segunda-feira, 17 de abril de 2023

João 3,7-15 A fé é o nascimento para a vida nova.

7 Não se espante se eu digo que é preciso vocês nascerem do alto. 8 O vento sopra onde quer, você ouve o barulho, mas não sabe de onde ele vem, nem para onde vai. Acontece a mesma coisa com quem nasceu do Espírito.” A vida nova vem de Jesus -* 9 Nicodemos perguntou: “Como é que isso pode acontecer?” 10 Jesus respondeu: “Você é o mestre em Israel e não sabe essas coisas? 11 Eu garanto a você: nós falamos aquilo que sabemos, e damos testemunho daquilo que vimos, mas, apesar disso, vocês não aceitam o nosso testemunho. 12 Se vocês não acreditam quando eu falo sobre as coisas da terra, como poderão acreditar quando eu lhes falar das coisas do céu? 13 Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu: o Filho do Homem. 14 Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, do mesmo modo é preciso que o Filho do Homem seja levantado. 15 Assim, todo aquele que nele acreditar, nele terá a vida eterna.” Comentário: * 1-8: Ter fé em Jesus não é só admirar o que ele diz e faz. É entrega para o compromisso total com Jesus, o que exige transformação profunda, um novo nascimento. Isso implica não apegar-se a esquemas e estruturas estabelecidas, mas relativizá-las, a fim de estar sempre aberto para a novidade de Deus. Quem se converte é guiado pelo Espírito de Deus e se torna imprevisível para os homens. Essa liberdade da fé cristã é celebrada eficazmente através de rito significativo: o batismo. * 9-15: A grande novidade que Deus tem para os homens está em Jesus, que vai revelar na cruz a vida nova. Aí ele demonstra o maior ato de amor: a doação de sua própria vida em favor dos homens. Da carne nasce carne; do Espírito nasce espírito. Na língua grega, o mesmo vocábulo pode designar o vento, o sopro e o espírito. A mobilidade, a liberdade e o dinamismo são atributos do Espírito; por isso é que Jesus dizia: “O vento sopra onde quer. A mesma coisa acontece com quem nasceu do Espírito”. Este torna ilimitada a capacidade de praticar boas obras. Nicodemos permanece no plano humano, não capta o sentido profundo do convite de Jesus: “nascer de novo”. A verdadeira realidade divina só pode ser compreendida mediante a cruz, na qual o Filho do Homem será erguido. Jesus vem de Deus e merece fé, porque testemunha o que viu e ouviu junto do Pai. Todo cristão evangelizador, para ser confiável, deve dar testemunho de profunda intimidade com Deus.

domingo, 16 de abril de 2023

João 3,1-8 A fé é o nascimento para a vida nova.

-* 1 Entre os fariseus havia um homem chamado Nicodemos. Era um judeu importante. 2 Ele foi encontrar-se de noite com Jesus, e disse: “Rabi, sabemos que tu és um Mestre vindo da parte de Deus. Realmente, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes, se Deus não está com ele.” 3 Jesus respondeu: “Eu garanto a você: se alguém não nasce do alto, não poderá ver o Reino de Deus.” 4 Nicodemos disse: “Como é que um homem pode nascer de novo, se já é velho? Poderá entrar outra vez no ventre de sua mãe e nascer?” 5 Jesus respondeu: “Eu garanto a você: ninguém pode entrar no Reino de Deus, se não nasce da água e do Espírito. 6 Quem nasce da carne é carne, quem nasce do Espírito é espírito. 7 Não se espante se eu digo que é preciso vocês nascerem do alto. 8 O vento sopra onde quer, você ouve o barulho, mas não sabe de onde ele vem, nem para onde vai. Acontece a mesma coisa com quem nasceu do Espírito.” Comentário: * 1-8: Ter fé em Jesus não é só admirar o que ele diz e faz. É entrega para o compromisso total com Jesus, o que exige transformação profunda, um novo nascimento. Isso implica não apegar-se a esquemas e estruturas estabelecidas, mas relativizá-las, a fim de estar sempre aberto para a novidade de Deus. Quem se converte é guiado pelo Espírito de Deus e se torna imprevisível para os homens. Essa liberdade da fé cristã é celebrada eficazmente através de rito significativo: o batismo. Jesus fala a Nicodemos sobre novo nascimento, condição indispensável para pertencer ao Reino de Deus. Trata-se de nascer da água e do Espírito. A água é o elemento tradicionalmente usado para o batismo. Na língua grega, em que foi escrito o Novo Testamento, a palavra batizar significa mergulhar. O batismo de Jesus traz a presença transformadora do Espírito Santo. É o Espírito que conduziu Jesus ao longo de sua vida terrena e que imprime dinamismo na vida de toda pessoa batizada. Nascer de novo significa viver e agir segundo os princípios da fé e do amor. Significa também deixar-nos transformar por dentro, a fim de vivermos para Deus e para os outros, como viveu e agiu Jesus. Boa ocasião para verificarmos qual é o espaço que abrimos em nós para a ação do Espírito Santo.

