quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Mateus 12, 46-50 Uma nova geração.

-* 46 Jesus ainda estava falando às multidões. Sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. 47 Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo.” 48 Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?” 49 E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos, 50 pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai que está no céu, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” Comentário: * 46-50: Cf. nota em Mc 3,31-35. Mateus salienta que a família de Jesus são os seus discípulos, isto é, a comunidade que já se dispôs a segui-lo. São eles que aprendem os ensinamentos de Jesus, para levá-los aos outros; são eles que trilham o caminho da vontade do Pai, isto é, a obediência à radicalização da Lei proposta por Jesus. Desse modo, começa nova geração, diferente da geração má dos fariseus. É fácil imaginar que a futura Mãe de Jesus tenha sido totalmente envolvida pela graça divina e pela generosa resposta a ela. Foi com base nessa reflexão que o autor do Protoevangelho de Tiago, escrito apócrifo do II século, narra que, na idade de três anos, Maria foi acompanhada ao templo por seus pais, Joaquim e Ana, e lá teria crescido como virgem entregue ao serviço de Deus. A festa da Apresentação de Nossa Senhora tem sua origem em Jerusalém, no século VI. Dois séculos mais tarde, havia se difundido em todas as igrejas do Oriente, com grande aceitação popular. No Ocidente, desenvolveu-se a partir do século XIV. A passagem evangélica escolhida para essa memória convida-nos a olhar para Maria sob o aspecto que marcou sua vida toda, isto é, o de ser ouvinte atenta e jubilosa da Palavra de Deus.

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Lucas 19, 11-28 A espera ativa.

* 11 Tendo eles ouvido isso, Jesus acrescentou uma parábola, porque estava perto de Jerusalém, e eles pensavam que o Reino de Deus ia chegar logo. 12 Então Jesus disse: “Um homem nobre partiu para um país distante a fim de ser coroado rei, e depois voltar. 13 Chamou então dez dos seus empregados, entregou cem moedas de prata para cada um, e disse: ‘Negociem até que eu volte.’ 14 Seus concidadãos, porém, o odiavam, e enviaram uma embaixada atrás dele, dizendo: ‘Não queremos que esse homem reine sobre nós’. 15 Mas, o homem foi coroado rei, e voltou. Mandou chamar os empregados, aos quais havia dado o dinheiro, a fim de saber quanto haviam lucrado. 16 O primeiro chegou, e disse: ‘Senhor, as cem moedas renderam dez vezes mais’. 17 O homem disse: ‘Muito bem, empregado bom. Como você foi fiel em coisas pequenas, receba o governo de dez cidades’. 18 O segundo chegou, e disse: ‘Senhor, as cem moedas renderam cinco vezes mais’. 19 O homem disse também a este: ‘Receba também você o governo de cinco cidades’. 20 Chegou o outro empregado, e disse: ‘Senhor, aqui estão as cem moedas que guardei num lenço. 21 Pois eu tinha medo de ti, porque és um homem severo. Tomas o que não deste, e colhes o que não semeaste’. 22 O homem disse: ‘Empregado mau, eu julgo você pela sua própria boca. Você sabia que eu sou um homem severo, que tomo o que não dei, e colho o que não semeei. 23 Então, por que você não depositou meu dinheiro no banco? Ao chegar, eu o retiraria com juros’. 24 Depois disse aos que estavam aí presentes: ‘Tirem dele as cem moedas, e deem para aquele que tem mil’. 25 Os presentes disseram: ‘Senhor, esse já tem mil moedas!’ 26 Ele respondeu: ‘Eu digo a vocês: a todo aquele que já possui, será dado mais ainda. Mas daquele que nada tem, será tirado até mesmo o que tem. 27 E quanto a esses inimigos, que não queriam que eu reinasse sobre eles, tragam aqui, e matem na minha frente’.» 28 Depois de dizer essas coisas, Jesus partiu na frente deles, subindo para Jerusalém. Comentário: * 11-28: Cf. nota em Mt 25,14-30. Lucas misturou a parábola original com os traços de outra parábola: o pretendente ao trono, que volta como rei e juiz, julgando seus inimigos. À medida que Jerusalém fica mais perto, os dias terrenos de Jesus diminuem. Muita gente acreditava que o Messias iria fazer uma entrada triunfal na cidade e provocaria grande revolução, expulsando os ocupantes estrangeiros. Mentalidade generalizada, que não combinava com a identidade do verdadeiro Messias. De fato, Jesus está chegando a Jerusalém, não para usar violência e tirar a vida de ninguém, mas para entregar a própria vida por todos nós. O Reino está apenas começando; antes que ele se manifeste definitivamente, a obra da Igreja entra em ação. A parábola quer reforçar a ideia de que os cristãos devem empenhar-se, colocando os próprios dons a serviço da vida. Nossa tarefa consiste em fazer bom uso da inteligência e da liberdade para melhorar o mundo, sob a inspiração do Espírito Santo.

