quinta-feira, 1 de abril de 2021

João 18, 1-19,42 Jesus se entrega livremente.

 1Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia aí um jardim, onde ele entrou com os discípulos. 2Também Judas, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus costumava reunir-se aí com os seus discípulos. 3Judas levou consigo um destacamento de soldados e alguns guardas dos sumos sacerdotes e fariseus e chegou ali com lanternas, tochas e armas. 4Então Jesus, consciente de tudo o que ia acontecer, saiu ao encontro deles e disse: A quem procurais?  5Responderam: A Jesus, o nazareno. Ele disse:  Sou eu. Judas, o traidor, estava junto com eles. 6Quando Jesus disse “sou eu”, eles recuaram e caíram por terra. 7De novo lhes perguntou: A quem procurais? Eles responderam:  A Jesus, o nazareno. 8Jesus respondeu: Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, então deixai que estes se retirem. 9Assim se realizava a palavra que Jesus tinha dito: “Não perdi nenhum daqueles que me confiaste”. 10Simão Pedro, que trazia uma espada consigo, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. 11Então Jesus disse a Pedro: Guarda a tua espada na bainha. Não vou beber o cálice que o Pai me deu? 12Então os soldados, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram. 13Conduziram-no primeiro a Anás, que era o sogro de Caifás, o sumo sacerdote naquele ano. 14Foi Caifás que deu aos judeus o conselho: “É preferível que um só morra pelo povo”. 

