quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Marcos 7, 14-23 Jesus anuncia uma nova moralidade.

14 Em seguida, Jesus chamou de novo a multidão para perto dele e disse: “Escutem todos e compreendam: 15 o que vem de fora e entra numa pessoa, não a torna impura; as coisas que saem de dentro da pessoa é que a tornam impura. 16 Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”
17 Quando Jesus entrou em casa, longe da multidão, os discípulos lhe perguntaram sobre essa parábola. 18 Jesus disse: “Será que nem vocês entendem? Vocês não compreendem que nada do que vem de fora e entra numa pessoa pode torná-la impura, 19 porque não entra em seu coração, mas em seu estômago, e vai para a privada?” (Assim Jesus declarava que todos os alimentos eram puros). 20 Jesus continuou a dizer: “É o que sai da pessoa que a torna impura. 21 Pois é de dentro do coração das pessoas que saem as más intenções, como a imoralidade, roubos, 22 crimes, adultérios, ambições sem limite, maldades, malícia, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. 23 Todas essas coisas más saem de dentro da pessoa, e são elas que a tornam impura.”
Comentário:
14-23: O que vem de fora não torna o homem pecador, e sim o que sai do coração, isto é, da consciência humana, que cria os projetos e dá uma direção às coisas. Jesus anuncia uma nova forma de moralidade, onde os homens podem relacionar-se entre si na liberdade e na justiça. Com isso, aboliu a lei sobre a pureza e impureza (Lv 11), cuja interpretação era o fundamento de uma sociedade injusta, baseada em tabus que criavam e solidificavam diferenças entre as pessoas, gerando privilegiados e marginalizados, opressores e oprimidos.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Marcos 7, 1-13 Jesus desmascara as falsas tradições.

1 Os fariseus e alguns doutores da Lei foram de Jerusalém e se reuniram em volta de Jesus. 2 Eles viram então que alguns discípulos comiam pão com mãos impuras, isto é, sem lavar as mãos. 3 Os fariseus, assim como todos os judeus, seguem a tradição que receberam dos antigos: só comem depois de lavar bem as mãos. 4 Quando chegam da praça pública, eles se lavam antes de comer. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre.
5 Os fariseus e os doutores da Lei perguntaram então a Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, pois comem pão sem lavar as mãos?” 6 Jesus respondeu: “Isaías profetizou bem sobre vocês, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas o coração deles está longe de mim. 7 Não adianta nada eles me prestarem culto, porque ensinam preceitos humanos’. 8 Vocês abandonam o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens.”
9 E Jesus acrescentou: “Vocês são bastante espertos para deixar de lado o mandamento de Deus a fim de guardar as tradições de vocês. 10 Com efeito, Moisés ordenou: ‘Honre seu pai e sua mãe’. E ainda: ‘Quem amaldiçoa o pai ou a mãe, deve morrer’. 11 Mas vocês ensinam que é lícito a alguém dizer a seu pai e à sua mãe: ‘O sustento que vocês poderiam receber de mim é Corbã, isto é, consagrado a Deus’. 12 E essa pessoa fica dispensada de ajudar seu pai ou sua mãe. 13 Assim vocês esvaziam a Palavra de Deus com a tradição que vocês transmitem. E vocês fazem muitas outras coisas como essas.”
Comentário:
1-13: Jesus desmascara o que está por trás de certas práticas apresentadas como religiosas. E toma um exemplo concreto referente ao quarto mandamento. Corbã era o voto, pelo qual uma pessoa consagrava a Deus os próprios bens, tornando-os intocáveis e reservados ao tesouro do Templo. Aparentemente Deus era louvado, mas na realidade os pais ficavam privados de sustento necessário, enquanto o Templo e os sacerdotes ficavam ainda mais ricos.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Marcos 6, 53-56 Jesus é a presença de Deus.

53 Acabando de atravessar, chegaram à terra, em Genesaré, e amarraram a barca. 54 Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus. 55 Iam de toda a região, levando os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. 56 E onde ele chegava, tanto nos povoados como nas cidades ou nos campos, colocavam os doentes nas praças e pediam que pudessem ao menos tocar a barra da roupa de Jesus. E todos os que tocaram, ficaram curados.
Comentário:
45-56: O episódio mostra o verdadeiro Deus sendo revelado em Jesus (“Eu Sou” - cf. Ex 3,14). Os discípulos não conseguem ver a presença de Deus em Jesus, porque não entenderam o acontecimento dos pães. Para quem não entende que o comércio e a posse devem ser substituídos pelo dom e pela partilha, Jesus se torna fantasma ou apenas fazedor de milagres que provoca medo, e não a presença do Deus verdadeiro.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Mateus 5, 13-16 A força do testemunho.

