quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Lucas 9, 7-9 Jesus começa a inquietar.

* 7 O governador Herodes ouviu falar de tudo o que estava acontecendo, e ficou sem saber o que pensar, porque alguns diziam que João Batista tinha ressuscitado dos mortos; 8 outros diziam que Elias tinha aparecido; outros ainda, que um dos antigos profetas tinha ressuscitado. 9 Então Herodes disse: “Eu mandei degolar João. Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?” E queria ver Jesus. Comentário: * 7-9: A palavra e ação de Jesus deixam o povo e as autoridades sem saber o que pensar. É que a presença dele força todo mundo a se perguntar: “Quem é esse homem?” O encontro de Jesus e Herodes acontecerá na Paixão (23,6-12). A ação de Jesus ganha cada vez mais repercussão, e todos querem saber quem é esse homem que realiza grandes obras. Ele representa uma novidade tamanha que todos ficam confusos acerca da sua identidade. O próprio rei Herodes, ao ouvir relatos sobre a palavra e ação de Jesus, é tomado por um grande temor e curiosidade. Deseja vê-lo, quer conhecê-lo. Mas não basta ver Jesus para saber quem ele é. É preciso reconhecê-lo através da fé. Esse pequeno detalhe nos mostra que somente somos capazes de “ver” claramente quem é Jesus à luz do acontecimento pascal. Somos, portanto, privilegiados, pois hoje conhecemos Jesus verdadeiramente como ele é, mas só descobriremos a profundidade da mensagem evangélica quando abrirmos nosso coração para acolher Jesus como verdadeiro Messias.

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Lucas 9, 1-6 A missão dos discípulos.

* 1 Jesus convocou os Doze, e lhes deu poder e autoridade sobre os demônios e para curar as doenças. 2 E os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar. 3 E disse-lhes: “Não levem nada para o caminho: nem bastão, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas. 4 Em qualquer casa onde vocês entrarem, fiquem aí, até vocês se retirarem do lugar. 5 E todos aqueles que não os acolherem, vocês, ao sair da cidade, sacudam a poeira dos pés, como protesto contra eles.” 6 Os discípulos partiram, e percorriam os povoados, anunciando a Boa Notícia, e fazendo curas em todos os lugares. Comentário: * 9,1-6: Cf. nota em Mc 6, 6b-13: Os discípulos são enviados para continuar a missão de Jesus: pedir mudança radical da orientação de vida (conversão), desalienar as pessoas (libertar dos demônios), restaurar a vida humana (curas). Os discípulos devem estar livres, ter bom senso e estar conscientes de que a missão vai provocar choque com os que não querem transformações. Enviando os discípulos, Jesus confere-lhes poder e autoridade sobre as coisas que escravizam as pessoas. O pecado pode ser entendido como uma forma de escravidão, através da qual nos sujeitamos aos instintos do mundo: egoísmo, idolatria, inveja, ira, ambição, inimizades, ciúmes e outras realidades semelhantes. Deus, que nunca nos abandona, atrai-nos continuamente para a liberdade, que se expressa na comunidade dos discípulos, enviados ao mundo para proclamar a Boa-nova do Reino e curar os enfermos. Os discípulos praticam a liberdade, indo de cidade em cidade sem levar nada pelo caminho: “nem bastão, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas”. O desprendimento total dos instintos e dos bens terrenos, associado à confiança em Deus, são características essenciais da comunidade liberta por Cristo da escravidão do pecado.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Lucas 8, 19-21 A verdadeira família de Jesus.

* 19 A mãe e os irmãos de Jesus se aproximaram, mas não podiam chegar perto dele por causa da multidão. 20 Então anunciaram a Jesus: “Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem te ver.” 21 Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática.” Comentário: * 19-21: Jesus instaura novas relações entre os homens, que começam a existir quando os homens põem em prática a palavra do Evangelho, continuando a missão de Jesus. Lucas também menciona a família biológica de Jesus. Isso serve para mostrar uma importante transformação na ação de Cristo: no início do Evangelho, vemos um lugar de grande destaque dado a Maria, que concebeu por ação do Espírito Santo; a Palavra de Deus que fecundou o ventre de Maria agora fecunda a comunidade dos discípulos, sua nova família, formada por todos os que aceitam e vivem seu Evangelho. Em Cristo, somos todos irmãos e irmãs, filhos e filhas de Deus, nosso Pai amoroso e misericordioso. Dessa família brota o mundo novo, cheio de vida e liberdade para todos.

domingo, 21 de setembro de 2025

Lucas 8, 16-18 Ouvir e agir.