sábado, 15 de abril de 2023

João 20,19-31 Jesus ressuscitado está vivo na comunidade.

* 19 Era o primeiro dia da semana. Ao anoitecer desse dia, estando fechadas as portas do lugar onde se achavam os discípulos por medo das autoridades dos judeus, Jesus entrou. Ficou no meio deles e disse: “A paz esteja com vocês.” 20 Dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos ficaram contentes por ver o Senhor. 21 Jesus disse de novo para eles: “A paz esteja com vocês. Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.” 22 Tendo falado isso, Jesus soprou sobre eles, dizendo: “Recebam o Espírito Santo. 23 Os pecados daqueles que vocês perdoarem, serão perdoados. Os pecados daqueles que vocês não perdoarem, não serão perdoados.” A comunidade é testemunha de Jesus ressuscitado -* 24 Tomé, chamado Gêmeo, que era um dos Doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25 Os outros discípulos disseram para ele: “Nós vimos o Senhor.” Tomé disse: “Se eu não vir a marca dos pregos nas mãos de Jesus, se eu não colocar o meu dedo na marca dos pregos, e se eu não colocar a minha mão no lado dele, eu não acreditarei.” 26 Uma semana depois, os discípulos estavam reunidos de novo. Dessa vez, Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou. Ficou no meio deles e disse: “A paz esteja com vocês.” 27 Depois disse a Tomé: “Estenda aqui o seu dedo e veja as minhas mãos. Estenda a sua mão e toque o meu lado. Não seja incrédulo, mas tenha fé.” 28 Tomé respondeu a Jesus: “Meu Senhor e meu Deus!” 29 Jesus disse: “Você acreditou porque viu? Felizes os que acreditaram sem ter visto.” Para que João escreveu este evangelho? -* 30 Jesus realizou diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. 31 Estes sinais foram escritos para que vocês acreditem que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, acreditando, vocês tenham a vida em seu nome. Comentário: * 19-23: O medo impede o anúncio e o testemunho. Jesus liberta do medo, mostrando que o amor doado até à morte é sinal de vitória e alegria. Depois, convoca seus seguidores para a missão no meio do mundo, infunde neles o Espírito da vida nova e mostra-lhes o objetivo da missão: continuar a atividade dele, provocando o julgamento. De fato, a aceitação ou recusa do amor de Deus, trazido por Jesus, é o critério de discernimento que leva o homem a tomar consciência da sentença que cada um atrai para si próprio: sentença de libertação ou de condenação. * 24-29: Tomé simboliza aqueles que não acreditam no testemunho da comunidade e exigem uma experiência particular para acreditar. Jesus, porém, se revela a Tomé dentro da comunidade. Todas as gerações do futuro acreditarão em Jesus vivo e ressuscitado através do testemunho da comunidade cristã. * 30-31: O autor conclui o relato da vida de Jesus, chamando a atenção para o conteúdo e a finalidade do seu evangelho, que contém apenas alguns dos muitos sinais realizados por Jesus. E estes aqui foram narrados para despertar o compromisso da fé que leva a experimentar a vida trazida por Jesus. No primeiro dia da semana (DOMINGO), ultrapassando obstáculos físicos (portas trancadas), Jesus torna-se visível a seus discípulos. Com a saudação da paz pascal, Jesus afugenta o medo dos discípulos e, soprando sobre eles, confere-lhes o Espírito Santo e o poder de perdoar pecados. Deixa-os aptos para prolongar sua missão no mundo. Oito dias depois, novamente se coloca no meio deles e, após a costumeira saudação de paz, convida Tomé a deixar qualquer dúvida, ou melhor, a acreditar sem ver. Diante da evidência, Tomé faz sua grande profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus!”. Jesus então profere seu ensinamento para todas as gerações de cristãos: “Bem-aventurados os que não viram e creram”. A finalidade do Evangelho de João não é satisfazer mera curiosidade, é despertar a fé.

