segunda-feira, 22 de março de 2021

João 8, 21-30 O pecado é rejeitar uma ordem nova.

21 Jesus continuou dizendo: “Eu parto e vós me procurareis, mas morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, vós não podeis ir”. 22Os judeus comentavam: “Por acaso, vai-se matar? Pois ele diz: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’?” 23Jesus continuou: “Vós sois daqui de baixo, eu sou do alto. Vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. 24Disse-vos que morrereis nos vossos pecados, porque, se não acreditais que eu sou, morrereis nos vossos pecados”. 25Perguntaram-lhe, pois: “Quem és tu então?” Jesus respondeu: “O que vos digo desde o começo. 26Tenho muitas coisas a dizer a vosso respeito e a julgar também. Mas aquele que me enviou é fidedigno, e o que ouvi da parte dele é o que falo para o mundo”. 27Eles não compreenderam que lhes estava falando do Pai. 28Por isso, Jesus continuou: “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou e que nada faço por mim mesmo, mas apenas falo aquilo que o Pai me ensinou. 29Aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho, porque sempre faço o que é de seu agrado”. 30Enquanto Jesus assim falava, muitos acreditaram nele.

Comentário:

* 21-30: O pecado que leva à morte é permanecer fechado neste mundo de baixo, isto é, dentro de uma ordem sociorreligiosa injusta. Jesus é a presença atuante do Deus do êxodo ("Eu Sou , cf. Ex 3,14), que liberta o povo da escravidão e o conduz para uma vida nova, desejada por Deus (" mundo de cima" ). É através da sua morte que Jesus realiza esse êxodo.

Jesus continua seu diálogo tenso com os fariseus sobre o assunto da partida próxima. Num primeiro momento, Jesus denuncia os pecados dos seus opositores e anuncia a distância que existe entre os dois lados. Em seguida, faz sua autorrevelação. Mas os fariseus pouco entendem do que o Mestre está falando. Esse ruído na comunicação é compreensível, pois eles são “daqui debaixo e deste mundo”, enquanto Jesus é “lá de cima e de outro mundo”. “Quem és tu?”, perguntam os adversários. A exemplo do Deus do êxodo, Jesus responde “Eu Sou”. Só a partir da cruz muitos reconhecerão quem ele é e acreditarão nele. Como o Deus do êxodo, Jesus é presença atuante que liberta o povo que a ele adere e o conduz para uma vida melhor, “o mundo lá de cima”. Por meio da cruz, Jesus realiza seu êxodo e o êxodo do povo.

Oração
Ó Mestre e Senhor, não foi fácil explicar ao mundo a tua identificação com o Pai celeste. E dizias: “Quando vocês levantarem o Filho do Homem, irão saber então que Eu Sou”. Abre nossa mente para entendermos quem tu és e aumenta nossa fé para te acolher como o Filho de Deus. Amém.

 

domingo, 21 de março de 2021

João 8, 1-11 Jesus não veio para condenar.

 1Jesus foi para o monte das Oliveiras. 2De madrugada, voltou de novo ao templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. 3Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Colocando-a no meio deles, 4disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. 5Moisés, na Lei, mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?” 6Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. 7Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. 8E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. 9E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho com a mulher, que estava lá, no meio, em pé. 10Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” 11Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu também não te condeno. Podes ir e, de agora em diante, não peques mais”.

Comentário:

* 1-11: Mais uma vez Jesus mostra que a pessoa humana está acima de qualquer lei. Os homens não podem julgar e condenar, porque nenhum deles está isento de pecado. O próprio Jesus não veio para julgar, pois o Pai não quer a morte do pecador, e sim que ele se converta e viva (Ez 18,23.32).

