quarta-feira, 16 de julho de 2025

Mateus 11, 28-30 Os pobres evangelizam.

28 Venham para mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso do seu fardo, e eu lhes darei descanso. 29 Carreguem a minha carga e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para suas vidas. 30 Porque a minha carga é suave e o meu fardo é leve.” Comentário: * 25-30: Com sua palavra e ação, Jesus revela a vontade do Pai, que é instaurar o Reino. Contudo, os sábios e inteligentes não são capazes de perceber a presença do Reino e sua justiça através de Jesus. Ao contrário, os desfavorecidos e os pobres é que conseguem penetrar o sentido dessa atividade de Jesus e continuá-la. Jesus veio tirar a carga pesada que os sábios e inteligentes haviam criado para o povo. Em troca, ele traz novo modo de viver na justiça e na misericórdia: doravante, os pobres serão evangelizados e partirão para evangelizar. No tempo de Jesus, assim como em diversos outros momentos da história de Israel, o povo andava cansado e oprimido, mas, ao mesmo tempo, sentia-se demasiado amedrontado e acomodado, com dificuldade para aceitar a novidade da salvação. Jesus se dispõe a conduzir os que ouvem sua voz e decidem segui-lo. Ele é manso e humilde, é nosso ombro amigo e conforto para os momentos de angústia, saída certa quando estamos desorientados. Quando confiamos em Cristo, nossa vida se torna mais leve e alegre, sentimo-nos livres e seguros. Uma sociedade que não sente a necessidade de apoio e encontro com Cristo acaba por se ver envolvida em uma onda de sofrimento, infelicidade e falta de sentido da vida.

terça-feira, 15 de julho de 2025

Mateus 12, 46-50 Uma nova geração.

* 46 Jesus ainda estava falando às multidões. Sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. 47 Alguém disse a Jesus: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar contigo.” 48 Jesus perguntou àquele que tinha falado: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?” 49 E, estendendo a mão para os discípulos, Jesus disse: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos, 50 pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai que está no céu, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.” Comentário: * 46-50: Cf. nota em Mc 3,31-35. Mateus salienta que a família de Jesus são os seus discípulos, isto é, a comunidade que já se dispôs a segui-lo. São eles que aprendem os ensinamentos de Jesus, para levá-los aos outros; são eles que trilham o caminho da vontade do Pai, isto é, a obediência à radicalização da Lei proposta por Jesus. Desse modo, começa nova geração, diferente da geração má dos fariseus. Carmo é sinônimo de Carmelo (cujo sentido original remete à palavra “jardim”), o monte da Palestina em torno do qual o profeta Elias levou o povo de Israel a descobrir a verdadeira fé, eliminando o culto aos deuses pagãos (cf. 1Rs 18,19-46). No século XIII, um grupo de eremitas retirados no monte Carmelo deu início a uma ordem contemplativa, sob a proteção de Maria, Mãe de Deus. A Virgem passou a ser invocada sob o título de Nossa Senhora do Carmo. No período da perseguição dos muçulmanos, os frades carmelitas invocaram de modo especial a Virgem do Carmo. Simão Stock, primeiro superior-geral da ordem, pediu um sinal da proteção de Maria e recebeu das suas mãos o “escapulário”, com a promessa de eterna salvação a todos os que o usassem. Difundida em diversas nações, com o apoio do povo, a festa da Senhora do Carmo, em 1726, foi estendida a toda a Igreja por Bento XIII.

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Mateus 11, 20-24 O julgamento da autossuficiência.

