terça-feira, 21 de junho de 2022

Lucas 1, 5-17 Deus ouve o pedido dos pobres.

* 5 No tempo de Herodes, rei da Judéia, havia um sacerdote chamado Zacarias. Era do grupo de Abias. Sua esposa se chamava Isabel, e era descendente de Aarão. 6 Os dois eram justos diante de Deus: obedeciam fielmente a todos os mandamentos e ordens do Senhor. 7 Não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e os dois já eram de idade avançada. 8 Certa ocasião, Zacarias fazia o serviço religioso no Templo, pois era a vez do seu grupo realizar as cerimônias. 9 Conforme o costume do serviço sacerdotal, ele foi sorteado para entrar no Santuário, e fazer a oferta do incenso. 10 Na hora do incenso, toda a assembléia do povo estava rezando no lado de fora. 11 Então apareceu a Zacarias um anjo do Senhor. Estava de pé, à direita do altar do incenso. 12 Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e cheio de medo. 13 Mas o anjo disse: "Não tenha medo, Zacarias! Deus ouviu o seu pedido, e a sua esposa Isabel vai ter um filho, e você lhe dará o nome de João. 14 Você ficará alegre e feliz, e muita gente se alegrará com o nascimento do menino, 15 porque ele vai ser grande diante do Senhor. Ele não beberá vinho, nem bebida fermentada e, desde o ventre materno, ficará cheio do Espírito Santo. 16 Ele reconduzirá muitos do povo de Israel ao Senhor seu Deus. 17 Caminhará à frente deles, com o espírito e o poder de Elias, a fim de converter os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, preparando para o Senhor um povo bem disposto." Comentário: * 5-25: A esterilidade e velhice marcam a vida desse casal justo, e o tornam objeto de humilhação pública. Zacarias e Isabel representam a comunidade dos pobres e oprimidos, que dependem de Deus. Deus se volta para esses pobres: deles nascerá João, o último profeta da antiga Aliança. João abrirá o caminho para a chegada do Messias, que iniciará a história da libertação dos pobres (cf. nota em Ml 3,22-24).

1 Pedro 1, 8-12 O papel do Filho.

8 Vocês nunca viram Jesus e, apesar disso, o amam; não o vêem, mas acreditam. E por isso sentem alegria extraordinária e gloriosa, 9 porque alcançam a meta da fé, que é a salvação de vocês. A ação do Espírito -* 10 Essa salvação já foi objeto de busca e investigação dos profetas, quando de antemão anunciavam a graça que Deus tinha reservado para nós. 11 Eles procuravam descobrir em que tempo e circunstâncias se verificariam as indicações por eles próprios recebidas do Espírito de Cristo, que estava presente neles. Foi assim que eles falaram dos sofrimentos de Cristo e das glórias que viriam depois. 12 E foi-lhes revelado que eles mesmos não veriam essas coisas, mas que, anunciando-as, estavam trabalhando para vocês. Agora, porém, os pregadores do Evangelho as manifestaram, guiados pelo Espírito Santo enviado do céu: são coisas que até os anjos gostariam de contemplar. Comentário: * 6-9: A fé é compromisso permanente com Cristo, até a morte. Cristo chegou à glória da ressurreição e da vida através de perseguições e sofrimentos. O cristão segue o mesmo caminho: mediante o testemunho de vida em meio às provas, pouco a pouco nele se manifesta o próprio Cristo, que comunica a alegria da ressurreição. * 10-12: Aquilo que estava escondido aos profetas e anjos foi revelado aos cristãos: Deus realizou seu plano salvador através de Jesus Cristo, que culminou seu testemunho na morte e ressurreição. Este é o grande mistério anunciado por aqueles que pregam o Evangelho, impulsionados pelo Espírito. E o Espírito provoca o discernimento que nos leva a compreender o projeto de Deus realizado em Jesus.

Mateus 7, 15-20 Cuidado com as falsas promessas.