Pedro nega ser discípulo -15Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote. 16Pedro ficou fora, perto da porta. Então o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, saiu, conversou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro. 17A criada que guardava a porta disse a Pedro:  Não pertences também tu aos discípulos desse homem? Ele respondeu: Não!  18Os empregados e os guardas fizeram uma fogueira e estavam se aquecendo, pois fazia frio. Pedro ficou com eles, aquecendo-se. 
Testemunho de Jesus diante do poder religioso -19Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesus a respeito de seus discípulos e de seu ensinamento. 20Jesus lhe respondeu: Eu falei às claras ao mundo. Ensinei sempre na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas. 21Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que falei; eles sabem o que eu disse.  22Quando Jesus falou isso, um dos guardas que ali estava deu-lhe uma bofetada, dizendo: É assim que respondes ao sumo sacerdote? 23Respondeu-lhe Jesus: Se respondi mal, mostra em quê; mas, se falei bem, por que me bates?  24Então, Anás enviou Jesus amarrado para Caifás, o sumo sacerdote. 
Pedro confirma sua negação - 25Simão Pedro continuava lá, em pé, aquecendo-se. Disseram-lhe: Não és tu, também, um dos discípulos dele?  Pedro negou:  Não!  26Então um dos empregados do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse:  Será que não te vi no jardim com ele?  27Novamente Pedro negou. E, na mesma hora, o galo cantou. 
Jesus entregue ao poder romano - 28De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de manhã cedo. Eles mesmos não entraram no palácio, para não ficarem impuros e poderem comer a Páscoa. 29Então Pilatos saiu ao encontro deles e disse:  Que acusação apresentais contra este homem? 30Eles responderam: Se não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti! 31Pilatos disse: Tomai-o vós mesmos e julgai-o de acordo com a vossa lei. Os judeus lhe responderam:  Nós não podemos condenar ninguém à morte. 32Assim se realizava o que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer. 
A realeza de Jesus - 33Então Pilatos entrou de novo no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe: Tu és o rei dos judeus? 34Jesus respondeu: Estás dizendo isso por ti mesmo ou outros te disseram isso de mim? 35Pilatos falou: Por acaso sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?  36Jesus respondeu:  O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui. 37Pilatos disse a Jesus: Então tu és rei? Jesus respondeu: Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz.  38Pilatos disse a Jesus:  O que é a verdade?
A opção pela violência - Ao dizer isso, Pilatos saiu ao encontro dos judeus e disse-lhes: Eu não encontro nenhuma culpa nele. 39Mas existe entre vós um costume, que pela Páscoa eu vos solte um preso. Quereis que vos solte o rei dos judeus?  40Então, começaram a gritar de novo: Este não, mas Barrabás!  Barrabás era um bandido. 
A realeza do mundo é caçoada - 19,1Então Pilatos mandou flagelar Jesus. 2Os soldados teceram uma coroa de espinhos e a colocaram na cabeça de Jesus. Vestiram-no com um manto vermelho, 3aproximavam-se dele e diziam: Viva o rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas.
Jesus é o Homem, Filho de Deus - 4Pilatos saiu de novo e disse aos judeus: Olhai, eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que não encontro nele crime algum. 5Então Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto vermelho. Pilatos disse-lhes: Eis o homem! 6Quando viram Jesus, os sumos sacerdotes e os guardas começaram a gritar: Crucifica-o! Crucifica-o! Pilatos respondeu: Levai-o vós mesmos para o crucificar, pois eu não encontro nele crime algum. 7Os judeus responderam: Nós temos uma Lei, e, segundo essa Lei, ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus.  8Ao ouvir essas palavras, Pilatos ficou com mais medo ainda. 
Só Deus tem autoridade - 9Entrou outra vez no palácio e perguntou a Jesus: De onde és tu? Jesus ficou calado. 10Então Pilatos disse:  Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar? 11Jesus respondeu: Tu não terias autoridade alguma sobre mim se ela não te fosse dada do alto. Quem me entregou a ti, portanto, tem culpa maior. 12Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus.
Jesus é o supremo juiz - Mas os judeus gritavam: Se soltas esse homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei declara-se contra César. 13Ouvindo essas palavras, Pilatos levou Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento, em hebraico “Gábata”. 14Era o dia da preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus:  Eis o vosso rei!  15Eles, porém, gritavam: Fora! Fora! Crucifica-o!  Pilatos disse: Hei de crucificar o vosso rei? Os sumos sacerdotes responderam: Não temos outro rei senão César. 
O crucificado - 16Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado, e eles o levaram. 17Jesus tomou a cruz sobre si e saiu para o lugar chamado Calvário, em hebraico “Gólgota”. 18Ali o crucificaram, com outros dois: um de cada lado, e Jesus no meio.  
Jesus é o Rei universal -19Pilatos mandou ainda escrever um letreiro e colocá-lo na cruz; nele estava escrito: “Jesus nazareno, o rei dos judeus”. 20Muitos judeus puderam ver o letreiro, porque o lugar em que Jesus foi crucificado ficava perto da cidade. O letreiro estava escrito em hebraico, latim e grego. 21Então os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: Não escrevas “o rei dos judeus”, mas sim o que ele disse: “Eu sou o rei dos judeus”. 22Pilatos respondeu: O que escrevi está escrito. 
A comunidade de Jesus é universal - 23Depois que crucificaram Jesus, os soldados repartiram a sua roupa em quatro partes, uma parte para cada soldado. Quanto à túnica, esta era tecida sem costura, em peça única de alto a baixo. 24Disseram então entre si: Não vamos dividir a túnica. Tiremos a sorte para ver de quem será. Assim se cumpria a Escritura que diz: “Repartiram entre si as minhas vestes e lançaram sorte sobre a minha túnica”. Assim procederam os soldados.  
A relação entre Israel e a comunidade de Jesus - 25Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. 26Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe:  Mulher, este é o teu filho. 27Depois disse ao discípulo: Esta é a tua mãe. N: Dessa hora em diante, o discípulo a acolheu consigo.  
Jesus amou até o fim - 28Depois disso, Jesus, sabendo que tudo estava consumado e para que a Escritura se cumprisse até o fim, disse: Tenho sede. 29Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaram-na à boca de Jesus. 30Ele tomou o vinagre e disse:  Tudo está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. 
A morte de Jesus é o maior sinal de vida -  31Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz. 32Os soldados foram e quebraram as pernas de um e, depois, do outro que foram crucificados com Jesus. 33Ao se aproximarem de Jesus e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; 34mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. 35Aquele que viu dá testemunho, e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. 36Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”. 37E outra Escritura ainda diz: “Olharão para aquele que transpassaram”. 
O sepultamento de Jesus - 38Depois disso, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus – mas às escondidas, por medo dos judeus -, pediu a Pilatos para tirar o corpo de Jesus. Pilatos consentiu. Então José veio tirar o corpo de Jesus. 39Chegou também Nicodemos, o mesmo que antes tinha ido de noite encontrar-se com Jesus. Levou uns trinta quilos de perfume feito de mirra e aloés. 40Então tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no, com os aromas, em faixas de linho, como os judeus costumam sepultar. 41No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. 42Por causa da preparação da Páscoa e como o túmulo estava perto, foi ali que colocaram Jesus.
 Comentário

