quinta-feira, 2 de junho de 2022
João 21, 15-19 Para dirigir a comunidade, é preciso amar.
* 15 Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: "Simão, filho de João, você me ama mais do que estes outros?" Pedro respondeu: "Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo." Jesus disse: "Cuide dos meus cordeiros." 16 Jesus perguntou de novo a Pedro: "Simão, filho de João, você me ama?" Pedro respondeu: "Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo." Jesus disse: "Tome conta das minhas ovelhas." 17 Pela terceira vez Jesus perguntou a Pedro: "Simão, filho de João, você me ama?" Então Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Disse a Jesus: "Senhor, tu conheces tudo, e sabes que eu te amo." Jesus disse: "Cuide das minhas ovelhas. 18 Eu garanto a você: quando você era mais moço, você colocava o cinto e ia para onde queria. Quando você ficar mais velho, estenderá as suas mãos, e outro colocará o cinto em você e o levará para onde você não quer ir." 19 Jesus falou isso aludindo ao tipo de morte com que Pedro iria glorificar a Deus. E Jesus acrescentou: "Siga-me."
Comentário:
* 15-23: A ideia de superioridade e domínio no exercício do pastoreio é absolutamente contrária ao ensino e atitude de Jesus, que considera todos os seus discípulos como amigos e irmãos. O verdadeiro pastor é aquele que segue a Jesus, colocando-se a serviço da comunidade e sendo capaz de amá-la até o fim, dando por ela até a própria vida.
Nossa vocação é algo muito particular e próprio; contudo, ela não nos foi dada para nós mesmos. Nossa vocação alcança sua plenitude quando é posta a serviço dos irmãos e irmãs e da comunidade. Uma vocação encerrada em si mesma não desabrocha como deveria; como no caso de uma árvore malcuidada que não produz frutos abundantes nem saborosos o suficiente. Vocação significa compromisso que, por sua vez, implica responsabilidade. Pedro, por amor ao Mestre, é chamado a alimentar as ovelhas; e nós, em nossa vocação, por amor ao Mestre, somos chamados a realizar quais atividades? Por amor (e somente por amor) somos capazes de compreender situações duras e penosas, não por comodismo ou covardia, mas porque entendemos que seguir o Mestre pode ser algo extremamente perigoso. O Espírito Santo prometido vem em nosso socorro; mantenhamos a fé!
quarta-feira, 1 de junho de 2022
João 17, 20-26 A unidade no amor.
* 20 "Eu não te peço só por estes, mas também por aqueles que vão acreditar em mim por causa da palavra deles, 21 para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. E para que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo acredite que tu me enviaste. 22 Eu mesmo dei a eles a glória que tu me deste, para que eles sejam um, como nós somos um. 23 Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade, e para que o mundo reconheça que tu me enviaste e que os amaste, como amaste a mim.
24 Pai, aqueles que tu me deste, eu quero que eles estejam comigo onde eu estiver, para que eles contemplem a minha glória que tu me deste, pois me amaste antes da criação do mundo.
25 Pai justo, o mundo não te reconheceu, mas eu te reconheci. Estes também reconheceram que tu me enviaste. 26 E eu tornei o teu nome conhecido para eles. E continuarei a torná-lo conhecido, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu mesmo esteja neles."
Comentário:
* 20-26: Graças ao testemunho dos discípulos, as comunidades cristãs do futuro vão acreditar e se comprometer com Jesus. Na unidade do amor, as comunidades serão o sacramento ou expressão da presença atuante de Jesus, lembrando continuamente o próprio Jesus, que é o dom que o Pai concedeu aos homens.
O amor com que Jesus amou os seus é fruto da relação de amor que o une ao Pai. Talvez nos seja difícil compreender o que significa esse amor; contudo, temos uma vida inteira para vivenciar esse processo de encontro com Deus em Jesus por meio do Espírito. Aqui, não há mágica ou algo que seja sobrenatural, mas sim compromisso e adesão ao que é mais caro a Jesus: a promoção de ser humano na forma mais elevada. Como dito acima, trata-se de algo processual, ou seja, comporta uma série de altos e baixos, acertos e fadigas que não são novidade para o homem e a mulher, pois esses movimentos fazem parte do seu cotidiano. De modo particular, os textos apresentados por João, o evangelista, requerem de cada um de nós atenção, postura de abertura e meditação comprometida. Só assim, alcançaremos o que ele tem a nos comunicar hoje.
terça-feira, 31 de maio de 2022
João 17, 11-19 Os discípulos de Jesus rompem com o mundo.
11 Eu já não estou no mundo. Eles permanecem no mundo, enquanto eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, o nome que tu me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um. 12 Quando eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, o nome que tu me deste. Eu os protegi e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. 13 Agora eu vou para junto de ti. Entretanto, continuo a dizer essas coisas neste mundo, para que eles possuam toda a minha alegria. 14 Eu dei a eles a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não pertencem ao mundo, como eu não pertenço ao mundo.
