quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Lucas 10, 13-16 Os anunciadores do Reino.

13“Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. 14Pois bem, no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós. 15Ai de ti, Cafarnaum! Serás elevada até o céu? Não, tu serás atirada no inferno. 16Quem vos escuta a mim escuta; e quem vos rejeita a mim despreza; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou”. Comentário: * 1-16: Os discípulos são organizados por Jesus para anunciarem a Boa Notícia no caminho e começarem a realizar os atos que concretizam o Reino. Aqueles que não quiserem aderir à Boa Notícia ficarão fora da nova história. No texto anterior, Jesus menciona Sodoma, a cidade pecadora, que no julgamento será tratada com menos rigor do que outras cidades que rejeitam o Reino (Corazin, Betsaida, Cafarnaum). Estas recebem de Jesus a dura ameaça reservada para casos extremos. É um enérgico apelo à conversão. Quem rejeita os discípulos rejeita o próprio Jesus e Deus Pai, que o enviou. Recusar o dom de Deus é escolher a própria condenação, é escolher a morte, permanecendo fora da nova história e das novas relações sociais que nascem do projeto de Deus. Jesus visita continuamente nossas comunidades, chamando-nos à conversão mediante fatos, crises, frustrações, esperanças pessoais e coletivas. Precisamos estar atentos aos sinais da visita de Jesus, a fim de não deixarmos cair em vão a graça de Deus que está passando. Oração Divino Mestre, Jesus Cristo, fazes veemente apelo à mudança de vida. Algumas cidades, mesmo testemunhando teus milagres, não se converteram. “No dia do julgamento”, deverão responder seriamente por suas atitudes. Impulsiona-nos, Senhor, a progredir um pouquinho cada dia na vivência cristã. Amém.

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Lucas 10, 1-12 Os anunciadores do Reino.

1o Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2E dizia-lhes: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita. 3Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos. 4Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! 5Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós. 7Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em casa. 8Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, 9curai os doentes que nela houver e dizei ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vós’. 10Mas, quando entrardes numa cidade e não fordes bem recebidos, saindo pelas ruas, dizei: 11‘Até a poeira de vossa cidade, que se apegou aos nossos pés, sacudimos contra vós. No entanto, sabei que o Reino de Deus está próximo!’ 12Eu vos digo que, naquele dia, Sodoma será tratada com menos rigor do que essa cidade”. Comentário: * 10,1-16: Os discípulos são organizados por Jesus para anunciarem a Boa Notícia no caminho e começarem a realizar os atos que concretizam o Reino. Aqueles que não quiserem aderir à Boa Notícia ficarão fora da nova história. Assim como os Doze foram enviados em missão na Galileia, Jesus agora envia os setenta e dois (ou setenta) discípulos para evangelizar a Judeia. São setenta, como os povos que compunham a humanidade, sinal de que a Boa-Nova deve estender-se ao mundo inteiro. Despojados de segurança e comodidades, vão à frente de Jesus para preparar a sua chegada. Esse é o sentido de todo o apostolado da Igreja, pois é Jesus quem deve ocupar o centro da missão. Devem levar a paz também aos ambientes hostis (ovelhas entre lobos), mas não perder tempo com pessoas de má vontade (cf. v. 6). A tarefa deles é a mesma de Jesus: anunciar a Boa Notícia do Reino e curar os doentes. Vão sentir que é imenso o trabalho a realizar, por isso deverão pedir a Deus mais missionários para a grandiosa obra de expansão do Reino. Oração Ó Jesus, enviado do Pai, escolhes expressivo número de discípulos e os convidas a pedir ao “Senhor da colheita” muitos trabalhadores para sua colheita. Depois, tu os envias a toda parte, para que preparem tua chegada. Partam despojados, conscientes de que terão de enfrentar oposições. Amém.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

João 1, 47-51 As testemunhas apontam o Salvador.