* 18,1-14: O jardim recorda o paraíso do Gênesis, de onde o homem tinha sido expulso. Jesus entra no jardim para enfrentar e derrotar a serpente, símbolo do mal que oprime e mata os homens. Ninguém tem poder para prender Jesus ou defendê-lo. Ele é preso porque entrega livremente a própria vida, cumprindo até o fim a missão que o Pai lhe confiou.

* 15-27: O testemunho dado por Jesus está entre as negações de Pedro. Há um contraste de atitudes. Antes Pedro usara a violência e Jesus se entregara livremente. Agora Jesus corajosamente dá testemunho diante das autoridades, sem nada negar de sua atividade anterior; Pedro, ao contrário, nega covardemente sua condição de discípulo e seu passado de adesão a Jesus. Jesus terminou o tempo da sua atividade terrestre. Agora seu testemunho deve ser continuado pelos seus seguidores.

* 28-32: Os representantes do poder religioso e do poder político se encontram para resolver o caso Jesus de Nazaré. É a véspera da Páscoa, a festa da libertação, transformada agora em mero rito. As autoridades dos judeus já decidiram a morte de Jesus: querem apenas a aprovação de Pilatos.

* 33-38a: Jesus confirma que é rei. Sua realeza, porém, não é semelhante à dos poderosos deste mundo. Estes exploram e oprimem o povo, enganando-o com um sistema de ideias, para esconder sua ação. É o mundo da mentira. Jesus, ao contrário, é o Rei que dá a vida, trazendo aos homens o conhecimento do verdadeiro Deus e do verdadeiro homem. Seu reino é o reino da verdade, onde a exploração dá lugar à partilha, e a opressão dá lugar à fraternidade.

* 38b-40: O bandido Barrabás é símbolo da violência que busca o poder, que perpetua o modo de ser dos reinos deste mundo. As autoridades preferem Barrabás, porque a pessoa de Jesus põe em risco os reinos deste mundo.

* 19,1-3: Jesus é caricaturado como rei (coroa e manto vermelho). Caçoando de Jesus assim fantasiado, os soldados na verdade ridicularizam o ideal de realeza dos poderosos deste mundo.

* 4-8: Manifesta-se agora a verdadeira realeza, a do Homem que entrega sua própria vida pelos outros homens. Os opressores o rejeitam e pedem sua morte, acusando-o do crime que é justamente a verdade mais profunda do Homem: ser Filho de Deus. Como instrumento do poder, a lei torna-se inimiga do homem.

* 9-12a: Jesus não se aproveita do medo supersticioso de Pilatos para conseguir sua liberdade. Os chefes dos judeus vêem Jesus como perigoso para seus interesses e aliam-se ao opressor, exigindo a sentença de morte. O dilema de Pilatos é o dilema do homem dependente do sistema injusto de poder: ou arrisca a própria posição ou sacrifica o inocente. Deus, o único que tem autoridade absoluta, permite que Pilatos e os chefes judeus tomem a decisão e assumam a responsabilidade.

* 12b-16a: Ao meio-dia, os sacerdotes do templo começavam a matança dos cordeiros para a Páscoa, festa que celebrava o fim da escravidão no Egito. No mesmo instante, os chefes dos sacerdotes fazem sua profissão de ateísmo, declarando-se súditos do opressor romano. Sentado na cadeira de juiz, Jesus ratifica em silêncio a condenação que os chefes escolhem para si próprios.

* 16b-18: A cruz é o trono de onde Jesus exerce a sua realeza. Ele não está só, mas é o centro daqueles que o acompanham, dando a vida como ele.

