domingo, 15 de junho de 2025

Mateus 5, 38-42 Violência e resistência.

* 38 “Vocês ouviram o que foi dito: “Olho por olho e dente por dente!” 39 Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês. Pelo contrário: se alguém lhe dá um tapa na face direita, ofereça também a esquerda! 40 Se alguém faz um processo para tomar de você a túnica, deixe também o manto! 41 Se alguém obriga você a andar um quilômetro, caminhe dois quilômetros com ele! 42 Dê a quem lhe pedir, e não vire as costas a quem lhe pedir emprestado.” Comentário: * 38-42: Como se pode superar a vingança ou até mesmo a «justa» punição? O Evangelho propõe atitude nova, a fim de eliminar pela raiz o círculo infernal da violência: a resistência ao inimigo não deve ser feita com as mesmas armas usadas por ele, mas através de comportamento que o desarme. Quando a lei do talião (descrita em Êxodo 21,24 e Levítico 24,19-20) foi criada, o objetivo era pôr fim a uma onda de violência e vingança, assegurando, inicialmente, o princípio da equivalência jurídica: um por um. Com o tempo, também essa lei se tornou um princípio de vingança, que vemos existir ainda hoje. Cristo propõe um novo princípio que implica vencer o mal pelo bem que se faz. À violência, respondemos com a paz; à agressão, com o perdão; ao egoísmo, com a generosidade. A nova sociedade composta pelos seus discípulos (a comunidade cristã) deve se deixar guiar pela humildade, pelo respeito e pela caridade. O cristão é chamado a ser testemunho de algo novo entre os que o rodeiam.

sábado, 14 de junho de 2025

João 16, 12-15 O Espírito vai guiar o testemunho dos discípulos.

- 12 “Ainda tenho muitas coisas para dizer, mas agora vocês não seriam capazes de suportar. 13 Quando vier o Espírito da Verdade, ele encaminhará vocês para toda a verdade, porque o Espírito não falará em seu próprio nome, mas dirá o que escutou e anunciará para vocês as coisas que vão acontecer. 14 O Espírito da Verdade manifestará a minha glória, porque ele vai receber daquilo que é meu, e o interpretará para vocês. 15 Tudo o que pertence ao Pai, é meu também. Por isso é que eu disse: o Espírito vai receber daquilo que é meu, e o interpretará para vocês. Comentário: * 4b-15: Através do testemunho dos discípulos, o testemunho de Jesus continua na história. Guiados pelo Espírito, os discípulos se tornam capazes de interpretar o mundo a partir da palavra e ação de Jesus. Em qualquer lugar e época, eles irão testemunhar, mostrando que: o pecador é aquele que rejeita a obra de Deus realizada em Jesus e em seus seguidores; o justo é Jesus, presente e atuante naqueles que o testemunham; o condenado é príncipe ou chefe do sistema que condenou Jesus e continua perseguindo seus seguidores. Desse modo, o julgamento de Deus inverte o julgamento dos homens: a morte de Jesus transforma-se em vida, e aqueles que o condenaram, agora são condenados. O Evangelho faz parte do grande discurso de despedida de Jesus. Há muita coisa, diz o Evangelho, que não compreendemos. Não há como penetrar em todos os mistérios de Deus, mas o Espírito da Verdade, prometido por Jesus, haverá de clarear a mensagem e a vida do Mestre. O Espírito Santo, terceira pessoa da Santíssima Trindade, introduzirá os discípulos na compreensão do que Jesus disse e realizou. Uma só é a revelação: sua fonte está no Pai, realiza-se no Filho e se completa nos fiéis por meio do Espírito. O Espírito age em nós em sintonia com o Pai e o Filho. A Trindade Santa nos ensina que é possível viver a comunhão e a fraternidade nas famílias e nas comunidades cristãs, unidos ao Pai, ao Filho e ao Espírito. A Santíssima Trindade nos convida a abrir-nos ao mistério de Deus, crer na Boa-nova de seu Filho e trabalhar para construir um mundo mais humano, mais fraterno e mais justo. A exemplo de Jesus, deixemo-nos impulsionar e fortalecer pelo Espírito de Deus.

Romanos 5, 1-5 O motivo da nossa esperança.

