terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Lucas 11, 29-32 O grande sinal.

-* 29 Quando as multidões se reuniram, Jesus começou a dizer: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. 30 De fato, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. 31 No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra os homens desta geração, e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão. 32 No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive ficarão de pé contra esta geração. Porque eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar. E aqui está quem é maior do que Jonas.” Comentário: * 29-32: Não é um sinal maravilhoso que leva os homens à conversão, e sim a adesão ao projeto da nova história, manifestado na palavra de Jesus. Diante dos ensinamentos de Jesus, seus conterrâneos, sobretudo a classe dirigente, se mostram duros de coração e incrédulos. Para desmascarar essa realidade, Jesus se serve da figura de Jonas, que havia conseguido a conversão de pessoas não pertencentes ao judaísmo. Pela pregação de Jonas, aquele povo pagão passou a adorar e seguir o Deus único e verdadeiro. Eis que Jesus realiza no meio do povo os sinais do mesmo Deus de Jonas, as obras que o Pai lhe confiou. Mas esta geração permanece insensível à pregação de Jesus e agressiva à sua pessoa. Fechados à compreensão da obra divina, os inimigos de Jesus se condenam. Serão julgados pelo povo de Nínive, seu maior inimigo. O grande sinal de Jesus é sua ressurreição. Ele está passando sem cessar em nossa vida, convidando-nos à conversão.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Mateus 6, 7-15 O "Pai nosso”.

-* 7 “Quando vocês rezarem, não usem muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por causa do seu palavreado. 8 Não sejam como eles, pois o Pai de vocês sabe do que é que vocês precisam, ainda antes que vocês façam o pedido. 9 Vocês devem rezar assim: Pai nosso, que estás no céu, santificado seja o teu nome; 10 venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. 11 Dá-nos hoje o pão nosso de cada dia. 12 Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. 13 E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. 14 De fato, se vocês perdoarem aos homens os males que eles fizeram, o Pai de vocês que está no céu também perdoará a vocês. 15 Mas, se vocês não perdoarem aos homens, o Pai de vocês também não perdoará os males que vocês tiverem feito.” Comentário: * 7-15: Mateus aproveita o tema da oração para inserir aqui o Pai-nosso (cf. Lc 11,1-4), contrapondo a oração cristã à oração dos fariseus e dos pagãos. O Pai-nosso mostra a simplicidade e intimidade do homem com Deus. Na primeira parte, pede-se que Deus manifeste o seu projeto de salvação; na segunda, pede-se o essencial para que o homem possa viver segundo o projeto de Deus: pão para o sustento, bom relacionamento com os irmãos e perseverança até o fim. A oração de Jesus põe em destaque, antes de tudo, a familiaridade de chamar a Deus de “Pai”. Mostra também que Deus aprecia a simplicidade dos pedidos, sem longos discursos ou conclusões solenes. Afinal, ele conhece as necessidades mais profundas de cada filho ou filha. Depois, apresenta o conteúdo do que se deve pedir ao Pai: o seu nome, o seu reino, a sua vontade. Tudo isso antes de pedirmos por nossas necessidades cotidianas: o pão de cada dia, o perdão e a libertação do mal. O ensinamento de Jesus sobre a oração reforça ainda a necessidade de perdoar: sabendo que Deus nos perdoa e nos salva, também nós devemos perdoar as ofensas que outros nos fazem. O pai-nosso é oração breve, mas portadora dos elementos essenciais de nossa relação com Deus e com os irmãos.

domingo, 26 de fevereiro de 2023

Mateus 25, 31-46 O juízo final.

* 31 “Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. 32 Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33 E colocará as ovelhas à sua direita, e os cabritos à sua esquerda. 34 Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham vocês, que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo. 35 Pois eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro, e me receberam em sua casa; 36 eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar’. 37 Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? 38 Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? 39 Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?’ 40 Então o Rei lhes responderá: ‘Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram.’ 41 Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastem-se de mim, malditos. Vão para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. 42 Porque eu estava com fome, e vocês não me deram de comer; eu estava com sede, e não me deram de beber; 43 eu era estrangeiro, e vocês não me receberam em casa; eu estava sem roupa, e não me vestiram; eu estava doente e na prisão, e vocês não me foram visitar’. 44 Também estes responderão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou sem roupa, doente ou preso, e não te servimos?’ 45 Então o Rei responderá a esses: ‘Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês não fizeram isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizeram’. 46 Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna.” Comentário: * 31-46: Esta é a única cena dos Evangelhos que mostra qual será o conteúdo do juízo final. Os homens vão ser julgados pela fé que tiveram em Jesus. Fé que significa reconhecimento e compromisso com a pessoa concreta de Jesus. Porém, onde está Jesus? Está identificado com os pobres e oprimidos, marginalizados por uma sociedade baseada na riqueza e no poder. Por isso, o julgamento será sobre a realização ou não de uma prática de justiça em favor da libertação dos pobres e oprimidos. Esta é a prática central da fé, desde o início apresentado por Mateus como o cerne de toda a atividade de Jesus: “cumprir toda a justiça” (3,15). É a condição para participar da vida do Reino. Mateus nos apresenta o juízo final em forma de drama. Juiz é o próprio Jesus. O tema da avaliação é bem claro: trata-se de atitudes concretas de amor ao próximo, principalmente aos sofredores. São estes o ponto de encontro com o Senhor. Ser solidário com os irmãos necessitados é ser solidário com Jesus em sua paixão. Quem praticar o amor será recebido no convívio do Pai. Quem não o praticar ficará afastado de Deus. Esta parábola não pretende atemorizar ninguém. Apenas quer alertar para não deixarmos o tempo correr em vão, mas ocupá-lo honestamente, de modo criativo e benéfico em favor dos irmãos e irmãs que mais precisam de nosso socorro. Com a esperança de ouvir, no final, as benditas palavras de Jesus: “Vinde, benditos de meu Pai”.

