segunda-feira, 23 de outubro de 2023
Lucas 12, 35-38 Vigilância e responsabilidade.
-* 35 “Estejam com os rins cingidos e com as lâmpadas acesas. 36 Sejam como homens que estão esperando o seu senhor voltar da festa de casamento: tão logo ele chega e bate, eles imediatamente vão abrir a porta. 37 Felizes dos empregados que o senhor encontra acordados quando chega. Eu garanto a vocês: ele mesmo se cingirá, os fará sentar à mesa, e, passando, os servirá. 38 E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão se assim os encontra!
Comentário:
* 35-48: Esperando continuamente a chegada imprevisível do Senhor que serve, a comunidade cristã permanece atenta, concretizando a busca do Reino através da prontidão para o serviço fraterno. Os vv. 41-46 mostram que isso vale ainda mais para os dirigentes da comunidade, que receberam de Jesus o encargo de servir, provendo às necessidades da comunidade. A responsabilidade é ainda maior, quando se sabe o que deve ser feito (vv. 47-48).
Rins cingidos e lâmpadas acesas indicam prontidão e vigilância ativa. Mergulhada no corre-corre do dia a dia, na administração dos bens terrenos, as pessoas deixam escapar a ocasião de viver os valores do Reino. Este é o perigo que ronda todos os que vivem cercados de constantes propostas e seduções da sociedade de consumo. O cristão vive no mundo sem ser do mundo, como afirmava Jesus a respeito de seus discípulos (Jo 17,11.16). A comunidade deve estar em contínua vigilância, fiel à palavra e à ação de Jesus. Que o mundo não nos distraia de nossos compromissos cristãos. Assim, quando o Senhor nos visitar com sua graça ou na hora de nossa morte, nos encontre de prontidão a serviço da justiça e da fraternidade. Jesus mesmo nos honrará com seus favores.
domingo, 22 de outubro de 2023
Lucas 12, 13-21 A vida é dom de Deus.
-* 13 Do meio da multidão, alguém disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo.” 14 Jesus respondeu: “Homem, quem foi que me encarregou de julgar ou dividir os bens entre vocês?” 15 Depois Jesus falou a todos: “Atenção! Tenham cuidado com qualquer tipo de ganância. Porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a sua vida não depende de seus bens.” 16 E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. 17 E o homem pensou: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. 18 Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir outros maiores; e neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. 19 Então poderei dizer a mim mesmo: meu caro, você possui um bom estoque, uma reserva para muitos anos; descanse, coma e beba, alegre-se!’ 20 Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Nesta mesma noite você vai ter que devolver a sua vida. E as coisas que você preparou, para quem vão ficar?’ 21 Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico para Deus.”
Comentário:
* 13-21: No caminho da vida, o homem depara com o problema das riquezas. Jesus mostra que é idiotice acumular bens para assegurar a própria vida. Só Deus pode dar ao homem a riqueza que é a própria vida.
São proverbiais as brigas por causa de repartição de herança. Jesus bem conhecia essa realidade que, pelo jeito, corre os séculos. A pergunta de um herdeiro oferece a ocasião para Jesus nos ensinar sobre a necessidade de vivermos desapegados dos bens terrenos: “Evitem todo tipo de ganância”. Por mais rico que seja alguém, “sua vida não é garantida pelos seus bens”. Não raro, vemos, pela mídia, que muitos ricaços se desdobram gastando fortunas para curar-se de um câncer. Toda a quantia investida no tratamento não é capaz de derrotar a doença. Dinheiro chama dinheiro, riqueza produz riqueza, armazém lotado de mercadoria exige mais armazéns lotados. Para que tudo isso? Importante, diz Jesus, é ser rico para Deus. Cabe-nos perguntar: como estou administrando o dom da vida que Deus me deu?
sábado, 21 de outubro de 2023
Mateus 22, 15-21 O povo pertence a Deus.
-* 15 Então os fariseus se retiraram, e fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. 16 Mandaram os seus discípulos, junto com alguns partidários de Herodes, para dizerem a Jesus: “Mestre, sabemos que tu és verdadeiro, e que ensinas de fato o caminho de Deus. Tu não dás preferência a ninguém, porque não levas em conta as aparências. 17 Dize-nos, então, o que pensas: É lícito ou não é, pagar imposto a César?” 18 Jesus percebeu a maldade deles, e disse: “Hipócritas! Por que vocês me tentam? 19 Mostrem-me a moeda do imposto.” Levaram então a ele a moeda. 20 E Jesus perguntou: “De quem é a figura e inscrição nesta moeda?” 21 Eles responderam: “É de César.” Então Jesus disse: “Pois dêem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” 22 Ouvindo isso, eles ficaram admirados. Deixaram Jesus, e foram embora.
* 15-22: Cf. nota em Mc 12,13-17. O novo povo de Deus pertence unicamente a Deus, e só Deus pode exigir do homem adoração.
