terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Mateus 11, 28-30 Os pobres evangelizam.

28 Venham para mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso do seu fardo, e eu lhes darei descanso. 29 Carreguem a minha carga e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para suas vidas. 30 Porque a minha carga é suave e o meu fardo é leve.” Comentário: * 25-30: Com sua palavra e ação, Jesus revela a vontade do Pai, que é instaurar o Reino. Contudo, os sábios e inteligentes não são capazes de perceber a presença do Reino e sua justiça através de Jesus. Ao contrário, os desfavorecidos e os pobres é que conseguem penetrar o sentido dessa atividade de Jesus e continuá-la. Jesus veio tirar a carga pesada que os sábios e inteligentes haviam criado para o povo. Em troca, ele traz novo modo de viver na justiça e na misericórdia: doravante, os pobres serão evangelizados e partirão para evangelizar. “Carreguem minha carga”, ou meu jugo. Jugo é um pau que se coloca nos ombros de carregadores para transportar volumes pesados. Jesus usa essa imagem para falar da opressão que pesa sobre a população. Pode referir-se a leis e também ao domínio estrangeiro. Esse peso insuportável vem dos chefes, dos altos impostos, da opressão dos estrangeiros, dos que humilham os pobres, os oprimidos e os desamparados da sociedade. A esse grande número de pessoas acabrunhadas e tristes Jesus oferece acolhimento, apoio, solidariedade. Seu “jugo” são suas exigências, que consistem principalmente em partilhar o que temos, em viver para os outros por amor a Deus e alimentar os mesmos sentimentos dele, que é “manso e humilde de coração”.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Mateus 18, 12-14 Por que alguém se afasta da comunidade?

12 O que vocês acham? Se um homem tem cem ovelhas, e uma delas se perde, será que ele não vai deixar as noventa e nove nas montanhas, para procurar aquela que se perdeu? 13 Eu garanto a vocês: quando ele a encontra, fica muito mais feliz com ela, do que com as noventa e nove que não se perderam. 14 Do mesmo modo, o Pai que está no céu não quer que nenhum desses pequeninos se perca.” Comentário: * 10-14: Por que alguém se extravia, isto é, se distancia da comunidade? Certamente por causa do escândalo (vv. 6-9), ou do desprezo daqueles que buscam poder e prestígio. A parábola mostra que a comunidade inteira deve preocupar-se e procurar aquele que se extraviou. A comunidade se alegra quando ele volta para o seu meio, porque a vontade do Pai foi cumprida. Uma ovelha desaparece: imagem familiar aos conterrâneos de Jesus que lidavam com rebanhos. Inquietação e incessantes buscas por caminhos perigosos são as atitudes do pastor cheio de zelo. Reencontrar a ovelha desgarrada é motivo de festa para seu dono. A figura é logo transferida ao Pai celeste, que se alegra imensamente quando vê um filho ou filha voltar para o aconchego da casa, como acontece na parábola do pai misericordioso (cf. Lc 15,11-32). Jesus, à semelhança do Pai, quer reunir, celebrar o reencontro, reforçar os laços fraternos. Em sua missão, Jesus se movimenta, o tempo todo, a fim de “reunir os filhos de Deus que estavam dispersos” (Jo 11,52). A essa missão dedica tempo, inteligência e forças físicas. Sem se poupar.

domingo, 4 de dezembro de 2022

Lucas 5, 17-26 Jesus liberta pela raiz.

