segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
Marcos 2, 23-28 Jesus liberta da lei.
* 23 Num dia de sábado, Jesus estava passando por uns campos de trigo. Os discípulos iam abrindo caminho, e arrancando as espigas. 24 Então os fariseus perguntaram a Jesus: “Vê: por que os teus discípulos estão fazendo o que não é permitido em dia de sábado?” 25 Jesus perguntou aos fariseus: “Vocês nunca leram o que Davi e seus companheiros fizeram quando estavam passando necessidade e sentindo fome? 26 Davi entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu dos pães oferecidos a Deus e os deu também para os seus companheiros. No entanto só os sacerdotes podem comer desses pães.” 27 E Jesus acrescentou: “O sábado foi feito para servir ao homem, e não o homem para servir ao sábado. 28 Portanto, o Filho do Homem é senhor até mesmo do sábado.”
Comentário:
* 23-28: O centro da obra de Deus é o homem, e cultuar a Deus é fazer o bem ao homem. Não se trata de estreitar ou alargar a lei do sábado, mas de dar sentido totalmente novo a todas as estruturas e leis que regem as relações entre os homens. Porque só é bom aquilo que faz o homem crescer e ter mais vida. Toda lei que oprime o homem é lei contra a própria vontade de Deus, e deve ser abolida.
Provavelmente, para nós, hoje, faz pouco sentido essa discussão sobre o que se pode ou não fazer no dia de sábado. Isso porque a ressurreição de Cristo deu novo significado ao tempo, e o domingo passou a ser o dia central, santo por excelência. Para o povo de Israel, no entanto, o sábado é muito importante, dia do repouso, em memória do descanso divino no sétimo dia da criação. Essa memória, com o passar dos anos, tornou-se prescrição ritual, enfatizando aquilo que não era permitido em dia de sábado. A intenção de Jesus não é anular esse dia, mas restabelecer seu significado original. Jesus, pela sua paixão e morte, entra no descanso divino e, ressuscitando no primeiro dia da semana, dá início a um novo dia, constituído em favor da nova criação
domingo, 19 de janeiro de 2025
Marcos 2, 18-22 Jesus provoca ruptura.
* 18 Os discípulos de João Batista e os fariseus estavam fazendo jejum. Então alguns perguntaram a Jesus: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus fazem jejum e os teus discípulos não fazem?” 19 Jesus respondeu: “Vocês acham que os convidados de um casamento podem fazer jejum enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está presente, os convidados não podem fazer jejum. 20 Mas vão chegar dias em que o noivo será tirado do meio deles. Nesse dia eles vão jejuar. 21 Ninguém põe um remendo de pano novo em roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano e o rasgo fica maior ainda. 22 Ninguém coloca vinho novo em barris velhos; porque o vinho novo arrebenta os barris velhos, e o vinho e os barris se perdem. Por isso, vinho novo deve ser colocado em barris novos.”
Comentário:
* 18-22: O jejum caracterizava o tempo de espera. Mas esse tempo já terminou. Chegou a hora da festa do casamento, isto é, da nova e alegre relação entre Deus e os homens. A atividade de Jesus mostra que o amor de Deus vem para salvar o homem concreto e não para manter as estruturas que sugam o homem. A novidade rompe estas estruturas simbolizadas pela roupa e barril velhos. Jesus não veio para reformar; ele exige mudança radical.
O texto que hoje lemos recorda o jejum ritual que os judeus fazem até hoje no Dia do Perdão (Yom Kippur): do pôr do sol de um dia ao pôr do sol do outro dia, eles não comem e não bebem nada, nem mesmo água. Jesus, no entanto, procura mostrar que o jejum tem sempre em vista o louvor a Deus. É uma “mortificação da carne” como ato de culto, gesto de sacrifício e controle dos desejos, a fim de alcançar um crescimento espiritual, renúncia em busca de uma aproximação de Deus. Quando estamos na presença de Deus, portanto, não há sentido em jejuar. Quando o “noivo” está conosco, devemos nos alegrar e festejar, eis a novidade que os contemporâneos de Jesus ainda não tinham compreendido, e muitos hoje também ainda não compreendem: a novidade da encarnação do Verbo supera toda expectativa.
sábado, 18 de janeiro de 2025
João 2, 1-11 Vida nova para os homens.
