sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Marcos 3, 20-21 O pecado sem perdão.

-* 20 Jesus foi para casa, e de novo se reuniu tanta gente que eles não podiam comer nem sequer um pedaço de pão. 21 Quando souberam disso, os parentes de Jesus foram segurá-lo, porque eles mesmos estavam dizendo que Jesus tinha ficado louco. 22 Alguns doutores da Lei, que tinham ido de Jerusalém, diziam: “Ele está possuído por Belzebu”; e também: “É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios.” Comentário: * 20-30: Em Jesus está presente o Espírito Santo, que o leva à missão de libertar e desalienar os homens. Por isso ele é acusado de estar “possuído por um espírito mau.” Tal acusação é pecado sem perdão. Para os acusadores, o bem é mal, e o mal é bem. Eles, na verdade, estão comprometidos e tiram proveito do mal; por isso, não reconhecem e não aceitam Jesus. Sombras ameaçadoras tiram a serenidade do missionário. Ao saber que Jesus “foi para casa”, podemos imaginar que pretendia descansar um pouco, antes de retomar a pregação e as obras. Não consegue, pois as multidões se aglomeram ao seu redor, de tal modo que não lhe sobra tempo nem para comer. Entretanto, Jesus não se indispõe contra o povo, mesmo ciente das energias que consome para atender tanta gente. O que realmente perturba o pregador do Reino são os que não compreendem o projeto de Deus que Jesus veio realizar. Concretamente, aqui são seus parentes que querem interromper sua missão. E o fazem com argumento impróprio e até ofensivo: considerá-lo louco é negar sua lucidez, anular suas palavras e, pior, exigir que o tirem de circulação.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Marcos 3, 13-19 A formação do novo povo de Deus.

* 13 Jesus subiu ao monte e chamou os que desejava escolher. E foram até ele. 14 Então Jesus constituiu o grupo dos Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar, 15 com autoridade para expulsar os demônios. 16 Constituiu assim os Doze: Simão, a quem deu o nome de Pedro; 17 Tiago e João, filhos de Zebedeu, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer “filhos do trovão”; 18 André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão o cananeu, 19 e Judas Iscariotes, aquele que depois o traiu. Comentário: * 13-19: Dentre a multidão e os discípulos Jesus escolhe doze. Um pequeno grupo que será o começo de novo povo. A missão desse grupo compreende três atitudes: comprometer-se com Jesus (estar com ele) para anunciar o Reino (pregar), libertando os homens de tudo aquilo que os escraviza e aliena (expulsar os demônios). Já em plena missão, Jesus observa o imenso volume de trabalho. Mais do que auxiliares imediatos, Jesus quer junto a si um grupo de doze discípulos, aos quais dá o nome de apóstolos e que doravante serão seus companheiros inseparáveis. Receberão os ensinamentos do Mestre em duas modalidades: teoria e prática. Por um lado, o Mestre abrirá para eles um horizonte novo, revelando-lhes que ele, Jesus, é o Filho amado do Pai, cujos planos veio realizar; ao mesmo tempo, fincará os fundamentos do Reino de Deus. Por outro lado, os apóstolos serão testemunhas oculares das boas obras com que Jesus beneficia o povo. Tudo o que estão aprendendo nesta nova escola, eles não guardarão para si, mas deverão comunicar aos outros, no momento em que forem enviados. Para isso, Jesus lhes dá poder.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Marcos 3, 7-12 Jesus e a multidão.