1 Pedro 1, 3-9 A obra do Pai.

* 3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo por sua grande misericórdia. Ressuscitando a Jesus Cristo dos mortos, ele nos fez renascer para uma esperança viva, 4 para uma herança que não se corrompe, não se mancha e não murcha. Essa herança está reservada no céu para vocês 5 que, graças à fé, estão guardados pela força de Deus para a salvação que está prestes a revelar-se no final dos tempos. O papel do Filho -* 6 Por isso, vocês devem alegrar-se, mesmo que agora, se necessário, fiquem tristes por um pouco de tempo, devido às várias provações. 7 Desse modo, a fé que vocês têm será provada como o ouro que passa pelo fogo. O ouro vai desaparecer, mas a fé que vocês têm, e que vale muito mais, não se perderá, até o dia da revelação de Jesus Cristo. Então, por essa fé, vocês receberão louvor, glória e honra. 8 Vocês nunca viram Jesus e, apesar disso, o amam; não o veem, mas acreditam. E por isso sentem alegria extraordinária e gloriosa, 9 porque alcançam a meta da fé, que é a salvação de vocês. Comentário: * 3-5: O novo nascimento pelo batismo é participação na vida de Jesus ressuscitado. Trata-se de nascimento para outra vida e outra história, dando aos cristãos esperança incomparavelmente superior a qualquer outro ideal humano. Assim como Deus havia concedido a herança da terra ao povo da antiga aliança, também o povo da nova aliança recebe como herança a própria vida de Deus (cf. 2Pd 1,4). O cristão vive impulsionado para a vida plena que está sempre em via de se manifestar. * 6-9: A fé é compromisso permanente com Cristo, até a morte. Cristo chegou à glória da ressurreição e da vida através de perseguições e sofrimentos. O cristão segue o mesmo caminho: mediante o testemunho de vida em meio às provas, pouco a pouco nele se manifesta o próprio Cristo, que comunica a alegria da ressurreição.

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Marcos 16, 9-15 Aparições de Jesus ressuscitado.