* 1 No terceiro dia, houve uma festa de casamento em Caná da Galileia, e a mãe de Jesus estava aí. 2 Jesus também tinha sido convidado para essa festa de casamento, junto com seus discípulos.
3 Faltou vinho e a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho!” 4 Jesus respondeu: “Mulher, que existe entre nós? Minha hora ainda não chegou.” 5 A mãe de Jesus disse aos que estavam servindo: “Façam o que ele mandar.”
6 Havia aí seis potes de pedra de uns cem litros cada um, que serviam para os ritos de purificação dos judeus. 7 Jesus disse aos que serviam: “Encham de água esses potes.” Eles encheram os potes até a boca. 8 Depois Jesus disse: “Agora tirem e levem ao mestre-sala.” Então levaram ao mestre-sala.
9 Este provou a água transformada em vinho, sem saber de onde vinha. Os que serviam estavam sabendo, pois foram eles que tiraram a água. Então o mestre-sala chamou o noivo 10 e disse: “Todos servem primeiro o vinho bom e, quando os convidados estão bêbados, servem o pior. Você, porém, guardou o vinho bom até agora.”
11 Foi assim, em Caná da Galileia, que Jesus começou seus sinais. Ele manifestou a sua glória, e seus discípulos acreditaram nele. 12 Depois disso, Jesus desceu para Cafarnaum com sua mãe, seus irmãos e seus discípulos. E aí ficaram apenas alguns dias.
Comentário:
* 1-12: Segundo João, a primeira semana de Jesus termina com a festa de casamento em Caná. João relata este episódio por causa do seu aspecto simbólico: o casamento é o símbolo da união de Deus com a humanidade, realizada de maneira definitiva na pessoa de Jesus, Deus-e-Homem. Sem Jesus, a humanidade vive uma festa de casamento sem vinho. Maria, aliviando a situação constrangedora, simboliza a comunidade que nasce da fé em Jesus, e as últimas palavras que ela diz neste evangelho são um convite: “Façam o que Jesus mandar.” Jesus diz que a sua hora ainda não chegou, pois só acontecerá na sua morte e ressurreição, quando ele nos reconcilia com Deus.
Jesus utilizou a água que os judeus usavam para as purificações. Os judeus estavam cegos pela preocupação de não se mancharem, e sua religião multiplicava os ritos de purificação. Mas Jesus transformou a água em vinho! É que a religião verdadeira não se baseia no medo do pecado. O importante é receber de Jesus o Espírito. Este, como vinho generoso, faz a gente romper com as normas que aprisionam e com a mesquinhez da nossa própria sabedoria.
O episódio de Caná é uma espécie de resumo daquilo que vai acontecer através de toda a atividade de Jesus: com sua palavra e ação, Jesus transforma as relações dos homens com Deus e dos homens entre si.
O relato do Evangelho de hoje traz a cena de um casamento em Caná da Galileia. Nessa festa, entre os convidados, estavam Jesus, sua Mãe e os discípulos. Quando o vinho termina, Maria é a primeira a perceber e provoca Jesus, dizendo: “Não há mais vinho”. Jesus se desculpa, dizendo que ainda não chegou sua hora. Mas acaba atendendo ao pedido da Mãe, proporcionando o primeiro dos sete sinais descritos pelo evangelista João. O sinal é a manifestação da glória de Deus em Jesus e revela sua missão. A carência do vinho é preenchida pela ação de Jesus, e assim acontece a abundância do vinho, símbolo do amor, de alegria, de festa e de vida nova. O papel da Mãe de Jesus é importante: com ela acontece a transformação. É ela que percebe a falta de vinho e intercede em favor dos convidados. A mulher é sempre mais sensível e perspicaz. Normalmente, é a mulher que percebe a falta das necessidades básicas na família. Maria exerce papel importante ao nos alertar: “Façam tudo o que o Mestre pedir”.
