domingo, 30 de novembro de 2025

Mateus 8, 5-11 As fronteiras do Reino.

* 5 Jesus estava entrando em Cafarnaum, quando um oficial romano se aproximou dele, suplicando: 6 “Senhor, meu empregado está em casa, de cama, sofrendo muito com uma paralisia.” 7 Jesus respondeu: “Eu vou curá-lo.” 8 O oficial disse: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e meu empregado ficará curado. 9 Pois eu também obedeço a ordens e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: vá, e ele vai; e a outro: venha, e ele vem; e digo ao meu empregado: faça isso, e ele faz.” 10 Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado, e disse aos que o seguiam: “Eu garanto a vocês: nunca encontrei uma fé igual a essa em ninguém de Israel! 11 Eu digo a vocês: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino do Céu junto com Abraão, Isaac e Jacó. Comentário: * 5-13: Atendendo ao pedido de um pagão, Jesus mostra que as fronteiras do Reino vão muito além do mundo estreito da pertença a uma origem privilegiada. A fronteira agora é a fé na palavra libertadora de Jesus. Mesmo pertencendo ao grupo dos que se consideram salvos, se não houver essa fé, também não haverá possibilidade de entrar no Reino de Deus. O Advento, que estamos iniciando, tem dupla característica: é tempo de preparação para a solenidade do Natal, na qual se comemora a primeira vinda do Filho de Deus ao mundo; e é tempo em que, comemorando essa primeira vinda, nosso espírito se dirige para a espera da segunda vinda de Cristo, no fim dos tempos. Por isso, o Advento deve ser visto como um tempo de piedosa e alegre expectativa. A Palavra de Deus encarnada, que o centurião romano tem certeza de ser capaz de restabelecer a saúde do seu servo, é uma Palavra eficaz, em contraposição à palavra humana, porque, ainda que o centurião tenha autoridade para dar ordens aos seus soldados, sua palavra é incapaz de devolver a vida. Jesus, ao contrário, com uma só palavra, sem tocar o enfermo, restabelece sua vitalidade.

sábado, 29 de novembro de 2025

Mateus 24, 37-44 Fiquem vigiando.

37 A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. 38 Porque, nos dias antes do dilúvio todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. 39 E eles nada perceberam, até que veio o dilúvio, e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem. 40 Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado, e o outro será deixado. 41 Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada, a outra será deixada. 42 Portanto, fiquem vigiando! Porque vocês não sabem em que dia virá o Senhor de vocês. 43 Compreendam bem isto: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente ficaria vigiando, e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. 44 Por isso, também vocês estejam preparados. Porque o Filho do Homem virá na hora em que vocês menos esperarem. Comentário: * 32-51: Jesus agora responde à pergunta feita pelos discípulos (v. 3). Cf. nota em Mc 13,28-37. A parábola dos vv. 45-51 ressalta a missão dos responsáveis pela comunidade cristã. Enquanto esperam por Jesus, eles devem continuar fiéis no serviço à comunidade, sem cair na tentação de afrouxar a prática da justiça, diante da demora do Senhor. Neste domingo, iniciamos, ao mesmo tempo, o ano litúrgico e o tempo do Advento. O Evangelho nos convida à vigilância, para não sermos surpreendidos com a inesperada visita do Senhor. Ele deseja nos encontrar acordados e dedicados ao serviço do seu Reino, na prática do amor fraterno. O apelo à vigilância está explícito nas três pequenas parábolas: o tempo de Noé – todos viviam a vida despreocupadamente; os trabalhadores – cada um tem seu tempo para prestar contas a Deus; o dono da casa – estar atento para não ser surpreendido pelos ladrões. Essas cenas mostram claramente a necessidade de estar sempre alertas, pois muitas e boas oportunidades surgem com frequência e não podem ser desperdiçadas por descuido. Deus vem à vida de cada um, esperando encontrar-nos comprometidos com o projeto de Jesus: construção de uma sociedade justa e solidária.

Romanos 13, 11-14 A madrugada de um tempo novo.