-* 20 Então Jesus começou a falar contra as cidades onde havia realizado a maior parte de seus milagres, porque elas não tinham se convertido. 21 Ele dizia: “Ai de você, Corazin! Ai de você, Betsaida! Porque, se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no meio de vocês, há muito tempo elas teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e cobrindo-se de cinzas. 22 Pois bem! Eu digo a vocês: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura que vocês. 23 E você, Cafarnaum! Será erguida até o céu? Será jogada é no inferno, isso sim! Porque, se em Sodoma tivessem acontecido os milagres que foram realizados no meio de você, ela existiria até o dia de hoje! 24 Eu lhe digo: no dia do julgamento, Sodoma terá uma sentença menos dura que você!” Comentário: * 20-24: Corazin, Betsaida e Cafarnaum são exemplos da autossuficiência e orgulho que não reconhecem a presença do Reino nas ações realizadas por Jesus. Por isso serão julgadas com mais severidade do que as cidades pagãs de Tiro, Sidônia e Gomorra, símbolos da perdição. Para compreender o Evangelho de hoje, é preciso retomar o Antigo Testamento, recordando Sodoma, que foi destruída pelo fogo devido ao pecado contra a hospitalidade (Gn 19), além de Tiro e Sidônia, que representam o poder comercial dos fenícios (Is 23). Algumas cidades da Galileia onde Jesus pregou encarnaram a rejeição e o pecado de Sodoma. Corazin, Betsaida e Cafarnaum são as cidades que recusaram a oportunidade de se arrepender. As palavras de Jesus retomam a profecia de Ezequiel (16,46-48) que compara Judá com a Samaria e Sodoma. Judá supera-as em devassidão, consequentemente seu castigo será muito maior. Para Cafarnaum, o julgamento divino é apresentado por meio da citação de Is 14,12-15, como castigo pelo pecado da soberba. Quem tem o privilégio de conhecer a Cristo e seus milagres não pode ter outra atitude que não seja converter-se e anunciá-lo ao mundo.

domingo, 13 de julho de 2025

Mateus 10, 34-11,1 Perseverança em meio ao conflito.

-* 34 “Não pensem que eu vim trazer paz à terra; eu não vim trazer a paz, e sim a espada. 35 De fato, eu vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. 36 E os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. 37 Quem ama seu pai ou mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. 38 Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. 39 Quem procura conservar a própria vida, vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la.” Jesus se identifica com os pequeninos -* 40 “Quem recebe a vocês, recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. 41 Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta. E quem recebe um justo, por ser justo, receberá a recompensa de justo. 42 Quem der ainda que seja apenas um copo de água fria a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, eu garanto a vocês: não perderá a sua recompensa.” Jesus é o Messias? -* 1 Quando Jesus terminou de dar essas instruções aos seus doze discípulos, partiu daí, a fim de ensinar e pregar nas cidades deles. Comentário: * 34-39: O anúncio da verdade provoca divisão e exige tomada de posição: uns aceitam, outros rejeitam. Os discípulos, porém, devem permanecer firmes no compromisso com Jesus, seguindo-o até o fim. Nem os laços familiares, nem as ameaças à própria vida, nada pode impedir o discípulo de testemunhar a justiça do Reino. * 40-42: Os discípulos enviados para a missão são os “pequeninos”; Jesus se identifica com a pessoa deles, porque eles levam ao mundo a sua palavra e ação. * 11,1-6: Será que Jesus é verdadeiramente o Messias esperado? A resposta não é dada em palavras, porque o messianismo não é simples ideia ou teoria. É uma atividade concreta que realiza o que se espera da era messiânica: a libertação dos pobres e oprimidos. No final do discurso missionário (Mt 10), lemos que seguir Jesus exige um comprometimento radical. Não podemos imitá-lo apenas em determinados momentos ou situações, pois o seguimento envolve a totalidade da nossa vida, sendo mais forte do que os próprios laços de sangue. A uma sociedade injusta e opressora, Jesus oferece os valores da paz. Ele não declara guerra, mas sabe que sua mensagem provocará a hostilidade dos que a rejeitam, gerando conflito e divisão. Vêm à nossa mente as palavras do velho Simeão, quando da apresentação de Jesus no templo: “Eis que este menino será causa de queda e reerguimento de muitos em Israel” (Lc 2,34). É interessante notar os três termos que Jesus utiliza para definir os discípulos: profetas, justos e pequenos. Assim todos nós, cristãos, devemos ser.

sábado, 12 de julho de 2025

Lucas 10, 25-37 O amor é prática concreta.