* 19-22: O letreiro apresenta Jesus crucificado como a Escritura da nova aliança de Deus com a humanidade: Jesus é o Rei que entrega sua vida por todos. Doravante, a cruz será o símbolo do amor de Deus, que vai até o fim. A nova Escritura é compreensível a todos, porque a linguagem do amor é universal e permanece escrita para sempre.

* 23-24: A roupa de Jesus é a sua herança, espalhada pelos quatro cantos da terra. Deverá ser vestida por todos os que querem seguir a Jesus, tornando-se seus herdeiros na prática do serviço ao homem, dando até mesmo a própria vida. Apesar de espalhadas por todos os tempos e lugares, as comunidades cristãs participarão de um só e mesmo Espírito, o Espírito que guiou toda a atividade de Jesus.

* 25-27: A mãe de Jesus representa aqui o povo da antiga aliança que se conservou fiel às promessas e espera pelo salvador. E o discípulo amado representa o novo povo de Deus, formado por todos os que dão sua adesão a Jesus. Na relação mãe-filho, o evangelista mostra a unidade e continuação do povo de Deus, fiel à promessa e herdeiro da sua realização.

* 28-30: O projeto de Deus a respeito do homem se completa na morte de Jesus, sinal do seu dom de amor até o fim. O Espírito que Jesus entrega é o mesmo que o conduziu em toda a sua atividade. Ele realiza o reino universal e constitui o novo povo de Deus, que continuará a obra de Jesus.

* 31-37: Morto na cruz, Jesus é o grande sinal, o ápice de todos os sinais narrados pelo evangelista. O sangue simboliza a morte; a água simboliza o Espírito que dá a vida: com sua morte Jesus trouxe a vida. Captar e testemunhar este sinal é questão decisiva, pois só através dele a história do homem vai encontrar a possibilidade de chegar à sua plenitude, dando lugar à sociedade livre e fraterna. É acreditando na vida de Jesus que o cristão continua a obra libertadora por ele iniciada.

* 38-42: O drama da paixão termina da mesma forma que havia começado: Jesus está dentro do jardim do paraíso. Tendo vencido a serpente, Jesus abre de novo para o homem a possibilidade de se realizar plenamente na comunhão com Deus.

Temos aqui uma questão crucial para o cristão: ou ele acredita em Jesus vivo hoje e dá testemunho, ou vê Jesus como vítima derrotada e sepultada no passado. Então fica paralisado diante da violência dos poderosos, e não é capaz de dar o testemunho de Jesus.

Um prisioneiro, ainda que inocente, torna-se joguete e objeto de deboche dos chefes. Com relação a Jesus, os dirigentes do povo percebem que estão lidando com um prisioneiro especial. Jesus, de fato, está bem consciente de que é vítima de uma condenação precipitada e injusta. Entretanto, seus frequentes diálogos com o Pai celeste lhe dão a garantia de que sua morte não será em vão. O próprio Jesus dizia: “O bom pastor expõe a sua vida pelas ovelhas” (Jo 10,11). Dizia também que o Filho Homem veio dar a própria vida em resgate da humanidade (cf. Mc 10,45). O apóstolo Paulo compreendeu bem o alcance da morte do Filho de Deus, ao escrever aos Gálatas: “Ele me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20). A morte de Jesus em nosso favor nos leva a cultivar sentimentos de perene gratidão.

Oração
Ó Jesus, Mártir e Redentor nosso, aceita o silêncio respeitoso em reconhecimento pelo teu extremo gesto de amor em favor de toda a humanidade. Ajuda-nos, Senhor, a compreender e valorizar o mistério da total entrega de tua vida para nos salvar. Amém.


Hebreus 4, 14-16;5,7-9 Fidelidade e fé em Jesus.

  14Nós temos um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus. Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos. 

Jesus é misericordioso com os homens -15Com efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado. 16Aproximemo-nos então, com toda a confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno. 5,7Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. 8Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. 9Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.