13 “Vocês são o sal da terra. Ora, se o sal perde o gosto, com que poderemos salgá-lo? Não serve para mais nada; serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens.
14 Vocês são a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. 15 Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la no candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. 16 Assim também: que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu.”
Comentário:
13-16: Os discípulos de Jesus devem estar conscientes de que se acham unidos com todos aqueles que anseiam por um mundo novo. Eles não podem se subtrair a essa missão, mas precisam dar testemunho através de suas obras. Não se comprometer com isso é deixar de ser discípulo do Reino. Através do testemunho visível dos discípulos é que os homens podem descobrir a presença e a ação do Deus invisível.

1 Coríntios 2, 1-5 A sabedoria de Deus.

1 Irmãos, eu mesmo, quando fui ao encontro de vocês, não me apresentei com o prestígio da oratória ou da sabedoria, para anunciar-lhes o mistério de Deus. 2 Entre vocês, eu não quis saber outra coisa a não ser Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. 3 Estive no meio de vocês cheio de fraqueza, receio e tremor; 4 minha palavra e minha pregação não tinham brilho nem artifícios para seduzir os ouvintes, mas a demonstração residia no poder do Espírito,5 para que vocês acreditassem, não por causa da sabedoria dos homens, mas por causa do poder de Deus.
Comentário:
1-16: Paulo não se serviu de artifícios humanos para anunciar o Evangelho aos coríntios. Pelo contrário, foi através da sua fraqueza que ele anunciou o cerne do projeto de Deus: Jesus crucificado. Se os coríntios chegaram à fé foi pelo Espírito que agiu neles através de Paulo. Os cristãos que aprofundaram a fé possuem a verdadeira sabedoria, que consiste no seguinte: Deus salva o mundo por meio de Jesus Cristo. Esta compreensão da fé é obra do Espírito; o homem que só confia em sua própria capacidade não consegue atingir essa compreensão.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Marcos 6, 30-34 O banquete da vida.

30 Os apóstolos se reuniram com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31 Havia aí tanta gente que chegava e saía, a tal ponto que Jesus e os discípulos não tinham tempo nem para comer. Então Jesus disse para eles: “Vamos sozinhos para algum lugar deserto, para que vocês descansem um pouco.” 32 Então foram sozinhos, de barca, para um lugar deserto e afastado. 33 Muitas pessoas, porém, os viram partir. Sabendo que eram eles, saíram de todas as cidades, correram na frente, a pé, e chegaram lá antes deles.
34 Quando saiu da barca, Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão, porque eles estavam como ovelhas sem pastor. Então começou a ensinar muitas coisas para eles.
Comentário:
30-44: Enquanto Herodes celebra o banquete da morte com os grandes, Jesus celebra o banquete da vida com o povo simples. Marcos não diz o que Jesus ensina, mas o grande ensinamento de toda a cena está no fato de que não é preciso muito dinheiro para comprar comida para o povo. É preciso simplesmente dar e repartir entre todos o pouco que cada um possui. Jesus projeta nova sociedade, onde o comércio é substituído pelo dom, e a posse pela partilha. Mas, para que isso realmente aconteça, é preciso organizar o povo. Dando e repartindo, todos ficam satisfeitos, e ainda sobra muita coisa.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Marcos 6, 14-29 O banquete da morte.

14 O rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome tinha-se tornado famoso. Alguns diziam: “João Batista ressuscitou dos mortos. É por isso que os poderes agem nesse homem.” 15 Outros diziam: “É Elias.” Outros diziam ainda: “É um profeta como os profetas antigos.” 16 Ouvindo essas coisas, Herodes disse: “Ele é João Batista. Eu mandei cortar a cabeça dele, mas ele ressuscitou!”
17 De fato, Herodes tinha mandado prender João, amarrá-lo e colocá-lo na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, com quem tinha casado, apesar de ser ela a mulher do seu irmão Filipe. 18 João dizia a Herodes: “Não é permitido você se casar com a mulher do seu irmão.” 19 Por isso, Herodíades ficou com raiva de João e queria matá-lo, mas não podia. 20 Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava.
21 Finalmente chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes. E ele fez um banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galiléia. 22 A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Peça o que quiser e eu darei a você.” 23 E jurou: “Juro que darei qualquer coisa que você me pedir, mesmo que seja a metade do meu reino.” 24 A moça saiu e perguntou à mãe: “O que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista.” 25 A moça correu para a sala e pediu ao rei: “Quero que me dê agora, num prato, a cabeça de João Batista.” 26 O rei ficou muito triste. Mas não pôde recusar, pois tinha feito o juramento na frente dos convidados. 27 Imediatamente o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, foi à prisão e cortou a cabeça de João. 28 Depois levou a cabeça num prato, deu à moça, e esta a entregou à sua mãe. 29 Ao saber disso, os discípulos de João foram, levaram o cadáver e o sepultaram.
Comentário:
14-29: A narração da morte de João Batista apresenta o destino de Jesus e dos que o seguem. A morte de João acontece dentro de um banquete de poderosos. Assim, o profeta que pregava o início de transformação radical é morto por aqueles que se sentem incomodados com essa transformação.