segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Marcos 16, 15-18 Aparições de Jesus ressuscitado.

15Então Jesus disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! 16Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. 17Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; 18se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”. Comentário: * 9-20: Este trecho difere muito do livro até aqui; por isso é considerado obra de outro autor. Os cristãos da primeira geração provavelmente quiseram completar o livro de Marcos com um resumo das aparições de Jesus e uma apresentação global da missão da Igreja. Parece que se inspiraram no último capítulo de Mateus (28,18-20), em Lucas (24,10-53), em João (20,11-23) e no início do livro dos Atos dos Apóstolos (1,4-14). Embora seja acréscimo de retalhos tomados de outros escritos do Novo Testamento, o trecho conserva o pensamento de Marcos, isto é: os discípulos devem continuar a ação de Jesus. Antes de sua ascensão ao céu, Jesus envia seus discípulos com uma ordem bem precisa: proclamar o Evangelho. Os destinatários são todos os povos do mundo todo. Jesus confere aos discípulos o poder de curar doentes e expulsar demônios, isto é, libertar as pessoas de tudo o que as oprime e devolver-lhes a dignidade de filhos e filhas de Deus. Muitos sinais prodigiosos haveriam de acompanhar e confirmar a obra dos seguidores de Jesus. A Igreja primitiva testemunhou a verdade dessa promessa: “O Senhor confirmava o que eles diziam sobre a graça de Deus, permitindo que através deles se realizassem sinais e prodígios” (At 14,3). Faz parte dessa corrente de pregadores o apóstolo Paulo, através do qual Deus realizava milagres extraordinários (cf. At 19,11).

domingo, 23 de janeiro de 2022

Marcos 3, 22-30 O pecado sem perdão.

22Os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Belzebu e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. 23Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: “Como é que satanás pode expulsar a satanás? 24Se um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. 25Se uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se. 26Assim, se satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. 27Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa. 28Em verdade vos digo, tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados como qualquer blasfêmia que tiverem dito. 29Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado; será culpado de um pecado eterno”. 30Jesus falou isso porque diziam: “Ele está possuído por um espírito mau”. Comentário: * 20-30: Em Jesus está presente o Espírito Santo, que o leva à missão de libertar e desalienar os homens. Por isso ele é acusado de estar "possuído por um espírito mau." Tal acusação é pecado sem perdão. Para os acusadores, o bem é mal, e o mal é bem. Eles, na verdade, estão comprometidos e tiram proveito do mal; por isso, não reconhecem e não aceitam Jesus. É grave a acusação que os doutores da Lei fazem a Jesus. Segundo eles, Jesus está possuído pelo demônio e age em nome dele, ou seja, ele seria agente do próprio Satanás. Ele expulsaria os demônios em nome de Beelzebu, chefe dos demônios. Chamando-os perto, demonstra-lhes a falha do argumento por meio das parábolas do reino e da casa. Um reino ou uma casa divididos contra si mesmos não ficam em pé. Jesus age em nome do Espírito Santo que habita nele e é pela sua força que cura e liberta dos males. O pecado deles é confundir o Espírito Santo com Beelzebu. Parece que o pecado contra o Espírito Santo é não distinguir entre o bem e o mal, rejeitar a verdade conscientemente, ou seja, não querer reconhecer o poder de Deus que atua em Jesus e transformar o sagrado em demoníaco. Colocar-se contra o projeto do Mestre é rejeitar o perdão.

sábado, 22 de janeiro de 2022

Lucas 1, 1-4; 4, 14-21 Prólogo: Intenção do evangelista.

