sábado, 6 de julho de 2024

Marcos 6, 1-6 O escândalo da encarnação.

-* 1 Jesus foi para Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. 2 Quando chegou o sábado, Jesus começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: “De onde vem tudo isso? Onde foi que arranjou tanta sabedoria? E esses milagres que são realizados pelas mãos dele? 3 Esse homem não é o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? E suas irmãs não moram aqui conosco?” E ficaram escandalizados por causa de Jesus. 4 Então Jesus dizia para eles que um profeta só não é estimado em sua própria pátria, entre seus parentes e em sua família. 5 E Jesus não pôde fazer milagres em Nazaré. Apenas curou alguns doentes, pondo as mãos sobre eles. 6 E Jesus ficou admirado com a falta de fé deles. Comentário: * 6,1-6a: Os conterrâneos de Jesus se escandalizam: não querem admitir que alguém como eles possa ter sabedoria superior à dos profissionais e realize ações que indiquem uma presença de Deus. Para eles, o empecilho para a fé é a encarnação: Deus feito homem, situado num contexto social. Jesus se encontra na sinagoga de Nazaré e, sempre bem-disposto, aí começa a ensinar. Essa sua atitude, provavelmente, incomoda os fariseus e doutores da Lei, porque, em geral, eles é que tomam a palavra para explicar as Escrituras. As pessoas simples, porém, escutam os ensinamentos de Jesus e ficam maravilhadas, pois ele demonstra sabedoria, e suas palavras são acompanhadas por milagres. A admiração dura pouco; logo cede lugar à incredulidade. Jesus é muito humano, próximo, de origem simples. Essa imagem não condiz com a grandiosidade do Messias que esperavam! Não conseguem perceber que Jesus, o Filho de Deus, aí está para cumprir a vontade do seu Pai celeste. Permanecem fechados à sua mensagem, de tal modo que ele “não conseguia fazer aí nenhum milagre. Curou apenas alguns doentes”

2 Coríntios 12, 7-10 Na fraqueza se manifesta a força.

-* 7 Para que eu não me inchasse de soberba por causa dessas revelações extraordinárias, foi me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás para me espancar, a fim de que eu não me encha de soberba. 8 Por esse motivo, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. 9 Ele, porém, me respondeu: “Para você basta a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder.” Portanto, com muito gosto, prefiro gabar-me de minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim. 10 E é por isso que eu me alegro nas fraquezas, humilhações, necessidades, perseguições e angústias, por causa de Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte. Comentário: * 7-10: Não se sabe ao certo ao que Paulo se refere quando fala de “espinho na carne.” Trata-se talvez de alguma doença que multiplica as dificuldades de sua vida apostólica. Ele experimenta um paradoxo: é na sua fraqueza que se manifesta a força de Deus.

sexta-feira, 5 de julho de 2024

Mateus 9, 14-17 Jesus provoca ruptura

* 14 Então os discípulos de João se aproximaram de Jesus, e perguntaram: “Nós e os fariseus fazemos jejum. Por que os teus discípulos não fazem jejum?” 15 Jesus respondeu: “Vocês acham que os convidados de um casamento podem estar de luto, enquanto o noivo está com eles? Mas chegarão dias em que o noivo será tirado do meio deles. Aí então eles vão jejuar. 16 Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo repuxa o pano, e o rasgo fica maior ainda. 17 Também não se põe vinho novo em barris velhos, senão os barris se arrebentam, o vinho se derrama e os barris se perdem. Mas vinho novo se põe em barris novos e assim os dois se conservam.” Comentário: * 14-17: Cf. nota em Mc 2,18-22. Jesus veio substituir o sistema da Lei, rigidamente seguido pelos fariseus. A justiça que vem da misericórdia abre as portas do Reino para todos. A expressão dos discípulos de João mais parece lamento do que alegria: “Nós e os fariseus jejuamos tanto…”. Jesus compara o jejum com o luto (v. 15). Então, acaso o jejum não é prática recomendável? Tudo dependerá do motivo por que se faz jejum. Jejuar, na tradição judaica, estava muito ligado à necessidade de obter favores de Deus. Cumprir os Mandamentos para ganhar o céu. Ora, Deus não depende da quantidade de coisas boas que fazemos para nos acudir com suas graças. Graça vem de graça, não por nossos méritos. É o que Jesus nos ensina. E o apóstolo Paulo insiste: “É pela graça que vocês foram salvos […] E isso não provém de vocês, mas é dom de Deus” (Ef 2,8). Quanto ao jejum que agrada a Deus, confira o luminoso capítulo 28 do profeta Isaías.

quinta-feira, 4 de julho de 2024

Mateus 9, 9-13 Justiça e misericórdia.