* 16 “Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama. Ele a coloca no candeeiro, a fim de que todos os que entram, vejam a luz. 17 De fato, tudo o que está escondido, deverá tornar-se manifesto; e tudo o que está em segredo, deverá tornar-se conhecido e claramente manifesto. 18 Portanto, prestem atenção como vocês ouvem: para quem tem alguma coisa, será dado ainda mais; para aquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele pensa ter.” Comentário: * 16-18: Cf. nota em Mc 4,21-25. Quem não age, perde até mesmo a compreensão que pensa ter. Nos trechos do Evangelho lidos ao longo desta semana, observaremos como Jesus inicia sua obra de forma modesta, como uma semente que germina lentamente. A luz de que nos fala o Evangelho de hoje é o próprio Cristo, que nos ilumina com sua Palavra. Aquele que se deixa iluminar não consegue esconder essa experiência pessoal que fez de Cristo, por isso a comunica aos seus irmãos e irmãs de toda forma possível, para que muitos outros também sejam iluminados. Nossa sociedade está carente de sinais positivos, sinais de esperança, sinais que só a Palavra de Deus pode dar, por isso ela deve invadir o mundo inteiro, sendo mensageira de amor e de perdão.

sábado, 20 de setembro de 2025

Lucas 16, 1-13 Tomar uma atitude prudente.

-* 1 Jesus dizia aos discípulos: “Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por estar esbanjando os bens dele. 2 Então o chamou, e lhe disse: ‘O que é isso que ouço contar de você? Preste contas da sua administração, porque você não pode mais ser o meu administrador’. 3 Então o administrador começou a refletir: ‘O senhor vai tirar de mim a administração. E o que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. 4 Ah! Já sei o que vou fazer para que, quando me afastarem da administração tenha quem me receba na própria casa’. 5 E começou a chamar um por um os que estavam devendo ao seu senhor. Perguntou ao primeiro: ‘Quanto é que você deve ao patrão?’ 6 Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O administrador disse: ‘Pegue a sua conta, sente-se depressa, e escreva cinquenta’. 7 Depois perguntou a outro: ‘E você, quanto está devendo?’ Ele respondeu: ‘Cem sacas de trigo’. O administrador disse: ‘Pegue a sua conta, e escreva oitenta’ “. 8* E o Senhor elogiou o administrador desonesto, porque este agiu com esperteza. De fato, os que pertencem a este mundo são mais espertos, com a sua gente, do que aqueles que pertencem à luz. 9 “E eu lhes declaro: Usem o dinheiro injusto para fazer amigos, e assim, quando o dinheiro faltar, os amigos receberão vocês nas moradas eternas. 10 Quem é fiel nas pequenas coisas, também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas pequenas, também é injusto nas grandes. 11 Por isso, se vocês não são fiéis no uso do dinheiro injusto, quem lhes confiará o verdadeiro bem? 12 E se não são fiéis no que é dos outros, quem lhes dará aquilo que é de vocês? 13 Nenhum empregado pode servir a dois senhores, porque, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro.” Comentário: * 1-8: Jesus elogia o administrador, que soube tomar atitude prudente. O Reino de Deus já chegou: é preciso tomar uma atitude antes que seja tarde demais; converter-se e viver conforme a mensagem de Jesus. * 9-13: Os vv. 9-13 fazem diversas aplicações da parábola. O v. 9 recomenda o uso da riqueza em favor dos pobres. Os vv. 10-12 mostram que é impossível ser fiel nas grandes coisas, quando somos negligentes nas pequenas. E o v. 13 urge uma decisão: escolher entre o serviço a Deus e o serviço às riquezas (cf. nota em Mt 6,19-24). Jesus conta uma parábola que nos inquieta ao elogiar a criatividade de alguém que pensa no seu sustento futuro. No tempo de Jesus, os grandes fazendeiros tinham seus capatazes que trabalhavam por eles. Esses capatazes nem sempre eram honestos e sinceros. Quando se veem em risco de perder o emprego, usam da criatividade para garantir o próprio futuro. A parábola convida os cristãos a serem criativos e empenhados na construção do Reino de Deus. O Evangelho questiona como é usado o dinheiro, os bens públicos e o que cada um tem. O cristão não pode entrar na lógica do mundo: lucro, acúmulo e exploração. A lógica do Reino é usar o dinheiro para criar amizade: dinheiro e bens partilhados em favor dos mais pobres. Na vida, há uma escolha: permanecer na lógica do mundo, servindo ao dinheiro, ou entrar na lógica do Reino, partilhando os bens. A palavra-chave é a conclusão do texto de hoje: “Ninguém pode servir a dois senhores”, ou seja, ao deus dinheiro (mamona) e ao Deus da vida.