15 Não te peço para tirá-los do mundo, mas para guardá-los do Maligno. 16 Eles não pertencem ao mundo, como eu não pertenço ao mundo. 17 Consagra-os com a verdade: a verdade é a tua palavra. 18 Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os envio ao mundo. 19 Em favor deles eu me consagro, a fim de que também eles sejam consagrados com a verdade.”
Comentário:
* 6-19: Os discípulos vão continuar a missão de Jesus. Como Jesus, eles romperam com a mentalidade perversa do sistema que rege a sociedade. A missão deles, porém, não é sair do “mundo”, e sim permanecerem unidos, presentes no meio da sociedade, dando testemunho de Jesus. O Pai os protegerá de se contaminarem com o espírito do “mundo”, a cujas ameaças e seduções eles não cederão.
O texto que o evangelista João nos apresenta é uma oração proferida por Jesus. Trata-se de uma oração de intercessão na qual Jesus pede ao Pai que proteja e guarde os seus seguidores. Há pontos diversos que podem ser considerados nessa oração; contudo, poderíamos dizer de forma simples que Jesus pede para que Deus os confirme no caminho que foi assumido e que deve continuar sendo trilhado, mesmo com a ausência física de Jesus. Sim, a presença física de Jesus é importante e fundamental, mas, uma vez que isso não é mais possível, estando no mundo, que se lide com a realidade que cerca os filhos da luz com a própria luz. Em meio às contradições do mundo, os seguidores de Jesus são chamados a iluminar e amar e, com isso, fazer a diferença que gera questionamentos e transformações. A santificação não está necessariamente numa vida recolhida e protegida de tudo, mas no enfrentamento, em Deus, das dificuldades que surgem.
segunda-feira, 30 de maio de 2022
Lucas 1, 39-56 João aponta o Messias.
-* 39 Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, às pressas, a uma cidade da Judéia. 40 Entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 Com um grande grito exclamou: “Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre! 43 Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? 44 Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre. 45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu.”
O cântico de Maria -* 46 Então Maria disse: “Minha alma proclama a grandeza do Senhor, 47 meu espírito se alegra em Deus, meu salvador, 48 porque olhou para a humilhação de sua serva. Doravante todas as gerações me felicitarão, 49 porque o Todo-poderoso realizou grandes obras em meu favor: seu nome é santo, 50 e sua misericórdia chega aos que o temem, de geração em geração. 51 Ele realiza proezas com seu braço: dispersa os soberbos de coração, 52 derruba do trono os poderosos e eleva os humildes; 53 aos famintos enche de bens, e despede os ricos de mãos vazias. 54 Socorre Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55 - conforme prometera aos nossos pais - em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre.” 56 Maria ficou três meses com Isabel; e depois voltou para casa.
Comentário:
* 39-45: Ainda no seio de sua mãe, João Batista recebe o Espírito prometido (1,15). Reconhece o Messias e o aponta através da exclamação de sua mãe Isabel.
* 46-56: O cântico de Maria é o cântico dos pobres que reconhecem a vinda de Deus para libertá-los através de Jesus. Cumprindo a promessa, Deus assume o partido dos pobres, e realiza uma transformação na história, invertendo a ordem social: os ricos e poderosos são depostos e despojados, e os pobres e oprimidos são libertos e assumem a direção dessa nova história.
A festa da Visitação de Nossa Senhora foi celebrada pelos franciscanos no final do século XIII, mas somente a partir do século XV foi introduzida progressivamente no calendário universal da Igreja. Com esta festa, a partir do papa Bonifácio IX, dá-se ênfase à participação de Maria no mistério pascal-pentecostal de Cristo, que inaugura o caminho missionário da Igreja. Ao visitar sua prima, Maria foi movida pelo desejo de comunicar-lhe a alegria pela obra maravilhosa que nela Deus realizara. Grávida de Jesus, Maria é a morada de Deus, e como tal é reverenciada por Isabel. Deus vem, afinal, morar entre nós, porém sua morada não é mais um templo de pedra, é uma pessoa! Doravante não será mais com pedras que se há de construir a habitação de Deus na terra, mas será com a fé, o amor, a esperança.
domingo, 29 de maio de 2022
João 16, 29-33 A vitória sobre o mundo.
29 Os discípulos disseram: "Agora estás falando claramente e sem comparações. 30 Agora sabemos que tu sabes todas as coisas, e que é inútil alguém te fazer perguntas. Agora sim, acreditamos que saíste de junto de Deus." 31 Jesus disse: "Agora vocês acreditam? 32 Vem a hora, e já chegou, em que vocês se espalharão, cada um para o seu lado, e me deixarão sozinho. Mas eu não estou sozinho, pois o Pai está comigo. 33 Eu disse essas coisas, para que vocês tenham a minha paz. Neste mundo vocês terão aflições, mas tenham coragem; eu venci o mundo"»
Comentário:
* 25-33: Jesus não engana seus seguidores: o futuro é tempo de testemunho em meio a lutas e perseguições. Mas é também tempo de confiança e paz, pois os cristãos podem contar com o amor do Pai. E desde já podem estar certos da vitória: Jesus já venceu todos os adversários. Para quem acredita em Jesus, a ordem social injusta, que condena o justo inocente, está condenada ao fracasso para sempre.