-* 9 Saindo daí, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e lhe disse: “Siga-me!” Ele se levantou, e seguiu a Jesus. 10 Estando Jesus à mesa em casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e pecadores foram e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11 Alguns fariseus viram isso, e perguntaram aos discípulos: “Por que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e os pecadores?” 12 Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “As pessoas que têm saúde não precisam de médico, mas só as que estão doentes. 13 Aprendam, pois, o que significa: ‘Eu quero a misericórdia e não o sacrifício’. Porque eu não vim para chamar justos, e sim pecadores.” Comentário: * 9-13: Cf. nota em Mc 2,13-17. Com a citação de Oséias 6,6, Mateus esclarece o sentido da missão de Jesus: a justiça do Reino é inseparável da misericórdia. Jesus toca num ponto que mexe com a sensibilidade dos fariseus. Eram observantes da Lei divina e ferrenhos críticos em relação aos que a transgrediam. Ora, misturar-se com pecadores correspondia a afastar-se da Antiga Aliança. Muitos judeus religiosos desprezavam os cobradores de impostos e os consideravam pecadores. Jesus chama para segui-lo justamente um desses, Mateus. E mais: para demonstrar sua proximidade com os pecadores, Jesus faz refeição com eles. Foi como cutucar uma colmeia de abelhas. Todas ficam ouriçadas. Com língua afiada, os fariseus criticam a atitude do Mestre. E logo recebem a correção a seus pensamentos mesquinhos e maldosos: “Eu não vim chamar justos, e sim pecadores”. Jesus veio não para condenar, mas para salvar. Pela misericórdia.

quarta-feira, 3 de julho de 2024

Mateus 9, 1-8 O poder de perdoar.

-* 1 Jesus subiu numa barca, passou para a outra margem e chegou à sua cidade. 2 Nisso, levaram a ele um paralítico deitado numa cama. Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Coragem, filho! Os seus pecados estão perdoados.” 3 Então alguns doutores da Lei pensaram: “Esse homem está blasfemando!” 4 Mas Jesus, conhecendo os pensamentos deles, disse: “Por que é que vocês pensam coisas más? 5 O que é mais fácil dizer: ‘Os seus pecados estão perdoados’; ou dizer: ‘Levante-se e ande’? 6 Pois bem, para que vocês saibam que o Filho do Homem tem poder na terra para perdoar pecados - então disse Jesus ao paralítico: - Levante-se, pegue a sua cama e vá para a sua casa.” 7 O paralítico então se levantou, e foi para a sua casa. 8 Vendo isso, a multidão ficou com medo e louvou a Deus, por ter dado tal poder aos homens. Comentário: * 9,1-8: Cf. nota em Mc 2,1-12. Só Mateus acrescenta na conclusão as palavras “por ter dado tal poder aos homens”. Desse modo, o episódio se torna apresentação do poder de perdoar, que é entregue à comunidade da Igreja (cf. Mt 18,15-18). Certamente, Jesus tinha intenção de curar o paralítico. Mas começa pelo lado mais oculto: os pecados. A cura indica que já está presente o Reino de Deus, que inclui também a remoção do pecado. Os doutores da Lei reagem imediatamente. Sabiam que perdoar pecados era competência somente de Deus. Como pode Jesus ter tal pretensão? Ora, assim como o Filho de Deus tem o poder sobre doenças, forças da natureza e até sobre a morte, por que não perdoaria pecados? Para ficar claro que o “Filho do Homem” recebeu de Deus o poder de perdoar pecados, Jesus ordena ao paralítico que vá para casa, carregando sua maca. Escândalo para os doutores da Lei, que continuam cegos diante do Messias, e alegria para as multidões, que glorificavam a Deus, pelo poder dado a Jesus, que o estenderá aos apóstolos.

terça-feira, 2 de julho de 2024

João 20, 24-29 A comunidade é testemunha de Jesus ressuscitado.

