segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
Marcos 7, 1-13 Jesus desmascara as falsas tradições.
* 1 Os fariseus e alguns doutores da Lei foram de Jerusalém e se reuniram em volta de Jesus. 2 Eles viram então que alguns discípulos comiam pão com mãos impuras, isto é, sem lavar as mãos. 3 Os fariseus, assim como todos os judeus, seguem a tradição que receberam dos antigos: só comem depois de lavar bem as mãos. 4 Quando chegam da praça pública, eles se lavam antes de comer. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre.
5 Os fariseus e os doutores da Lei perguntaram então a Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, pois comem pão sem lavar as mãos?” 6 Jesus respondeu: “Isaías profetizou bem sobre vocês, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas o coração deles está longe de mim. 7 Não adianta nada eles me prestarem culto, porque ensinam preceitos humanos’. 8 Vocês abandonam o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens.”
9 E Jesus acrescentou: “Vocês são bastante espertos para deixar de lado o mandamento de Deus a fim de guardar as tradições de vocês. 10 Com efeito, Moisés ordenou: ‘Honre seu pai e sua mãe’. E ainda: ‘Quem amaldiçoa o pai ou a mãe, deve morrer’. 11 Mas vocês ensinam que é lícito a alguém dizer a seu pai e à sua mãe: ‘O sustento que vocês poderiam receber de mim é Corbã, isto é, consagrado a Deus’. 12 E essa pessoa fica dispensada de ajudar seu pai ou sua mãe. 13 Assim vocês esvaziam a Palavra de Deus com a tradição que vocês transmitem. E vocês fazem muitas outras coisas como essas.”
Comentário:
* 1-13: Jesus desmascara o que está por trás de certas práticas apresentadas como religiosas. E toma um exemplo concreto referente ao quarto mandamento. Corbã era o voto, pelo qual uma pessoa consagrava a Deus os próprios bens, tornando-os intocáveis e reservados ao tesouro do Templo. Aparentemente Deus era louvado, mas na realidade os pais ficavam privados de sustento necessário, enquanto o Templo e os sacerdotes ficavam ainda mais ricos.
A liturgia de hoje entra na parte central do Evangelho de Marcos e reflete sobre questões profundas relacionadas à ética cristã. Jesus nos mostra que a pureza e a impureza não estão ligadas aos sinais externos, como o compreendiam os judeus, mas ao interior de cada pessoa. Somos impuros quando o que está no nosso coração não é digno e não reflete o amor de Deus. Jesus não promove o desprezo da tradição. Ao contrário, quer que se vá à sua raiz, resgatando os valores iniciais apontados por Deus desde a criação do mundo. Enfrenta os doutores da Lei, que estudam a tradição, e os fariseus, que a praticam nos seus mínimos detalhes, pois são incapazes de ver o verdadeiro sentido da fé. Realizam vários rituais externos sem se preocupar com a pureza de coração e a santidade, fundamentais na vida cristã.
domingo, 9 de fevereiro de 2025
Marcos 6, 53-56 Jesus é a presença de Deus.
53 Acabando de atravessar, chegaram à terra, em Genesaré, e amarraram a barca. 54 Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus. 55 Iam de toda a região, levando os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. 56 E onde ele chegava, tanto nos povoados como nas cidades ou nos campos, colocavam os doentes nas praças e pediam que pudessem ao menos tocar a barra da roupa de Jesus. E todos os que tocaram, ficaram curados.
Comentário:
* 45-56: O episódio mostra o verdadeiro Deus sendo revelado em Jesus (“Eu Sou” - cf. Ex 3,14). Os discípulos não conseguem ver a presença de Deus em Jesus, porque não entenderam o acontecimento dos pães. Para quem não entende que o comércio e a posse devem ser substituídos pelo dom e pela partilha, Jesus se torna fantasma ou apenas fazedor de milagres que provoca medo, e não a presença do Deus verdadeiro.
As ações de Jesus prefiguram a nova criação, origem de uma nova humanidade, em que todos são envolvidos pela graça de Deus e participam de seu Reino. Por onde passa, Jesus deixa sinais dessa novidade e, por isso, é procurado e acolhido por todos. No Evangelho de hoje, vemos um resumo de sua atividade messiânica, concluindo o capítulo 6 de Marcos, que descreve sua passagem pelas terras pagãs realizando muitos sinais. Os maiores sinais são sempre a cura de enfermos. É interessante meditar este trecho do Evangelho na véspera do Dia Mundial dos Doentes, celebrado todos os anos em 11 de fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lourdes. Segundo a narração de Marcos, para quem tem fé, basta tocar a veste de Jesus para ser curado. Obviamente, não é o fato de tocar a veste que salva, mas sim a fé e o reconhecimento de que Jesus é verdadeiramente o Messias, o Filho de Deus. Todos os que têm fé, mesmo hoje, sem poder tocar fisicamente em Jesus, podem ser curados através do toque espiritual.
sábado, 8 de fevereiro de 2025
Lucas 5, 1-11 O seguimento de Jesus.