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Lucas 19, 1-10 Rico também pode salvar-se.

-* 1 Jesus tinha entrado em Jericó, e estava atravessando a cidade. 2 Havia aí um homem chamado Zaqueu: era chefe dos cobradores de impostos, e muito rico. 3 Zaqueu desejava ver quem era Jesus, mas não o conseguia, por causa da multidão, pois ele era muito baixo. 4 Então correu na frente, e subiu numa figueira para ver, pois Jesus devia passar por aí. 5 Quando Jesus chegou ao lugar, olhou para cima, e disse: “Desça depressa, Zaqueu, porque hoje preciso ficar em sua casa.” 6 Ele desceu rapidamente, e recebeu Jesus com alegria. 7 Vendo isso, todos começaram a criticar, dizendo: “Ele foi se hospedar na casa de um pecador!” 8 Zaqueu ficou de pé, e disse ao Senhor: “A metade dos meus bens, Senhor, eu dou aos pobres; e, se roubei alguém, vou devolver quatro vezes mais.” 9 Jesus lhe disse: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque também este homem é um filho de Abraão. 10 De fato, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.” Comentário: * 1-10: Zaqueu é o exemplo para qualquer rico que deseja alcançar a salvação. Sua conversão começa com o desejo de conhecer Jesus de perto. Continua, quando se une ao povo para se encontrar com Jesus e acolhê-lo em sua própria casa. A conversão se completa quando Zaqueu se dispõe a partilhar seus bens e devolver com juros o que roubou. Zaqueu, chefe dos fiscais do imposto e muito rico, “tentava ver quem era Jesus”. Deixa de lado as etiquetas de boa educação, expõe-se ao ridículo subindo numa árvore, para satisfazer sua curiosidade e aliviar seu coração. Jesus interrompe a caminhada, muda seu programa, convida Zaqueu a descer da figueira: “Desça rápido, porque hoje devo ficar em sua casa”. Com alegria, Zaqueu recebe Jesus e sua comitiva. O povo solta a língua: “Ele foi hospedar-se na casa de um pecador”. Imaginamos um fecundo diálogo entre o Mestre e o novo discípulo, até que Zaqueu, solenemente, apresenta aos convivas seu projeto de vida nova (v. 8). Um dia especial para Zaqueu, que acabava de dar novo sentido para sua vida. Jesus o confirma: “Hoje a salvação chegou a esta casa”. E você, qual é o seu projeto de vida?

domingo, 17 de novembro de 2024

Lucas 18, 35,43 Fé e seguimento.

