segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Marcos 7, 1-13 Jesus desmascara as falsas tradições.

-* 1 Os fariseus e alguns doutores da Lei foram de Jerusalém e se reuniram em volta de Jesus. 2 Eles viram então que alguns discípulos comiam pão com mãos impuras, isto é, sem lavar as mãos. 3 Os fariseus, assim como todos os judeus, seguem a tradição que receberam dos antigos: só comem depois de lavar bem as mãos. 4 Quando chegam da praça pública, eles se lavam antes de comer. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre.5 Os fariseus e os doutores da Lei perguntaram então a Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, pois comem pão sem lavar as mãos?” 6 Jesus respondeu: “Isaías profetizou bem sobre vocês, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas o coração deles está longe de mim. 7 Não adianta nada eles me prestarem culto, porque ensinam preceitos humanos’. 8 Vocês abandonam o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens.” 9 E Jesus acrescentou: «Vocês são bastante espertos para deixar de lado o mandamento de Deus a fim de guardar as tradições de vocês. 10 Com efeito, Moisés ordenou: ‘Honre seu pai e sua mãe’. E ainda: ‘Quem amaldiçoa o pai ou a mãe, deve morrer’. 11 Mas vocês ensinam que é lícito a alguém dizer a seu pai e à sua mãe: ‘O sustento que vocês poderiam receber de mim é Corbã, isto é, consagrado a Deus’. 12 E essa pessoa fica dispensada de ajudar seu pai ou sua mãe. 13 Assim vocês esvaziam a Palavra de Deus com a tradição que vocês transmitem. E vocês fazem muitas outras coisas como essas.” Comentário: * 1-13: Jesus desmascara o que está por trás de certas práticas apresentadas como religiosas. E toma um exemplo concreto referente ao quarto mandamento. Corbã era o voto, pelo qual uma pessoa consagrava a Deus os próprios bens, tornando-os intocáveis e reservados ao tesouro do Templo. Aparentemente Deus era louvado, mas na realidade os pais ficavam privados de sustento necessário, enquanto o Templo e os sacerdotes ficavam ainda mais ricos. Os fariseus e alguns mestres da Lei censuram os discípulos de Jesus por não observarem algumas regras de higiene, que fazem parte da tradição oral. Jesus declara-lhes que essa tradição apresentada como de origem divina é, ao contrário, de origem humana e, portanto, não pode ser imposta como de origem divina. Depois, chama a atenção dos fariseus que se baseiam numa observância puramente exterior que, por conseguinte, não é agradável a Deus: “Eles me prestam culto inutilmente”. Por fim, acusa os adversários de manipular a Lei de Deus, colocando essas tradições orais acima da Lei de Deus. Creem estar agradando a Deus, quando na verdade estão desprezando o próximo. Jesus, por isso, é categórico ao afirmar: “Para transmitir sua própria tradição, vocês invalidam a Palavra de Deus”.

domingo, 5 de fevereiro de 2023

Marcos 6, 53-56 Jesus é a presença de Deus.

53 Acabando de atravessar, chegaram à terra, em Genesaré, e amarraram a barca. 54 Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus. 55 Iam de toda a região, levando os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. 56 E onde ele chegava, tanto nos povoados como nas cidades ou nos campos, colocavam os doentes nas praças e pediam que pudessem ao menos tocar a barra da roupa de Jesus. E todos os que tocaram, ficaram curados. Comentário: * 45-56: O episódio mostra o verdadeiro Deus sendo revelado em Jesus (“Eu Sou” - cf. Ex 3,14). Os discípulos não conseguem ver a presença de Deus em Jesus, porque não entenderam o acontecimento dos pães. Para quem não entende que o comércio e a posse devem ser substituídos pelo dom e pela partilha, Jesus se torna fantasma ou apenas fazedor de milagres que provoca medo, e não a presença do Deus verdadeiro. As multidões se aglomeram ao redor de Jesus, pois onde impera a doença ele faz brotar a vida. Os doentes não eram benquistos na comunidade judaica; aliás, muitos deles eram forçados a viver afastados do convívio humano, como era o caso dos leprosos. Jesus não divide os doentes em categorias; ao contrário, acode a todos. Ele era a única esperança desses marginalizados. Familiares e amigos dos enfermos se unem para carregá-los em macas e colocá-los aos pés de Jesus. Não exigem muita coisa, apenas pedem licença para tocar no seu manto, certos de que ficarão curados, pois sabem que seu contato comunica vida. Com efeito, todos os que nele tocavam “eram salvos”. Recebiam não só a cura física, mas a saúde completa, pois podiam reintegrar-se à sociedade e levar vida digna.