* 7 Jesus se retirou para a beira do mar, junto com seus discípulos. Muita gente da Galiléia o seguia. 8 E também muita gente da Judéia, de Jerusalém, da Iduméia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e da Sidônia, foi até Jesus, porque tinha ouvido falar de tudo o que ele fazia. 9 Então Jesus pediu aos discípulos que arrumassem uma barca, para ele não ficar espremido no meio da multidão. 10 Com efeito, Jesus tinha curado muitas pessoas, e todos os que sofriam de algum mal se jogavam sobre ele para tocá-lo. 11 Vendo Jesus, os espíritos maus caíam a seus pés gritando: “Tu és o Filho de Deus!” 12 Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era. Comentário: * 7-12: Jesus se retira, mas atrai a multidão de todos os lugares. Ele acolhe o povo, mas também toma distância. O projeto de Jesus não pode ser atrapalhado por um assistencialismo que só atende às necessidades imediatas. É preciso destruir pela raiz as estruturas injustas; estas é que produzem todo tipo de necessidades na vida do povo. Em Jesus, a misericórdia divina era oferecida a todos. Jesus não perde a ocasião de acudir os que dele se aproximam. Acolhe-os na sinagoga, nas casas e à beira do lago. O breve texto cita várias regiões de onde partiam multidões que iam à procura de Jesus. Ninguém fica excluído; também as cidades habitadas por não judeus recebem de Jesus a mesma benevolência. Vêm desejosos de tocar em Jesus, sobretudo os doentes, por constatarem que ele tinha curado muita gente. Os próprios adversários do Reino (espíritos impuros) rendem-se à evidência e proclamam: “Tu és o filho de Deus!”. Admirável é a resistência física de Jesus, porém ainda mais admirável é seu zelo pastoral e sua entrega total ao serviço dos necessitados. Sem sombras de egoísmo.

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Marcos 3, 1-6 A lei de Jesus é salvar o homem.

* 1 Jesus entrou de novo na sinagoga, onde estava um homem com a mão seca. 2 Havia aí algumas pessoas espiando, para verem se Jesus ia curá-lo em dia de sábado, e assim poderem acusá-lo. 3 Jesus disse ao homem da mão seca: “Levante-se e fique no meio.” 4 Depois perguntou aos outros: “O que é que a Lei permite no sábado: fazer o bem ou fazer o mal, salvar uma vida ou matá-la?” Mas eles não disseram nada. 5 Jesus então olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eles eram duros de coração. Depois disse ao homem: “Estenda a mão.” O homem estendeu a mão e ela ficou boa. 6 Logo depois, os fariseus saíram da sinagoga e, junto com alguns do partido de Herodes, faziam um plano para matar Jesus. Comentário: * 1-6: Jesus mostra que a lei do sábado deve ser interpretada como libertação e vida para o homem. Ao mesmo tempo, partidos que eram inimigos entre si reúnem-se para planejar a morte desse profeta: afinal, ele está destruindo a ideia de religião e sociedade que eles tinham.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Marcos 2, 23-28 Jesus liberta da lei.

* 23 Num dia de sábado, Jesus estava passando por uns campos de trigo. Os discípulos iam abrindo caminho, e arrancando as espigas. 24 Então os fariseus perguntaram a Jesus: “Vê: por que os teus discípulos estão fazendo o que não é permitido em dia de sábado?” 25 Jesus perguntou aos fariseus: “Vocês nunca leram o que Davi e seus companheiros fizeram quando estavam passando necessidade e sentindo fome? 26 Davi entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu dos pães oferecidos a Deus e os deu também para os seus companheiros. No entanto só os sacerdotes podem comer desses pães.” 27 E Jesus acrescentou: “O sábado foi feito para servir ao homem, e não o homem para servir ao sábado. 28 Portanto, o Filho do Homem é senhor até mesmo do sábado.” Comentário: * 23-28: O centro da obra de Deus é o homem, e cultuar a Deus é fazer o bem ao homem. Não se trata de estreitar ou alargar a lei do sábado, mas de dar sentido totalmente novo a todas as estruturas e leis que regem as relações entre os homens. Porque só é bom aquilo que faz o homem crescer e ter mais vida. Toda lei que oprime o homem é lei contra a própria vontade de Deus, e deve ser abolida. Apoiando-se na sua interpretação da Lei, os fariseus acusam os discípulos e repreendem Jesus por não observarem o SÁBADO. Com essa atitude, os fariseus revelam mentalidade mesquinha, interpretando como colheita proibida o que era apenas matar a fome com algumas espigas. Jesus responde citando um fato bíblico do rei ilustre, Davi, fato que mostra o seguinte: em caso de necessidade, suspende-se a obrigação da Lei. Deus instituiu o repouso sabático para que a pessoa tivesse um dia de repouso e, portanto, de paz e alegria. Com o episódio, aprendemos que não se deve ser mesquinho na interpretação das leis, mas colocá-las a serviço de Deus e do próximo. Ao dizer “o Filho do Homem é senhor também do SÁBADO”, Jesus mostra que tem poder não só para explicar a Lei, mas também para interpretá-la.