Enquanto Jesus ensina no templo, as autoridades judaicas lhe trazem uma “mulher pega em adultério”. Invocam a Lei de Moisés para ouvir a opinião do Mestre na esperança de que ele a condene. Jesus não ligou muito para aquilo que diziam. Diante da insistência, ele os desafiou: quem não tiver pecado atire a pedra contra ela. Ninguém atirou a pedra, e Jesus não condenou a pobre mulher. O Mestre não nega a Lei, mas a supera em seus limites: a Lei condena a pessoa, Jesus condena o pecado; a Lei vê o ato em si, Jesus vê o coração da pessoa. Essa atitude de Jesus deveria corrigir a imagem de um Deus castigador, levar a comunidade a ser mais misericordiosa e desmascarar nossas atitudes intolerantes, arrogantes e preconceituosas. Por meio de suas atitudes, o Mestre nos revela a bondade e o amor que o seu e nosso Pai tem pelas pessoas.

Oração
Ó incomparável Mestre, tua atitude diante da mulher adúltera desconcertou os escribas e fariseus que buscavam motivos para te acusar. Teus gestos e sábia resposta vêm atravessando os séculos, confirmando que ninguém está autorizado a matar uma pessoa por um pecado cometido ou um erro praticado. Amém.

sábado, 20 de março de 2021

João 12, 20-33 A missão do verdadeiro Messias.

 20Havia alguns gregos entre os que tinham subido a Jerusalém para adorar durante a festa. 21Aproximaram-se de Filipe, que era de Betsaida da Galileia, e disseram: “Senhor, gostaríamos de ver Jesus”. 22Filipe combinou com André, e os dois foram falar com Jesus. 23Jesus respondeu-lhes: “Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado. 24Em verdade, em verdade vos digo, se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto. 25Quem se apega à sua vida perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. 26Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará. 27Agora, sinto-me angustiado. E que direi? ‘Pai, livra-me desta hora’? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. 28Pai, glorifica o teu nome!” Então, veio uma voz do céu: “Eu o glorifiquei e o glorificarei de novo!” 29A multidão que aí estava e ouviu, dizia que tinha sido um trovão. Outros afirmavam: “Foi um anjo que falou com ele”. 30Jesus respondeu e disse: “Essa voz que ouvistes não foi por causa de mim, mas por causa de vós. É agora o julgamento deste mundo. Agora o chefe deste mundo vai ser expulso, 32e eu, quando for elevado da terra, atrairei todos a mim”. 33Jesus falava assim para indicar de que morte iria morrer.

Comentário:

* 12-36: Temos aqui duas concepções sobre o Messias. Seguindo a tradição transmitida pelos dirigentes, o povo aclama Jesus como um rei político. Mais tarde, essa ideia será transformada em motivo da condenação de Jesus. Por outro lado, Jesus se apresenta como o Messias predito pelas Escrituras, mostrando porém sua verdadeira missão: dar a vida para salvar e reunir o povo.

Alguns gregos, por meio de Filipe, que era da Galileia, pedem uma entrevista com Jesus. É um momento grave: “Agora estou interiormente perturbado”. A linguagem de Jesus é realista, crua e surpreendente, capaz de paralisar os visitantes estrangeiros. Com efeito, Jesus lhes fala do grão de trigo, que precisa morrer para dar frutos; diz que quem se apega à própria vida vai perdê-la; afirma que, agora, é o julgamento deste mundo e que o chefe deste mundo vai ser posto para fora. A breve mensagem de Jesus discorre, pois, sobre luta, entrega da vida, morte, mas também faz referência à vida, à elevação, à glorificação. Trata-se do trajeto de Jesus, que oferece ao Pai a sua vida: “Foi para esta hora que eu vim”. É também o trajeto de todos os cristãos: “Se alguém quer servir a mim, que me siga”.

Oração
Senhor e Redentor nosso, Jesus Cristo, ao chegares a Jerusalém, despertas o interesse também de estrangeiros, que se manifestam, dizendo: “Queremos ver Jesus”. Em tua resposta, revelas tua verdadeira identidade: “O Filho do Homem vai ser glorificado”, atravessando o caminho da cruz. Amém.

Hebreus 5, 7-9 Jesus é misericordioso com os homens.

 7Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. 8Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. 9Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.