Comentário:

* 3,7-4,14: Após uma exposição sobre a fidelidade de Jesus, o autor faz longa exortação, mostrando que os cristãos devem ser fiéis, professando a fé em Jesus. Moisés e Josué não conseguiram introduzir o povo no descanso de Deus, porque o povo se revoltou e foi infiel a Deus tanto no deserto como em Canaã. Jesus é o novo Josué, é o guia do novo povo de Deus. Ele alcançou a verdadeira terra prometida, o verdadeiro descanso. Os cristãos não devem ser infiéis, como o povo israelita no deserto, mas acreditar em Jesus e segui-lo, para também eles chegarem ao descanso prometido.

* 4,15-5,10: Os cristãos não devem temer a Jesus, mas aproximar-se dele confiantes, certos de sua acolhida misericordiosa. A figura do sumo sacerdote se realiza plenamente em Jesus, de modo superior ao sacerdócio de Aarão e de qualquer liturgia terrena. Cristo atravessou o céu (4,14) e, ressuscitado, vive para sempre aquela "justa compaixão" que testemunhou aos homens no momento da Paixão. Como Filho, e do mesmo modo que o misterioso Melquisedec, Jesus se empenha para sempre, com toda a sua pessoa, na súplica e no sacrifício. A Paixão é vista aqui como a mais solene prece de intercessão e o mais sublime ato de obediência.

Os vv. 9-10 anunciam o tema da próxima parte: levado à perfeição, Jesus tornou-se o princípio de salvação eterna, pois recebeu de Deus o título de sumo sacerdote.

quarta-feira, 31 de março de 2021

João 13, 1-15 Jesus veio para servir.

1Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. 2Estavam tomando a ceia. O diabo já tinha posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de entregar Jesus. 3Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado tudo em suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, 4levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. 5Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido. 6Chegou a vez de Simão Pedro. Pedro disse: “Senhor, tu me lavas os pés?” 7Respondeu Jesus: “Agora não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás”. 8Disse-lhe Pedro: “Tu nunca me lavarás os pés!” Mas Jesus respondeu: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo”. 9Simão Pedro disse: “Senhor, então lava não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça”. 10Jesus respondeu: “Quem já se banhou não precisa lavar senão os pés, porque já está todo limpo. Também vós estais limpos, mas não todos”. 11Jesus sabia quem o ia entregar; por isso disse: “Nem todos estais limpos”.

Quem segue Jesus deve servir - 12Depois de ter lavado os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo. E disse aos discípulos: “Compreendeis o que acabo de fazer? 13Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, pois eu o sou. 14Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. 15Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz”.

Comentário: 

* 1-17: A morte de Jesus abre a passagem para o Pai, e testemunha o amor supremo que mostra o sentido de toda a sua vida. O gesto de Jesus é ensinamento: a autoridade só pode ser entendida como função de serviço aos outros. Pedro resiste, porque ainda acredita que a desigualdade é legítima e necessária, e não entende que o amor produz igualdade e fraternidade. Na comunidade cristã existe diferença de funções, mas todas elas devem concorrer para que o amor mútuo seja eficaz. Já não se justifica nenhum tipo de superioridade, mas somente a relação pessoal de irmãos e amigos.

Jesus, sabendo que “tinha vindo de junto de Deus e para Deus estava voltando”, aproveita suas últimas horas para reforçar duas características importantes de sua nova família: o amor fraterno e o serviço recíproco. Lavar os pés era função reservada a escravos e mulheres, duas categorias pouco valorizadas na época de Jesus. Outro grupo marginalizado eram as crianças. No entanto, Jesus havia advertido que quem não se tornar como criança não entra no Reino dos céus. No lava-pés, quem lava os pés dos discípulos é o Mestre e Senhor, o próprio Jesus, que expõe seu recado: “Vocês também devem lavar os pés uns dos outros”. O exemplo está dado, de modo muito claro, e o apelo de Jesus não dá margens a dúvidas: “Eu lhes dei um exemplo, para que vocês façam do modo como eu fiz”.