* 25 Um especialista em leis se levantou, e, para tentar Jesus perguntou: “Mestre, o que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” 26 Jesus lhe disse: “O que é que está escrito na Lei? Como você lê?” 27 Ele então respondeu: “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o seu coração, com toda a sua alma, com toda a sua força e com toda a sua mente; e ao seu próximo como a si mesmo.” 28 Jesus lhe disse: “Você respondeu certo. Faça isso, e viverá!” 29 Mas o especialista em leis, querendo se justificar, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” 30 Jesus respondeu: “Um homem ia descendo de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de assaltantes, que lhe arrancaram tudo, e o espancaram. Depois foram embora, e o deixaram quase morto. 31 Por acaso um sacerdote estava descendo por aquele caminho; quando viu o homem, passou adiante, pelo outro lado. 32 O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu, e passou adiante, pelo outro lado. 33 Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e teve compaixão. 34 Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal, e o levou a uma pensão, onde cuidou dele. 35 No dia seguinte, pegou duas moedas de prata, e as entregou ao dono da pensão, recomendando: ‘Tome conta dele. Quando eu voltar, vou pagar o que ele tiver gasto a mais’.” E Jesus perguntou: 36 “Na sua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” 37 O especialista em leis respondeu: “Aquele que praticou misericórdia para com ele.” Então Jesus lhe disse: “Vá, e faça a mesma coisa.” Comentário: * 25-37: O primeiro a colocar obstáculos no caminho de Jesus é um teólogo. Este sabe que o amor total a Deus e ao próximo é que leva à vida. Mas, não basta saber. É preciso amar concretamente. A parábola do samaritano mostra que o próximo é quem se aproxima do outro para lhe dar uma resposta às necessidades. Nessa tarefa prática, o amor não leva em conta barreiras de raça, religião, nação ou classe social. O próximo é aquele que eu encontro no meu caminho. O legista estabelecia limites para o amor: “Quem é o meu próximo?” Jesus muda a pergunta: “O que você faz para se tornar próximo do outro?” Na viagem para Jerusalém, onde será julgado e condenado, Jesus se defronta com um mestre da Lei que quer saber como herdar a vida eterna. Jesus lhe pergunta sobre os Mandamentos. Como é conhecedor das leis, o mestre responde sabiamente, mas resta uma dúvida: quem é “meu próximo”? A partir da pergunta, Jesus conta a parábola do “bom samaritano”. O homem caído à beira da estrada é ignorado pelo sacerdote e pelo levita, provavelmente voltando dos deveres religiosos. Um samaritano vê o moribundo, tem compaixão e cuida dele. O diálogo entre Jesus e o especialista em leis leva à conclusão de quem é o nosso próximo. Mais do que definir “quem é o próximo”, a parábola revela “como tornar-se próximo” de alguém necessitado. Jesus anuncia que “tornar-se próximo” é a razão de sua encarnação, fazendo da humanidade o lugar predileto da sua presença. A compaixão e a misericórdia são a genuína solidariedade que conduz para a vida.

Colossenses 1, 15-20 Cristo é o único mediador.