-* 9 Depois de ressuscitar na madrugada do primeiro dia após o sábado, Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual havia expulsado sete demônios. 10 Ela foi anunciar isso aos seguidores de Jesus, que estavam de luto e chorando. 11 Quando ouviram que ele estava vivo e fora visto por ela, não quiseram acreditar. 12 Em seguida, Jesus apareceu a dois deles, com outra aparência, enquanto estavam a caminho do campo. 13 Eles também voltaram e anunciaram isso aos outros, que não acreditaram nem mesmo nestes. 14 Por fim, Jesus apareceu aos onze discípulos enquanto estavam comendo. Jesus os repreendeu por causa da falta de fé e pela dureza de coração, porque não tinham acreditado naqueles que o tinham visto ressuscitado. 15 Então Jesus disse-lhes: “Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade. 16 Quem acreditar e for batizado, será salvo. Quem não acreditar, será condenado. 17 Os sinais que acompanharão aqueles que acreditarem são estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; 18 se pegarem cobras ou beberem algum veneno, não sofrerão nenhum mal; quando colocarem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados.” 19 Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. 20 Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e, por meio dos sinais que os acompanhavam, provava que o ensinamento deles era verdadeiro. Comentário: * 9-20: Este trecho difere muito do livro até aqui; por isso é considerado obra de outro autor. Os cristãos da primeira geração provavelmente quiseram completar o livro de Marcos com um resumo das aparições de Jesus e uma apresentação global da missão da Igreja. Parece que se inspiraram no último capítulo de Mateus (28,18-20), em Lucas (24,10-53), em João (20,11-23) e no início do livro dos Atos dos Apóstolos (1,4-14). Embora seja acréscimo de retalhos tomados de outros escritos do Novo Testamento, o trecho conserva o pensamento de Marcos, isto é: os discípulos devem continuar a ação de Jesus. Os apóstolos, tristes e chorosos pela morte de Jesus, não acreditam nas testemunhas de sua ressurreição. Primeiramente não dão crédito ao testemunho de Maria Madalena, que tinha visto o Ressuscitado; depois, não acreditam nos dois discípulos que voltavam para a aldeia de Emaús e que reconheceram Jesus ao partir o pão. Continuam incrédulos. Para eles, era muito difícil admitir que o Messias chegaria à glória passando pela cruz. Jesus então aparece diretamente aos Onze e reprova-lhes a falta de fé. Os discípulos, no entanto, duros de coração para crer, deverão transformar-se em verdadeiros homens de fé. Só com essa condição poderão receber de Jesus o mandato de percorrer o mundo inteiro, anunciando esta experiência transformadora.

quinta-feira, 13 de abril de 2023

João 21, 1-14 A missão da comunidade.

* 1 Jesus apareceu aos discípulos na margem do mar de Tiberíades. E apareceu deste modo: 2 Estavam juntos Simão Pedro, Tomé chamado Gêmeo, Natanael de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus. 3 Simão Pedro disse: “Eu vou pescar.” Eles disseram: “Nós também vamos.” Saíram e entraram na barca. Mas naquela noite não pescaram nada. 4 Quando amanheceu, Jesus estava na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5 Então Jesus disse: “Rapazes, vocês têm alguma coisa para comer?” Eles responderam: “Não.” 6 Então Jesus falou: “Joguem a rede do lado direito da barca, e vocês acharão peixe.” Eles jogaram a rede e não conseguiam puxá-la para fora, de tanto peixe que pegaram. 7 Então o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor.” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu a roupa, pois estava nu, e pulou dentro d’água. 8 Os outros discípulos foram na barca, que estava a uns cem metros da margem. Eles arrastavam a rede com os peixes. 9 Logo que pisaram em terra firme, viram um peixe na brasa e pão. 10 Jesus disse: “Tragam alguns peixes que vocês acabaram de pescar.” 11 Então Simão Pedro subiu na barca e arrastou a rede para a praia. Estava cheia de cento e cinquenta e três peixes grandes. Apesar de tantos peixes, a rede não arrebentou. 12 Jesus disse para eles: “Vamos, comam.” Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. 13 Jesus se aproximou, tomou o pão e distribuiu para eles. Fez a mesma coisa com o peixe. 14 Essa foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos. Comentário: *1-14: A comunidade cristã que age sem estar unida à pessoa e missão de Jesus continua nas trevas e não produz fruto, pois trabalha sem perceber a presença do ressuscitado e sem conhecer o modo correto de realizar a ação. No momento em que ela segue a palavra de Jesus, o fruto surge abundante. A missão termina sempre na Eucaristia, onde se realiza a comunhão com Jesus. Sete apóstolos decidem ir pescar. Sete é número simbólico e equivale à totalidade dos seguidores de Jesus. A pesca representa a missão. Tiberíades indica todos os povos. Nessa noite não pegam nada. Sem a presença e a palavra do Ressuscitado, a missão fracassa. De madrugada, volta a luz. A luz é Jesus, que, com sua palavra, passa aos pescadores a confiança e a promessa de sucesso. E assim acontece. A pesca de 153 grandes peixes indica que a missão atinge o mundo inteiro e produz abundantes frutos. Os 153 peixes representam os povos então conhecidos. Acabada a pesca maravilhosa, Jesus convida a comunidade a se alimentar. É a comunhão universal da humanidade com Jesus. Comunhão que vai sustentar seus missionários pelos caminhos do mundo.

quarta-feira, 12 de abril de 2023

Lucas 24, 35-48 Jesus caminha com os homens.