* 24 Tomé, chamado Gêmeo, que era um dos Doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25 Os outros discípulos disseram para ele: “Nós vimos o Senhor.” Tomé disse: “Se eu não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão no lado dele, eu não acreditarei.” 26 Uma semana depois, os discípulos estavam reunidos de novo. Dessa vez, Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou. Ficou no meio deles e disse: “A paz esteja com vocês.” 27 Depois disse a Tomé: “Estenda aqui o seu dedo e veja as minhas mãos. Estenda a sua mão e toque o meu lado. Não seja incrédulo, mas tenha fé.” 28 Tomé respondeu a Jesus: “Meu Senhor e meu Deus!” 29 Jesus disse: “Você acreditou porque viu? Felizes os que acreditaram sem ter visto.” Comentário: * 24-29: Tomé simboliza aqueles que não acreditam no testemunho da comunidade e exigem uma experiência particular para acreditar. Jesus, porém, se revela a Tomé dentro da comunidade. Todas as gerações do futuro acreditarão em Jesus vivo e ressuscitado através do testemunho da comunidade cristã. Tomé aparece nas quatro listas que contêm os nomes dos apóstolos (cf. Mt 10,1-4; Mc 3,13-19; Lc 6,12-16; At 1,13). Foi ele que, com toda franqueza, disse a Jesus: “Senhor, nós não sabemos para onde vais, como podemos conhecer o caminho?” (Jo 14,5). Tal pergunta deu margem para Jesus proferir solene definição de si mesmo: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém chega ao Pai, a não ser por mim” (Jo 14,6). Tomé ficou conhecido, sobretudo, como símbolo da incredulidade: exigiu provas para crer que Jesus tinha ressuscitado. Depois, diante da evidência, expressou sua comovida profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus” (v. 28). Após Pentecostes, segundo o bispo e historiador Eusébio de Cesareia, Tomé evangelizou a Pérsia e a Índia, onde também sofreu o martírio. Que o exemplo deste apóstolo revigore nossa fé em Jesus Cristo.

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Mateus 8, 23- 27 Jesus é o Senhor das situações.

-* 23 Então Jesus entrou na barca, e seus discípulos o acompanharam. 24 E eis que houve grande agitação no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas. Jesus, porém, estava dormindo. 25 Os discípulos se aproximaram e o acordaram, dizendo: “Senhor, salva-nos, porque estamos afundando!” 26 Jesus respondeu: “Por que vocês têm medo, homens de pouca fé?” E, levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e tudo ficou calmo. 27 Os homens ficaram admirados e disseram: “Quem é esse homem, a quem até o vento e o mar obedecem?” Comentário: * 23-27: É nos momentos de crise e dificuldades diante do mundo que a comunidade cristã (discípulos) mostra se confia ou não na presença de Jesus em seu meio. As situações críticas são sempre um termômetro que mede o grau de consciência da maturidade ou infantilidade da fé. A barca é figura da comunidade dos discípulos, ameaçada pelo mundo malvado, mas confortada pela presença de Jesus. A Igreja, em todos os tempos e lugares, tem sido vítima de incompreensões e violência. As primeiras comunidades cristãs foram vítimas de cruéis ataques dos adversários. Muitos cristãos e cristãs sofreram o martírio por causa de sua fidelidade a Jesus Cristo. No meio da agitação das ondas, Jesus dormia. Quer Jesus mostrar que está em total harmonia com a natureza ou, talvez, levar os discípulos a confiar inteiramente no poder de Deus? Seja o que for, Jesus está nos dizendo mais uma vez: “Não tenham medo. Sou eu”. Em outras palavras: “Por que estão duvidando? Não acreditam que estou com vocês?”. A fé miúda dos discípulos e nossa deve crescer.