1 Timóteo 2, 1-8 Deus quer salvar a todos.

* 1 Antes de tudo, recomendo que façam pedidos, orações, súplicas e ações de graças em favor de todos os homens, 2 pelos reis e por todos os que têm autoridade, a fim de que levemos uma vida calma e serena, com toda a piedade e dignidade. 3 Isso é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador. 4 Ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. 5 Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem 6 que se entregou para resgatar a todos. Esse é o testemunho dado nos tempos estabelecidos por Deus, 7 e para o qual eu fui designado pregador e apóstolo - digo a verdade, não minto -, doutor das nações na fé e na verdade. 8 Quero, portanto, que os homens orem em todo lugar, erguendo mãos limpas, sem ira e sem discussões. Comentário: * 1-8: O autor recomenda que os cristãos incluam na sua oração todos os homens. É a oração litúrgica universal, impulsionada pela convicção de que Deus enviou seu Filho para salvar o mundo inteiro. Ser Igreja no mundo é testemunhar que o projeto de Deus está aberto para todos.

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Lucas 8, 4-15 Uma colheita custosa.

* 4 Ajuntou-se uma grande multidão, e de todas as cidades as pessoas iam até Jesus. Então ele contou esta parábola: 5 “O semeador saiu para semear a sua semente. Enquanto semeava, uma parte caiu à beira do caminho; foi pisada e os passarinhos foram, e comeram tudo. 6 Outra parte caiu sobre pedras; brotou e secou, porque não havia umidade. 7 Outra parte caiu no meio de espinhos; os espinhos brotaram junto, e a sufocaram. 8 Outra parte caiu em terra boa; brotou e deu fruto, cem por um.” Dizendo isso, Jesus exclamou: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” O mistério da missão de Jesus -* 9 Os discípulos perguntaram a Jesus o significado dessa parábola. 10 Jesus respondeu: “A vocês foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Mas, aos outros ele vem por meio de parábolas, para que olhando não vejam, e ouvindo não compreendam.” Compreender a Palavra nos conflitos -* 11 “A parábola quer dizer o seguinte: a semente é a Palavra de Deus. 12 Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouviram; mas, depois chega o diabo, e tira a Palavra do coração deles, para que não acreditem, nem se salvem. 13 Os que caíram sobre a pedra são aqueles que, ouvindo, acolheram com alegria a Palavra. Mas eles não têm raiz: por um momento, acreditam; mas na hora da tentação voltam atrás. 14 O que caiu entre os espinhos são aqueles que ouvem, mas, continuando a caminhar, se afogam nas preocupações, na riqueza e nos prazeres da vida, e não chegam a amadurecer. 15 O que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo de coração bom e generoso, conservam a Palavra, e dão fruto na perseverança.” Comentário: * 4-8: Cf. nota em Mt 13,1-9: Cf. nota em Mc 4,1-9. Se o Reino já está aqui, por que existem fracassos e conflitos? Jesus trouxe as sementes do Reino, e elas se espalharam pelo mundo. Mas, assim como Jesus encontrou resistência no meio do seu próprio povo, do mesmo modo pessoas e estruturas continuam impedindo a justiça do Reino de se estabelecer entre os homens. Sem dúvida, haverá uma colheita, mas à custa de muitas perdas, isto é, muitos procurarão sufocar as sementes do Reino, antes que chegue a vitória final. Querer negar e fugir dessas dificuldades para a implantação do Reino é não compreender o seu mistério. * 9-10: Cf. nota em Mc 4, 10-12: As parábolas são histórias que ajudam a ler e compreender toda a missão de Jesus. Mas é preciso “estar dentro”, isto é, seguir a Jesus, para perceber que o Reino de Deus está se aproximando através de sua ação. Os que não seguem a Jesus ficam “por fora”, e nada podem compreender. * 11-15: Cf. notas em Mc 4, * 13-20: A explicação da parábola focaliza os vários terrenos, mostrando o efeito que a missão de Jesus (contada pela palavra do Evangelho) tem sobre os ouvintes ou leitores. Cada pessoa vê e entende a partir do lugar que ocupa na sociedade e das dificuldades que encontra para se comprometer com Jesus e para continuar a ação dele. Ao longo desta semana, o Evangelho nos apresentou diversas atividades de Jesus no meio do povo. À primeira vista, parecem ações simples, de pouca importância, mas a parábola do semeador, lida hoje, dá profundidade a toda essa aparente banalidade. Deus não age para provocar uma alteração imprevista nas situações atuais. Sua Palavra age do mesmo modo que o grão semeado na terra, que germina lentamente, mas produz frutos abundantes. A semente continua a ser lançada cada vez que lemos a Bíblia ou participamos da liturgia da Palavra. Mas, para que dê frutos, precisa encontrar um solo fértil, propício para seu crescimento. Nosso coração está preparado para acolher a Palavra de Deus e transformá-la em vida nova?