47Jesus viu Natanael, que vinha para ele, e comentou: “Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade”. 48Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi”. 49Natanael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel”. 50Jesus disse: “Tu crês porque te disse: ‘Eu te vi debaixo da figueira’? Coisas maiores que essa verás!” 51E Jesus continuou: “Em verdade, em verdade, eu vos digo, vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”. Comentário: * 35-51: João descreve os sete dias da nova criação. No primeiro dia, João Batista afirma: "No meio de vocês existe alguém que vocês não conhecem." Nos dias seguintes vemos como João Batista, João, André, Simão, Filipe e Natanael descobrem a Jesus. É sempre uma testemunha que aponta Jesus para outra. O último dia será o casamento em Caná, onde Jesus manifestará a sua glória. "O que vocês estão procurando?" São estas as primeiras palavras de Jesus neste evangelho. Essa pergunta, ele a faz a todos os homens. Nós queremos saber quem é Jesus, e ele nos pergunta sobre o que buscamos na vida. Os homens que encontraram Jesus começaram a conviver com ele. E no decorrer do tempo vão descobrindo que ele é o Mestre, o Messias, o Filho de Deus. O mesmo acontece conosco: enquanto caminhamos com Cristo, vamos progredindo no conhecimento a respeito dele. João Batista era apenas testemunha de Jesus, a quem tudo se deve dirigir. João sabia disso; por isso convida seus próprios discípulos para que se dirijam a Jesus. E os dois primeiros vão buscar outros. É desse mesmo modo que nós encontramos a Jesus: porque outra pessoa nos falou dele ou nos comprometeu numa tarefa apostólica. Jesus sempre reconhece aqueles que o Pai coloca em seu caminho. Ele reconhece Natanael debaixo da figueira e também Simão, escolhido para ser a primeira Pedra da Igreja. Vereis o céu aberto: No sonho de Jacó, os anjos subiam e desciam por uma escada que ligava a terra ao céu (leia Gn 28,10-22). Doravante é Jesus, o Filho do Homem, a nova ligação entre Deus e os homens. Arcanjo significa chefe supremo dos anjos. A Carta de Judas aplica esse título a Miguel, e a Igreja estendeu-o depois a Gabriel e a Rafael. O novo calendário reuniu numa só celebração os três arcanjos (Miguel, Gabriel e Rafael), cuja festa caía em datas diferentes. Miguel, que significa “Quem é como Deus?”, cultuado desde os primeiros séculos da era cristã, é lembrado no livro de Daniel. A Carta de Judas mostra-o em luta contra Satanás, que quer o corpo de Moisés. Também o Apocalipse recorda o combate de Miguel e seus anjos contra o dragão. Gabriel, “Força de Deus”, apresentou-se a Zacarias como “aquele que está diante de Deus”. Anunciou o nascimento de João Batista e a encarnação do Filho de Deus. Rafael, “Deus cura”, aparece no livro de Tobias como acompanhante de viagem do jovem Tobias. Oração Ó Jesus, Salvador nosso, teu Pai celeste confiou aos arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael importantes intervenções na história da salvação. Faze-nos, Senhor, compreender a nobre missão desses mensageiros do Alto e glorificar a Deus pela cooperação deles na tua obra redentora. Amém.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Lucas 9, 51-56 Jesus vai para Jerusalém.

51Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém 52e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram num povoado de samaritanos para preparar hospedagem para Jesus. 53Mas os samaritanos não o receberam, pois Jesus dava a impressão de que ia a Jerusalém. 54Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?” 55Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os. 56E partiram para outro povoado. Comentário: * 51-56: Jesus inicia o seu caminho para Jerusalém (cf. Introdução). Nessa viagem, Lucas mostra a pedagogia de Jesus, que vai indicando o caminho para aqueles que querem unir-se a ele. Tal processo por ele iniciado vai provocar sérios conflitos com aqueles que não querem mudar o rumo da história. Por enquanto, nem os samaritanos entendem que Jesus vai a Jerusalém para salvá-los. E os discípulos não imaginam que a Samaria será um dos primeiros lugares que eles evangelizarão ao saírem de Jerusalém (At 1,8). Começa aqui a grande subida de Jesus para Jerusalém, para a cruz, para o céu. Ao longo do percurso, acontecem ensinamentos, encontros, milagres, controvérsias, e a figura do discípulo se torna central. O verdadeiro discípulo é aquele que segue seu Mestre no caminho da renúncia a si mesmo e da solidariedade ativa com os pobres, os pequenos, os excluídos. Não é o que acontece com Tiago e João, ainda apegados aos antigos rancores entre judeus e samaritanos. Com efeito, diante da recusa de hospedagem dos samaritanos, esses dois discípulos propõem que sejam exterminados. O apelo deles ao poder divino está a serviço da vingança odiosa. Jesus reprova esse espírito de intolerância dos discípulos e mantém a firme resolução de caminhar para Jerusalém, onde vai entregar a própria vida em favor de todos. Oração Ó Jesus Messias, tomas “a firme decisão de partir para Jerusalém”, onde entregarás a vida por nós. Tiago e João, indignados com os samaritanos, querem a ruína deles. Quanto a ti, Senhor, vieste para salvá-los, e não para destruí-los. Ajuda-nos, Senhor, a ser tolerantes nos contratempos da vida. Amém.

domingo, 26 de setembro de 2021

Lucas 9, 46-50 Quem é o maior.