15* Ele é a imagem do Deus invisível, o Primogênito, anterior a qualquer criatura; 16 porque nele foram criadas todas as coisas, tanto as celestes como as terrestres, as visíveis como as invisíveis: tronos, soberanias, principados e autoridades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. 17 Ele existe antes de todas as coisas, e tudo nele subsiste. 18* Ele é também a Cabeça do corpo, que é a Igreja. Ele é o Princípio, o primeiro daqueles que ressuscitam dos mortos, para em tudo ter a primazia. 19 Porque Deus, a Plenitude total, quis nele habitar, 20 para, por meio dele, reconciliar consigo todas as coisas, tanto as terrestres como as celestes, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz. Comentário: * 15-18: O Deus invisível e inatingível se torna visível e acessível em Jesus, o Filho que se encarnou no mundo e na história. Jesus é, portanto, o verdadeiro Adão (Gn 1,26s). Existindo antes de qualquer criatura, ele se torna modelo, cabeça e único mediador do universo criado. No hino primitivo, o termo “corpo” (v. 18) significava “universo”; com o acréscimo da expressão “que é a Igreja”, passou a indicar a comunidade da nova criação, da qual Cristo é a Cabeça. * 18-20: Primeiro a ressuscitar dos mortos, Cristo é o novo Adão, pois na nova criação ele é o Primogênito. Assim, o poder vital de Deus se torna acessível aos homens por meio de Cristo, reconduzindo a criação à paz. A pacificação do universo está na remissão dos pecados realizada por Cristo na cruz.

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Mateus 10, 24-33 Testemunho e perseguição.

23 Quando perseguirem vocês numa cidade, fujam para outra. Eu garanto que vocês não acabarão de percorrer as cidades de Israel, antes que venha o Filho do Homem. 24 O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. 25 Para o discípulo basta ser como o seu mestre, e para o servo ser como o seu senhor. Se chamaram de Belzebu o dono da casa, quanto mais os que são da casa dele!” Não tenham medo -* 26 “Não tenham medo deles, pois não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não existe nada de oculto que não venha a ser conhecido. 27 O que digo a vocês na escuridão, repitam à luz do dia, e o que vocês escutam em segredo, proclamem sobre os telhados. 28 Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Pelo contrário, tenham medo daquele que pode arruinar a alma e o corpo no inferno! 29 Não se vendem dois pardais por alguns trocados? No entanto, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. 30 Quanto a vocês, até os cabelos da cabeça estão todos contados. 31 Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais. 32 Portanto, todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante do meu Pai que está no céu. 33 Aquele, porém, que me renegar diante dos homens, eu também o renegarei diante do meu Pai que está no céu.” Comentário: * 16-25: Os discípulos terão o mesmo destino de Jesus: sofrer as consequências da missão que liberta e dá vida nova. Essa missão atingirá os interesses de muitos e, por isso, provocará a perseguição, a divisão e o ódio, até mesmo dentro das famílias. Muitas vezes poderá levar para a condenação nos tribunais. A missão, porém, é dirigida pelo Espírito de Deus. Por isso, os discípulos perseveram até o fim, sem temor nem aflição, seguros da plena manifestação de Jesus, Senhor e Juiz da história. * 26-33: Os discípulos não devem ter medo, porque a missão se baseia na verdade, que põe a descoberto toda a mentira de um sistema social que não mostra a sua verdadeira face. Os homens podem até matar o corpo dos discípulos, mas não conseguirão tirar-lhes a vida, pois é Deus quem dá e conserva ou tira a vida para sempre. A segurança do discípulo está na promessa: quem é fiel a Jesus, terá Jesus a seu favor diante de Deus. A missão de denunciar as injustiças e cobrar uma mudança da sociedade é exigente e perigosa. Mas Jesus anima seus discípulos e pede que não tenham medo, pois Deus é fiel e seus desígnios são retos. A Palavra de Deus pode ser pregada sem receio, pois é Palavra de vida e verdade. Temos, ao longo da história do cristianismo, muitos exemplos belos e cativantes de pessoas que não tiveram medo de proclamar a verdade do Evangelho. Animadas pelo Espírito, anunciaram sobre os telhados aquilo que receberam na alegria de um encontro pessoal com Cristo. O que Deus nos revela na intimidade deve ser, posteriormente, transformado em ações concretas, testemunhando nossa fé à luz do dia e sobre os telhados.