Oração
Ó Jesus, Mestre e Senhor, teus apóstolos foram pegos de surpresa quando tomaste a iniciativa de lavar-lhes os pés. Querias, na verdade, nos dar um exemplo de humildade e serviço, sinal concreto de amor fraterno. Inspira-nos a fazer como fizeste, multiplicando, em toda parte, generosos gestos de amor. Amém.

 

terça-feira, 30 de março de 2021

Mateus 26, 14-25 O Messias vai ser morto.

14Então um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes 15e disse: “O que me dareis se vos entregar Jesus?” Combinaram, então, trinta moedas de prata. 16E daí em diante, Judas procurava uma oportunidade para entregar Jesus

O novo Cordeiro pascal - 17No primeiro dia da festa dos Ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?” 18Jesus respondeu: “Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: ‘O mestre manda dizer: O meu tempo está próximo, vou celebrar a Páscoa em tua casa, junto com meus discípulos'”. 19Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a Páscoa. 20Ao cair da tarde, Jesus pôs-se à mesa com os doze discípulos. 21Enquanto comiam, Jesus disse: “Em verdade eu vos digo, um de vós vai me trair”. 22Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a lhe perguntar: “Senhor, será que sou eu?” 23Jesus respondeu: “Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato. 24O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura a respeito dele. Contudo, ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!” 25Então Judas, o traidor, perguntou: “Mestre, serei eu?” Jesus lhe respondeu: “Tu o dizes”. 
Comentário:   
* 26,1-16: Cf. nota em Mc 14,1-11: A atividade de Jesus vai levá-lo à morte. Entre a conspiração das autoridades e a decisão que Judas toma de trair Jesus, temos o gesto significativo de uma mulher: reconhecendo o verdadeiro sentido da pessoa de Jesus, ela o unge como Messias (unção na cabeça) que vai morrer. O que ela faz é mais importante do que dar esmola aos pobres: não é possível realmente fazer o bem a eles a não ser dentro do projeto de Jesus. A ausência física de Jesus será depois ocupada pelos pobres, que se tornarão sacramento da presença dele.  
* 17-25: Cf. nota em Mc 14,12-21: A celebração da Páscoa marcava a noite em que o povo de Deus foi libertado da escravidão do Egito. Jesus vai ser morto como o novo cordeiro pascal: sua vida e morte são o início de novo modo de vida, no qual não haverá mais escravidão do dinheiro e do poder.

Temos o relato da traição de Jesus, segundo o Evangelho de Mateus. Podemos destacar três momentos: combinação do preço para Judas trair Jesus; preparação da ceia pascal; anúncio durante a ceia de que Judas trairia Jesus. A traição é algo detestável para um cristão, pior ainda quando se trata de amigos. Judas tornou-se homem útil aos planos homicidas das autoridades políticas e religiosas. Tudo acontece num momento íntimo de amizade e festa. Muitas traições são tramadas em grandes e luxuosos banquetes. Judas age livremente. A liberdade é dom precioso que Deus concede ao ser humano, mas seu uso correto é uma conquista de cada um. Trinta moedas, valor de um escravo, são suficientes para o traidor entregar o Mestre. Quando colocamos o dinheiro acima de tudo, somos capazes das piores traições.

Oração
Ó Jesus, zeloso Pastor, um dos teus discípulos estraga a beleza da festa. Por não compreender nem acatar teus planos de amor e vida para todos, ele se afasta do grupo, a fim de executar seus planos perversos. Ajuda-nos, Senhor, a defender as pessoas sufocadas por toda espécie de injustiça. Amém.

segunda-feira, 29 de março de 2021

João 13, 21-33.36-38 Jesus é traído por um discípulo.

 21Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: “Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará”. 22Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem Jesus estava falando. 23Um deles, a quem Jesus amava, estava recostado ao lado de Jesus. 24Simão Pedro fez-lhe um sinal para que ele procurasse saber de quem Jesus estava falando. 25Então, o discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: “Senhor, quem é?” 26Jesus respondeu: “É aquele a quem eu der o pedaço de pão passado no molho”. Então Jesus molhou um pedaço de pão e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27Depois do pedaço de pão, satanás entrou em Judas. Então Jesus lhe disse: “O que tens a fazer, executa-o depressa”. 28Nenhum dos presentes compreendeu por que Jesus lhe disse isso. 29Como Judas guardava a bolsa, alguns pensavam que Jesus lhe queria dizer: “Compra o que precisamos para a festa” ou que desse alguma coisa aos pobres. 30Depois de receber o pedaço de pão, Judas saiu imediatamente. Era noite. 