* 11 Comportem-se dessa maneira, principalmente porque vocês conhecem o tempo, e já é hora de vocês acordarem: a nossa salvação está agora mais próxima do que quando começamos a acreditar. 12 A noite vai avançada, e o dia está próximo. Deixemos, portanto, as obras das trevas e vistamos as armas da luz. 13 Vivamos honestamente, como em pleno dia: não em orgias e bebedeiras, prostituição e libertinagem, brigas e ciúmes. 14 Mas vistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não sigam os desejos dos instintos egoístas. Comentário: * 11-14: Liberto do egoísmo que corrompe a pessoa e a sociedade, o cristão já vive a madrugada de um tempo novo. A vinda de Jesus Cristo dissipa a longa noite da injustiça e do pecado. O cristão deve acordar, preparado para viver e testemunhar o dia da libertação inaugurado por Jesus.

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Lucas 21, 34-36 Estejam atentos.

34 Tomem cuidado para que os corações de vocês não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vocês. 35 Pois esse dia cairá, como armadilha, sobre todos aqueles que habitam a face de toda a terra. 36 Fiquem atentos, e rezem todo o tempo, a fim de terem força para escapar de tudo o que deve acontecer, e para ficarem de pé diante do Filho do Homem.” Comentário: * 29-38: Tarefa urgente do discípulo é testemunhar sem esmorecer, continuando a ação de Jesus. A espera da plena manifestação de Jesus e do mundo novo, por ele prometido, impede que o discípulo se instale na situação presente; e por outro lado, evita que o discípulo desanime, achando que o projeto de Jesus é difícil, distante e inviável. No dia que marca o fim do ano litúrgico, o Evangelho nos mostra que o dia do Senhor está próximo, e os cristãos devem esperá-lo com um coração fiel, para serem acolhidos pelo Filho do Homem. Como que preanunciando esse dia, Daniel revela que o fim da perseguição está próximo, que o tirano perseguidor será condenado e que a realeza e o poder que existem debaixo dos céus serão entregues ao povo dos santos do Altíssimo. A comunidade deve sempre tomar cuidado para não relaxar ou dar mau exemplo, assumindo os vícios da sociedade mundana. A vida desregrada e o envolvimento com os bens materiais ofuscam a mensagem de Jesus e não permitem que o Reino de Deus seja concretizado. Estejamos preparados e vigilantes para esse dia, como pede Jesus.

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Lucas 21, 29-33 Estejam atentos.

* 29 E Jesus contou uma parábola: “Olhem a figueira e todas as árvores. 30 Vendo que elas estão dando brotos, vocês logo sabem que o verão está perto. 31 Vocês também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que o Reino de Deus está perto. 32 Eu garanto a vocês: tudo isso vai acontecer, antes que passe esta geração. 33 O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão. Comentário: * 29-38: Tarefa urgente do discípulo é testemunhar sem esmorecer, continuando a ação de Jesus. A espera da plena manifestação de Jesus e do mundo novo, por ele prometido, impede que o discípulo se instale na situação presente; e por outro lado, evita que o discípulo desanime, achando que o projeto de Jesus é difícil, distante e inviável. Ao descrever a destruição de Jerusalém, o Evangelho de Lucas não quer anunciar o fim do mundo, mas mostrar que a queda daquela cidade é um marco fundamental para a nova criação, a criação do novo Reino de Deus no mundo. Jesus encoraja seus discípulos a terem esperança, porque está perto o triunfo definitivo. Em Jesus Cristo, o Reino de Deus já está no meio de nós, mas é uma realidade que pertence também ao “ainda não”, porque cada cristão está chamado a trabalhar pela sua concretização plena. O Reino se torna presente na nossa vida sempre que a justiça triunfa, criando relações determinadas pelo espírito de partilha e fraternidade, levando todos a usufruírem da liberdade e da vida.

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Lucas 21, 20-28 Fim da separação.