* 1 Assim, justificados pela fé, estamos em paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. 2 Por meio dele e através da fé, nós temos acesso à graça, na qual nos mantemos e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus. 3 E não só isso. Nós nos gloriamos também nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a perseverança, 4 a perseverança produz a fidelidade comprovada, e a fidelidade comprovada produz a esperança. 5 E a esperança não engana, pois o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Comentário: * 5,1-11: Justificados pela fé em Jesus Cristo, estamos em paz com Deus; por isso, começamos a viver a esperança da salvação. Essa esperança é vivida em meio a uma luta perseverante, ancorada na certeza, garantida pelo Espírito Santo que nos foi dado (vv. 1-5). Deus manifestou seu amor em Jesus Cristo, que morreu por nós quando ainda éramos pecadores (vv. 6-8). Agora que já fomos reconciliados podemos crer com maior razão e esperar que seremos salvos pela vida-ressurreição de Jesus (vv. 9-11). O termo “tribulação”, que aparece muitas vezes no Novo Testamento, se refere às opressões e repressões de que é vítima o povo de Deus. Opressões e repressões por parte dos poderes humanos, que procuram reduzir o alcance do testemunho cristão para que este não abale a estrutura vigente na sociedade.

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Mateus 5, 33-37 Juramento e verdade.

-* 33 “Vocês ouviram também o que foi dito aos antigos: ‘Não jure falso’, mas ‘cumpra os seus juramentos para com o Senhor’. 34 Eu, porém, lhes digo: não jurem de modo algum: nem pelo Céu, porque é o trono de Deus; 35 nem pela terra, porque é o suporte onde ele apóia os pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. 36 Não jure nem mesmo pela sua própria cabeça, porque você não pode fazer um só fio de cabelo ficar branco ou preto. 37 Diga apenas ‘sim’, quando é ‘sim’; e ‘não’, quando é ‘não’. O que você disser além disso, vem do Maligno.” Comentário: * 33-37: A necessidade de juramentos é sinal de que a mentira e a desconfiança pervertem as relações humanas. Jesus exige relacionamento em que as pessoas sejam verdadeiras e responsáveis. Jesus continua apresentando aos seus discípulos os fundamentos da nova Lei. O juramento era um procedimento legal e prática religiosa que procurava respaldar com uma instância superior a simples palavra humana, e assim era ocultada a desconfiança nessa mesma palavra. Jesus condena tal atitude de desconfiança humana, pois entre os cristãos a sinceridade deve prevalecer sempre, inviabilizando todo e qualquer juramento. O próprio Cristo experimentou a radicalidade de um “sim” sincero e definitivo ao morrer por todos. O cristão é convidado então a ser testemunha autêntica desta vida nova em Cristo, para que seja a Palavra de Deus a assegurar seu testemunho

Mateus 5, 27-32 Adultério e fidelidade.

* 27 “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não cometa adultério’. 28 Eu, porém, lhes digo: todo aquele que olha para uma mulher e deseja possuí-la, já cometeu adultério com ela no coração. 29 Se o olho direito leva você a pecar, arranque-o e jogue-o fora! É melhor perder um membro, do que o seu corpo todo ser jogado no inferno. 30 Se a mão direita leva você a pecar, corte-a e jogue-a fora! É melhor perder um membro do que o seu corpo todo ir para o inferno. 31 Também foi dito: ‘Quem se divorciar de sua mulher, lhe dê uma certidão de divórcio’. 32 Eu, porém, lhes digo: todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada, comete adultério.” Comentário: * 27-32: Jesus radicaliza até à interioridade a fidelidade matrimonial, apelando ao amor verdadeiro e leal. O adultério começa com o olhar de desejo, e o mal deve ser cortado pela raiz. A exceção citada no v. 32 pode referir-se ao caso de união ilegítima, por causa do grau de parentesco que trazia impedimento matrimonial segundo a Lei (Lv 18,6-18; At 15,29). De maneira muito sintética, Jesus expõe a nova ordem sobre o adultério e sobre o divórcio. Vai além do preceito antigo, expresso no Decálogo (Ex 20,14 e Dt 5,18), dizendo-nos que o pecado nasce antes na atitude interior (desejo) e nos sentidos (visão). É preciso evitar toda forma de pecado com uma atitude reta e justa. Atitude como a demonstrada pelos apóstolos, que mantinham a alegria, a força e a fé apesar de todas as tribulações. O cristão é chamado a viver a radicalidade do Evangelho, em todas as situações da nossa existência, evitando qualquer imperfeição ou desvio, para assim expressar a dignidade de Deus, que nos cria e recria por meio da sua Palavra.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Mateus 5, 20-26 A lei e a justiça.