* 17 Certo dia, Jesus estava ensinando. Estavam aí, sentados, fariseus e doutores da Lei, vindos de todos os povoados da Galiléia, da Judéia e até de Jerusalém. E o poder do Senhor estava em Jesus, fazendo-o realizar curas. 18 Chegaram, então, algumas pessoas levando, numa cama, um homem que estava paralítico; tentavam introduzi-lo e colocá-lo diante de Jesus. 19 Mas, por causa da multidão, não conseguiam introduzi-lo. Subiram então ao terraço e, através das telhas, desceram o homem com a cama, no meio, diante de Jesus. 20 Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse: “Homem, seus pecados estão perdoados.” 21 Os doutores da Lei e os fariseus começaram a pensar: “Quem é esse, que está falando blasfêmias? Ninguém pode perdoar pecados, porque só Deus tem poder para isso!” 22 Mas Jesus percebeu o que eles estavam pensando. Tomou então a palavra, e disse: “Por que vocês pensam assim? 23 O que é mais fácil? Dizer: ‘Seus pecados estão perdoados’. Ou dizer: ‘Levante-se e ande’? 24 Pois bem: para vocês ficarem sabendo que o Filho do Homem tem poder para perdoar pecados, - disse Jesus ao paralítico - eu ordeno a você: Levante-se, pegue a sua cama, e volte para casa.” 25 No mesmo instante, o homem se levantou diante deles, pegou a cama onde estava deitado, e foi para casa, louvando a Deus. 26 Todos ficaram admirados, e louvavam a Deus. Ficaram cheios de medo, e diziam: “Hoje vimos coisas estranhas.” Comentário: * 17-26: Cf. nota em Mc 2,1-12: Segundo os antigos, a doença era causada pelo pecado. Para libertar o homem, Jesus vai direto à raiz: o pecado invisível que causa os males externos e visíveis. A oposição a Jesus começa: os doutores da Lei só se preocupam com teorias religiosas, e não em transformar a situação do homem. A ação de Jesus é completa. É um dizer e fazer que cura por dentro e por fora, fazendo o homem reconquistar a capacidade de caminhar por si. Conforme a mentalidade da época, as doenças eram consequência do pecado. De fato, o pecado é um mal que fica encoberto, mas prejudica o pecador e pode causar grandes estragos na sociedade. Por isso, Jesus ataca o mal pela raiz: “Seus pecados estão perdoados”. Fariseus e mestres da Lei se escandalizam, pois só Deus pode perdoar pecados. Jesus esclarece: “O Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados”. E realiza a cura integral, libertando o homem de sua paralisia. O gesto solidário e confiante dos que carregam o paralítico e a intervenção libertadora de Jesus fazem o povo exultar: “Hoje vimos coisas extraordinárias”. Entretanto, fariseus e mestres da Lei sentem que estão perdendo influência sobre o povo.

sábado, 3 de dezembro de 2022

Mateus 3, 1-12 Chegou o tempo do julgamento.