46Houve entre os discípulos uma discussão para saber qual deles seria o maior. 47Jesus sabia o que estavam pensando. Pegou então uma criança, colocou-a junto de si 48e disse-lhes: “Quem receber esta criança em meu nome estará recebendo a mim. E quem me receber estará recebendo aquele que me enviou. Pois aquele que entre todos vós for o menor, esse é o maior”. Quem está a favor de Jesus? - 49João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem que expulsa demônios em teu nome. Mas nós lho proibimos, porque não anda conosco”. 50Jesus disse-lhe: “Não o proibais, pois quem não está contra vós está a vosso favor”. Comentário: * 46-48: Para compreender o messianismo de Jesus é preciso mudar a idéia que se tem a respeito do poder. Enquanto persistir entre os discípulos o desejo do poder que domina, não haverá possibilidade alguma de construir o Reino de Deus. * 49-50: Cf. nota em Mc 9,38-41: Jesus não quer que o grupo daqueles que o seguem se torne seita fechada e monopolizadora da sua missão. Toda e qualquer ação que desaliena o homem é parte integrante da missão de Jesus. Jesus acabara de apresentar aos discípulos o segundo anúncio de sua paixão. Mas eles não entenderam que, na qualidade de discípulos, deveriam seguir o mesmo caminho do Mestre. Jesus se abaixa. Os discípulos querem se elevar. Por isso, fazem entre si um bate-boca sobre qual deles seria o maior. Estão longe de compreender o espírito da novidade que Jesus vem introduzir nas relações humanas. Quem é o maior? O menor. Para ilustrar seu ensinamento, Jesus dá destaque a uma criança, colocando-a do seu lado. Com isso revela o sentido de toda a sua obra: a verdadeira grandeza está na humildade. Na sequência, Jesus previne seus discípulos contra a tentação do fanatismo. Para Jesus, não é necessário que alguém pertença oficialmente a seu grupo para ter o direito de agir em seu nome. Ninguém tem o monopólio do bem. Oração Ó Mestre, a grandeza do Reino de Deus não está em conquistar lugares de honra. Quem acolhe o pequenino em teu nome está acolhendo a ti e ao Pai celeste. Esclareces também que o teu Reino não é um grupo fechado, uma seita, mas está presente em toda parte onde se pratica o bem. Amém.

sábado, 25 de setembro de 2021

Marcos 9, 38-43.45.47-48 Quem está a favor de Jesus?

38João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue”. 39Jesus disse: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. 40Quem não é contra nós é a nosso favor. 41Em verdade eu vos digo, quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa. Cortar o mal pela raiz - 42E, se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço. 43Se tua mão te leva a pecar, corta-a! É melhor entrar na vida sem uma das mãos do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. 45Se teu pé te leva a pecar, corta-o! É melhor entrar na vida sem um dos pés do que, tendo os dois, ser jogado no inferno. 47Se teu olho te leva a pecar, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, 48‘onde o verme deles não morre e o fogo não se apaga'”. Comentário: * 38-41: Jesus não quer que o grupo daqueles que o seguem se torne seita fechada e monopolizadora da sua missão. Toda e qualquer ação que desaliena o homem é parte integrante da missão de Jesus. * 42-50: Pequeninos são os pobres e fracos que esperam confiantes uma sociedade fraterna e igualitária. Eles ficariam escandalizados se os seguidores de Jesus andassem à busca de poder e formassem casta privilegiada. Isso seria trair a missão de Jesus, mal que deve ser cortado pela raiz. Não é possível encerrar Jesus entre quatro paredes. Onde há expressão de justiça e de amor, aí Jesus se faz presente e atuante, aí se manifesta o Espírito Santo com seus dons. “Deus não faz diferença entre as pessoas. Pelo contrário, em qualquer nação, quem o teme e pratica a justiça é agradável a ele” (At 10,34-35). A Igreja de Cristo é como um redil aberto à entrada de outras ovelhas que ainda não pertencem ao rebanho. No seio da comunidade cristã, alguns se achavam mais importantes que os outros e os marginalizavam. Brigavam pelo poder. Por causa de tal ambição, tornavam-se, para os pequenos, ocasião de escândalo, isto é, dificultavam o crescimento deles na fé. Jesus corrige esse perigoso desvio ensinando, em linguagem figurada, que é necessário cortar o mal pela raiz. Oração Ó Jesus, Mestre e Pastor, admirável é tua solidariedade com os necessitados de libertação, que a ti recorrem com fé e total confiança. Queremos expressar nossa fidelidade a ti em pensamentos, palavras e obras. E aplicar todas as nossas energias em favor da expansão do teu Reino. Amém.