sábado, 4 de fevereiro de 2023

Mateus 5, 13-16 A força do testemunho.

-* 13 “Vocês são o sal da terra. Ora, se o sal perde o gosto, com que poderemos salgá-lo? Não serve para mais nada; serve só para ser jogado fora e ser pisado pelos homens.14 Vocês são a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. 15 Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la no candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. 16 Assim também: que a luz de vocês brilhe diante dos homens, para que eles vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai de vocês que está no céu.” Comentário: * 13-16: Os discípulos de Jesus devem estar conscientes de que se acham unidos com todos aqueles que anseiam por um mundo novo. Eles não podem se subtrair a essa missão, mas precisam dar testemunho através de suas obras. Não se comprometer com isso é deixar de ser discípulo do Reino. Através do testemunho visível dos discípulos é que os homens podem descobrir a presença e a ação do Deus invisível. Após proclamar o sermão das bem-aventuranças, Jesus continua mostrando aos discípulos a importância de não se deixarem contaminar pela sociedade injusta, contrária ao Reino de Deus: “Vocês são o sal da terra. Ora, se o sal perde o sabor… não serve mais para nada”. O testemunho dos discípulos do Reino de Deus tem de ser eficaz para transformar a sociedade. Do contrário, a pregação deles será inútil e ficará abafada pelo mundo que eles pretendem salvar. “Vocês são a luz do mundo”: os discípulos não são luz para si mesmos. Eles assumem e continuam a missão de Jesus: manifestar o Reino e a presença salvadora de Deus. “Brilhe… a luz de vocês diante das pessoas”. A luz deles brilhará diante dos outros na medida em que viverem conforme as “bem-aventuranças”.

1 Coríntios 2, 1-5 A sabedoria de Deus.

* 1 Irmãos, eu mesmo, quando fui ao encontro de vocês, não me apresentei com o prestígio da oratória ou da sabedoria, para anunciar-lhes o mistério de Deus. 2 Entre vocês, eu não quis saber outra coisa a não ser Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. 3 Estive no meio de vocês cheio de fraqueza, receio e tremor; 4 minha palavra e minha pregação não tinham brilho nem artifícios para seduzir os ouvintes, mas a demonstração residia no poder do Espírito,5 para que vocês acreditassem, não por causa da sabedoria dos homens, mas por causa do poder de Deus. Comentário: * 1-16: Paulo não se serviu de artifícios humanos para anunciar o Evangelho aos coríntios. Pelo contrário, foi através da sua fraqueza que ele anunciou o cerne do projeto de Deus: Jesus crucificado. Se os coríntios chegaram à fé foi pelo Espírito que agiu neles através de Paulo. Os cristãos que aprofundaram a fé possuem a verdadeira sabedoria, que consiste no seguinte: Deus salva o mundo por meio de Jesus Cristo. Esta compreensão da fé é obra do Espírito; o homem que só confia em sua própria capacidade não consegue atingir essa compreensão.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Marcos 6, 30-34 O banquete da vida.