Fariseus e herodianos se unem com intenção bem definida: “apanhar Jesus em alguma palavra”. Os fariseus eram contrários ao domínio de Roma; os herodianos, a favor. As palavras iniciais que eles dirigem a Jesus correspondem à verdade (“Sabemos que tu és verdadeiro”), mas nos lábios deles revelam falsidade e ironia. De fato, se quisessem ser discípulos de Jesus, não lhe armariam ciladas! Pagar imposto ao imperador era aceitá-lo como divindade. Como poderia um judeu, adorador do Deus único, pagar esse imposto? Jesus introduz uma novidade: o poder absoluto de Deus. Ao imperador romano paga-se o tributo (“Devolvam a César…”), já que o povo está sob seu domínio, mas não se pode sacrificar o povo com pesados tributos, porque o povo pertence ao Deus todo-poderoso (“Devolvam… a Deus o que é de Deus”).
1 Tessalonicenses 1, 1-5 Endereço e saudação.
* 1 Paulo, Silvano e Timóteo à igreja dos tessalonicenses, que está em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo. A vocês, graça e paz.
Agradecimento: a vida cristã -* 2 Agradecemos continuamente a Deus por todos vocês, sempre que nos lembramos de vocês em nossas orações. 3 Com efeito, diante de Deus nosso Pai nos lembramos sempre da fé ativa, do amor capaz de sacrifícios e da firme esperança que vocês depositam em nosso Senhor Jesus Cristo.
O anúncio provoca conversão -* 4 Irmãos amados por Deus, sabemos que vocês foram escolhidos por ele. 5 De fato, o Evangelho que pregamos não foi apresentado somente com palavras, mas com poder, com o Espírito Santo e com plena convicção. Vocês sabem o que fizemos entre vocês, para o bem de vocês mesmos.
Comentário:
* 1,1: A igreja é a comunidade cristã local formada pelas pessoas que acreditam em Deus e se comprometem com o testemunho de Jesus Cristo.
* 2-3: Cf. nota em Cl 1, 3-8: A trilogia fé-amor-esperança define a vida cristã na sua base, na sua concretização prática e no seu dinamismo histórico. A vida cristã nasce do compromisso de fé em Jesus Cristo, que significa aceitar a vida e ação de Jesus e continuá-las entre os homens. O amor é a realização prática desse testemunho, através da partilha dos bens e da fraternidade, que concretizam o Reino de Deus no dia-a-dia da história. A esperança é o dinamismo que nasce do amor, alimentando a vida cristã, voltada para o futuro do Reino de Deus, isto é, para a realização plena da vida.
* 4-10: Sobre a tribulação, cf. nota em Rm 5,1-11. Paulo relembra o primeiro anúncio (querigma) que provocou a conversão dos tessalonicenses. Conforme os vv. 9-10, esse primeiro anúncio do Evangelho era um convite à mudança radical: deixar os ídolos para servir unicamente ao Deus vivo. Os ídolos são valores considerados absolutos mas que, na realidade, sustentam uma estrutura de sociedade baseada na opressão e exploração do corpo e da consciência do homem. Servir ao Deus vivo é comprometer-se com Jesus Cristo, que manifesta na história a presença e ação do Deus verdadeiro, o qual está comprometido com a libertação e a vida do homem. A conversão é um processo contínuo na história. O cristão dá o seu testemunho, animado sempre pela espera da plena manifestação de Jesus Ressuscitado.
Lucas 12, 8-12 Testemunhar sem medo.
8 Eu digo a vocês: todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus. 9 Mas, aquele que me renegar diante dos homens, será renegado diante dos anjos de Deus. 10 Todo aquele que disser alguma coisa contra o Filho do Homem, será perdoado. Mas, quem blasfemar contra o Espírito Santo, não será perdoado. 11 Quando introduzirem vocês diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não fiquem preocupados como ou com que vocês se defenderão, ou o que dirão. 12 Pois, nessa hora o Espírito Santo ensinará o que vocês devem dizer.”
Comentário:
* 4-12: Cf. nota em Mt 10, 26-33: Os discípulos não devem ter medo, porque a missão se baseia na verdade, que põe a descoberto toda a mentira de um sistema social que não mostra a sua verdadeira face. Os homens podem até matar o corpo dos discípulos, mas não conseguirão tirar-lhes a vida, pois é Deus quem dá e conserva ou tira a vida para sempre. A segurança do discípulo está na promessa: quem é fiel a Jesus, terá Jesus a seu favor diante de Deus.
Declarar-se por alguém diante dos anjos é o mesmo que defender o ingresso desse alguém na esfera do Pai celeste. É o que faz Jesus em favor dos seus fiéis seguidores. E o que é blasfemar contra o Espírito Santo? Sabemos que toda a vida e as obras de Jesus se desenrolam sob a ação do Espírito. Já o dizia o próprio Jesus no início de sua missão: “O Espírito do Senhor está sobre mim” (Lc 4,18). Ora, dizer que Jesus age pelo poder de Satanás (cf. Lc 11,15) é blasfemar contra o Espírito Santo. É como chamar o Espírito Santo de Satanás, sendo justamente Satanás o inimigo declarado de Jesus. Quem ofende a Jesus poderá obter perdão, afinal as pessoas são lentas para crer que ele é o Filho de Deus. Mas atribuir o Bem ao Maligno, isso é imperdoável. Vai contra a evidência e a reta intenção. É um fechamento total.
quinta-feira, 19 de outubro de 2023
Lucas 12, 1-7 Autenticidade do discípulo.