A expressão de fé em Jesus é o amor - 31Depois que Judas saiu, disse Jesus: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. 32Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo e o glorificará logo. 33Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo, como eu disse também aos judeus: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir'”. 36Simão Pedro perguntou: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu-lhe: “Para onde eu vou, tu não me podes seguir agora, mas me seguirás mais tarde”. 37Pedro disse: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu darei a minha vida por ti!” 38Respondeu Jesus: “Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo, o galo não cantará antes que me tenhas negado três vezes”. 

Comentário:

* 18-30: A longa noite da paixão começa com a traição de Judas, símbolo da traição que pode estar presente dentro da própria comunidade cristã.

* 31-38: O mandamento novo supera todos os outros mandamentos. Deus e o homem são inseparáveis. E é somente amando ao homem que amamos a Deus. Em Jesus, Deus se fez presente no homem, tornando-o intocável. Tal mandamento novo gera uma comunidade, que oferece uma alternativa de vida digna e liberdade perante a morte e a opressão.

Nos três primeiros dias da Semana Santa, os Evangelhos nos apresentam cenas de refeição, culminando com a ceia do lava-pés na quinta-feira, que abre o Tríduo Pascal. No Evangelho deste dia, temos o plano de Judas, que sai antes de concluir a ceia para entregar o Mestre. Enquanto Jesus revela seu imenso amor pelos seus – a ceia é gesto também de amor, partilha e solidariedade -, um deles o trairá. A traição de Judas e a negação de Pedro demonstram a fraqueza humana. É noite, revela o Evangelho, tempo de sombras, incertezas e traições. Ao mesmo tempo, é noite de glorificação para o Mestre, o qual escolheu os seus, mas não lhes tolhe a liberdade de agirem segundo a própria consciência. Nessa ceia, que acaba se tornando tensa, Jesus não deixa de se dirigir aos seus com o carinhoso nome “filhinhos”, tratando-os como um bom pai trata seus filhos.

Oração
Amável Jesus, experimentas profunda comoção ao revelar a presença do traidor, membro do teu grupo escolhido. Judas Iscariotes, com efeito, afasta-se da comunidade para organizar o momento de entregar-te aos chefes do povo. Concede-nos, Senhor, profunda firmeza em nossa fé, para nunca te abandonarmos. Amém.

domingo, 28 de março de 2021

João 12, 1-11 Jesus é ungido para a sepultura.

1Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que ele havia ressuscitado dos mortos. 2Ali ofereceram a Jesus um jantar; Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. 3Maria, tomando quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa inteira ficou cheia do perfume do bálsamo. 4Então falou Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de entregar: 5“Por que não se vendeu este perfume por trezentas moedas de prata, para as dar aos pobres?” 6Judas falou assim não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão; ele tomava conta da bolsa comum e roubava o que se depositava nela. 7Jesus, porém, disse: “Deixa-a; ela fez isto em vista do dia de minha sepultura. 8Pobres, sempre os tereis convosco, enquanto a mim, nem sempre me tereis”. 9Muitos judeus, tendo sabido que Jesus estava em Betânia, foram para lá, não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus havia ressuscitado dos mortos. 10Então os sumos sacerdotes decidiram matar também Lázaro, 11porque, por causa dele, muitos deixavam os judeus e acreditavam em Jesus.

Comentário:

* 1-11: O gesto de Maria prepara o corpo de Jesus para a morte, isto é, o ato final com que ele entregará sua vida em favor dos homens. Desperdício inútil? Judas desculpa sua própria avareza, disfarçando-a com uma preocupação paternalista pelos pobres. A comunidade que vive o espírito de Jesus será eminentemente uma comunidade de pobres e sempre aberta fraternalmente para os pobres.

