaram que tu me enviaste. 9Eu te rogo por eles. Não te rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus. 10Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu. E eu sou glorificado neles. 11Já não estou no mundo, mas eles permanecem no mundo, enquanto eu vou para junto de ti”.

Comentário:

 * 1-5: A vida eterna consiste em comprometer-se com o verdadeiro Deus e o verdadeiro homem, que se manifestaram na vida e ação de Jesus. O Deus verdadeiro é o Pai que ama os homens, a ponto de entregar seu Filho até à morte, para dar vida. Todo deus que não dá vida ao homem é falso, é ídolo. O homem verdadeiro é aquele que se abre para se tornar filho do Deus que dá vida e para ser irmão dos outros homens, dando a vida por eles, como Jesus fez. Todo homem que se fecha para Deus e para os irmãos é um falso homem.

* 6-19: Os discípulos vão continuar a missão de Jesus. Como Jesus, eles romperam com a mentalidade perversa do sistema que rege a sociedade. A missão deles, porém, não é sair do "mundo", e sim permanecerem unidos, presentes no meio da sociedade, dando testemunho de Jesus. O Pai os protegerá de se contaminarem com o espírito do "mundo", a cujas ameaças e seduções eles não cederão.

Jesus conclui seu discurso de despedida com a bonita “oração sacerdotal”. Mesmo sendo uma oração, o capítulo dezessete não deixa de ser também uma catequese para a comunidade. Como nos ensinou ao longo de sua vida, Jesus dirige-se a Deus chamando-o com o nome carinhoso de Pai. Inicia a oração pedindo ao Pai para glorificar o Filho e para que este, por sua vez, glorifique o Pai. Há uma glorificação mútua entre o Pai e o Filho. Nessa oração, o Mestre como que presta conta a Deus pela missão que dele recebeu: proporcionar a “vida eterna” a todos aqueles que o Pai lhe confiou. A “vida eterna” consiste em conhecer o Pai e o Filho, assumindo os compromissos que ambos nos propõem. A missão de Jesus foi a de formar um grupo que defenda a vida em meio a uma sociedade que proporciona morte, violência, mentira e discriminação.

Oração
Senhor Jesus, regressas para junto do Pai, feliz por ter cumprido fielmente a missão que te foi confiada. Deixas no mundo homens e mulheres que darão continuidade à tua obra. Somos parte dessa comunidade, pela qual rogas ao Pai: “Eu peço por aqueles que me deste porque são teus”. Amém.

domingo, 16 de maio de 2021

João 16, 29-33 A vitória sobre o mundo.

 29Os discípulos disseram a Jesus: “Eis, agora falas claramente e não usas mais figuras. 30Agora sabemos que conheces tudo e que não precisas que alguém te interrogue. Por isso cremos que vieste da parte de Deus”. 31Jesus respondeu: “Credes agora? 32Eis que vem a hora – e já chegou – em que vos dispersareis, cada um para seu lado, e me deixareis só. Mas eu não estou só, porque o Pai está comigo. 33Disse-vos estas coisas para que tenhais paz em mim. No mundo, tereis tribulações. Mas tende coragem! Eu venci o mundo!”

Comentário:

* 25-33: Jesus não engana seus seguidores: o futuro é tempo de testemunho em meio a lutas e perseguições. Mas é também tempo de confiança e paz, pois os cristãos podem contar com o amor do Pai. E desde já podem estar certos da vitória: Jesus já venceu todos os adversários. Para quem acredita em Jesus, a ordem social injusta, que condena o justo inocente, está condenada ao fracasso para sempre.

O texto de hoje apresenta os altos e baixos da comunidade joanina, que pode ser retrato de qualquer comunidade cristã. Os discípulos, sem muita convicção, declaram a fé em Jesus, saído de Deus e que tudo sabe. O Mestre não se ilude com as declarações da comunidade e prevê o abandono na hora do aperto. Nos momentos de glória de Jesus, é fácil estar ao lado dele, homem extraordinário que tudo sabe; mas nada fácil é aceitar o “Jesus da cruz”, da Sexta-feira Santa. De fato, na hora do julgamento e da condenação, poucos permaneceram com ele. O Mestre faz uma declaração muito importante: mesmo que os seus o abandonem, seu Pai jamais o abandonará. Esta deveria ser a certeza de todo fiel discípulo do Mestre: quando estamos com Jesus, estamos também com seu Pai, e Deus estará conosco, por isso nada temeremos, como diz o apóstolo Paulo.