* 20 “Quando vocês virem Jerusalém cercada de acampamentos, fiquem sabendo que a destruição dela está próxima. 21 Então, os que estiverem na Judéia, devem fugir para as montanhas; os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se; os que estiverem no campo, não entrem na cidade. 22 Pois esses dias são de vingança, para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras. 23 Infelizes das mulheres grávidas e daquelas que estiverem amamentando nesses dias, pois haverá uma grande desgraça nessa terra e uma ira contra esse povo. 24 Serão mortos pela espada e levados presos para todas as nações. Jerusalém será pisada pelos pagãos, até que o tempo dos pagãos se complete.” A história e o fim dos tempos -* 25 “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. E na terra, as nações cairão no desespero, apavoradas com o barulho do mar e das ondas. 26 Os homens desmaiarão de medo e ansiedade, pelo que vai acontecer ao universo, porque os poderes do espaço ficarão abalados. 27 Então eles verão o Filho do Homem vindo sobre uma nuvem, com poder e grande glória. 28 Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima.” Comentário: * 20-24: Lucas descreve a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. Esse acontecimento marca o final da história do povo da Antiga Aliança. Daí para a frente não há mais separação entre judeus e pagãos: o povo de Deus da Nova Aliança será construído por pessoas vindas de todos os povos da terra. * 25-28: Cf. nota em Mc 13, 24-27: A queda de Jerusalém manifesta e antecipa o julgamento com que Deus acompanha toda a história, e que se consumará no fim dos tempos. O Filho do Homem é Jesus que, pela sua morte e ressurreição, testemunhadas pelos discípulos, irá reunir todo o povo de Deus (cf. Dn 7,13-14). Na última semana do ano litúrgico, o Evangelho nos convida a refletir sobre a temática do Juízo Final. Descrito em traços devastadores, típicos da literatura apocalíptica, que retrata o futuro com imagens impressionantes, o Juízo Final está impregnado de expressões de esperança, por exemplo: “levantem-se e ergam a cabeça, pois a libertação de vocês está próxima”. A esperança cristã é perseverante, não obstante a noite fria do abandono, porque está fundamentada em Deus, a quem servimos com tanta firmeza e que nos libertará. Lido hoje, esse Evangelho faz pensar na destruição de Jerusalém (70 d.C.), que marcará o início da nova fase do povo de Deus, com a fuga dos cristãos para a Transjordânia, e o Evangelho chegando a todo o mundo conhecido, através da ação dos apóstolos.

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Lucas 21, 12-19 A coragem do testemunho.

* 12 “Mas, antes que essas coisas aconteçam, vocês serão presos e perseguidos; entregarão vocês às sinagogas, e serão lançados na prisão; serão levados diante de reis e governadores, por causa do meu nome. 13 Isso acontecerá para que vocês deem testemunho. 14 Portanto, tirem da cabeça a ideia de que vocês devem planejar com antecedência a própria defesa; 15 porque eu lhes darei palavras de sabedoria, de tal modo que nenhum dos inimigos poderá resistir ou rebater vocês. 16 E vocês serão entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vocês. 17 Vocês serão odiados por todos, por causa do meu nome. 18 Mas não perderão um só fio de cabelo. 19 É permanecendo firmes que vocês irão ganhar a vida!” Comentário: * 12-19: A relação entre Deus e os homens continua através dos discípulos, que devem prosseguir a missão de Jesus pelo testemunho. Contudo, assim como Jesus encontrou resistência, também eles: serão perseguidos, presos, torturados, julgados e até mesmo mortos por continuarem a ação de Jesus. Mas não devem ficar preocupados com a própria defesa. O importante é a coragem de permanecer firmes até o fim. O anúncio de Jesus sobre o futuro da missão tem sua comprovação na leitura dos Atos dos Apóstolos. Descrevendo inúmeros acontecimentos ligados à Igreja nascente e à ação dos apóstolos, com ênfase na missão de Pedro e de Paulo, o livro dos Atos comprova tudo o que Jesus profetiza: “Vocês serão entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos; matarão alguns de vocês; e vocês serão odiados por todos, por causa do meu nome”. Em contrapartida, Jesus promete estar sempre ao lado dos seus discípulos, ontem e hoje. Consola-nos, dizendo: “Eu darei a vocês palavras e sabedoria, às quais nenhum dos adversários conseguirá resistir ou rebater”. Ao contrário da nossa sociedade, em que as pessoas valorizam excessivamente o poder político e econômico, Jesus mostra que a sabedoria dos cristãos radica-se no testemunho fiel ao Evangelho do amor e da vida.