1Muitas pessoas já tentaram escrever a história dos acontecimentos que se realizaram entre nós, 2como nos foram transmitidos por aqueles que, desde o princípio, foram testemunhas oculares e ministros da Palavra. 3Assim sendo, após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever de modo ordenado para ti, excelentíssimo Teófilo. 4Deste modo, poderás verificar a solidez dos ensinamentos que recebeste. O programa da atividade de Jesus -* 4,14Jesus voltou para a Galileia com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza. 15Ele ensinava nas suas sinagogas, e todos o elogiavam. 16E veio à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado e levantou-se para fazer a leitura. 17Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: 18″O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos 19e para proclamar um ano da graça do Senhor”. 20Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. 21Então começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. Comentário: * 1,1-4: O Evangelho de Lucas nasce de uma pesquisa, destinada a escrever ordenadamente o que a Igreja primitiva transmitia através da catequese. * 14-21: Colocada no início da vida pública de Jesus, esta passagem constitui, conforme Lucas, o programa de toda a atividade de Jesus. Is 61,1-2 anunciara que o Messias iria realizar a missão libertadora dos pobres e oprimidos. Jesus aplica a passagem a si mesmo, assumindo-a no hoje concreto em que se encontra. No ano da graça eram perdoadas todas as dívidas e se redistribuíam fraternalmente todas as terras e propriedades: Jesus encaminha a humanidade para uma situação de reconciliação e partilha, que tornam possíveis a igualdade, a fraternidade e a comunhão. Lucas teve a feliz ideia de deixar-nos uma Boa Notícia a respeito da vida e missão de Jesus. O texto de hoje é constituído de duas partes bem distintas: o motivo pelo qual o autor decidiu escrever o livro; o discurso na sinagoga, com o qual Jesus define sua missão. Ao mostrar as fontes que utilizou para escrever o Evangelho, Lucas tem em mente propor a solidez dos ensinamentos dos apóstolos, apresentando ao leitor condições para conhecer Jesus. Seu objetivo, portanto, é fazer com que todos os que amam a Deus (Teófilo) acolham essa bonita mensagem que nos deixou. A seguir, Jesus foi a Nazaré, e no sábado entra na sinagoga como de costume. Num desses encontros, ele apresenta, fundamentado no profeta e ungido pelo Espírito, a essência da sua missão: libertar os pobres das condições que os escravizam e os desumanizam. Esse é o ponto de partida para uma nova humanidade. A missão de Jesus deve ser continuada pelas Igrejas e por cada discípulo e discípula do Mestre. Fazer o bem, promover a vida e ser solidário com o necessitado, eis aí o compromisso de todo cristão e das pessoas de boa vontade. A Igreja de Jesus é a Igreja dos que sofrem, ou, como diz o papa Francisco, “a Igreja para os pobres”. O papa entendeu muito bem a mensagem de Jesus e procura transmiti-la à humanidade.

1 Coríntios 12, 12-30 A comunidade é o Corpo de Cristo.

12Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo. 13De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único Espírito para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito. 14Com efeito, o corpo não é feito de um membro apenas, mas de muitos membros]. 15Se o pé disser: “Eu não sou mão, portanto não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de pertencer ao corpo. 16E se o ouvido disser: “Eu não sou olho, portanto não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de pertencer ao corpo. 17Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se o corpo todo fosse ouvido, onde estaria o olfato? 18De fato, Deus dispôs os membros, e cada um deles no corpo, como quis. 19Se houvesse apenas um membro, onde estaria o corpo? 20Há muitos membros e, no entanto, um só corpo. 21O olho não pode, pois, dizer à mão: “Não preciso de ti”. Nem a cabeça pode dizer aos pés: “Não preciso de vós”. 22Antes, pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são muito mais necessários do que se pensa. 23Também os membros que consideramos menos honrosos, a estes nós cercamos com mais honra, e os que temos por menos decentes, nós os tratamos com mais decência. 24Os que nós consideramos decentes não precisam de cuidado especial. Mas Deus, quando formou o corpo, deu maior atenção e cuidado ao que nele é tido como menos honroso, 25para que não haja divisão no corpo e, assim, os membros zelem igualmente uns pelos outros. 26Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se é honrado, todos os membros se regozijam com ele. 27Vós, todos juntos, sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo. 28E, na Igreja, Deus colocou, em primeiro lugar, os apóstolos; em segundo lugar, os profetas; em terceiro lugar, os que têm o dom e a missão de ensinar; depois, outras pessoas com dons diversos, a saber: dom de milagres, dom de curas, dom para obras de misericórdia, dom de governo e direção, dom de línguas. 29Acaso todos são apóstolos? Todos são profetas? Todos ensinam? Todos realizam milagres? 30Todos têm o dom das curas? Todos falam em línguas? Todos as interpretam? Comentário: * 12-31: A imagem do corpo é usada para falar da unidade, diversidade e solidariedade que caracterizam a comunidade cristã. Esta é una, porque forma o corpo de Cristo, dado que todos receberam o mesmo batismo e o mesmo Espírito, que produzem a comunhão e igualdade fundamental. Contudo, as pessoas são diferentes entre si; cada uma com sua originalidade contribui, de maneira indispensável, para a construção e crescimento de todos; portanto, não há lugar para complexos de superioridade ou inferioridade. O cimento da vida comunitária é a solidariedade, que faz todos voltar-se para cada um, principalmente para os mais fracos e necessitados, partilhando os sofrimentos e alegrias.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Marcos 3, 20-21 O pecado sem perdão.