* 1 Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia: 2 “Convertam-se, porque o Reino do Céu está próximo.” 3 João foi anunciado pelo profeta Isaías, que disse: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas!” 4 João usava roupa feita de pêlos de camelo, e cinto de couro na cintura; comia gafanhotos e mel silvestre. 5 Os moradores de Jerusalém, de toda a Judéia, e de todos os lugares em volta do rio Jordão, iam ao encontro de João. 6 Confessavam os próprios pecados, e João os batizava no rio Jordão. 7 Quando viu muitos fariseus e saduceus vindo para o batismo, João disse-lhes: “Raça de cobras venenosas, quem lhes ensinou a fugir da ira que vai chegar? 8 Façam coisas que provem que vocês se converteram. 9 Não pensem que basta dizer: ‘Abraão é nosso pai’. Porque eu lhes digo: até destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão. 10 O machado já está posto na raiz das árvores. E toda árvore que não der bom fruto, será cortada e jogada no fogo. 11 Eu batizo vocês com água para a conversão. Mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. E eu não sou digno nem de tirar-lhe as sandálias. Ele é quem batizará vocês com o Espírito Santo e com fogo. 12 Ele terá na mão uma pá: vai limpar sua eira, e recolher seu trigo no celeiro; mas a palha ele vai queimar no fogo que não se apaga.” Comentário: * 1-12: João Batista convida a uma mudança radical de vida, porque já se aproxima o Reino, que vai transformar radicalmente as relações entre os homens. É o tempo do julgamento, e nada adianta ter fé teórica, pois o julgamento se baseará nas opções e atitudes concretas que cada um assume. Os fariseus, com a falsa segurança de suas observâncias religiosas, e os saduceus, com suas intrigas políticas para conservar o poder, pertencem à estrutura que vai ser superada pelo Reino. Mateus nos apresenta um homem determinado, que prega no deserto da Judeia. Seu nome é João Batista. Anunciado pelo profeta Isaías como “voz que grita no deserto”, João tem missão bem definida: Preparar o caminho do Senhor, endireitar suas estradas. Anuncia e mostra já presente entre nós o tão esperado Messias. João prega o arrependimento, a confissão dos pecados, a conversão e, como sinal de purificação, o batismo. Tudo em vista do Reino de Deus, que já está ao alcance de todos: “O Reino dos Céus está próximo”. De toda parte, as multidões se deslocam até João, a fim de ouvi-lo, confessam os próprios pecados e são batizadas por ele. Para os fariseus e saduceus que, por suas obras, se julgam melhores que os outros, João tem uma palavra desconcertante: “Produzam fruto que comprove o seu arrependimento”, pois de nada adianta buscar o batismo sem arrependimento e mudança de vida. O batismo não é apenas para confirmar a condição de “filhos de Abraão” ou “filhos cristãos”, é necessário produzir as “obras de Abraão” e as “obras de Cristo”, a justiça do Reino de Deus. O batismo leva a assumir o projeto de Jesus, a viver como filhos e filhas de Deus. É preciso endireitar o “caminho do coração”, para que Deus possa ter acesso e assim fazer morada em nós.

Romanos 15, 4-9 Colocar-se a serviço do outro.

4 Ora, tudo isso que foi escrito antes de nós foi escrito para a nossa instrução, para que, em virtude da perseverança e consolação que as Escrituras nos dão, conservemos a esperança. 5 O Deus da perseverança e da consolação conceda que vocês tenham os mesmos sentimentos uns com os outros, a exemplo de Jesus Cristo. 6 E assim vocês, juntos e a uma só voz, deem glória ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Acolhimento mútuo -* 7 Acolham-se uns aos outros, como Cristo acolheu vocês, para a glória de Deus. 8 Digo a vocês que Cristo se tornou servidor dos judeus em vista da fidelidade de Deus, a fim de cumprir as promessas feitas aos patriarcas. 9 As nações pagãs, porém, dão glória a Deus por causa da misericórdia dele, conforme diz a Escritura: “Por isso eu te celebrarei entre as nações pagãs e cantarei hinos ao teu nome.” Comentário: * 1-6: Os cristãos mais conscientes não devem usar sua força e prestígio para impor aos outros a própria opinião e conseguir poderes sobre a comunidade. Não foi esse o modo de proceder de Jesus Cristo, que veio para servir e dar a vida. O respeito e o bem do outro são o maior sinal do cristão consciente. * 7-13: O acolhimento mútuo no amor é o caminho para que as mentalidades diferentes não quebrem a união da comunidade. Assim fez Cristo, que acolheu judeus e pagãos num só povo. Além disso, a comunidade não deve julgar que o fato de pertencer ao povo de Deus seja privilégio que a separa dos outros; antes, é fonte de responsabilidade, pois a vocação da comunidade é acolher todos como irmãos, testemunhando assim o projeto divino de reunir todos os homens.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Mateus 9, 35-10,1.6-8 A origem da missão.