-* 1 Enquanto isso, milhares de pessoas se reuniram, de modo que uns pisavam nos outros. Jesus começou a falar, primeiro a seus discípulos: “Tomem cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. 2 Não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido. 3 Pelo contrário, tudo o que vocês tiverem feito na escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que vocês tiverem pronunciado em segredo, nos quartos, será proclamado sobre os telhados.”
Testemunhar sem medo -* 4 “Pois bem, eu digo a vocês, meus amigos: não tenham medo daqueles que matam o corpo, e depois disso nada mais têm a fazer. 5 Vou mostrar a quem vocês devem temer: tenham medo daquele que, depois de ter matado, tem poder de jogá-los no inferno. Eu lhes digo: é a este que vocês devem temer. 6 Não se vendem cinco pardais por alguns trocados? No entanto, nenhum deles é esquecido por Deus. 7 Até mesmo os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Não tenham medo! Vocês valem mais do que muitos pardais.
Comentário:
* 1-3: Em contraste com a conduta hipócrita dos fariseus, o Evangelho pede aos discípulos que sejam autênticos, isto é, que a vida e ação deles testemunhem o compromisso deles com Jesus.
* 4-12: Cf. nota em Mt 26-33: Os discípulos não devem ter medo, porque a missão se baseia na verdade, que põe a descoberto toda a mentira de um sistema social que não mostra a sua verdadeira face. Os homens podem até matar o corpo dos discípulos, mas não conseguirão tirar-lhes a vida, pois é Deus quem dá e conserva ou tira a vida para sempre. A segurança do discípulo está na promessa: quem é fiel a Jesus, terá Jesus a seu favor diante de Deus.
Jesus denuncia os fariseus porque fazem da observância da Lei o trampolim para obter privilégios. Eles se consideram os puros, os santos. Em vez de servirem ao povo, servem-se do povo, para conservar sua posição social. Este é o “fermento” dos fariseus; esta é a influência maléfica que pode infiltrar-se também no seio da comunidade cristã. Os discípulos devem partilhar o que aprenderam do Mestre. Mas, cuidado: qualquer hipocrisia, na fala e no testemunho, se revelará um dia. Máscaras serão arrancadas. Os discípulos, aqui chamados de “amigos”, são exortados a não temer (no tempo da perseguição), mas ter a coragem de confessar publicamente Jesus. O Pai cuida de todos e está presente em todas as circunstâncias. Se Deus cuida de pássaros indefesos, terá muito mais zelo pelos que seguem o seu Filho.
quarta-feira, 18 de outubro de 2023
Lucas 11, 47-54 Jesus desmascara os hipócritas.
47 Ai de vocês, porque constroem túmulos para os profetas; no entanto, foram os pais de vocês que os mataram. 48 Com isso, vocês são testemunhas e aprovam as obras dos pais de vocês, pois eles mataram os profetas, e vocês constroem os túmulos. 49 É por isso que a sabedoria de Deus disse: ‘Eu lhes enviarei profetas e apóstolos. Eles os matarão e perseguirão, 50 a fim de que se peçam contas a esta geração do sangue de todos os profetas, derramado desde a criação do mundo, 51 desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário’. Sim, eu digo a vocês: pedirão contas disso a esta geração. 52 Ai de vocês, especialistas em leis, porque vocês se apoderaram da chave da ciência. Vocês mesmos não entraram, e impediram os que queriam entrar.”
53 Quando Jesus saiu daí, os doutores da Lei e os fariseus começaram a tratá-lo mal, e a provocá-lo sobre muitos pontos. 54 Armavam ciladas, para pegá-lo de surpresa em qualquer coisa que saísse de sua boca.
Comentário:
* 37-54: No seu caminho, Jesus desmascara os donos da estrutura antiga. Os fariseus deixam de lado a justiça e o amor de Deus e, para esconder roubos e maldades, se refugiam atrás de todo um aparato de falsa religiosidade. Os especialistas em leis se apossam da chave da ciência, isto é, interpretam as leis de acordo com seus próprios interesses; exercem assim controle ideológico sobre o povo, impedindo-o de ver as possibilidades de transformação.
“Serão pedidas contas a esta geração.” Os destinatários desta sentença eram primeiramente os doutores da Lei e os fariseus. A menção dos apóstolos ao lado dos profetas deixa entrever as perseguições dos chefes contra a primeira geração apostólica. Os especialistas em leis dificultavam, para as pessoas simples, a compreensão e a prática da Lei de Deus. Mais grave: incutiam medo no povo para que não se aproximasse de Jesus (cf. Jo 12,42). O saber, em posse de poucas pessoas, ou utilizado como veículo de dominação, é uma forma de injustiça e um dos obstáculos à fraternidade. Jesus distribui tantas carapuças aos fariseus e doutores da Lei, que não causa espanto o fato de se porem de acordo, “armando ciladas para apanhá-lo de surpresa em alguma palavra que saísse de sua boca”.
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