-* 30 Os apóstolos se reuniram com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31 Havia aí tanta gente que chegava e saía, a tal ponto que Jesus e os discípulos não tinham tempo nem para comer. Então Jesus disse para eles: “Vamos sozinhos para algum lugar deserto, para que vocês descansem um pouco.” 32 Então foram sozinhos, de barca, para um lugar deserto e afastado. 33 Muitas pessoas, porém, os viram partir. Sabendo que eram eles, saíram de todas as cidades, correram na frente, a pé, e chegaram lá antes deles. 34 Quando saiu da barca, Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão, porque eles estavam como ovelhas sem pastor. Então começou a ensinar muitas coisas para eles. Comentário: * 30-44: Enquanto Herodes celebra o banquete da morte com os grandes, Jesus celebra o banquete da vida com o povo simples. Marcos não diz o que Jesus ensina, mas o grande ensinamento de toda a cena está no fato de que não é preciso muito dinheiro para comprar comida para o povo. É preciso simplesmente dar e repartir entre todos o pouco que cada um possui. Jesus projeta nova sociedade, onde o comércio é substituído pelo dom, e a posse pela partilha. Mas, para que isso realmente aconteça, é preciso organizar o povo. Dando e repartindo, todos ficam satisfeitos, e ainda sobra muita coisa. Os apóstolos voltam da missão, provavelmente entusiasmados com o resultado, e se reúnem ao redor de Jesus, ansiosos por partilhar com ele “tudo o que tinham feito e ensinado”. A repercussão desse movimento missionário é imediata: o povo vinha de toda parte para ver Jesus e os apóstolos, de modo que eles “não tinham tempo nem para comer”. Jesus convida os missionários a um descanso salutar. Uma pausa entre as atividades é ocasião favorável para recuperação das forças, avaliação do trabalho, correção dos defeitos e elaboração de novos projetos. Aos líderes religiosos recomenda-se não se deixarem absorver totalmente pelos fiéis e reservarem tempo para o cultivo pessoal, incluindo-se exercício espiritual e cursos de reciclagem. Tudo com equilíbrio, pois o povo continua como ovelhas sem pastor.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Marcos 6, 14-29 O banquete da morte.

* 14 O rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome tinha-se tornado famoso. Alguns diziam: “João Batista ressuscitou dos mortos. É por isso que os poderes agem nesse homem.” 15 Outros diziam: “É Elias.” Outros diziam ainda: “É um profeta como os profetas antigos.” 16 Ouvindo essas coisas, Herodes disse: “Ele é João Batista. Eu mandei cortar a cabeça dele, mas ele ressuscitou!” 17 De fato, Herodes tinha mandado prender João, amarrá-lo e colocá-lo na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, com quem tinha casado, apesar de ser ela a mulher do seu irmão Filipe. 18 João dizia a Herodes: “Não é permitido você se casar com a mulher do seu irmão.» 19 Por isso, Herodíades ficou com raiva de João e queria matá-lo, mas não podia. 20 Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava. 21 Finalmente chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes. E ele fez um banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galiléia. 22 A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Peça o que quiser e eu darei a você.” 23 E jurou: “Juro que darei qualquer coisa que você me pedir, mesmo que seja a metade do meu reino.” 24 A moça saiu e perguntou à mãe: “O que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista.” 25 A moça correu para a sala e pediu ao rei: “Quero que me dê agora, num prato, a cabeça de João Batista.” 26 O rei ficou muito triste. Mas não pôde recusar, pois tinha feito o juramento na frente dos convidados. 27 Imediatamente o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, foi à prisão e cortou a cabeça de João. 28 Depois levou a cabeça num prato, deu à moça, e esta a entregou à sua mãe. 29 Ao saber disso, os discípulos de João foram, levaram o cadáver e o sepultaram. Comentário: * 14-29: A narração da morte de João Batista apresenta o destino de Jesus e dos que o seguem. A morte de João acontece dentro de um banquete de poderosos. Assim, o profeta que pregava o início de transformação radical é morto por aqueles que se sentem incomodados com essa transformação. Os três primeiros versículos introduzem a circunstância da morte de João Batista. Herodes manda matar João, que ele mesmo havia acorrentado no cárcere. Motivo? O que João havia feito de grave para merecer trágico fim? João Batista procurava ser coerente com a Lei e com a verdade, apontando os erros dos poderosos e do próprio casal real (adultério), e pondo em risco o poder político de Herodes. O prepotente Herodes manda tirar a vida do Batista, durante um banquete que ele oferecera “a seus magnatas, aos oficiais e às grandes personalidades da Galileia”. Nessa ocasião, faz os caprichos da filha de Herodíades, que pede a cabeça de João. Tão sem juízo a filha quanto maligna e impiedosa a mãe. O profeta se vai, mas o seu testemunho de fidelidade a Deus permanece para sempre.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Lucas 2, 22-40 O Messias é pobre.