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Mateus 4, 1-11 Jesus supera as tentações.

* 1 Então o Espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado pelo diabo. 2 Jesus jejuou durante quarenta dias e quarenta noites, e, depois disso, sentiu fome. 3 Então, o tentador se aproximou e disse a Jesus: “Se tu és Filho de Deus, manda que essas pedras se tornem pães!” 4 Mas Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.’ “ 5 Então o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o na parte mais alta do Templo. 6 E lhe disse: “Se tu és Filho de Deus, joga-te para baixo! Porque a Escritura diz: ‘Deus ordenará aos seus anjos a teu respeito, e eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra.’ “ 7 Jesus respondeu-lhe: “A Escritura também diz: ‘Não tente o Senhor seu Deus.’ “ 8 O diabo tornou a levar Jesus, agora para um monte muito alto. Mostrou-lhe todos os reinos do mundo e suas riquezas. 9 E lhe disse: “Eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim, para me adorar.” 10 Jesus disse-lhe: “Vá embora, Satanás, porque a Escritura diz: ‘Você adorará ao Senhor seu Deus e somente a ele servirá.’ “ 11 Então o diabo o deixou. E os anjos de Deus se aproximaram e serviram a Jesus. Comentário: * 1-11: Cf. nota em Mc 1,12-13. Mateus pormenoriza, salientando três tentações. Nelas, Jesus é tentado de falsificar a própria missão, realizando uma atividade que só busque satisfazer às necessidades imediatas, buscar o prestígio e ambicionar o poder e as riquezas. Jesus, porém, resiste a essas tentações. Seu projeto de justiça é transformar as estruturas segundo a vontade de Deus (palavra que sai da boca de Deus), não pondo Deus a seu próprio serviço ou interesse (Não tente o Senhor seu Deus), e não absolutizando coisas que geram opressão e exploração sobre os homens, criando ídolos (Você adorará ao Senhor seu Deus...). Após o batismo, Jesus é conduzido pelo Espírito ao deserto, onde enfrenta provações. Os quarenta dias de jejum recordam os quarenta anos do povo de Israel no deserto, antes de entrar na Terra Prometida, onde haveria justiça e vida para todos. O povo falhou várias vezes, ao passo que Jesus supera todas as provas. Nesta cena simbólica, Mateus resume a luta da vida inteira de Jesus. Trata-se do grande confronto entre o projeto salvador do Pai (Reino de Deus) e o antiprojeto do adversário (diabo). A cada proposta sedutora do inimigo, Jesus rebate com a Palavra de Deus: “O ser humano não vive só de pão” (Dt 8,3). “Não tente ao Senhor seu Deus” (Dt 6,16). “Adore o Senhor seu Deus, e somente a ele preste culto” (Dt 6,13). Superadas as provações, Jesus passa a implantar o Reino de Deus.

Romanos 5, 12-19 A vida supera a morte.