20 Com efeito, eu lhes garanto: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu.” Ofensa e reconciliação -* 21”«Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: ‘Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal’. 22 Eu, porém, lhes digo: todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal. Quem diz ao seu irmão: ‘imbecil’, se torna réu perante o Sinédrio; quem chama o irmão de ‘idiota’, merece o fogo do inferno. 23 Portanto, se você for até o altar para levar a sua oferta, e aí se lembrar de que o seu irmão tem alguma coisa contra você, 24 deixe a oferta aí diante do altar, e vá primeiro fazer as pazes com seu irmão; depois, volte para apresentar a oferta. 25 Se alguém fez alguma acusação contra você, procure logo entrar em acordo com ele, enquanto estão a caminho do tribunal; senão o acusador entregará você ao juiz, o juiz o entregará ao guarda, e você irá para a prisão. 26 Eu garanto: daí você não sairá, enquanto não pagar até o último centavo.” Comentário: * 17-20: A lei não deve ser observada simplesmente por ser lei, mas por aquilo que ela realiza de justiça. Cumprir a lei fielmente não significa subdividi-la em observâncias minuciosas, criando uma burocracia escravizante; significa, isto sim, buscar nela inspiração para a justiça e a misericórdia, a fim de que o homem tenha vida e relações mais fraternas. Em 5,21-48, Mateus apresenta cinco exemplos, para mostrar como é que uma lei deve ser entendida. * 21-26: A lei que proíbe matar, proíbe esse ato desde a raiz, isto é, desde a mais simples ofensa ao irmão. Mesmo ofendido e inocente, o discípulo de Jesus deve ter a coragem de dar o primeiro passo para reconciliar-se. Caso se sinta culpado, procure urgentemente a reconciliação, porque sobre a sua culpa pesa um julgamento. Mateus apresenta hoje um ensinamento de Jesus sobre a justiça dos doutores da Lei e dos fariseus. Eles não cumprem o que ensinam; por vezes, invalidam a Lei com acréscimos ou se fixam na letra sem penetrar no espírito (cf. Mt 23,1-7). Por isso, a justiça dos cristãos deve ser maior. Jesus se apresenta com autoridade suprema e nos mostra como levar à plenitude as exigências do amor. Os que entram no Reino de Deus devem superar os doutores da Lei e os fariseus e imitar Jesus na sua prática do amor gratuito. Palavras ofensivas, prepotência, desprezo são manifestações contra a vida do próximo. Não basta não ofender o próximo, é preciso amá-lo como Jesus o ama. O próprio culto a Deus será vazio se não for revestido de caridade. O amor fraterno, que supõe reconciliação, torna a celebração litúrgica fecunda e agradável a Deus.

terça-feira, 10 de junho de 2025

Mateus 10, 7-13 A missão dos apóstolos.

7 Vão e anunciem: ‘O Reino do Céu está próximo’. 8 Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça, deem também de graça! 9 Não levem nos cintos moedas de ouro, de prata ou de cobre; 10 nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem calçados, nem bastão, porque o operário tem direito ao seu alimento. 11 Em qualquer cidade ou povoado onde vocês entrarem, informem-se para saber se há alguém que é digno. E aí permaneçam até vocês se retirarem. 12 Ao entrarem na casa, façam a saudação. 13 Se a casa for digna, desça sobre ela a paz de vocês; se ela não for digna, que a paz volte para vocês. Comentário: * 5-15: A missão é reunir o povo para seguir a Jesus, o novo Pastor. Ela se realiza mediante o anúncio do Reino e pela ação que concretiza os sinais da presença do Reino. A missão se desenvolve em clima de gratuidade, pobreza e confiança, e comunica o bem fundamental da paz, isto é, da plena realização de todas as dimensões da vida humana. Os enviados são portadores da libertação; rejeitá-los é rejeitar a salvação e atrair sobre si o julgamento. Barnabé significa “filho da exortação”. Esse foi o nome que os apóstolos deram a um tal José, levita natural de Chipre, que vendeu os campos que possuía e depositou o dinheiro aos pés da comunidade (cf. At 4,36). Barnabé foi companheiro de Paulo no anúncio do Evangelho em Antioquia e numa viagem a Chipre, na qual foram também acompanhados pelo jovem primo de Barnabé, João Marcos, o futuro evangelista. Depois da separação de Paulo, não existem certezas sobre a história de Barnabé, porém alguns escritos apócrifos falam de uma viagem sua a Roma, e do seu martírio no ano 70 d.C. O Evangelho escolhido para sua memória recorda o mandato de Jesus para que todos os seus discípulos sejam continuadores da sua missão no mundo.