* 1 Certo dia, Jesus estava na margem do lago de Genesaré. A multidão se apertava ao seu redor para ouvir a palavra de Deus. 2 Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago; os pescadores haviam desembarcado, e lavavam as redes. 3 Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões. 4 Quando acabou de falar, disse a Simão: “Avance para águas mais profundas, e lancem as redes para a pesca.” 5 Simão respondeu: “Mestre, tentamos a noite inteira, e não pescamos nada. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes.” 6 Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes, que as redes se arrebentavam. 7 Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que fossem ajudá-los. Eles foram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem. 8 Ao ver isso, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” 9 É que o espanto tinha tomado conta de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer. 10 Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Mas Jesus disse a Simão: “Não tenha medo! De hoje em diante você será pescador de homens.” 11 Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo, e seguiram a Jesus.
Comentário:
Jesus se encontra à beira do lago de Genesaré, onde havia grande multidão que queria ouvir a Palavra de Deus. Para o povo, a Palavra de Jesus era a Palavra de Deus. Depois, subindo na barca de Pedro, Jesus continua ensinando e pede a Pedro que lance as redes em águas mais profundas. Apesar de uma noite infrutífera, conseguem uma abundante pesca. É sinal do Reino de Deus chegando. Obediência à Palavra de Deus provoca resultados positivos. É a confiança na força do Evangelho que produz resultados inesperados. Após o sucesso da pesca, o Mestre chama alguns pescadores para segui-lo e partilhar a missão. De “pescadores de peixes”, transformam-se em “pescadores de gente”. A comunidade cristã é convidada por Jesus a lançar as redes em águas mais profundas, ou seja, ir além da mesmice, enfrentar os desafios da modernidade que lançam à miséria milhares de pessoas. Obedecendo às palavras de Jesus, a Igreja pode recuperar sua força de atração e de credibilidade.
1 Coríntios 15, 1-11 Cristo ressuscitado, fundamento da nossa fé.
* 1 Irmãos, lembro a vocês o Evangelho que lhes anunciei, que vocês receberam e no qual permanecem firmes. 2 É pelo Evangelho que vocês serão salvos, contanto que o guardem do modo como eu lhes anunciei; do contrário, vocês terão acreditado em vão. 3 Por primeiro, eu lhes transmiti aquilo que eu mesmo recebi, isto é: Cristo morreu por nossos pecados, conforme as Escrituras; 4 ele foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; 5 apareceu a Pedro e depois aos Doze. 6 Em seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez; a maioria deles ainda vive, e alguns já morreram.7 Depois apareceu a Tiago e, em seguida, a todos os apóstolos. 8 Em último lugar apareceu a mim, que sou um aborto. 9 De fato eu sou o menor dos apóstolos e não mereço ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus. 10 Mas aquilo que sou, eu o devo à graça de Deus; e sua graça dada a mim não foi estéril. Ao contrário: trabalhei mais do que todos eles; não eu, mas a graça de Deus que está comigo. 11 Portanto, aí está o que nós pregamos, tanto eu como eles; aí está aquilo no qual vocês acreditaram.
Comentário:
* 1-11: A certeza da fé cristã se baseia num fato: a ressurreição de Cristo. Paulo recorda o ensinamento tradicional da Igreja, e o confirma enumerando as testemunhas que viram Cristo ressuscitado. Encontramos aqui os traços principais do Credo e, ao mesmo tempo, o mais antigo testemunho escrito sobre o ensinamento primitivo da Igreja a respeito das aparições de Jesus Cristo.
sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025
Marcos 6, 30-34 O banquete da vida.
* 30 Os apóstolos se reuniram com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31 Havia aí tanta gente que chegava e saía, a tal ponto que Jesus e os discípulos não tinham tempo nem para comer. Então Jesus disse para eles: “Vamos sozinhos para algum lugar deserto, para que vocês descansem um pouco.” 32 Então foram sozinhos, de barca, para um lugar deserto e afastado. 33 Muitas pessoas, porém, os viram partir. Sabendo que eram eles, saíram de todas as cidades, correram na frente, a pé, e chegaram lá antes deles.
34 Quando saiu da barca, Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão, porque eles estavam como ovelhas sem pastor. Então começou a ensinar muitas coisas para eles.
Comentário:
* 30-44: Enquanto Herodes celebra o banquete da morte com os grandes, Jesus celebra o banquete da vida com o povo simples. Marcos não diz o que Jesus ensina, mas o grande ensinamento de toda a cena está no fato de que não é preciso muito dinheiro para comprar comida para o povo. É preciso simplesmente dar e repartir entre todos o pouco que cada um possui. Jesus projeta nova sociedade, onde o comércio é substituído pelo dom, e a posse pela partilha. Mas, para que isso realmente aconteça, é preciso organizar o povo. Dando e repartindo, todos ficam satisfeitos, e ainda sobra muita coisa.