22 Terminados os dias da purificação deles, conforme a Lei de Moisés, levaram o menino para Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor, 23 conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito de sexo masculino será consagrado ao Senhor.” 24 Foram também para oferecer em sacrifício um par de rolas ou dois pombinhos, conforme ordena a Lei do Senhor. O Messias, sinal de contradição -* 25 Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Era justo e piedoso. Esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava com ele. 26 O Espírito Santo tinha revelado a Simeão que ele não morreria sem primeiro ver o Messias prometido pelo Senhor. 27 Movido pelo Espírito, Simeão foi ao Templo. Quando os pais levaram o menino Jesus, para cumprirem as prescrições da Lei a respeito dele, 28 Simeão tomou o menino nos braços, e louvou a Deus, dizendo: 29 “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar o teu servo partir em paz. 30 Porque meus olhos viram a tua salvação, 31 que preparaste diante de todos os povos: 32 luz para iluminar as nações e glória do teu povo, Israel.” 33 O pai e a mãe estavam maravilhados com o que se dizia do menino. 34 Simeão os abençoou, e disse a Maria, mãe do menino: “Eis que este menino vai ser causa de queda e elevação de muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35 Quanto a você, uma espada há de atravessar-lhe a alma. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações.” 36 Havia também uma profetisa chamada Ana, de idade muito avançada. Ela era filha de Fanuel, da tribo de Aser. Tinha-se casado bem jovem, e vivera sete anos com o marido. 37 Depois ficou viúva, e viveu assim até os oitenta e quatro anos. Nunca deixava o Templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações. 38 Ela chegou nesse instante, louvava a Deus, e falava do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 39 Quando acabaram de cumprir todas as coisas, conforme a Lei do Senhor, voltaram para Nazaré, sua cidade, que ficava na Galiléia. 40 O menino crescia e ficava forte, cheio de sabedoria. E a graça de Deus estava com ele. Comentário: * 21-24: Todo primogênito pertencia a Deus, e devia ser resgatado por meio de um sacrifício. Nessa ocasião, também se fazia a purificação da mãe, e se oferecia um cordeiro. Quem era pobre podia oferecer duas rolas ou dois pombinhos, em lugar do cordeiro (cf. Lv 5,1-8). O Messias nasce como dominado, em lugar pobre, e vem pobre, para os pobres. * 25-40: Simeão e Ana também representam os pobres que esperam a libertação. E Deus responde à esperança deles. O cântico de Simeão relembra a vida e missão do Messias: Jesus será sinal de contradição, isto é, julgamento para os ricos e poderosos, e libertação para os pobres e oprimidos (cf. Lc 6,20-26). A festa da Apresentação do Senhor ocorre quarenta dias após o Natal. Recorda o texto bíblico em que Maria apresenta Jesus no templo (cf. Lc 2,22-40). A Lei de Moisés determinava a purificação da mãe e o resgate do primogênito (Lv 12,1-8; Ex 13,1-2). Lucas não fala de resgate, mas de apresentação: Jesus é apresentado (entregue) publicamente a Deus. Simeão chamou Jesus de “luz para iluminar as nações” (v. 32), expressão que gerou o costume de se realizar, com velas bentas e acesas, uma procissão antes da missa. E a festa recebeu outros títulos, como Nossa Senhora das Candeias ou da Candelária, ou Nossa Senhora da Luz. Atualmente, mães e pais continuam apresentando seus filhos na igreja, para a recepção dos sacramentos da iniciação cristã. E todos somos convidados a caminhar rumo ao encontro com o Senhor.