-* 1 No começo a Palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus. 2 No começo ela estava voltada para Deus. 3 Tudo foi feito por meio dela, e, de tudo o que existe, nada foi feito sem ela. 4 Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5 Essa luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram apagá-la. 6 Apareceu um homem enviado por Deus, que se chamava João. 7 Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. 8 Ele não era a luz, mas apenas a testemunha da luz. 9 A luz verdadeira, aquela que ilumina todo homem, estava chegando ao mundo.10 A Palavra
estava
no mundo,
o mundo
foi
feito
por meio
dela, mas
o mundo
não
a conheceu.
11 Ela veio para a sua casa, mas os seus não a receberam. 12
Ela, porém, deu o poder de se tornarem filhos de Deus a todos aqueles que a receberam, isto é, àqueles que acreditam no seu nome. 13
Estes não nasceram do sangue, nem do impulso da carne, nem do desejo do homem, mas nasceram de Deus. 14
E a Palavra se fez homem e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade. 15 João dava testemunho dele, proclamando: “Este é aquele, a respeito de quem eu falei: aquele homem que vem depois de mim passou na minha frente, porque existia antes de mim.” 16
Porque
da sua plenitude todos nós recebemos, e um amor que corresponde ao seu amor. 17 Porque a Lei foi dada por Moisés, mas o amor e a fidelidade vieram através de Jesus Cristo. 18 Ninguém jamais viu a Deus; quem nos revelou Deus foi o Filho único, que está junto ao Pai.
Comentário:
* 1-18: O Prólogo de João lembra a
introdução do Gênesis (1,1-31; 2,1-4a). No
começo, antes da criação, o Filho de Deus já existia em Deus, voltado para
o Pai: estava em Deus, como a Expressão de Deus, eterna e invisível. O Filho é
a Imagem do Pai, e o Pai se vê totalmente no Filho, ambos num eterno diálogo e
mútua comunicação.
A Palavra é a Sabedoria de Deus
vislumbrada nas maravilhas do mundo e no desenrolar da história, de modo que,
em todos os tempos, os homens sempre tiveram e têm algum conhecimento dela.
Jesus, Palavra de Deus, é a luz
que ilumina a consciência de todo homem. Mas, para onde nos conduziria essa
luz? A Bíblia toda afirma que Deus é amor
e fidelidade. Levado pelo seu imenso amor e fiel às suas promessas, Deus
quis introduzir os homens onde jamais teriam pensado: partilhar a própria vida
e felicidade de Deus. E para isso a Palavra se fez homem e veio à sua
própria casa, neste seu mundo.
A humanidade já não está condenada
a caminhar cegamente, guiando-se por pequenas luzes no meio das trevas, por
pequenas manifestações de Deus, mas pelo próprio Jesus, Manifestação total de
Deus. Com efeito, Jesus Cristo, que é a luz, veio para tornar filhos de Deus
todos os homens. Um só é o Filho, porém, todos podem tornar-se bem mais do que
filhos adotivos: nasceram de Deus.
Deus tinha dado uma lei por meio
de Moisés. E todos os judeus achavam que essa lei era o maior presente de Deus.
Na realidade, era bem mais o que Deus tinha reservado para todos. Porque Jesus,
o Deus Filho, o verdadeiro e total Dom do Pai, é o único que pode falar de Deus
Pai, porque comunica o amor e a fidelidade do Deus que dá a vida aos homens.
* 19-28: Quando
João Batista começou a pregação, os judeus estavam esperando o Messias, que
iria libertá-los da miséria e da dominação estrangeira. João anunciava que a
chegada do Messias estava próxima e pedia a adesão do povo, selando-a com o
batismo. As autoridades religiosas estavam preocupadas e mandaram investigar se
João pretendia ser ele o Messias. João nega ser o Messias, denuncia a culpa das
autoridades, e dá uma notícia inquietante: o Messias já está presente a fim de
inaugurar uma nova era para o povo.
Messias é o nome que os judeus
davam ao Salvador esperado. Também o chamavam o Profeta. E, conforme se
acreditava, antes de sua vinda deveria reaparecer o profeta Elias.
João Batista é a testemunha que
tem como função preparar o caminho para os homens chegarem até Jesus. Ora, a
testemunha deve ser sincera, e não querer o lugar da pessoa que ela está
testemunhando.
O prólogo do Evangelho de João, apresentado para a missa do dia de Natal,
inicia da mesma forma que o Gênesis: no princípio. Isso nos dá a ideia de que,
com a chegada do Messias, surge nova criação. O autor apresenta a Palavra
existente desde antes da criação: ela estava junto a Deus, era o próprio Deus.
Essa Palavra tem força criadora, tudo foi feito por meio dela. Há dois mil
anos, essa Palavra se fez carne e habitou entre nós: fez-se gente como nós e
nos revelou o Pai. Jesus é a imagem visível do Deus invisível (cf. Cl 1,15).
Conhecendo a vida de Cristo, sua mensagem e suas opções, conheceremos o Pai de
Jesus e de todos nós. A seguir, o evangelista apresenta a figura e a missão de
João Batista, que veio preparar o caminho e apontar a chegada da Palavra. Ela é
luz que dissipa as trevas, mas nem todos se dispuseram a acolhê-la, preferindo
as trevas à luz. A celebração do Natal nos ensina que Deus não está mais
distante e invisível, mas encontra-se encarnado entre nós. Ele é o Emanuel, o
Deus sempre conosco. Aquele que era desconhecido tornou-se presente no meio de
nós e se comunica com a humanidade.