sábado, 8 de fevereiro de 2020

Marcos 6, 30-34 O banquete da vida.


* 30 Os apóstolos se reuniram com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31 Haviatanta gente que chegava e saía, a tal ponto que Jesus e os discípulos não tinham tempo nem para comer. Então Jesus disse para eles: “Vamos sozinhos para algum lugar deserto, para que vocês descansem um pouco.” 32 Então foram sozinhos, de barca, para um lugar deserto e afastado. 33 Muitas pessoas, porém, os viram partir. Sabendo que eram eles, saíram de todas as cidades, correram na frente, a , e chegaram lá antes deles.
34 Quando saiu da barca, Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão, porque eles estavam como ovelhas sem pastor. Então começou a ensinar muitas coisas para eles.
Comentário:
* 30-44: Enquanto Herodes celebra o banquete da morte com os grandes, Jesus celebra o banquete da vida com o povo simples. Marcos não diz o que Jesus ensina, mas o grande ensinamento de toda a cena está no fato de que não é preciso muito dinheiro para comprar comida para o povo. É preciso simplesmente dar e repartir entre todos o pouco que cada um possui. Jesus projeta nova sociedade, onde o comércio é substituído pelo dom, e a posse pela partilha. Mas, para que isso realmente aconteça, é preciso organizar o povo. Dando e repartindo, todos ficam satisfeitos, e ainda sobra muita coisa.

É a segunda vez, no Evangelho de Marcos, que aparece a expressão “não tinham tempo nem para comer” (cf. Mc 3,20), referindo-se a Jesus e seus discípulos envolvidos com as numerosas multidões. O que busca essa fileira de homens, mulheres e crianças? Querem, antes de tudo, recuperar a esperança e o sentido de viver. E Jesus lhes dá, em abundância, esse alimento espiritual. As pessoas anseiam por uma sociedade assentada em valores como a justiça, a boa convivência familiar e social, a prática do perdão e os atos de misericórdia. É isso que Jesus ensina. É isso que Jesus pratica. São essas as bases do Reino que ele veio anunciar, implantar e propagar. Os que acorrem a Jesus sabem que ele tem palavras de vida eterna; que ama a todos e dá preferência aos empobrecidos e marginalizados.

Oração
Ó Jesus, incansável evangelizador, convidas teus apóstolos para uma pausa restauradora. Voltam da missão, cheios de novidades e ansiosos para partilhar os prodígios realizados. Não deu tempo. Multidões aguardavam a tua presença e a deles. Tiveram prioridade, pois “eram como ovelhas sem pastor”. Amém.


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Marcos 6, 14-29 O banquete da morte.


* 14 O rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome tinha-se tornado famoso. Alguns diziam: “João Batista ressuscitou dos mortos. É por isso que os poderes agem nesse homem.” 15 Outros diziam: “É Elias.” Outros diziam ainda: “É um profeta como os profetas antigos.” 16 Ouvindo essas coisas, Herodes disse: “Ele é João Batista. Eu mandei cortar a cabeça dele, mas ele ressuscitou!”
17 De fato, Herodes tinha mandado prender João, amarrá-lo e colocá-lo na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, com quem tinha casado, apesar de ser ela a mulher do seu irmão Filipe. 18 João dizia a Herodes: “Não é permitido você se casar com a mulher do seu irmão.” 19 Por isso, Herodíades ficou com raiva de João e queria matá-lo, mas não podia. 20 Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava.
21 Finalmente chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes. E ele fez um banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galiléia. 22 A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Peça o que quiser e eu darei a você.” 23 E jurou: “Juro que darei qualquer coisa que você me pedir, mesmo que seja a metade do meu reino.” 24 A moça saiu e perguntou à mãe: “O que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista.” 25 A moça correu para a sala e pediu ao rei: “Quero que me agora, num prato, a cabeça de João Batista.” 26 O rei ficou muito triste. Mas não pôde recusar, pois tinha feito o juramento na frente dos convidados. 27 Imediatamente o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, foi à prisão e cortou a cabeça de João. 28 Depois levou a cabeça num prato, deu à moça, e esta a entregou à sua mãe. 29 Ao saber disso, os discípulos de João foram, levaram o cadáver e o sepultaram.
Comentário:

* 14-29: A narração da morte de João Batista apresenta o destino de Jesus e dos que o seguem. A morte de João acontece dentro de um banquete de poderosos. Assim, o profeta que pregava o início de transformação radical é morto por aqueles que se sentem incomodados com essa transformação.
Com riqueza de detalhes, o evangelista põe em destaque a grandiosa figura de João Batista. Desta vez para falar de sua morte. Por sua fidelidade incondicional à vocação de precursor do Messias, por sua coerência de vida honesta e transparente, cai nas mãos do cruel Herodes Antipas. É retirado de circulação e enfrenta os horrores da cadeia. Mais tarde, tem a cabeça decepada, por ordem do mesmo rei. Cessa a voz do profeta; predomina o terror imposto pelo chefe do povo. Empobrece o mundo carente de Deus; sobressai o ódio e a prática da injustiça e da opressão. Retrato do mundo atual. Oxalá cristãos e cristãs, em número cada vez mais crescente, tomem como modelo o “maior entre os nascidos de mulher” (Mt 11,11), por sua audácia e palavras fortes em defesa dos oprimidos e marginalizados.
Oração
Senhor Jesus, teu precursor João encontra-se na cadeia, a mando de Herodes, que cultivava pensamentos e sentimentos contraditórios a respeito dele: prazer em ouvi-lo, medo, ódio, proteção. Ódio maior foi o de Herodíades, que mandou degolar o “justo e santo”, João Batista. Senhor, livra-nos do mal. Amém.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Marcos 6, 7-13 A missão dos discípulos.


* Jesus começou a percorrer as redondezas, ensinando nos povoados. 7 Chamou os doze discípulos, começou a enviá-los dois a dois e dava-lhes poder sobre os espíritos maus. 8 Jesus recomendou que não levassem nada pelo caminho, além de um bastão; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura. 9 Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas. 10 E Jesus disse ainda: “Quando vocês entrarem numa casa, fiquematé partirem. 11 Se vocês forem mal recebidos num lugar e o povo não escutar vocês, quando saírem sacudam a poeira dos pés como protesto contra eles.” 12 Então os discípulos partiram e pregaram para que as pessoas se convertessem. 13 Expulsavam muitos demônios e curavam muitos doentes, ungindo-os com óleo.
Comentário:
* 6b-13: Os discípulos são enviados para continuar a missão de Jesus: pedir mudança radical da orientação de vida (conversão), desalienar as pessoas (libertar dos demônios), restaurar a vida humana (curas). Os discípulos devem estar livres, ter bom senso e estar conscientes de que a missão vai provocar choque com os que não querem transformações.
Jesus decide enviar em missão seus discípulos e dá-lhes poder de expulsar os espíritos impuros. Os discípulos partem, com o poder do Espírito Santo, a fim de provocar radical mudança na sociedade. A bagagem é sóbria, apenas o necessário para se vestir e proteger os pés. O alimento deve provir da hospitalidade de quem os acolhe. Nada de ficar “batendo em ferro frio”, isto é, pregando a quem se recusa a ouvir a mensagem cristã. Nesse caso, “saiam daí sacudindo o pó dos pés”. É um gesto de acusação, como a dizer: andei por aqui e anunciei o projeto de Deus revelado por Jesus; fiz a minha parte… Os discípulos cumprem as orientações de Jesus e confirmam sua pregação com ações concretas e benfazejas (v. 13). E nós, o que fazemos concretamente em vista de transformar a sociedade em que vivemos?
Oração
Ó Jesus, nosso Libertador, aos Apóstolos dás autoridade para realizarem o que tu mesmo realizas: expulsar demônios impuros e curar enfermidades. Assim credenciados, em teu nome eles saem anunciando a Boa-Nova do Reino. Levam a paz, expulsam demônios e curam os doentes, ungindo-os com óleo. Amém.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Marcos 6, 1-6 O escândalo da encarnação.


Comentário:
* 6,1-6a: Os conterrâneos de Jesus se escandalizam: não querem admitir que alguém como eles possa ter sabedoria superior à dos profissionais e realize ações que indiquem uma presença de Deus. Para eles, o empecilho para a fé é a encarnação: Deus feito homem, situado num contexto social.
* 6b-13: Os discípulos são enviados para continuar a missão de Jesus: pedir mudança radical da orientação de vida (conversão), desalienar as pessoas (libertar dos demônios), restaurar a vida humana (curas). Os discípulos devem estar livres, ter bom senso e estar conscientes de que a missão vai provocar choque com os que não querem transformações.
Acompanhado de seus discípulos, Jesus vai a Nazaré, “sua terra”. Como de costume, ele ensina na sinagoga deles. Muitos ouvintes reagem com admiração: “Que sabedoria é essa que lhe foi dada?”. Mas logo a assembleia passa ao desprezo, tanto que Jesus extravasa seu lamento: “Um profeta só é desprezado em sua terra, entre seus parentes, e em sua casa”. Encontra, portanto, ambiente hostil, terreno infértil, corações endurecidos. Aqueles nazarenos perderam a ocasião de usufruir um pouco mais da presença do Mestre da verdade, o libertador dos oprimidos, a luz da vida. Então, impressionado com a falta de fé deles, Jesus os deixou apegados às velhas ideias e convicções, sufocados sob as pesadas estruturas sociais, enquanto ele “percorria os vilarejos vizinhos, ensinando”.
Oração
Ó Jesus, divino Mestre, em Nazaré, tua terra, encontras forte oposição. Embora fosses conhecido como “o carpinteiro”, teus conterrâneos não abriram o coração para aninhar tuas divinas palavras. Sem poder realizar ali nem sequer um milagre, desiludido, partes para “os vilarejos vizinhos, ensinando”. Amém.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Marcos 5, 21-43 Restaurar os homens na vida total.