* 35 Quando Jesus se aproximava de Jericó, um cego estava sentado à beira do caminho, pedindo esmolas. 36 Ouvindo a multidão passar, ele perguntou o que estava acontecendo. 37 Disseram-lhe que Jesus Nazareno passava por ali. 38 Então o cego gritou: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” 39 As pessoas que iam na frente mandavam que ele ficasse quieto. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” 40 Jesus parou, e mandou que levassem o cego até ele. Quando o cego chegou perto, Jesus perguntou: 41 “O que quer que eu faça por você?” O cego respondeu: “Senhor, eu quero ver de novo.” 42 Jesus disse: “Veja. A sua fé curou você.” 43 No mesmo instante, o cego começou a ver e seguia Jesus, glorificando a Deus. Vendo isso, todo o povo louvou a Deus. Comentário: * 35-43: A cura do cego simboliza a fé, que é a visão do compromisso com Jesus. De olhos abertos para nova maneira de ver e agir, ele segue a Jesus que vai dar a vida. No século IV, Constantino fez edificar, em Roma, uma basílica dedicada ao glorioso mártir São Pedro e uma construção de menores dimensões dedicada a São Paulo. A basílica atual (São Paulo Fora dos Muros), erigida no mesmo lugar da anterior, data do ano 1854. As duas igrejas, cuja dedicação hoje celebramos, nos recordam que Pedro e Paulo são considerados as colunas da Igreja de Cristo. O prefácio da festa dos dois apóstolos apresenta os traços principais de cada um deles: “Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o Evangelho da salvação. Por diferentes meios, os dois congregaram a única família de Cristo e, unidos pela coroa do martírio, recebem hoje, por toda a terra, igual veneração”.

sábado, 16 de novembro de 2024

Marcos 13, 14-28 Estejam prevenidos!

-* 14 “Quando vocês virem a abominação da desolação estabelecida no lugar onde não deveria estar, - que o leitor entenda! - então, os que estiverem na Judéia devem fugir para as montanhas. 15 Quem estiver no terraço, não desça para apanhar coisa alguma dentro de casa. 16 Quem estiver no campo, não volte para pegar o manto. 17 Infelizes as mulheres grávidas e aquelas que estiverem amamentando nesses dias! 18 Rezem para que isso não aconteça no inverno. 19 Porque, nesses dias haverá uma tribulação como nunca houve, desde o início da criação feita por Deus, até agora; e nunca mais haverá outra igual. 20 Se o Senhor não abreviasse esses dias, ninguém conseguiria salvar-se. 21 Mas, ele abreviou aqueles dias, por causa dos eleitos que escolheu. Se alguém disser a vocês: ‘Aqui está o Messias’, ou: ‘Ele está ali’, não acreditem. 22 Porque vão aparecer falsos messias e falsos profetas, que farão sinais e prodígios para enganar até mesmo os eleitos se fosse possível. 23 Prestem atenção! Eu estou falando tudo isso para vocês, antes que aconteça.” A história e o fim dos tempos -* 24 “Nesses dias, depois da tribulação, o sol vai ficar escuro, a lua não brilhará mais, 25 as estrelas começarão a cair do céu, e os poderes do espaço ficarão abalados. 26 Então, eles verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens com grande poder e glória. 27 Ele enviará os anjos dos quatro cantos da terra, e reunirá as pessoas que Deus escolheu, do extremo da terra ao extremo do céu.” Fiquem vigiando -* 28 “Aprendam, portanto, a parábola da figueira: quando seus ramos ficam verdes, e as folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está perto. 29 Vocês também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que ele está perto, já está às portas. 30 Eu garanto a vocês: tudo isso vai acontecer antes que morra esta geração que agora vive. 31 O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão. 32 Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos no céu, nem o Filho. Somente o Pai é quem sabe. Comentário: * 14-23: Aqui se retoma o que já foi dito em 13,1-8. A “abominação da desolação” indica a profanação do Templo pelos romanos. O tempo de crise é terrível: os discípulos devem estar atentos para não desanimar e não se deixar enganar por pessoas que apresentam falsos projetos de salvação. * 24-27: A queda de Jerusalém manifesta e antecipa o julgamento com que Deus acompanha toda a história, e que se consumará no fim dos tempos. O Filho do Homem é Jesus que, pela sua morte e ressurreição, testemunhadas pelos discípulos, irá reunir todo o povo de Deus (cf. Dn 7,13-14). * 28-37: Somente agora Jesus responde à pergunta dos discípulos (v. 4). Mas, em vez de dizer “quando” ou “como” acontecerá o fim, ele indica apenas como o discípulo deve se comportar na história. A tarefa do discípulo é testemunhar sem desanimar, continuando a ação de Jesus. A espera da plena manifestação de Jesus e do mundo novo por ele prometido impede, de um lado, que o discípulo se instale na situação presente; de outro, evita que o discípulo desanime, achando que o projeto de Jesus é difícil, distante e inviável. Com linguagem própria para indicar o final dos tempos, Jesus nos fala de sua vinda gloriosa. Não são palavras para incutir medo nos cristãos, mas garantia de que Deus tem o domínio da história da humanidade. Houve épocas, na história humana, em que tudo parecia desgovernado, um caos incontrolável. Essa suspeita se desfaz ao sabermos que todos “verão o Filho do Homem vindo entre nuvens com poder e grande glória”. Com a parábola da figueira, Jesus nos alerta para estarmos vigilantes e prontos para qualquer hora em que ele chegar, pois ele “reunirá seus eleitos”. Portanto, ninguém perca tempo com especulações sobre como e quando será o final dos tempos. Essa informação está reservada somente ao Pai. Atitude prudente e sábia é viver em contínua conversão e ser fiéis discípulos de Jesus.