Marcos 2, 18-22 Jesus provoca ruptura.

* 18 Os discípulos de João Batista e os fariseus estavam fazendo jejum. Então alguns perguntaram a Jesus: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus fazem jejum e os teus discípulos não fazem?” 19 Jesus respondeu: “Vocês acham que os convidados de um casamento podem fazer jejum enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está presente, os convidados não podem fazer jejum. 20 Mas vão chegar dias em que o noivo será tirado do meio deles. Nesse dia eles vão jejuar. 21 Ninguém põe um remendo de pano novo em roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano e o rasgo fica maior ainda. 22 Ninguém coloca vinho novo em barris velhos; porque o vinho novo arrebenta os barris velhos, e o vinho e os barris se perdem. Por isso, vinho novo deve ser colocado em barris novos.” Comentário: * 18-22: O jejum caracterizava o tempo de espera. Mas esse tempo já terminou. Chegou a hora da festa do casamento, isto é, da nova e alegre relação entre Deus e os homens. A atividade de Jesus mostra que o amor de Deus vem para salvar o homem concreto e não para manter as estruturas que sugam o homem. A novidade rompe estas estruturas simbolizadas pela roupa e barril velhos. Jesus não veio para reformar; ele exige mudança radical. O jejum praticado por João Batista e pelos fariseus era uma atitude penitencial que supunha um Deus irritado com as pessoas e ao qual era necessário acalmar, e por isso elas se privavam de alimento. Eis que o Messias misericordioso já está presente, mas muitos não o percebem e continuam apegados a essa tradição, sem sentido religioso. Jesus não vem alimentar uma religião triste, em que os fiéis se obrigam a colecionar obras de reparação para agradar a Deus. É o tempo da alegria pela presença de Deus entre nós. Um Deus que perdoa pecados; que acolhe os marginalizados e os reintroduz na vida social. Um Deus que abre as portas do Reino aos povos do mundo inteiro. Esta é a novidade que Jesus traz, mas para essa novidade são necessárias mentes abertas, corações receptivos: “vinho novo em vasilhas novas”.

domingo, 15 de janeiro de 2023

João 1, 29-34 A testemunha reconhece o Salvador

* 29 No dia seguinte, João viu Jesus, que se aproximava dele. E disse: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo. 30 Este é aquele de quem eu falei: ‘Depois de mim vem um homem que passou na minha frente, porque existia antes de mim’. 31 Eu também não o conhecia. Mas vim batizar com água, a fim de que ele se manifeste a Israel.” 32 E João testemunhou: “Eu vi o Espírito descer do céu, como uma pomba, e pousar sobre ele. 33 Eu também não o conhecia. Aquele que me enviou para batizar com água, foi ele quem me disse: ‘Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e pousar, esse é quem batiza com o Espírito Santo’. 34 E eu vi, e dou testemunho de que este é o Filho de Deus.” Comentário: * 29-34: No idioma dos judeus, a mesma palavra pode significar servo e cordeiro. Jesus é o Servo de Deus, anunciado pelos profetas, aquele que devia sacrificar-se pelos seus irmãos. Também é o verdadeiro Cordeiro, que substitui o cordeiro pascal. João Batista, chamando Jesus de Cordeiro, mostra que ele é o Messias que vem tirar a humanidade da escravidão em que se encontra e conduzi-la a uma vida na liberdade. João Batista dá testemunho de Jesus, aplicando-lhe três títulos: “Cordeiro de Deus”, “aquele que batiza com o Espírito Santo” e “Filho de Deus”. A expressão “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” nos faz recordar o cordeiro pascal da libertação do Egito (cf. Ex 12,1-14) e faz referência também aos cordeiros sacrificados no templo para expiação dos pecados do povo. Jesus vai exercer uma prática libertadora, tirando as pessoas da opressão do sistema injusto. Mas o sistema injusto o mandará para a cruz. Ele batizará com o Espírito Santo, não com água somente. Em tudo, Jesus age sob o impulso do Espírito Santo e, após a ressurreição, o infundirá nos apóstolos, para que continuem sua obra no mundo. Sendo Filho de Deus, Jesus nos revela o Pai e seu projeto de vida e liberdade para todos.