-* 35 Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade. 36 Vendo as multidões, Jesus teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. 37 Então Jesus disse a seus discípulos: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos! 38 Por isso, peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita.” O núcleo da nova comunidade -* 1 Então Jesus chamou seus discípulos e deu-lhes poder para expulsar os espíritos maus, e para curar qualquer tipo de doença e enfermidade. A missão dos apóstolos -* 6 Vão primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel. 7 Vão e anunciem: ‘O Reino do Céu está próximo’. 8 Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça, deem também de graça! Comentário: * 35-38: Mateus apresenta um resumo da atividade de Jesus (cf. 4,23), mostrando a raiz da ação dele: nasce da visão da realidade, que o leva a compadecer-se, isto é, a sentir junto com o povo cansado e abatido. O trabalho é grande, e necessita de pessoas dispostas a continuar a obra de Jesus. A comunidade deve assumir a preocupação de levar a Boa Notícia do Reino ao mundo inteiro, consciente da necessidade de trabalhadores disponíveis para essa missão divina. * 10,1-4: Os discípulos recebem o mesmo poder de Jesus: desalienar os homens (expulsar demônios) e libertá-los de todos os males (curar doenças). Os doze apóstolos formam o núcleo da nova comunidade, chamada a continuar a palavra e ação de Jesus. * 5-15: A missão é reunir o povo para seguir a Jesus, o novo Pastor. Ela se realiza mediante o anúncio do Reino e pela ação que concretiza os sinais da presença do Reino. A missão se desenvolve em clima de gratuidade, pobreza e confiança, e comunica o bem fundamental da paz, isto é, da plena realização de todas as dimensões da vida humana. Os enviados são portadores da libertação; rejeitá-los é rejeitar a salvação e atrair sobre si o julgamento. Profeta itinerante, Jesus se empenha profundamente na implantação do Reino de Deus. Não atende só algumas cidades ou povoados: beneficia umas e outros. Ensina e cura as multidões, sobretudo porque constata que “estão angustiadas e abandonadas, como ovelhas que não têm pastor”. Jesus lembra as imagens fortes usadas pelo profeta Ezequiel, ao desmascarar os chefes do povo, maus pastores: “Vocês bebem o leite, vestem a lã, sacrificam as ovelhas gordas, mas não cuidam do rebanho” (Ez 34,3). Como Bom Pastor, Deus toma a defesa do povo oprimido: “Vou me colocar contra os pastores. Vou pedir conta a eles sobre o meu rebanho” (Ez 34,10). Palavras que deixam intrigados os líderes do povo em todos os campos: social, religioso, econômico e político

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Mateus 9, 27-31 Jesus faz ver e falar.

* 27 Quando Jesus saiu dali, dois cegos o seguiram, gritando: “Tem piedade de nós, filho de Davi.” 28 Jesus chegou em casa, e os cegos se aproximaram dele. Então Jesus perguntou: “Vocês acreditam que eu posso fazer isso?” Eles responderam: “Sim, Senhor.” 29 Então Jesus tocou os olhos deles, dizendo: “Que aconteça conforme vocês acreditaram.” E os olhos deles se abriram. 30 Então Jesus lhes ordenou: “Tomem cuidado para que ninguém fique sabendo.” 31 Mas eles saíram, e espalharam a notícia por toda aquela região. Comentário: * 27-34: A justiça do Reino liberta os homens para o discernimento (ver) e expulsa a alienação (demônio) que impede de dizer a palavra que transforma a realidade. A justiça libertadora, porém, provoca a oposição daqueles que querem apossar-se da salvação, para restringi-la a pequeno grupo de privilegiados. A cura dos dois cegos é fruto da fé que eles têm no poder de Jesus, o “Filho de Davi”, e da insistente súplica a Jesus, a quem “seguiram gritando”. Os dois cegos expressam seu profundo desejo de enxergar. Querem ser reintegrados na sociedade. Valorizando-lhes a fé sincera, Jesus lhes restitui a visão. Motivo bastante para os recém-curados saírem anunciando por toda a parte a bondade de Deus. Libertados da cegueira, terão novo modo de vida. Se Jesus pede que “ninguém fique sabendo”, é porque eles precisavam de melhor formação antes do anúncio correto a respeito do Messias. Além disso, Jesus quer preservar sua própria vida, não despertando tão cedo a inveja e a ira dos adversários do Reino. Afinal, Jesus tem ainda um longo caminho a percorrer fazendo o bem.