Hebreus, 10, 11-14.18 Um sacrifício único.

11 Cada sumo sacerdote se apresenta diariamente para celebrar o culto e oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que são incapazes de eliminar os pecados. 12 Jesus, porém, ofereceu um só sacrifício pelos pecados e se assentou à direita de Deus. 13 Doravante, ele espera apenas que seus inimigos sejam colocados debaixo de seus pés. 14 De fato, com uma só oferta ele tornou perfeitos para sempre os que ele santifica. 18 Ora, quando os pecados já foram perdoados, não é mais preciso fazer ofertas pelos pecados. Comentário: * 1-18: O que são Paulo diz sobre a Lei, o autor repete sobre a liturgia judaica. Esta faz reviver a experiência do pecado, mas não consegue libertar dele. O sacrifício de Cristo, a existência inteira de Jesus, todo o movimento de sua consciência é o verdadeiro ato sacerdotal, o grande e perene ato de oferta. Ele tira o pecado, restabelece a ligação com Deus mediante a sua própria pessoa e experiência viva. Funda a nova aliança, o povo novo que pode ter acesso a Deus. E o caminho para esse acesso é o compromisso de fé com Cristo, compromisso que nenhuma liturgia pode substituir.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Lucas 18, 1-8 Perseverança na oração.

* 1 Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, sem nunca desistir. Ele dizia: 2 “Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, e não respeitava homem algum. 3 Na mesma cidade havia uma viúva, que ia à procura do juiz, pedindo: ‘Faça-me justiça contra o meu adversário!’ 4 Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim ele pensou: ‘Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum; 5 mas essa viúva já está me aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não fique me incomodando’.” 6 E o Senhor acrescentou: “Escutem o que está dizendo esse juiz injusto. 7 E Deus não faria justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? 8 Eu lhes declaro que Deus fará justiça para eles, e bem depressa. Mas, o Filho do Homem, quando vier, será que vai encontrar a fé sobre a terra?” Comentário: * 1-8: Insistência e perseverança só existem naqueles que estão insatisfeitos com a situação presente e, por isso, não desanimam; do contrário, jamais conseguiriam alguma coisa. Deus atende àqueles que, através da oração, testemunham o desejo e a esperança de que se faça justiça. Os fracos, os sem-voz e sem-vez, os que sofrem opressão sem ninguém que os defenda, todas essas categorias estão aqui bem representadas pela viúva. Ela não se acomoda, não concorda com a injustiça. Pede, reclama, insiste para ser atendida. Após tanta amolação por parte da viúva, o juiz corrupto, por motivo egoísta, acabou cedendo (v. 5). A conclusão da parábola apoia-se no contraste: de um lado, o juiz sem coração; de outro, o Deus misericordioso. Aquele solucionou o problema da mulher indefesa. Com maior razão, o Deus de bondade haverá de socorrer “seus escolhidos”, já que a justiça é transparente, imediata, simples. A questão recai sobre o tema da fé. Não é Deus que está em falta conosco; nós é que precisamos de conversão e fé mais profunda.