sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Lucas 13, 1-9 Urgência da conversão.

 1Naquele tempo, vieram algumas pessoas trazendo notícias a Jesus a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando seu sangue com o dos sacrifícios que ofereciam. 2Jesus lhes respondeu: “Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus por terem sofrido tal coisa? 3Eu vos digo que não. Mas, se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo. 4E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? 5Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”. 6E Jesus contou esta parábola: “Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi até ela procurar figos e não encontrou. 7Então disse ao vinhateiro: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra?’ 8Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. 9Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás!'”

Comentário:

* 1-9: No caminho da vida há acontecimentos trágicos. Estes não significam que as vítimas são mais pecadoras do que os outros. Ao contrário, são convites abertos para que se pense no imprevisível dos fatos e na urgência da conversão, para se construir a nova história. A parábola (vv. 6-9) salienta que, em Jesus, Deus sempre dá uma última chance.

Duas tragédias oferecem ocasião para Jesus fazer um apelo à conversão. Deram a Jesus uma informação: Pilatos havia matado um grupo de galileus. Outra notícia é acrescentada pelo próprio Jesus: a torre de Siloé tinha caído e matado dezoito pessoas. A conclusão de Jesus surpreende e choca: “Se vocês não se converterem, morrerão todos da mesma forma”. Não se trata de caçar pecadores ou imaginar que Deus castiga os malfeitores. Os fenômenos da natureza seguem seu curso, suas leis. O que importa é cada um olhar para si mesmo e examinar como está sua relação com Deus e com o próximo. A parábola da figueira indica o nível de tolerância do Pai misericordioso. Ele sempre espera que a “ovelha desgarrada” volte ao seu rebanho. As oportunidades são dadas. Não se pode desperdiçá-las.

Oração
Ó Jesus, divino Mestre, fazes vigoroso apelo para que as pessoas mudem de vida, assumindo os valores do Reino. Ao mesmo tempo, com a parábola da figueira, mostras a face tolerante de Deus, que continua dando novas oportunidades para que cada um de nós possa se converter. Amém.

 

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Lucas 12, 54-59 Interpretar o tempo presente.

 54Jesus dizia às multidões: “Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva. E assim acontece. 55Quando sentis soprar o vento do sul, logo dizeis que vai fazer calor. E assim acontece. 56Hipócritas! Vós sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis interpretar o tempo presente? 57Por que não julgais por vós mesmos o que é justo? 58Quando, pois, tu vais com o teu adversário apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto estais a caminho. Senão ele te levará ao juiz, o juiz te entregará ao guarda, e o guarda te jogará na cadeia. 59Eu te digo, daí tu não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.

Comentário:


* 54-59: Assim como os homens podem prever o tempo a partir dos sinais da natureza, também é possível reconhecer na atividade de Jesus a manifestação do Reino de Deus. Essa tarefa empenhativa e urgente implica uma decisão a favor ou contra o Reino. É preciso agir enquanto é tempo.

Claro que as multidões do tempo de Jesus possuíam conhecimento e experiência sobre os movimentos das estações do ano. Entretanto, permaneciam alheias a um fenômeno grandioso: Jesus e sua obra de salvação. Era impossível não sentir a transformação que o Mestre vinha causando nas pessoas e na sociedade. Sua presença era acompanhada de muitos e diferentes sinais: “Cegos recuperam a vista e coxos andam; leprosos são purificados e surdos ouvem; mortos são ressuscitados e pobres recebem a Boa Notícia” (Mt 11,5). Tempos novos. O mundo se renovando mediante a obra misericordiosa de Deus. Diante da verdade nua e crua, é necessário decidir. Atitude inteligente é reconciliar-se com Deus e com o próximo, enquanto é tempo; do contrário, fica uma pendência até que seja pago “o último centavo”.

Oração
Senhor Jesus, teus concidadãos sabiam interpretar os movimentos da natureza. Ignoravam, porém, o tempo de Deus, justamente esse em que realizavas as obras do Pai no meio deles. Torna-nos, Senhor, sensíveis às manifestações de Deus em nossa vida, para nos convertermos enquanto é tempo. Amém.

 

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Lucas 12, 49-53 Jesus é sinal de contradição.

 49“Eu vim para lançar fogo sobre a terra e como gostaria que já estivesse aceso! 50Devo receber um batismo e como estou ansioso até que isso se cumpra! 51Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão. 52Pois daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas e duas contra três; 53ficarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai, a mãe contra a filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a nora e a nora contra a sogra”.

Comentário:

* 49-53: A missão de Jesus, desde o batismo até a cruz, é anunciar e tornar presente o Reino, entrando em choque com as concepções dominantes na sociedade. Por isso, é preciso tomar uma decisão diante de Jesus, e isso provoca divisões até mesmo no relacionamento familiar.