Comentário:

 * 5,10: Os cristãos não devem temer a Jesus, mas aproximar-se dele confiantes, certos de sua acolhida misericordiosa. A figura do sumo sacerdote se realiza plenamente em Jesus, de modo superior ao sacerdócio de Aarão e de qualquer liturgia terrena. Cristo atravessou o céu (4,14) e, ressuscitado, vive para sempre aquela "justa compaixão" que testemunhou aos homens no momento da Paixão. Como Filho, e do mesmo modo que o misterioso Melquisedec, Jesus se empenha para sempre, com toda a sua pessoa, na súplica e no sacrifício. A Paixão é vista aqui como a mais solene prece de intercessão e o mais sublime ato de obediência.

Os vv. 9-10 anunciam o tema da próxima parte: levado à perfeição, Jesus tornou-se o princípio de salvação eterna, pois recebeu de Deus o título de sumo sacerdote.

sexta-feira, 19 de março de 2021

João 7, 40-53 A manifestação de Jesus provoca divisão.

 40Ao ouvirem as palavras de Jesus, algumas pessoas da multidão diziam: “Este é, verdadeiramente, o profeta”. 41Outros diziam: “Ele é o Messias”. Mas alguns objetavam: “Porventura o Messias virá da Galileia? 42Não diz a Escritura que o Messias será da descendência de Davi e virá de Belém, povoado de onde era Davi?” 43Assim, houve divisão no meio do povo por causa de Jesus. 44Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém pôs as mãos nele. 

As autoridades recusam ouvir Jesus - 45Então, os guardas do templo voltaram para os sumos sacerdotes e os fariseus, e estes lhes perguntaram: “Por que não o trouxestes?” 46Os guardas responderam: “Ninguém jamais falou como este homem”. 47Então, os fariseus disseram-lhes: “Também vós vos deixastes enganar? 48Por acaso algum dos chefes ou dos fariseus acreditou nele? 49Mas essa gente que não conhece a Lei é maldita!” 50Nicodemos, porém, um dos fariseus, aquele que se tinha encontrado com Jesus anteriormente, disse: 51“Será que a nossa Lei julga alguém antes de o ouvir e saber o que ele fez?” 52Eles responderam: “Também tu és galileu, porventura? Vai estudar e verás que da Galileia não surge profeta”. 53E cada um voltou para sua casa.

Comentário:

* 25-36.40-44: Os dirigentes dos judeus tentam prender Jesus, que para eles é uma ameaça. E no meio do povo a divisão continua: o tema da discussão é sobre a origem do Messias. Uns não aceitam Jesus, baseados numa tradição teórica sobre a origem do Messias. Outros, que já são muitos, acreditam que Jesus é o Messias, porque prestam atenção na sua prática libertadora e vêem nisso sinal da presença de Deus. E Jesus então mostra o verdadeiro critério para reconhecer o Messias: não é o lugar de sua origem, mas o fato de ele ser o enviado de Deus, cuja atividade seja reconhecida pelas obras que faz.

* 45-53: Aqueles que detêm o poder não toleram a mensagem de Jesus, porque ela acabaria com todos os seus privilégios. Por isso, amaldiçoam o povo simples e procuram prender Jesus, usando a Lei como arma repressiva.

Continua a polêmica sobre a identidade e a origem de Jesus. Há controvérsias entre o povo e as autoridades do templo: uns consideram-no um profeta e Messias que impressiona pelo seu falar; outros dizem que da Galileia não se pode esperar profeta algum e propõem prendê-lo e julgá-lo. Nicodemos intervém, dizendo que ninguém deve ser julgado e condenado antes de ser ouvido e saber o que fez para ser condenado. O Evangelho nos alerta sobre o risco de julgar e condenar alguém pelo simples “ouvi dizer” e sem provas, muitas vezes movidos por interesses egoístas. Antes de julgar e condenar alguém, se faz necessário abrir bem o coração para captar os pensamentos de Deus. As palavras e as ações de Jesus deveriam ser suficientes para tomar uma posição a seu favor e tornar-se seu discípulo.