* 21 Jesus atravessou de barca novamente para o outro lado do mar. Uma numerosa multidão se reuniu junto dele, e Jesus ficou na praia. 22 Aproximou-se um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Quando viu Jesus, caiu a seus pés, 23 e pediu com insistência: “Minha filhinha está morrendo. Vem e põe as mãos sobre ela, para que sare e viva.” 24 Jesus acompanhou Jairo. E numerosa multidão o seguia e o apertava de todos os lados.
25 chegou uma mulher que sofria de hemorragia doze anos; 26 tinha padecido na mão de muitos médicos, gastou tudo o que tinha e, em vez de melhorar, piorava sempre mais. 27 A mulher tinha ouvido falar de Jesus. Então ela foi no meio da multidão, aproximou-se de Jesus por trás e tocou na roupa dele, 28 porque pensava: “Ainda que eu toque só na roupa dele, ficarei curada.” 29 A hemorragia parou imediatamente. E a mulher sentiu no corpo que estava curada da doença. 30 Jesus percebeu imediatamente que uma força tinha saído dele. Então virou-se no meio da multidão e perguntou: “Quem foi que tocou na minha roupa?” 31 Os discípulos disseram: “Estás vendo a multidão que te aperta e ainda perguntas: ‘quem me tocou?’”32 Mas Jesus ficou olhando em volta para ver quem tinha feito aquilo. 33 A mulher, cheia de medo e tremendo, percebeu o que lhe havia acontecido. Então foi, caiu aos pés de Jesus e contou toda a verdade. 34 Jesus disse à mulher: “Minha filha, sua curou você. em paz e fique curada dessa doença.”
35 Jesus ainda estava falando, quando chegaram algumas pessoas da casa do chefe da sinagoga e disseram a Jairo: “Sua filha morreu. Por que você ainda incomoda o Mestre?” 36 Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga: “Não tenha medo; apenas tenha !” 37 E Jesus não deixou que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e seu irmão João. 38 Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a confusão e ouviu as pessoas chorando e gritando. 39 Jesus entrou e disse: “Por que essa confusão e esse choro? A criança não morreu. Ela está apenas dormindo.” 40 As pessoas começaram a zombar dele. Mas Jesus mandou que todos saíssem, menos o pai e a mãe da menina, e os três discípulos que o acompanhavam. Depois entraram no quarto onde a menina estava. 41 Jesus pegou a menina pela mão e disse: “Talita cúmi”, que quer dizer: “Menina, - eu lhe digo - levante-se!” 42 A menina levantou-se imediatamente e começou a andar, pois tinha doze anos. E todos ficaram muito admirados. 43 Jesus recomendou com insistência que ninguém ficasse sabendo disso. E mandou dar comida para a menina.
Comentário:
* 21-43: Toda mulher menstruada ou sofrendo corrimento de sangue, era considerada impura (Lv 15,19.25), e impuros ficavam também os que fossem tocados por ela. A fé em Jesus faz que essa mulher viole a Lei e seja curada. A missão de Jesus é restaurar os homens na vida total: não só libertá-los da doença que os diminui e exclui do convívio social, mas também salvá-los da morte, que os exclui da vida antes do tempo.
Dois episódios de curas. Em ambos, duas mulheres são beneficiadas pela palavra e pelo poder de Jesus. Os dois casos se relacionam com a vida e a fecundidade: a mulher sofre fluxo de sangue; a menina entra na fase de poder gerar vida humana. As duas, afastadas do convívio social: a menina, por sua doença e morte; a mulher, por uma enfermidade que a mantém em estado de impureza. Outros aspectos se destacam: a expressão da fé do chefe da sinagoga: “Vem e põe as mãos sobre ela, para que seja salva e viva”; a ousadia e a fé da mulher que padece de hemorragia: “Se eu apenas tocar nas vestes dele, ficarei curada”; a falta de sensibilidade dos discípulos (v. 31) e a incredulidade dos zombadores (v. 40). Jesus mostra inteira disponibilidade para ajudar a quem lhe pede socorro.
Oração
Bom e atencioso Jesus, envolvido pela multidão, sentes que uma mulher, que há doze anos sofria de hemorragia, toca tuas vestes e logo se sente curada. Depois, fazes reviver uma menina, filha de Jairo, que diziam estar morta. Duas mulheres são beneficiadas, nessa ocasião, por tua bondade eficaz. Amém.