O grande ciclo litúrgico da Páscoa está chegando ao fim: estamos em sua última semana. Fizemos um percurso que teve início na Quarta-feira de Cinzas e culminará com a vinda do Espírito Santo. É bom lembrar que estamos diante de um movimento que se propõe preparar de modo imediato para o batismo os catecúmenos. Após serem batizados na Vigília Pascal os neobatizados passavam a integrar de forma plena a comunidade cristã e, com isso, tornavam-se novos anunciadores da Palavra. É esse grande mistério que revivemos a cada ano em movimento ascendente. Somos convidados a retomar nosso caminho de fé e dar passos mais consistentes e amadurecidos. A partida de Jesus não significa ausência, o mundo, ou seja, as aflições de qualquer natureza podem ser vencidas.
sábado, 28 de maio de 2022
Lucas 24, 46-53 A missão cristã.
46 E continuou:"Assim está escrito: ‘O Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia, 47 e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. 48 E vocês são testemunhas disso.
49 Agora eu lhes enviarei aquele que meu Pai prometeu. Por isso, fiquem esperando na cidade, até que vocês sejam revestidos da força do alto."
50 Então Jesus levou os discípulos para fora da cidade, até Betânia. Aí, ergueu as mãos e os abençoou. 51 Enquanto os abençoava, afastou-se deles, e foi levado para o céu. 52 Eles o adoraram, e depois voltaram para Jerusalém, com grande alegria. 53 E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus.
Comentário:
* 44-53: A missão cristã nasce da leitura das Escrituras, onde se percebe o testemunho de Jesus (vida-morte-ressurreição) como seu centro e significado. Essa missão continua no anúncio de Jesus a todos os povos, e provoca a transformação da história a partir da atividade de Jesus voltada para os pobres e oprimidos. A conversão e o perdão supõem percorrer o caminho de Jesus na própria vida e nos caminhos da história. A missão é iluminada pelo Espírito do Pai e de Jesus (a "força que vem do alto").
Lucas termina seu Evangelho com o discurso de Jesus aos seus discípulos reunidos em Jerusalém e lhes abre o coração para compreenderem o plano divino já anunciado na Escritura. Depois disso, leva-os a Betânia, onde se despede com a solene bênção. Na sua ascensão, Jesus conclui sua missão e confirma aos discípulos o compromisso de levar aos povos a salvação realizada no acontecimento pascal. A missão consiste em “pregar o arrependimento e o perdão dos pecados”, para aderir ao Deus que ressuscitou Jesus, acolhendo sua palavra. Para realizarem a missão, os seguidores contam com a presença e a força do Espírito Santo. Portanto, Jesus termina sua missão terrena e se despede fisicamente da comunidade, mas continua presente com seu Espírito, para animá-la e fortalecê-la na missão que lhe foi confiada. É com a força desse Espírito que os cristãos poderão enfrentar as adversidades e os desafios que se opõem ao projeto de Jesus: vida digna para todas as pessoas. O Evangelho termina como começou: no templo de Jerusalém, ponto de chegada e ponto de partida do novo povo de Deus. Jesus foi levado para o céu, destino de todos os que acreditam nele e procuram viver o que ele viveu e ensinou. Nossa vida terrena tem limite, mas a felicidade eterna será permanente.
Efésios 1, 17-23 Agradecimento e pedido.
17 Que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, lhes dê um espírito de sabedoria que lhes revele Deus, e faça que vocês o conheçam profundamente. 18 Que lhes ilumine os olhos da mente, para que compreendam a esperança para a qual ele os chamou; para que entendam como é rica e gloriosa a herança destinada ao seu povo; 19 e compreendam o grandioso poder com que ele age em favor de nós que acreditamos, conforme a sua força poderosa e eficaz. 20 Ele a manifestou em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita no céu, 21 muito acima de qualquer principado, autoridade, poder e soberania, e de qualquer outro nome que se possa nomear, não só no presente, mas também no futuro. 22 De fato, Deus colocou tudo debaixo dos pés de Cristo e o colocou acima de todas as coisas, como Cabeça da Igreja, 23 a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que plenifica tudo em todas as coisas.
Comentário:
* 15-23: Pela fé, os cristãos possuem uma sabedoria que supera qualquer outro conhecimento: sabem que Deus manifestou em Jesus Cristo a sua força, destronizando todos os poderes que até agora aprisionam a vida, e libertando os homens para uma esperança nova diante do futuro.
Nesta carta, a Igreja ideal se identifica praticamente com o Reino e, portanto, ultrapassa meras concretizações históricas. Como corpo e plenitude de Cristo, ela se torna a meta para a qual caminhamos. Paulo se refere a uma Igreja santa, a um modelo ideal que exige conversão contínua da Igreja real que vive na história.
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