* 15 “Cuidado com os falsos profetas: eles vêm a vocês vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes. 16 Vocês os conhecerão pelos frutos deles: por acaso se colhem uvas de espinheiros ou figos de urtigas? 17 Assim, toda árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz maus frutos. 18 Uma árvore boa não pode dar frutos maus, e uma árvore " Comentário: * 15-20: “Nada se parece tanto com um verdadeiro profeta, como um falso profeta.” As ideologias que nos afastam da opção fundamental pelo Reino e sua justiça são cheias de fascínio, e sempre trazem a aparência de humanidade e até mesmo de fé. Só poderemos perceber a sua falsidade através daquilo que elas produzem na sociedade: a cobiça e a sede de poder, que levam à exploração e opressão. O alerta do Evangelho de hoje é sobre o cuidado com os falsos profetas. Como distingui-los? Pelos frutos; esse é um teste infalível. As ações e as práticas revelam quem são. A vestimenta e as bonitas palavras podem enganar. O verdadeiro profeta é aquele que anuncia a mensagem do Mestre, revelada no Evangelho, e denuncia tudo o que deteriora a vida das pessoas. Os falsos profetas são como lobos que se aproximam das pessoas para alimentar seu ego e seu interesse. A advertência de Jesus é para todos os que se dizem seus seguidores, mas principalmente para as lideranças das comunidades. O ensinamento de hoje se refere também aos critérios para discernir as ideologias e os programas propostos pelos poderosos em favor de alguém. Os meios de comunicação podem manipular as mentes em favor de objetivos obscuros das elites.

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Mateus 7, 6.12-14 Saber discernir.

* 6 "Não dêem aos cães o que é santo, nem atirem pérolas aos porcos; eles poderiam pisá-las com os pés e, virando-se, despedaçar vocês." A regra de ouro -* 12 "Tudo o que vocês desejam que os outros façam a vocês, façam vocês também a eles. Pois nisso consistem a Lei e os Profetas." O Reino exige esforço -* 13 "Entrem pela porta estreita, porque é larga a porta e espaçoso o caminho que levam para a perdição, e são muitos os que entram por ela! 14 Como é estreita a porta e apertado o caminho que levam para a vida, e são poucos os que a encontram!" Comentário: * 6: Esta sentença provavelmente significa que é desperdício e perigo anunciar o Reino aos que não estão preocupados com ele. Se ligada à sentença sobre os dois senhores (Mt 6,24), poderia significar que é inútil e até perigoso anunciar os princípios evangélicos àqueles cujo deus são as riquezas. O coração deles está em outro lugar; fizeram outra opção fundamental. Em todo caso, a sentença parece fora de contexto, e é de difícil interpretação. * 12: No tempo de Jesus, "Lei e Profetas" indicava todo o Antigo Testamento. Esta "regra de ouro" convida-nos a ter para com os outros a mesma preocupação que temos espontaneamente para com nós mesmos. Não se trata de visão calculista - dar para receber -, mas de uma compreensão do que seja o amor do Pai. * 13-14: Tanto a opção fundamental pelo Reino e sua justiça (entrar pela porta), como continuar nessa busca fundamental (caminho), não são fáceis. A escolha verdadeira nunca será feita pelos indecisos e acomodados. Estes ficam relutando, ou escolhem a estrada mais larga proposta pelos ídolos. Nesse trecho temos vários ditos de Jesus, ainda dentro do sermão da montanha, sobre a prudência, a caridade e a decisão. Prudência com os valores do Evangelho e do Reino, considerados sagrados, que nem todos entendem ou estão dispostos a acolher. A comunidade acolhe os valores do Reino pregado por Jesus; para quem não estiver a fim desses valores, seria desperdício propô-los. A caridade é definida na conhecida “regra de ouro”: fazer aos outros o que desejamos a nós mesmos. Qualquer pessoa pode entender essa explicação da caridade. O discípulo do Reino procura agir sempre pensando no bem do próximo e espera receber o mesmo dele. O terceiro dito de Jesus é sobre a decisão: optar pela porta estreita ou pela porta larga. Nem sempre é fácil trilhar o caminho proposto por Jesus, mas é a partir de nossa opção que decidimos pela felicidade ou desgraça.

domingo, 19 de junho de 2022

Mateus 7, 1-5 Ninguém pode julgar.

