segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
Marcos 9, 30-37 Quem é o maior?
* 30 Partindo daí Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Jesus não queria que ninguém soubesse onde ele estava, 31 porque estava ensinando seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue na mão dos homens, e eles o matarão. Mas, quando estiver morto, depois de três dias ele ressuscitará.” 32 Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus estava dizendo, e tinham medo de fazer perguntas.
33 Quando chegaram à cidade de Cafarnaum e estavam em casa, Jesus perguntou aos discípulos: “Sobre o que vocês estavam discutindo no caminho?” 34 Os discípulos ficaram calados, pois no caminho tinham discutido sobre qual deles era o maior. 35 Então Jesus se sentou, chamou os Doze e disse: “Se alguém quer ser o primeiro, deverá ser o último, e ser aquele que serve a todos.” 36 Depois Jesus pegou uma criança e colocou-a no meio deles. Abraçou a criança e disse: 37 “Quem receber em meu nome uma destas crianças, estará recebendo a mim. E quem me receber, não estará recebendo a mim, mas àquele que me enviou.”
Comentário:
* 30-37: Os discípulos não compreendem as consequências que a ação de Jesus vai provocar, pois ainda concebem uma sociedade onde existem diferenças de grandeza. Quem é o maior? Jesus mostra que a grandeza da nova sociedade não se baseia na riqueza e no poder, mas no serviço sem pretensões e interesses.
A lógica do Reino é diferente da lógica humana. Os que se humilham e se põem a serviço são exaltados no Reino de Deus, ocupando os lugares mais altos. A nós, resta confiar no Senhor e seguir pelos caminhos retos, conscientes de que a humildade é um requisito essencial para entrar no Reino. Humildade e sinceridade, como as de uma criança. Quando amamos o Senhor com a pureza de uma criança, nosso coração e nosso caminho são iluminados e todos os nossos pedidos são atendidos.
domingo, 23 de fevereiro de 2025
Marcos 9, 14-29 Orar é unir-se com Deus.
* 14 Quando Jesus, Pedro, Tiago e João chegaram perto dos outros discípulos, viram que eles estavam rodeados por uma grande multidão. Alguns doutores da Lei estavam discutindo com eles. 15 Logo que a multidão viu Jesus, ficou surpresa e correu para cumprimentá-lo. 16 Jesus perguntou aos discípulos: “O que é que vocês estão discutindo com eles?” 17 Alguém da multidão respondeu: “Mestre, eu trouxe a ti meu filho que tem um espírito mudo. 18 Cada vez que o espírito o ataca, joga-o no chão e ele começa a espumar, range os dentes e fica completamente rijo. Eu pedi aos teus discípulos para expulsarem o espírito, mas eles não conseguiram.” 19 Jesus disse: “Ó gente sem fé! Até quando deverei ficar com vocês? Até quando terei que suportá-los? Tragam o menino aqui.”
20 E levaram o menino. Quando o espírito viu Jesus sacudiu violentamente o menino, que caiu no chão e começou a rolar e a espumar pela boca. 21 Jesus perguntou ao pai: “Desde quando ele está assim?” O pai respondeu: “Desde criança. 22 E muitas vezes já o jogou no fogo e na água para matá-lo. Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos.” 23 Jesus disse: “Se podes!... Tudo é possível para quem tem fé.” 24 O pai do menino gritou: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé.”
25 Jesus viu que a multidão corria para junto dele. Então ordenou ao espírito mau: “Espírito mudo e surdo, eu lhe ordeno que saia do menino e nunca mais entre nele.” 26 O espírito sacudiu o menino com violência, deu um grito e saiu. O menino ficou como morto e por isso todos diziam: “Ele morreu!” 27 Mas Jesus pegou a mão do menino, levantou-o, e o menino ficou de pé.
28 Depois que Jesus entrou em casa, os discípulos lhe perguntaram à parte: “Por que nós não conseguimos expulsar o espírito?” 29 Jesus respondeu: “”Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração.”