1 Coríntios 12, 4-11 A Trindade gera a comunidade.
-* 4 Existem dons diferentes, mas o Espírito é o mesmo; 5 diferentes serviços, mas o Senhor é o mesmo; 6 diferentes modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos.
7 Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos. 8 A um, o Espírito dá a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; 9 a outro, o mesmo Espírito dá a fé; a outro ainda, o único e mesmo Espírito concede o dom das curas; 10 a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, o dom de falar em línguas; a outro ainda, o dom de as interpretar. 11 Mas é o único e mesmo Espírito quem realiza tudo isso, distribuindo os seus dons a cada um, conforme ele quer.
Comentário:
* 4-11: A Trindade é a base sobre a qual a comunidade se constrói: nesta, toda ação provém do Pai, todo serviço provém de Jesus e todos os dons (= carismas) provêm do Espírito. Cada pessoa na comunidade recebe um dom, ou melhor, é um dom para o bem de todos. Por isso, cada um, sendo o que é e fazendo o que pode, age para o bem da comunidade, colocando-se a serviço de todos como dom gratuito. Desse modo, cada um e todos se tornam testemunho e sacramento da ação, serviço e dom do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Paulo enumera apenas os carismas de direção e ensino. A lista não é completa, pois cada pessoa é um carisma para a comunidade toda.
sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
Marcos 2, 13-17 Jesus rejeita a hipocrisia social.
-* 13 Jesus saiu de novo para a beira do mar. Toda a multidão ia ao seu encontro. E Jesus os ensinava. 14 Enquanto ia caminhando, Jesus viu Levi, o filho de Alfeu, sentado na coletoria de impostos, e disse para ele: “Siga-me.” Levi se levantou e o seguiu.
15 Mais tarde, Jesus estava comendo na casa de Levi. Havia vários cobradores de impostos e pecadores na mesa com Jesus e seus discípulos; com efeito, eram muitos os que o seguiam. 16 Alguns doutores da Lei, que eram fariseus, viram que Jesus estava comendo com pecadores e cobradores de impostos. Então eles perguntaram aos discípulos: “Por que Jesus come e bebe junto com cobradores de impostos e pecadores?” 17 Jesus ouviu e respondeu: “As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes. Eu não vim para chamar justos, e sim pecadores.”
Comentário:
* 13-17: Os cobradores de impostos eram desprezados e marginalizados porque colaboravam com a dominação romana, cobrando imposto e, em geral, aproveitando para roubar. Jesus rompe os esquemas sociais que dividem os homens em bons e maus, puros e impuros. Chamando um cobrador de impostos para ser seu discípulo, e comendo com os pecadores, Jesus mostra que sua missão é reunir e salvar aqueles que a sociedade hipócrita rejeita como maus.
Os cobradores de impostos, também conhecidos como “publicanos”, eram considerados inimigos dos judeus e pecadores porque estavam a serviço do Império Romano, colaborando na opressão e exploração do povo. Chamar Levi (e fazer a refeição com ele) não significa que Jesus compactua com essa situação. Ao contrário, quer conduzir Levi a uma nova vida, mais justa e fraterna. Isso se repete diversas vezes na missão de Jesus, que veio chamar os que realmente precisam da sua ajuda, os pecadores, os doentes. Isso mostra que o Reino é aberto a todos, não somente ao povo de Israel. Jesus continua a nos chamar hoje, apenas temos de nos deixar interpelar por este Deus encarnado, tão próximo da humanidade.
quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Marcos 2, 1-12 Jesus liberta pela raiz.
* 1 Alguns dias depois, Jesus entrou de novo na cidade de Cafarnaum. Logo se espalhou a notícia de que Jesus estava em casa. 2 E tanta gente se reuniu aí que já não havia lugar nem na frente da casa. E Jesus anunciava a palavra.
3 Levaram então um paralítico, carregado por quatro homens. 4 Mas eles não conseguiam chegar até Jesus, por causa da multidão. Então fizeram um buraco no teto, bem em cima do lugar onde Jesus estava, e pela abertura desceram a cama em que o paralítico estava deitado. 5 Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Filho, os seus pecados estão perdoados.”