Vida, dinamismo, transformação pessoal e social são valores que certamente estavam no pensamento de Jesus quando ele disse que veio “lançar fogo sobre a terra”. Na linguagem dos profetas, fogo é sinal de julgamento definitivo de Deus. Por sua morte e ressurreição (“batismo”), Jesus mostrou qual é o projeto de Deus. Tal projeto levará a uma decisão, que provocará divisões até mesmo na família. O fogo simboliza também o Espírito Santo (cf. At 2,3-4). Ele é a força renovadora que cura, liberta as pessoas e transforma as relações humanas. Diante das mudanças suscitadas pelo Espírito, as pessoas se posicionam a favor de Jesus ou contra ele. O velho Simeão já havia profetizado: “Este menino será causa de queda e reerguimento de muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição” (Lc 2,34).

Oração
Ó Mestre Jesus, com teu fogo abrasador, purifica-nos de nossos pecados. Tua morte na cruz provoca divisões até entre os familiares. Já dizia Simeão que serias um sinal de contradição. Ajuda-nos, Senhor, a assimilar tua mensagem e revigora nossa adesão ao teu Reino de justiça e fraternidade. Amém.

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Lucas 12, 39-48 Vigilância e responsabilidade.

 39“Ficai certos, se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que arrombasse a sua casa. 40Vós também ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes”. 41Então Pedro disse: “Senhor, tu contas esta parábola para nós ou para todos?” 42E o Senhor respondeu:” Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa? 43Feliz o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! 44Em verdade eu vos digo, o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. 45Porém, se aquele empregado pensar: ‘Meu patrão está demorando’, e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, 46o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos infiéis. 47Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou nem agiu conforme a sua vontade será chicoteado muitas vezes. 48Porém o empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que merecem castigo será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!”

Comentário:

* 35-48: Esperando continuamente a chegada imprevisível do Senhor que serve, a comunidade cristã permanece atenta, concretizando a busca do Reino através da prontidão para o serviço fraterno. Os vv. 41-46 mostram que isso vale ainda mais para os dirigentes da comunidade, que receberam de Jesus o encargo de servir, provendo às necessidades da comunidade. A responsabilidade é ainda maior, quando se sabe o que deve ser feito (vv. 47-48).

“Fiquem preparados” para a chegada do Filho do Homem. Mediante parábolas, Jesus convida todos a se manterem vigilantes e ativos nas obras do Senhor. Aos líderes religiosos, porém, Jesus acrescenta séria recomendação, pois correm o perigo de se envolver com as coisas deste mundo e descuidar os fiéis. Pode até acontecer que esses “administradores” abusem da posição que ocupam e comecem a “espancar servos e servas, a comer, a beber e a se embriagar”. Isso significa oprimir, explorar, já que existe também a embriaguez do poder. Quanto mais formação e maior esclarecimento eles tiverem sobre a religião e a vida da Igreja, mais severa será a sua prestação de contas: “A quem muito foi confiado, muito mais será exigido”. Os que receberam mais devem ajudar os que receberam menos.

Oração
Ó Jesus, “Filho do Homem”, chegará o momento em que nós, discípulos do Reino, teremos de prestar contas de nossas atitudes. Maior rigor será aplicado aos líderes das comunidades, pois desempenham serviços de maior responsabilidade. Ajuda-nos, Senhor, a administrar a parcela que nos é confiada. Amém.

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Lucas 12, 35-38 Vigilância e responsabilidade.

 35“Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. 36Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento para lhe abrirem imediatamente a porta, logo que ele chegar e bater. 37Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo, ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. 38E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão se assim os encontrar!”

Comentário:

* 35-48: Esperando continuamente a chegada imprevisível do Senhor que serve, a comunidade cristã permanece atenta, concretizando a busca do Reino através da prontidão para o serviço fraterno. Os vv. 41-46 mostram que isso vale ainda mais para os dirigentes da comunidade, que receberam de Jesus o encargo de servir, provendo às necessidades da comunidade. A responsabilidade é ainda maior, quando se sabe o que deve ser feito (vv. 47-48).

O ser humano tem forte tendência a acomodar-se. No campo religioso, muitas vezes contentamo-nos com o mínimo: pouco interesse pelas coisas de Deus, escassa participação dos sacramentos e rara presença às celebrações litúrgicas. Nossa cultura catequética se limitou à preparação para a primeira comunhão. E assim vamos tocando em frente. Jesus nos desperta para o dinamismo da vida cristã. Padre Alberione, fundador dos Padres e Irmãos Paulinos, repetia uma sentença secular: “Nas obras de Deus, não progredir é ficar para trás”. Válida para todo o povo, a advertência de Jesus tem em mira principalmente as lideranças religiosas. Além de cuidar do próprio crescimento espiritual, elas têm a incumbência de zelar pelo progresso dos fiéis. Cada dia de nossa vida terrena é tempo de fazer o bem.