Comentário:
* 14-29: Os discípulos de Jesus só poderão ajudar os homens a discernir a realidade (ouvir) e dizer a palavra transformadora (falar) se estiverem plenamente convictos de que Deus quer realizar uma sociedade justa. A oração exprime a união íntima com Deus e com o seu plano, porque Deus pode desalienar o homem, vencendo o mal.
Apesar da falta de fé e da ignorância dos seus discípulos, Jesus tem compaixão e paciência. Novamente, manifesta sua divindade, realizando sinais que só a Deus é possível. O diálogo entre Jesus e o pai do menino endemoninhado é muito iluminador e deve orientar nossos momentos de oração, que são sempre diálogo sincero e profundo com Deus. A humildade do pai do menino em reconhecer que sua fé é pequena comove Jesus e é exemplo para todos os cristãos. Devemos reconhecer que somos limitados e que nossa fé é pequena, ao mesmo tempo que pedimos a Jesus que aumente nossa fé e atenda às nossas necessidades. Na oração, devemos pedir também que Deus nos dê sempre mais sabedoria para bem discernirmos seus projetos para nós.
sábado, 22 de fevereiro de 2025
Lucas 6, 27-38 A gratuidade nas relações.
* 27 “Mas, eu digo a vocês que me escutam: amem os seus inimigos, e façam o bem aos que odeiam vocês. 28 Desejem o bem aos que os amaldiçoam, e rezem por aqueles que caluniam vocês. 29 Se alguém lhe dá um tapa numa face, ofereça também a outra; se alguém lhe toma o manto, deixe que leve também a túnica. 30 Dê a quem lhe pede e, se alguém tira o que é de você, não peça que devolva. 31 O que vocês desejam que os outros lhes façam, também vocês devem fazer a eles. 32 Se vocês amam somente aqueles que os amam, que gratuidade é essa? Até mesmo os pecadores amam aqueles que os amam. 33 Se vocês fazem o bem somente aos que lhes fazem o bem, que gratuidade é essa? Até mesmo os pecadores fazem assim. 34 E se vocês emprestam somente para aqueles de quem esperam receber, que gratuidade é essa? Até mesmo os pecadores emprestam aos pecadores, para receber de volta a mesma quantia. 35 Ao contrário, amem os inimigos, façam o bem e emprestem, sem esperar coisa alguma em troca. Então, a recompensa de vocês será grande, e vocês serão filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e maus. 36 Sejam misericordiosos, como também o Pai de vocês é misericordioso.”
Só Deus pode julgar -* 37 “Não julguem, e vocês não serão julgados; não condenem, e não serão condenados; perdoem, e serão perdoados. 38 Deem, e será dado a vocês; colocarão nos braços de vocês uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante. Porque a mesma medida que vocês usarem para os outros, será usada para vocês.”
Comentário:
* 27-36: A vida em sociedade é feita de relacionamentos de interesses e reciprocidade, que geram lucro, poder e prestígio. O Evangelho revoluciona o campo das relações humanas, mostrando que, numa sociedade justa e fraterna, as relações devem ser gratuitas, à semelhança do amor misericordioso do Pai.
* 37-42: Cf. nota em Mt 7,1-5. Lucas salienta que as relações numa sociedade nova não devem ser de julgamento e condenação, mas de perdão e dom. Só Deus pode julgar.
O Evangelho continua o “discurso da planície” aos discípulos. Jesus aprofunda as consequências das bem-aventuranças e convida a amar, fazer o bem, bendizer, doar e rezar por todos, amigos e inimigos, tendo Deus como modelo e superando, com isso, a lei do talião, da vingança e da violência. Combatendo a violência com a violência ou com a vingança, nunca chegaremos a construir a cultura da paz. É preciso fazer tudo sem esperar nada em troca, a exemplo de Deus, que é misericordioso e bom para com todos. A “chave de ouro” é tratar os outros como gostaríamos que nos tratassem. O desejo do ser humano é poder viver, amar e sentir-se amado. Na nova sociedade que Jesus propõe, haverá novas relações pautadas pela “gratuidade”, e não pelo “comércio” ou pela “troca de favores”. Para construir uma nova sociedade, onde não haja rancor, ódio e intolerância, a última palavra deve ser o amor e o perdão. Tudo isso para sermos “misericordiosos como o Pai é misericordioso”. Sua misericórdia e seu amor são ilimitados.