* 12 Assim como o pecado entrou no mundo através de um só homem e com o pecado veio a morte, assim também a morte atingiu todos os homens, porque todos pecaram. 13 De fato, já antes da Lei existia pecado no mundo, embora o pecado não possa ser levado em conta quando não existe Lei. 14 Ora, a morte reinou de Adão até Moisés, mesmo sobre aqueles que não haviam pecado, cometendo uma transgressão igual à de Adão, o qual é figura daquele que devia vir. 15 O dom da graça, porém, não é como a falta. Se todos morreram devido à falta de um só, muito mais abundantemente se derramou sobre todos a graça de Deus e o dom gratuito de um só homem, Jesus Cristo. 16 Também não acontece com o dom da graça, como aconteceu com o pecado de um só que pecou: a partir do pecado de um só, o julgamento levou à condenação, ao passo que a partir de numerosas faltas, o dom da graça levou à justificação. 17 Porque se através de um só homem reinou a morte por causa da falta de um só, com muito mais razão reinarão na vida aqueles que recebem a abundância da graça e do dom da justiça, por meio de um só: Jesus Cristo. 18 Portanto, assim como pela falta de um só resultou a condenação para todos os homens, do mesmo modo foi pela justiça de um só que resultou para todos os homens a justificação que dá a vida. 19 Assim como, pela desobediência de um só homem, todos se tornaram pecadores, do mesmo modo, pela obediência de um só, todos se tornarão justos. Comentário: * 12-21: Paulo contrapõe duas figuras, dois reinos e duas consequências: Adão-Cristo, pecado-graça; morte-vida. Adão é o início e a personificação da humanidade mergulhada no reino do pecado e caminhando para a morte; Cristo, o novo Adão, é início e personificação da humanidade introduzida no reino da graça e caminhando para a vida. Paulo não está interessado nas semelhanças entre Cristo e Adão. Ele os contrapõe apenas para mostrar a supremacia de Cristo e do reino da graça sobre Adão e o reino do pecado; pois o dom de Deus supera de longe o pecado dos homens.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Lucas 5, 27-32 Jesus rejeita a hipocrisia social.

-* 27 Depois disso, Jesus saiu, e viu um cobrador de impostos chamado Levi, que estava na coletoria. Jesus disse para ele: “Siga-me.” 28 Levi deixou tudo, levantou-se, e seguiu a Jesus. 29 Depois, Levi preparou em casa um grande banquete para Jesus. Estava aí numerosa multidão de cobradores de impostos e outras pessoas sentadas à mesa com eles. 30 Os fariseus e seus doutores da Lei murmuravam, e diziam aos discípulos de Jesus: “Por que vocês comem e bebem com os cobradores de impostos e com pecadores?” 31 Jesus respondeu: “As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes. 32 Eu não vim para chamar justos, e sim pecadores para o arrependimento.” Comentário: * 27-32: Cf. nota em Mc 2,13-17: Os cobradores de impostos eram desprezados e marginalizados porque colaboravam com a dominação romana, cobrando imposto e, em geral, aproveitando para roubar. Jesus rompe os esquemas sociais que dividem os homens em bons e maus, puros e impuros. Chamando um cobrador de impostos para ser seu discípulo, e comendo com os pecadores, Jesus mostra que sua missão é reunir e salvar aqueles que a sociedade hipócrita rejeita como maus. Ao convidar alguém para compor o grupo dos apóstolos, Jesus não busca a opinião dos fariseus nem dos mestres da Lei. Estes jamais teriam indicado Levi-Mateus, que era cobrador de impostos. Ora, fariseus e mestres da Lei desprezavam essa profissão e tinham preconceito contra quem a exercia. Seguros de terem a salvação garantida, eles ficavam indignados porque Jesus se sentia à vontade na casa dos marginalizados. Jesus envolve de especial atenção os excluídos da sociedade. Não só os convida à conversão, mas acredita no potencial deles para uma grande missão: evangelizar o mundo, como no caso de Mateus. Jesus oferece a salvação a toda a humanidade. Só quem se julga cheio de saúde é que dispensa o médico!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Mateus 9, 14-15 Jesus provoca ruptura.

* 14 Então os discípulos de João se aproximaram de Jesus, e perguntaram: “Nós e os fariseus fazemos jejum. Por que os teus discípulos não fazem jejum?” 15 Jesus respondeu: “Vocês acham que os convidados de um casamento podem estar de luto, enquanto o noivo está com eles? Mas chegarão dias em que o noivo será tirado do meio deles. Aí então eles vão jejuar. Comentário: * 14-17: Cf. nota em Mc 2,18-22. Jesus veio substituir o sistema da Lei, rigidamente seguido pelos fariseus. A justiça que vem da misericórdia abre as portas do Reino para todos. Jesus se apresenta como o noivo que desposa a comunidade e convida todos a viverem esta festa sublime. E a festa é justamente a presença dele, de suas obras em favor dos menos favorecidos. A festa da renovação de mentalidade. Momento de reconhecer que não é o acúmulo de obras que apressa a vinda do Messias. Jesus já está presente como expressão viva do infinito amor de Deus. É preciso entrar em comunhão com ele. Portanto, nem jejum nem luto, mas festa jubilosa porque Deus está conosco. A resposta de Jesus não desvaloriza nem anula a prática do jejum. Mas é preciso não se deter em ações que desviam o foco do que é mais importante: no centro estão Jesus e seus ensinamentos. Nesta nova realidade, mais importante do que o jejum é acolher Jesus, presente também na vida do outro.