-* 1 "Não julguem, e vocês não serão julgados. 2 De fato, vocês serão julgados com o mesmo julgamento com que vocês julgarem, e serão medidos com a mesma medida com que vocês medirem. 3 Por que você fica olhando o cisco no olho do seu irmão, e não presta atenção à trave que está no seu próprio olho? 4 Ou, como você se atreve a dizer ao irmão: ‘deixe-me tirar o cisco do seu olho’, quando você mesmo tem uma trave no seu? 5 Hipócrita, tire primeiro a trave do seu próprio olho, e então você enxergará bem para tirar o cisco do olho do seu irmão." Comentário: * 1-5: Deus nos julga com a mesma medida que usamos para os outros. O rigor do nosso julgamento sobre o nosso próximo (cisco) mostra que desconhecemos a nossa própria fragilidade e a nossa condição de pecadores diante de Deus (trave). O ensinamento do Evangelho deste dia é algo válido para todos os tempos e todas as pessoas. Uma das primeiras tendências das pessoas em relação aos outros é lançar um olhar de dúvida e julgamento. O apelo de Jesus é claro: não julgar nem condenar. Não fomos criados para condenar, mas para amar: não somos juízes, mas irmãos e irmãs. Para mostrar a hipocrisia que, muitas vezes, há ao julgar, o Mestre usa as imagens do cisco e da trave, tão claras que todos podem compreender. O apelo do Evangelho é fazer uma autocrítica antes de criticar. Aqui não se trata tanto desses pequenos e inofensivos julgamentos que se fazem dia a dia, mas de julgamentos condenatórios. Quanto aos juízes, que têm a missão de julgar, espera-se que julguem com a justiça do Reino de Deus, segundo os critérios do Evangelho, e não conforme as conveniências.

sábado, 18 de junho de 2022

Lucas 9, 18-24 Jesus é o Messias.

* 18 Certo dia, Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele. Então Jesus perguntou: "Quem dizem as multidões que eu sou?" 19 Eles responderam: "Alguns dizem que tu és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que tu és algum dos antigos profetas que ressuscitou." 20 Jesus perguntou:"E vocês, quem dizem que eu sou?" Pedro respondeu: "O Messias de Deus." 21 Então Jesus proibiu severamente que eles contassem isso a alguém. 22 E acrescentou: "O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos chefes dos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto, e ressuscitar no terceiro dia." 23 Depois Jesus disse a todos: "Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga. 24 Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim, esse a salvará. Comentário: * 18-27: Não basta declarar e aceitar que Jesus é o Messias; é preciso rever a ideia a respeito do Messias, o qual, para construir a nova história, enfrenta os que não querem transformações. Por isso, ele vai sofrer, ser rejeitado e morto. Sua ressurreição será a sua vitória. E quem quiser acompanhar Jesus na sua ação messiânica e participar da sua vitória, terá que percorrer caminho semelhante: renunciar a si mesmo e às glórias do poder e da riqueza. O texto deste domingo se desenrola em três temas: a confissão de Pedro em nome da comunidade, o anúncio da paixão e o convite a seguir o Mestre. Percebemos através das respostas os vários entendimentos a respeito de Jesus. É reconhecido como figura importante na história da humanidade, mas somente os discípulos o reconhecem como o “Messias de Deus”. A partir da resposta de Pedro, o Mestre chama a atenção dos discípulos para esclarecê-los de que não será um “Messias poderoso, conquistador e triunfalista”, mas apenas o “Filho do Homem”, que sofrerá, será rejeitado e entregue às autoridades, que o condenarão à morte. Será o Messias doador da própria vida em favor dos mais vulneráveis e desprezados. Jesus assume a causa dos pobres e, por isso, será condenado à morte. Seu sofrimento e sua morte não são um desejo masoquista dele, nem é vontade de Deus que assim aconteça, mas são consequência de sua fidelidade ao Pai. Além disso, convida quem estiver disposto a segui-lo, devendo renunciar a tudo o que possa impedir o seguimento fiel. Quem quiser segui-lo terá de se identificar com seu projeto, sabendo que poderá ser desafiado a ponto de doar a própria vida. Renunciar a si mesmo é desfazer-se da ambição do enriquecimento, do poder e da glória.

Gálatas 3, 26-29 A chegada da fé.

26 De fato, vocês todos são filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo, 27 pois todos vocês, que foram batizados em Cristo, se revestiram de Cristo. 28 Não há mais diferença entre judeu e grego, entre escravo e homem livre, entre homem e mulher, pois todos vocês são um só em Jesus Cristo. 29 E se vocês pertencem a Cristo, então vocês são de fato a descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa. Comentário: * 25-29: O papel da Lei terminou com a chegada de Cristo. Pela fé nele e pelo batismo, os homens se revestem de Cristo, isto é, são transformados para se tornarem imagem dele (cf. Cl 3,11). Em Cristo, portanto, os homens ficam libertos de qualquer lei e de qualquer diferença que possa privilegiar uns e marginalizar outros.