Oração
Senhor e Mestre, a teu respeito havia desacordo no meio do povo. Uns contra, outros a favor. Alguns te atacavam negando a tua origem divina; outros te acolhiam como o enviado do Pai celeste. Queremos, Jesus, pertencer ao número dos que te compreendem e seguem fielmente. Amém.

quinta-feira, 18 de março de 2021

Mateus 1, 16-18.18-21.24 Jesus, o Messias, realiza as promessas de Deus.

 16Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Cristo. 

O começo de uma nova história - 18A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. 19José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria em segredo. 20Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe em sonho e lhe disse: “José, filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. 21Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”. 24Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado.

Comentário:

* 1-17: Em Jesus, continua e chega ao ápice toda a história de Israel. Sua árvore genealógica apresenta-o como descendente direto de Davi e Abraão. Como filho de Davi, Jesus é o Rei-Messias que vai instaurar o Reino prometido. Como filho de Abraão, ele estenderá o Reino a todos os homens, através da presença e ação da Igreja.

* 18-25: Jesus não é apenas filho da história dos homens. É o próprio Filho de Deus, o Deus que está conosco. Ele inicia nova história, em que os homens serão salvos (Jesus = Deus salva) de tudo o que diminui ou destrói a vida e a liberdade (os pecados).

José era um “homem justo”, uma pessoa honrada, temente a Deus. Mesmo não compreendendo a gravidez de Maria, José manteve uma atitude de discrição e respeito. Até que, em sonho, o Senhor lhe desvendou o mistério (cf. Mt 1,20-21). José foi desafiado a percorrer o caminho da fé, pois estava a serviço de uma história que ultrapassava seus projetos pessoais. Estava a serviço da história da salvação. Protegeu Maria e seu filho da cruel perseguição de Herodes. Viveu momentos de aflição quando perdeu de vista o adolescente Jesus, encontrando-o depois no Templo. Numa palavra, José viveu em constante sintonia com Deus, ao lado de Maria, e, com ela, velava atentamente os passos de Jesus, que “crescia e ficava forte, cheio de sabedoria. E a graça de Deus estava sobre ele” (Lc 2,40).

Oração
Ó Jesus adolescente, aos doutores da Lei escutas com atenção e os interrogas com inteligência, no templo de Jerusalém. És aprendiz, mas, acima de tudo, és Mestre, porque falas a respeito das realidades do Pai celeste. Dá-nos, Senhor, abertura de coração para acolher e praticar teus ensinamentos. Amém.

Romanos 4, 13.16-18-22 Os herdeiros de Abraão.

 13Não foi por causa da Lei, mas por causa da justiça que vem da fé, que Deus prometeu o mundo como herança a Abraão ou à sua descendência. 16É em virtude da fé que alguém se torna herdeiro. Logo, a condição de herdeiro é uma graça, um dom gratuito, e a promessa de Deus continua valendo para toda a descendência de Abraão, tanto para a descendência que se apega à Lei quanto para a que se apoia somente na fé de Abraão, que é o pai de todos nós. 17Pois está escrito: “Eu fiz de ti pai de muitos povos”. Ele é pai diante de Deus porque creu em Deus, que vivifica os mortos e faz existir o que antes não existia. 

O que é ter fé - 18Contra toda a humana esperança, ele firmou-se na esperança e na fé. Assim, tornou-se pai de muitos povos, conforme lhe fora dito: “Assim será a tua posteridade”. 22Esta sua atitude de fé lhe foi creditada como justiça.

Comentário:

* 13-17: Em vista da justiça que vem da fé, Abraão recebeu gratuitamente de Deus a promessa de se tornar herdeiro do mundo. Ora, a promessa feita a Abraão permanece e é transmitida como herança aos seus descendentes. Todavia, os autênticos descendentes e herdeiros são aqueles que Deus justifica através da fé, como fez com Abraão, e não os que se limitam a observar a Lei.

* 18-25: Ter fé e entregar a própria vida a Deus é esperar contra toda esperança. Abraão acreditou que ia ser pai quando sua velhice e a esterilidade de Sara diziam o contrário. A justiça de Abraão é a fé confiante de que Deus pode realizar tudo o que promete. Nós também somos justificados por Deus quando acreditamos que ele ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos, para nos livrar da morte do pecado e nos dar a vida nova.