Estamos na casa dos amigos de Jesus – Marta, Maria e Lázaro -, os quais o Mestre visitava com frequência. Durante a ceia, bonito gesto acontece: Maria unge os pés de Jesus, perfumando a casa toda. O gesto é contestado por alguns e aprovado pelo Mestre. A unção de Jesus lembra a sua morte e seu sepultamento. A narração nos coloca no contexto da paixão: inicia-se a seis dias da Páscoa e conclui-se com a referência à sepultura de Jesus. O gesto de Maria, além de antecipar a sepultura do Mestre, evoca a fragrância pascal do nosso batismo. Foi uma atitude profética, própria de quem é capaz de amar profundamente, oferecendo o que de mais precioso possui. Precisamos aprender dessa discípula amada de Jesus a ungir nossas casas e nossas comunidades com o perfume do amor, do respeito e da alegria.

Oração
Ó Jesus, bondoso Mestre, aproximam-se os dias finais de tua vida na terra. Valorizas o carinhoso gesto de Maria, que perfuma teus pés e enxuga-os com seus cabelos. Atitude de amor generoso e solidário. Dá-nos, Senhor, sensibilidade e disposição para prestar-te a devida honra por toda a vida. Amém.

 

sábado, 27 de março de 2021

Marcos 11, 1-10 O Rei-Messias.

 1Quando se aproximaram de Jerusalém, na altura de Betfagé e de Betânia, junto ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, 2dizendo: “Ide até o povoado que está em frente e, logo que ali entrardes, encontrareis amarrado um jumentinho que nunca foi montado. Desamarrai-o e trazei-o aqui! 3Se alguém disser: ‘Por que fazeis isso?’, dizei: ‘O Senhor precisa dele, mas logo o mandará de volta'”. 4Eles foram e encontraram um jumentinho amarrado junto de uma porta, do lado de fora, na rua, e o desamarraram. 5Alguns dos que estavam ali disseram: “O que estais fazendo, desamarrando esse jumentinho?” 6Os discípulos responderam como Jesus havia dito, e eles permitiram. 7Levaram então o jumentinho a Jesus, colocaram sobre ele seus mantos, e Jesus montou. 8Muitos estenderam seus mantos pelo caminho, outros espalharam ramos que haviam apanhado nos campos. 9Os que iam na frente e os que vinham atrás gritavam: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! 10Bendito seja o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana no mais alto dos céus!”

Comentário:

* 1-11: Jesus é o Rei-Messias que vai confrontar-se com o centro da sociedade judaica, simbolizada por Jerusalém e pelo Templo, sede do poder econômico, político, ideológico e religioso. Ele entra na cidade, não como rei guerreiro, mas como simples homem, humilde e pacífico. Ele traz consigo a inversão de um sistema de sociedade apoiado na violência da força militar, que defende os privilegiados. O povo o aclama como aquele que traz o reino da verdadeira justiça.

Os dias de Jesus estão contados. Ele toma a iniciativa de entrar em Jerusalém, porém de modo totalmente fora do comum. Vejamos como. Nessa época, as ideias a respeito do Messias eram as mais variadas. Em geral o povo e parte dos dirigentes esperavam um Messias dominador, forte guerreiro, capaz de expulsar da Palestina os ocupantes estrangeiros. Seus próprios discípulos eram portadores de uma imagem triunfalista do Messias. Em contraste com essa expectativa, Jesus assume algumas atitudes que mostram o verdadeiro Messias-Rei. Lança mão de um jumentinho e monta sobre ele. As pessoas aí presentes logo se lembram da profecia de Zacarias: “Seu rei está chegando, justo e vitorioso. Ele é pobre, vem montado num jumentinho” (Zc 9,9). Sua marca é a justiça e a solidariedade com o povo.

Oração
Ó Jesus, nosso Rei e Senhor, tua entrada em Jerusalém deu-se na maior simplicidade. Montado num jumentinho, percorres aquelas ruas, enquanto os habitantes da cidade estendem no chão seus próprios mantos para te prestar homenagem: “Bendito o que vem em nome do Senhor. Bendito o Reino que vem”. Amém.