Oração
Divino Mestre, estar com rins cingidos e lâmpadas acesas é como estar pronto para partir. É com esta disposição que queres ver os discípulos do Reino. Nada de desânimo, preguiça ou inércia. Tu, Senhor, nos precedes, em dinamismo, zelo e entusiasmo pelo teu Reino. Queremos seguir teu ritmo. Amém.

domingo, 18 de outubro de 2020

Lucas 12, 13-21 A vida é dom de Deus.

  13 Alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. 14Jesus respondeu: “Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?” 15E disse-lhes: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. 16E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. 17Ele pensava consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. 18Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. 19Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!’ 20Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?’ 21Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus”.

Comentário:

* 13-21: No caminho da vida, o homem depara com o problema das riquezas. Jesus mostra que é idiotice acumular bens para assegurar a própria vida. Só Deus pode dar ao homem a riqueza que é a própria vida.

Jesus faz referência à cobiça pelo dinheiro, mas existem outros tipos de cobiça: pela fama, pelo poder, pelo prazer… Toda a pregação de Jesus valoriza o despojamento, o desapego dos bens materiais, e alerta sobre o perigo de confiar nas riquezas terrenas. “Cuidado! Evitem todo tipo de ganância”. “Felizes são os pobres, porque deles é o Reino dos Céus”. Benfeitor generoso é o samaritano que investe tempo, atenções e dinheiro para acudir o homem ferido à beira do caminho (cf. Lc 10,25-37). A parábola retrata um homem ganancioso que fala sozinho, projetando como aumentar suas posses e lucros. Tentação de todos os tempos. Contas no exterior são um modo de aplicar a exorbitante soma de dinheiro! Só não podemos esquecer que a vida é única e breve sobre a terra. Melhor ser “rico para Deus”.

Oração
Ó Mestre, como é inútil e perigoso acumular bens terrenos. Inútil, porque a vida passa rapidamente e nada levamos daqui; perigoso, porque apegar-se a riquezas é ignorar os apelos de Deus e não se solidarizar com os necessitados. Livra-nos, Senhor, da avareza e incentiva-nos a partilhar o que possuímos. Amém.

 

sábado, 17 de outubro de 2020

Mateus 22, 15-21 O povo pertence a Deus.

 15 Então os fariseus se retiraram, e fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. 16Então mandaram os seus discípulos, junto com alguns do partido de Herodes, para dizerem a Jesus: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências. 17Dize-nos, pois, o que pensas: é lícito ou não pagar imposto a César?” 18Jesus percebeu a maldade deles e disse: “Hipócritas! Por que me preparais uma armadilha? 19Mostrai-me a moeda do imposto!” Levaram-lhe então a moeda. 20E Jesus disse: “De quem é a figura e a inscrição desta moeda?” 21Eles responderam: “De César”. Jesus então lhes disse: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

Comentário:

* 15-22: Cf. nota em Mc 12,13-17. O novo povo de Deus pertence unicamente a Deus, e só Deus pode exigir do homem adoração.

Os adversários de Jesus vão ao encontro dele e, após bajulá-lo com elogios, lançam a pergunta desafiadora: deve-se ou não pagar imposto a César? O imposto a César era mais um tributo cobrado pelo Império Romano. Além disso, a controvérsia não consistia apenas em um debate econômico, mas envolvia uma “questão de fé”. Pagar imposto ao imperador era reconhecer o “deus César”, em contraste com o Deus de Jesus, e legitimar a servidão. O Mestre entendeu perfeitamente a hipocrisia deles e aonde queriam chegar. A resposta de Jesus – dar a César o que é dele e a Deus o que lhe pertence – mostra que não é lícito César tomar o lugar e o nome de Deus. Tudo a Deus pertence. Também não podemos usar esse texto para justificar taxas, impostos e duas realidades (Igreja e Estado) distintas. Não podemos adorar a Deus e a “César”, nem negar os direitos de Deus sobre o povo que lhe pertence e é sua maior e melhor propriedade.

Oração
Ó Jesus, divino Mestre, munidos de malícia, dois grupos se unem na tentativa de fazer-te cair na armadilha de seus raciocínios. Um bando de hipócritas. Falsos, não buscam seguir teus ensinamentos; querem eliminar-te. Ensina-nos a juntar as forças para gerar e promover o que é bom e justo. Amém.