1 Coríntios 15, 45-49 Seremos semelhantes a Cristo ressuscitado.
45 Adão, o primeiro homem, tornou-se um ser vivo, mas o último Adão tornou-se espírito que dá a vida. 46 Primeiro, não foi feito o corpo espiritual, mas o animal, e depois o espiritual. 47 O primeiro homem foi tirado da terra e é terrestre; o segundo homem vem do céu. 48 O homem feito da terra foi o modelo dos homens terrestres; o homem do céu é o modelo dos homens celestes. 49 E assim como trouxemos a imagem do homem terrestre, assim também traremos a imagem do homem celeste.
Comentário:
* 35-49: Não se pode imaginar a ressurreição como simples reviver, ou simples volta às condições da vida terrestre. O ser humano passará para uma condição inteiramente nova: este corpo “animal”, mortal, que nos foi transmitido pelos nossos pais, torna-se “espiritual”, isto é, recebe vida nova do Espírito que Cristo nos dá. Paulo usa diversas imagens para nos dar a ideia da transfiguração pela qual passaremos. Nenhuma delas, porém, é capaz de dar uma ideia completa da misteriosa e real transformação que nos tornará semelhantes ao próprio Cristo ressuscitado.
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
Mateus 16, 13-19 Jesus é o Messias.
* 13 Jesus chegou à região de Cesaréia de Filipe, e perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?” 14 Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias, ou algum dos profetas.” 15 Então Jesus perguntou-lhes: “E vocês, quem dizem que eu sou?” 16 Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.” 17 Jesus disse: “Você é feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que lhe revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18 Por isso eu lhe digo: você é Pedro, e sobre essa pedra construirei a minha Igreja, e o poder da morte nunca poderá vencê-la. 19 Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu, e o que você ligar na terra será ligado no céu, e o que você desligar na terra será desligado no céu.”
Comentário:
* 13-23: Cf. nota em Mc 8,27-33. Pedro é estabelecido como o fundamento da comunidade que Jesus está organizando e que deverá continuar no futuro. Jesus concede a Pedro o exercício da autoridade sobre essa comunidade, autoridade de ensinar e de excluir ou introduzir os homens nela. Para que Pedro possa exercer tal função, a condição fundamental é ele admitir que Jesus não é messias triunfalista e nacionalista, mas o Messias que sofrerá e morrerá na mão das autoridades do seu tempo. Caso contrário, ele deixa de ser Pedro para ser Satanás. Pedro será verdadeiro chefe, se estiver convicto de que os princípios que regem a comunidade de Jesus são totalmente diferentes daqueles em que se baseiam as autoridades religiosas do seu tempo.
Pedro, do latim petrus, que significa pedra, é o fundamento visível da Igreja, comparada a uma casa. Uma curiosidade é que o termo “igreja” (ekklesia em grego, que traduz qahal hebraico) aparece apenas três vezes em todos os Evangelhos, sempre em Mateus; significa a assembleia reunida, a comunidade do Senhor, por isso foi assumido desde o início do cristianismo para designar a assembleia de seguidores de Cristo. A metáfora das chaves simboliza a autoridade sobre essa casa ou assembleia; e o poder de “ligar e desligar”, abrir e fechar, a autoridade sobre o que é permitido ou vetado. Todo cristão é convidado a celebrar a festa da Cátedra de Pedro, recordando a unidade da Igreja. Unidade que só é possível porque está fundamentada na autoridade de Pedro, ou seu sucessor, o papa. A cátedra é o símbolo da autoridade e do ensino do bispo, de onde vem a palavra “catedral”, isto é, a igreja-mãe de uma diocese e sede episcopal. Ao celebrarmos a cátedra de Pedro, estamos reconhecendo a autoridade de Pedro sobre toda a Igreja, inclusive sobre os outros apóstolos.
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025
Marcos 8, 34-9,1 O seguimento de Jesus.
-* 34 Então Jesus chamou a multidão e os discípulos. E disse: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 35 Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim e da Boa Notícia, vai salvá-la. 36 Com efeito, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida? 37 Que é que um homem poderia dar em troca da própria vida? 38 Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras diante dessa geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória do seu Pai com seus santos anjos.”