Hoje estão na moda os “influenciadores”. O problema é que muitos desses líderes influenciam negativamente as pessoas e acabam por dispersá-las com tantas doutrinas distintas entre si e às vezes contraditórias. Um cristão nunca deveria definir-se como “influenciador”. Ao contrário, deve caracterizar-se como “evangelizador”, um anunciador do Evangelho e de Cristo, não de si mesmo. Cristo jamais se definiu como líder ou influenciador, mas disse ser o Bom Pastor, aquele que sente compaixão e cuida de suas ovelhas. Aquele que, negando o próprio descanso, conduz as ovelhas para descansar em verdes prados. O cristão não necessita de líderes que o influenciem. Necessita percorrer o caminho que conduz a Cristo, o Bom Pastor, Palavra viva que instrui a humanidade. A própria Igreja é uma rede tecida pela comunhão eucarística, onde a união não se baseia nos likes, mas na verdade, no amém com que cada um adere ao corpo de Cristo, acolhendo os outros”.
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025
Marcos 6, 14-29 O banquete da morte.
* 14 O rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome tinha-se tornado famoso. Alguns diziam: “João Batista ressuscitou dos mortos. É por isso que os poderes agem nesse homem.” 15 Outros diziam: “É Elias.” Outros diziam ainda: “É um profeta como os profetas antigos.” 16 Ouvindo essas coisas, Herodes disse: “Ele é João Batista. Eu mandei cortar a cabeça dele, mas ele ressuscitou!”
17 De fato, Herodes tinha mandado prender João, amarrá-lo e colocá-lo na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, com quem tinha casado, apesar de ser ela a mulher do seu irmão Filipe. 18 João dizia a Herodes: “Não é permitido você se casar com a mulher do seu irmão.” 19 Por isso, Herodíades ficou com raiva de João e queria matá-lo, mas não podia. 20 Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava.
21 Finalmente chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes. E ele fez um banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galileia. 22 A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Peça o que quiser e eu darei a você.” 23 E jurou: “Juro que darei qualquer coisa que você me pedir, mesmo que seja a metade do meu reino.” 24 A moça saiu e perguntou à mãe: “O que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista.” 25 A moça correu para a sala e pediu ao rei: “Quero que me dê agora, num prato, a cabeça de João Batista.” 26 O rei ficou muito triste. Mas não pôde recusar, pois tinha feito o juramento na frente dos convidados. 27 Imediatamente o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, foi à prisão e cortou a cabeça de João. 28 Depois levou a cabeça num prato, deu à moça, e esta a entregou à sua mãe. 29 Ao saber disso, os discípulos de João foram, levaram o cadáver e o sepultaram.
Comentário:
* 14-29: A narração da morte de João Batista apresenta o destino de Jesus e dos que o seguem. A morte de João acontece dentro de um banquete de poderosos. Assim, o profeta que pregava o início de transformação radical é morto por aqueles que se sentem incomodados com essa transformação.
Além do Evangelho que hoje lemos, o martírio de João é descrito também pelo historiador Flávio Josefo, que afirma que o macabro banquete, com a presença dos mais altos cargos civis da Galileia, aconteceu na fortaleza de Maqueronte, na atual Jordânia. Esse episódio nos recorda de que os que estão habituados a satisfazer, a qualquer custo, suas conveniências não se contentam com a eventualidade de terem metade de um reino; necessitam silenciar as vozes proféticas que abalam esse sistema de vida perverso. Por outro lado, Deus nos assegura que não abandonará aqueles que estiverem a serviço da verdade.
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025
Marcos 6, 7-13 A missão dos discípulos.
* Jesus começou a percorrer as redondezas, ensinando nos povoados. 7 Chamou os doze discípulos, começou a enviá-los dois a dois e dava-lhes poder sobre os espíritos maus. 8 Jesus recomendou que não levassem nada pelo caminho, além de um bastão; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. 9 Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas. 10 E Jesus disse ainda: “Quando vocês entrarem numa casa, fiquem aí até partirem. 11 Se vocês forem mal recebidos num lugar e o povo não escutar vocês, quando saírem sacudam a poeira dos pés como protesto contra eles.” 12 Então os discípulos partiram e pregaram para que as pessoas se convertessem. 13 Expulsavam muitos demônios e curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo.
Comentário:
* 6b-13: Os discípulos são enviados para continuar a missão de Jesus: pedir mudança radical da orientação de vida (conversão), desalienar as pessoas (libertar dos demônios), restaurar a vida humana (curas). Os discípulos devem estar livres, ter bom senso e estar conscientes de que a missão vai provocar choque com os que não querem transformações.
Jesus confia aos discípulos uma missão bem específica: pregar a conversão, expulsar demônios, ungir com óleo os doentes e curá-los. Vemos ressaltada a dimensão comunitária da missão, pois os discípulos são enviados dois a dois, em comunhão de ação e espírito. Assim como os Doze foram enviados por Jesus para evangelizar e difundir o Reino, todos os cristãos são convidados a fazer o mesmo. No local onde vivemos, devemos ser sal e luz. Devemos difundir a mensagem de Cristo e dar testemunho do Evangelho, transformando a realidade. É interessante notar o apelo à humildade e à simplicidade feito por Jesus. De fato, para fazer o bem, não precisamos de muitas coisas e somos sempre auxiliados por Deus. Com fé e dedicação, alcançaremos grandes resultados e construiremos, aqui e agora, a Jerusalém celeste.
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