6 Ora, alguns doutores da Lei estavam aí sentados, e começaram a pensar: 7 “Por que este homem fala assim? Ele está blasfemando! Ninguém pode perdoar pecados, porque só Deus tem poder para isso!” 8 Jesus logo percebeu o que eles estavam pensando no seu íntimo, e disse: “Por que vocês pensam assim? 9 O que é mais fácil dizer ao paralítico: ‘Os seus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levante-se, pegue a sua cama e ande?’ 10 Pois bem, para que vocês saibam que o Filho do Homem tem poder na terra para perdoar pecados, - disse Jesus ao paralítico - 11 eu ordeno a você: Levante-se, pegue a sua cama e vá para casa.” 12 O paralítico então se levantou e, carregando a sua cama, saiu diante de todos. E todos ficaram muito admirados e louvaram a Deus dizendo: “Nunca vimos uma coisa assim!”
Comentário:
* 1-12: Segundo os antigos, a doença era causada pelo pecado. Para libertar o homem, Jesus vai direto à raiz: o pecado invisível que causa os males externos e visíveis. A oposição a Jesus começa: os doutores da Lei só se preocupam com teorias religiosas, e não em transformar a situação do homem. A ação de Jesus é completa. É um dizer e fazer que cura por dentro e por fora, fazendo o homem reconquistar a capacidade de caminhar por si.
Após a cura do homem com lepra, lemos a narração da cura de um paralítico. As obras que Jesus realiza são uma novidade total, possíveis apenas porque ele é o Filho de Deus. Todos os que o ouviam tinham a certeza de que havia algo especial naquele homem, mas ainda era cedo para compreenderem que era o Messias, o próprio Deus encarnado. Não basta ouvir sua Palavra e ver suas curas; é a fé que cria comunhão e nos faz compreender o mistério salvífico concretizado na vinda de Jesus ao mundo.
quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Marcos 1, 40-45 Jesus e os marginalizados.
* 40 Um leproso chegou perto de Jesus e pediu de joelhos: “Se queres, tu tens o poder de me purificar.” 41 Jesus ficou cheio de ira, estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero, fique purificado.” 42 No mesmo instante a lepra desapareceu e o homem ficou purificado. 43 Então Jesus o mandou logo embora, ameaçando-o severamente: 44 “Não conte nada para ninguém! Vá pedir ao sacerdote para examinar você, e depois ofereça pela sua purificação o sacrifício que Moisés ordenou, para que seja um testemunho para eles.” 45 Mas o homem foi embora e começou a pregar muito e a espalhar a notícia. Por isso, Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ele ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte as pessoas iam procurá-lo.
Comentário:
* 40-45: O leproso era marginalizado, devendo viver fora da cidade, longe do convívio social, por motivos higiênicos e religiosos (Lv 13,45-46). Jesus fica irado contra uma sociedade que produz a marginalização. Por isso, o homem curado deve apresentar-se para dar testemunho contra um sistema que não cura, mas só declara quem pode ou não participar da vida social. O marginalizado agora se torna testemunho vivo, que anuncia Jesus, aquele que purifica. E Jesus está fora da cidade, lugar que se torna o centro de nova relação social: o lugar dos marginalizados é o lugar onde se pode encontrar Jesus.
A doença é vista no mundo bíblico como consequência do pecado ou efeito do maligno na vida da pessoa, sendo a cura interpretada como restauração da perfeição da criação. Exercendo curas, como a do leproso do Evangelho de hoje, Jesus não procura a exaltação pessoal, mas sim devolver a vida plena aos que dela necessitam. Essa é a razão pela qual pede que não contem nada a ninguém, ou seja, que não divulguem tais obras. A alegria de ser curado, porém, é tanta, que eles não conseguem conter-se, divulgando amplamente a notícia. Que essa alegria e confiança em Jesus Cristo se manifestem também em cada um de nós, a fim de que também possamos participar do seu Reino.
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