20Jesus voltou para casa com os discípulos. E de novo se reuniu tanta gente, que eles nem sequer podiam comer. 21Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si. Comentário: * 20-30: Em Jesus está presente o Espírito Santo, que o leva à missão de libertar e desalienar os homens. Por isso ele é acusado de estar "possuído por um espírito mau." Tal acusação é pecado sem perdão. Para os acusadores, o bem é mal, e o mal é bem. Eles, na verdade, estão comprometidos e tiram proveito do mal; por isso, não reconhecem e não aceitam Jesus. Jesus se dirige para casa juntamente com o grupo dos apóstolos. A casa é o lugar da intimidade, da convivência familiar, ambiente de relações pessoais, onde se pode ter certa segurança e sossego. Parece que a intimidade e o sossego duram pouco, pois a multidão se aglomera em volta deles, a ponto de não terem mais condição nem de comer. A casa pode ser vista como a nova comunidade dos seguidores de Jesus. É lá na comunidade que se estabelecem os laços pessoais, de fraternidade e de solidariedade. Só que esse modo de viver não é compreendido pelos seus adversários, e o pior de tudo é quando os próprios familiares ou membros da comunidade não conseguem aceitá-lo. Jesus já foi visto como fantasma, aqui é tido como louco ou fora de si. Ainda em nossos dias, são muitos os que não compreendem suas atitudes e seu projeto de vida.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Marcos 3, 13-19 A formação do novo povo de Deus.

13Jesus subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram até ele. 14Então Jesus designou Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar, 15com autoridade para expulsar os demônios. 16Designou, pois, os Doze: Simão, a quem deu o nome de Pedro; 17Tiago e João, filhos de Zebedeu, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer “filhos do trovão”; 18André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu, 19e Judas Iscariotes, aquele que depois o traiu. Comentário: * 13-19: Dentre a multidão e os discípulos Jesus escolhe doze. Um pequeno grupo que será o começo de novo povo. A missão desse grupo compreende três atitudes: comprometer-se com Jesus (estar com ele) para anunciar o Reino (pregar), libertando os homens de tudo aquilo que os escraviza e aliena (expulsar os demônios). Com frequência, Jesus sobe o monte para orar em comunhão com Deus. Desta vez, ele sobe a montanha para escolher os doze apóstolos, aqueles que o acompanhariam ao longo da vida. Grupo de pessoas simples e nem todas bem-vistas. O Mestre não escolhe anjos, mas pessoas com virtudes e fraquezas que, aos poucos, vai preparando para a missão. Antes de tudo, eles têm de “ficar com ele”, conviver com ele, assimilando seu jeito de ser, que possibilita assumir progressivamente as mesmas atitudes fundamentais do Mestre. Depois de ficar com ele, os Doze são enviados a pregar e expulsar demônios. Eles têm a mesma autoridade de Jesus para pregar, isto é, anunciar a Boa-nova e expulsar demônios, ou seja, resistir e vencer as forças malignas que dominam e alienam as pessoas e as impedem de aderir à Boa-nova do Mestre.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Marcos 3, 7-12 Jesus e a multidão.

7Jesus se retirou para a beira do mar junto com seus discípulos. Muita gente da Galileia o seguia. 8E também muita gente da Judeia, de Jerusalém, da Idumeia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e Sidônia foi até Jesus, porque tinham ouvido falar de tudo o que ele fazia. 9Então Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca, por causa da multidão, para que não o comprimisse. 10Com efeito, Jesus tinha curado muitas pessoas, e todos os que sofriam de algum mal jogavam-se sobre ele para tocá-lo. 11Vendo Jesus, os espíritos maus caíam a seus pés, gritando: “Tu és o Filho de Deus!” 12Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era. Comentário: * 7-12: Jesus se retira, mas atrai a multidão de todos os lugares. Ele acolhe o povo, mas também toma distância. O projeto de Jesus não pode ser atrapalhado por um assistencialismo que só atende às necessidades imediatas. É preciso destruir pela raiz as estruturas injustas; estas é que produzem todo tipo de necessidades na vida do povo. A fama de Jesus se espalha e muita gente vai a ele para conferir o que diziam dele. Afinal, o que é que atraía tanto as pessoas em volta de Jesus? Ele anunciava boas notícias, curava os doentes, expulsava demônios, enfim, libertava as pessoas de seus males. Ele tinha muita proximidade com as pessoas, tanto que elas o consideravam um igual. O Mestre acolhia e fazia o bem a todos que se aproximavam dele sem intenções escusas. Ajudava o povo a ter mais ânimo e a alimentar a esperança. Até seus adversários o reconheciam como “Filho de Deus”, mas o Mestre ordena o silêncio, pois talvez não haveria interesse por parte deles com um projeto de vida digna para todos. Jesus deseja construir uma nova comunidade com todos aqueles que estão a fim de seu projeto de uma sociedade fraterna, justa, tolerante e acolhedora, sem discriminação nem preconceito.