Oração
Divino Salvador, teus discípulos dizem que acreditam em ti, mas sua fé é muito fraca. De fato, na hora da tua paixão, eles se dispersarão, cada um para o seu lado, e te deixarão só. Aumenta nossa fé, Senhor, e reforça nossa coragem para te seguirmos também no sofrimento e nas perseguições. Amém.

 

sábado, 15 de maio de 2021

Marcos 16, 15-20 Aparições de Jesus ressuscitado.

Jesus se manifestou aos onze discípulos 15e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! 16Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. 17Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; 18se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”. 19Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu e sentou-se à direita de Deus. 20Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam.

Comentário:

* 9-20: Este trecho difere muito do livro até aqui; por isso é considerado obra de outro autor. Os cristãos da primeira geração provavelmente quiseram completar o livro de Marcos com um resumo das aparições de Jesus e uma apresentação global da missão da Igreja. Parece que se inspiraram no último capítulo de Mateus (28,18-20), em Lucas (24,10-53), em João (20,11-23) e no início do livro dos Atos dos Apóstolos (1,4-14).

Embora seja acréscimo de retalhos tomados de outros escritos do Novo Testamento, o trecho conserva o pensamento de Marcos, isto é: os discípulos devem continuar a ação de Jesus.

Pela última vez, antes de voltar ao Pai, Jesus se manifesta aos discípulos. Seu breve discurso traz as marcas do envio. Palavras que vão ecoar para sempre na mente e no coração deles. O campo de missão é o mundo todo; a mensagem é o Evangelho; os sinais que vão acompanhar os missionários são de vários tipos. Tudo o que eles fizerem será em nome de Jesus. Trata-se de ação libertadora, que abarca não só a dimensão espiritual, mas tem consequências também para as estruturas sociais. Obedientes às ordens do Mestre, vão pelo mundo todo, proclamando a mensagem de Jesus a toda criatura. O livro dos Atos dos Apóstolos registra o grande dinamismo que os apóstolos imprimiram nos primeiros tempos do cristianismo. Sinais maravilhosos realizavam-se pelos apóstolos, sob a poderosa mão de Deus.

Oração
Ó Cristo glorioso, foste elevado para o céu e te encontras à direita de Deus. Deixaste na terra discípulos teus com a missão de anunciar a Boa-Nova a toda criatura. Em teu nome, vão realizar grandes prodígios. Assim, tua obra liberadora continua transformando o mundo. Amém.

Efésios 1, 17-23 Agradecimento e pedido.

 17O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, vos dê um espírito de sabedoria que vo-lo revele e faça verdadeiramente conhecer. 18Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos 19e que imenso poder ele exerceu em favor de nós que cremos, de acordo com a sua ação e força onipotente. 20Ele manifestou sua força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita nos céus, 21bem acima de toda autoridade, poder, potência, soberania ou qualquer título que se possa nomear não somente neste mundo, mas ainda no mundo futuro. 22Sim, ele pôs tudo sob os seus pés e fez dele, que está acima de tudo, a cabeça da Igreja, 23que é o seu corpo, a plenitude daquele que possui a plenitude universal.

Comentário:

* 15-23: Pela fé, os cristãos possuem uma sabedoria que supera qualquer outro conhecimento: sabem que Deus manifestou em Jesus Cristo a sua força, destronizando todos os poderes que até agora aprisionam a vida, e libertando os homens para uma esperança nova diante do futuro.

Nesta carta, a Igreja ideal se identifica praticamente com o Reino e, portanto, ultrapassa meras concretizações históricas. Como corpo e plenitude de Cristo, ela se torna a meta para a qual caminhamos. Paulo se refere a uma Igreja santa, a um modelo ideal que exige conversão contínua da Igreja real que vive na história.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

João 16, 23-28 A angústia se transformará em alegria.

 23“Em verdade, em verdade vos digo, se pedirdes ao Pai alguma coisa em meu nome, ele vo-la dará. 24Até agora nada pedistes em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa. 

A vitória sobre o mundo  - 25Disse-vos estas coisas em linguagem figurativa. Vem a hora em que não vos falarei mais em figuras, mas claramente vos falarei do Pai. 26Naquele dia pedireis em meu nome, e não vos digo que vou pedir ao Pai por vós, 27pois o próprio Pai vos ama, porque vós me amastes e acreditastes que eu vim da parte de Deus. 28Eu saí do Pai e vim ao mundo; e novamente parto do mundo e vou para o Pai”.