O sinal da vitória -* 1 E Jesus dizia: “Eu garanto a vocês: alguns dos que estão aqui, não morrerão sem ter visto o Reino de Deus chegar com poder.”
Comentário:
* 34-38: A morte de cruz era reservada a criminosos e subversivos. Quem quer seguir a Jesus esteja disposto a se tornar marginalizado por uma sociedade injusta (perder a vida) e mais, a sofrer o mesmo destino de Jesus: morrer como subversivo (tomar a cruz).
* 9,1-13: A vida e ação de Jesus não terminam na sua morte. A transfiguração é sinal da Ressurreição: a sociedade não conseguirá deter a pessoa e a atividade de Jesus, que irão continuar através de seus discípulos. A voz de Deus mostra que, daqui por diante, Jesus é a única autoridade. Todos os que ouvem o convite de Deus e seguem a Jesus até o fim, começam desde já a participar da sua vitória final, quando ressuscitarão com ele.
A missão de Jesus toma, a partir desta parte do Evangelho, outro rumo, mais exigente e incisivo. Por isso, ele pressiona seus discípulos, exigindo uma tomada de atitude: quem quiser segui-lo, precisa dedicar-se de forma plena, entregar-se totalmente a Deus e à missão. Até este momento, Jesus foi seguido por uma multidão de pessoas que procuravam satisfação material, como o pão ou a cura de uma doença. Chegou o momento de ir além, dar um novo passo. Será digno de ser chamado seu discípulo somente quem crer e se doar totalmente. Para tal, é preciso negar a si mesmo, tomar a cruz e pôr-se a caminho. Essa atitude é exigida também dos cristãos pertencentes às comunidades onde surgiu o Evangelho de Marcos e de nós, hoje.
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
Marcos 8, 27-33 Jesus é o Messias.
* 27 Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesaréia de Filipe. No caminho, ele perguntou a seus discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” 28 Eles responderam: “Alguns dizem que tu és João Batista; outros, que és Elias; outros, ainda, que és um dos profetas.” 29 Então Jesus perguntou-lhes: “E vocês, quem dizem que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Messias.” 30 Então Jesus proibiu severamente que eles falassem a alguém a respeito dele.
31 Em seguida, Jesus começou a ensinar os discípulos, dizendo: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar depois de três dias.” 32 E Jesus dizia isso abertamente. Então Pedro levou Jesus para um lado e começou a repreendê-lo. 33 Jesus virou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Fique longe de mim, satanás! Você não pensa as coisas de Deus, mas as coisas dos homens.”
Comentário:
* 27-33: A pergunta de Jesus força os discípulos a fazer uma revisão de tudo o que ele realizou no meio do povo. Esse povo não entendeu quem é Jesus. Os discípulos, porém, que acompanham e veem tudo o que Jesus tem feito, reconhecem agora, através de Pedro, que Jesus é o Messias. A ação messiânica de Jesus consiste em criar um mundo plenamente humano, onde tudo é de todos e repartido entre todos. Esse messianismo destrói a estrutura de uma sociedade injusta, onde há ricos à custa de pobres e poderosos à custa de fracos. Por isso, essa sociedade vai matar Jesus, antes que ele a destrua. Mas os discípulos imaginam um messias glorioso e triunfante.
No conjunto do Evangelho de Marcos, o trecho que meditamos hoje é muito importante, mostrando uma mudança de paradigma e apontando para o início de uma nova etapa na sua missão. Até agora, Jesus procurou manter segredo sobre sua ação, insistindo sempre para que ninguém divulgasse sua identidade. O objetivo era formar seus discípulos, para que o reconhecessem como o Messias. Isso acontece simbolicamente através das palavras de Pedro: “Tu és o Messias”. Inicia agora uma nova etapa, que é fazer com que os não discípulos, ou seja, todos os povos, o reconheçam igualmente como o Filho de Deus. Essa nova etapa inicia com o primeiro anúncio da paixão, que marcará o fim da missão terrena de Jesus.
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