35 Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus quando ele partiu o pão. A realidade da ressurreição -* 36 Ainda estavam falando, quando Jesus apareceu no meio deles, e disse: “A paz esteja com vocês.” 37 Espantados e cheios de medo, pensavam estar vendo um espírito. 38 Então Jesus disse: “Por que vocês estão perturbados, e por que o coração de vocês está cheio de dúvidas? 39 Vejam minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo. Toquem-me e vejam: um espírito não tem carne e ossos, como vocês podem ver que eu tenho.” 40 E dizendo isso, Jesus mostrou as mãos e os pés. 41 E como eles ainda não estivessem acreditando, por causa da alegria e porque estavam espantados, Jesus disse: “Vocês têm aqui alguma coisa para comer?” 42 Eles ofereceram a Jesus um pedaço de peixe grelhado. 43 Jesus pegou o peixe, e o comeu diante deles. A missão cristã -* 44 Jesus disse: “São estas as palavras que eu lhes falei, quando ainda estava com vocês: é preciso que se cumpra tudo o que está escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.” 45 Então Jesus abriu a mente deles para entenderem as Escrituras. 46 E continuou: “Assim está escrito: ‘O Messias sofrerá e ressuscitará dos mortos no terceiro dia, 47 e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. 48 E vocês são testemunhas disso. Comentário: * 13-35: Lucas salienta os “lugares” da presença de Jesus ressuscitado. Primeiro, ele continua a caminhar entre os homens, solidarizando-se com seus problemas e participando de suas lutas. Segundo, Jesus está presente no anúncio da Palavra das Escrituras, que mostra o sentido da sua vida e ação. Terceiro, na celebração eucarística, onde o pão repartido relembra o dom da sua vida e refontiza a partilha e a fraternidade, que estão no cerne do seu projeto. * 36-43: A ressurreição não é fruto da imaginação dos discípulos, nem se reduz a fenômeno puramente espiritual. A ressurreição é fato que atinge o próprio corpo; daí a identidade do ressuscitado com o Jesus terrestre. Qualquer ação humana que traz mais vida para os corpos oprimidos, doentes, torturados, famintos e sedentos, não é apenas obra de misericórdia, mas é sinal concreto do fato central da fé cristã: a ressurreição do próprio Senhor Jesus. * 44-53: A missão cristã nasce da leitura das Escrituras, onde se percebe o testemunho de Jesus (vida-morte-ressurreição) como seu centro e significado. Essa missão continua no anúncio de Jesus a todos os povos, e provoca a transformação da história a partir da atividade de Jesus voltada para os pobres e oprimidos. A conversão e o perdão supõem percorrer o caminho de Jesus na própria vida e nos caminhos da história. A missão é iluminada pelo Espírito do Pai e de Jesus (a “força que vem do alto”). O Evangelho de Lucas termina em Jerusalém e no Templo, como havia começado. Daí os apóstolos partirão para a missão “até os confins da terra” (At 1,8). Os discípulos têm dificuldades para crer que o Ressuscitado é o mesmo Jesus que foi crucificado. Para ajudá-los a dar um passo na fé, Jesus mostra os sinais da paixão e morte, deixa-se tocar por eles e come um pedaço de peixe assado. Após desejar-lhes a paz, abre a inteligência deles para compreenderem a missão do Messias, que devia morrer e ressuscitar dos mortos. Os apóstolos e os discípulos de Emaús sentem-se investidos de uma missão: serão as autênticas testemunhas do Ressuscitado. Aqueles que viviam fechados no medo vão percorrer o mundo para anunciar o Evangelho. A ressurreição de Jesus é salvação para todos. Salvação que se realiza mediante “o arrependimento para o perdão dos pecados”.