Comentário:

* 16-24: A morte de Jesus significará ausência e tristeza. Mas é morte fecunda, pois dará lugar à alegria, uma vez que será o princípio de uma presença nova, a presença do Ressuscitado, que age mediante o Espírito Santo. O que acontece com Jesus acontece com todos: para dar fruto, o grão de trigo deve morrer. Também a comunidade é chamada ao testemunho que pode ir até à morte, como entrega em favor do homem, morrendo para dar a vida.

* 25-33: Jesus não engana seus seguidores: o futuro é tempo de testemunho em meio a lutas e perseguições. Mas é também tempo de confiança e paz, pois os cristãos podem contar com o amor do Pai. E desde já podem estar certos da vitória: Jesus já venceu todos os adversários. Para quem acredita em Jesus, a ordem social injusta, que condena o justo inocente, está condenada ao fracasso para sempre.

Na passagem evangélica de hoje, Jesus nos diz que, se pedirmos ao Pai em seu nome, ele nos concederá. Deus ama aqueles que amam seu Filho, por isso não deixa de atendê-los. Logo adiante (capítulo 17), é Jesus que reza e pede ao Pai pelos seus seguidores de ontem e de hoje. Como filhos e filhas amados pelo Pai, podemos nos dirigir a ele com toda confiança e seremos atendidos. Ser ouvidos e amados pelo Pai constitui uma grande alegria para todos. Quando rezamos, pedindo a Deus, não podemos, porém, ficar de braços cruzados, esperando receber de mãos beijadas tudo o que pedimos. De nada adianta rezar pedindo a Deus a paz, se continuo agressivo, preconceituoso e arrogante. O amor do Pai é ajuda eficaz quando encontra resposta. O Evangelho de hoje termina traçando o itinerário da vida de Jesus: saiu do Pai, veio ao mundo cumprir uma missão, depois da qual volta ao Pai.

Oração
Senhor Jesus, repletas de esperança são tuas palavras: “O que vocês pedirem a meu Pai em meu nome, ele vai lhes dar”. Talvez nos faltem confiança e intimidade contigo para aproximarmo-nos do “tribunal da graça” (Hb 4,16). Obrigado, Senhor, por revelar-nos esse caminho de fecundo diálogo contigo. Amém.

 

quinta-feira, 13 de maio de 2021

João 15, 9-17 O fruto do discípulo é o amor.

 9“Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor. 11E eu vos disse isso para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. 12Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. 13Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. 14Vós sois meus amigos se fizerdes o que eu vos mando. 15Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. 16Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. 17Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros”.

Comentário:

* 7-17: O fruto que a comunidade é chamada a produzir é o amor. Ora, Jesus não quer uma adesão de servos que obedeçam a um senhor, mas uma adesão livre, de amigos. E a amizade é dom: Jesus é o amigo que dá a vida pelos amigos. A missão da comunidade não nasce da obediência a uma lei, mas do dom livre que participa com alegria da tarefa comum, que é testemunhar o amor de Deus que quer dar vida.

Poucas são as informações a respeito de São Matias, Apóstolo. O que dele sabemos consta no início do livro dos Atos dos Apóstolos. Para substituir Judas, o traidor, os Onze reunidos indicaram dois nomes: José, chamado Barsabás, apelidado Justo, e Matias. Eles tinham acompanhado Jesus, “a começar do batismo de João até o dia em que foi levado de nós ao céu” (At 1,21-22). Feito o sorteio entre os dois nomes indicados, o eleito foi Matias, que foi associado ao grupo dos Onze e, como eles, tornou-se “testemunha da ressurreição” (At 1,22). A história desconhece totalmente sua vida posterior. O antigo Sacramentário Gelasiano (século VI) já conhece o nome de Matias inserido no Cânon Romano, entretanto, sua celebração festiva teria começado somente no final do século X.

Oração
Senhor Jesus, estabeleceste com teus discípulos profunda relação de amizade, ensinando a eles, e a nós, que “ninguém tem amor maior do que alguém que dá a vida pelos amigos”. São Matias atingiu tal nível de amizade, que por ti sacrificou a própria vida. Dá-nos fortaleza para seguir esse caminho. Amém.