Tiago 5, 1-6 Ai de vocês, ricos!

1E agora, ricos, chorai e gemei, por causa das desgraças que estão para cair sobre vós. 2Vossa riqueza está apodrecendo, e vossas roupas estão carcomidas pelas traças. 3Vosso ouro e vossa prata estão enferrujados, e a ferrugem deles vai servir de testemunho contra vós e devorar vossas carnes como fogo! Amontoastes tesouros nos últimos dias. 4Vede, o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos campos, que vós deixastes de pagar, está gritando, e o clamor dos trabalhadores chegou aos ouvidos do Senhor todo-poderoso. 5Vós vivestes luxuosamente na terra, entregues à boa vida, cevando os vossos corações para o dia da matança. 6Condenastes o justo e o assassinastes; ele não resiste a vós. Comentário: * 1-6: Tiago critica agora os proprietários que se enriquecem à custa dos trabalhadores. Visando unicamente ao lucro, esses latifundiários cometem graves injustiças sociais: retenção do salário devido aos operários (cf. Dt 24,14); acumulação de riquezas que não revertem para o bem comum, mas servem unicamente para uma vida regalada e luxuosa; opressão jurídica e condenações conseguidas graças ao suborno contra os pobres inocentes que não têm meios de defesa. Fruto do roubo e da injustiça, o tesouro amontoado pelos ricos será testemunho que os condenará na hora do julgamento.

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Lucas 9, 43-45 O Filho do Homem vai ser entregue.

43 Todos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia. Então Jesus disse a seus discípulos: 44“Prestai bem atenção às palavras que vou dizer: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”. 45Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia. O sentido lhes ficava escondido, de modo que não podiam entender; e eles tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto. Comentário: * 37-45: Enquanto os discípulos não mudarem sua idéia sobre o Messias, jamais realizarão atos de libertação, que dão continuidade à missão de Jesus. Jesus tem momentos de sucesso no meio do povo e desperta a admiração de todos, mas tem o olhar fixo na obra decisiva da salvação. Pela segunda vez, de forma resumida, Jesus avisa seus discípulos sobre seu fim trágico. Esta informação não entra na cabeça deles. Esse tipo de anúncio não se enquadra com o que eles esperam de Jesus. Não conseguem conciliar poder com fraqueza: como pode cair “nas mãos dos homens” aquele que expulsa as forças malignas? Para eles, era incompreensível essa espécie de contradição. Só entenderão após a ressurreição, quando Jesus “abrirá a inteligência deles, para compreenderem as Escrituras. Então lhes dirá: ‘Está escrito que o Messias tinha de sofrer e ressuscitar dos mortos no terceiro dia'” (cf. Lc 24,45). Oração Ó Jesus Messias, tuas poderosas obras causavam grande admiração em teus discípulos. Por isso, não compreendiam que serias entregue “nas mãos dos homens”. Voltas a explicar-lhes que, para nos salvar, tu te submeteste aos limites humanos. Pelo mau uso da liberdade é que os homens te crucificaram. Amém.

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Lucas 9, 18-22 Jesus é o Messias.

18 Certo dia, Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele. Então, Jesus perguntou-lhes: “Quem diz o povo que eu sou?” 19Eles responderam: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou”. 20Mas Jesus perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “O Cristo de Deus”. 21Mas Jesus proibiu-lhes severamente que contassem isso a alguém. 22E acrescentou: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. Comentário: * 18-27: Não basta declarar e aceitar que Jesus é o Messias; é preciso rever a idéia a respeito do Messias, o qual, para construir a nova história, enfrenta os que não querem transformações. Por isso, ele vai sofrer, ser rejeitado e morto. Sua ressurreição será a sua vitória. E quem quiser acompanhar Jesus na sua ação messiânica e participar da sua vitória, terá que percorrer caminho semelhante: renunciar a si mesmo e às glórias do poder e da riqueza. Terminada sua oração individual, Jesus faz aos discípulos a pergunta fundamental: “Quem sou eu?”. E a faz em dois tempos, para que a resposta deles se destaque sobre as opiniões do povo. A pergunta é um desafio, não simples curiosidade. Ultrapassando o nível de resposta do povo, Pedro responde como cabeça de todos: “Tu és o Messias de Deus!”, isto é, o Ungido de Deus que vem implantar a era da justiça e da paz (cf. Is 11,1-9). Os discípulos, porém, terão de percorrer longo caminho até compreenderem a verdadeira identidade de Jesus: ele é o Messias que vai realizar sua missão como Servo sofredor. Os chefes do povo (anciãos, chefes dos sacerdotes e doutores da Lei), que mantêm a sociedade injusta, vão matá-lo. Ele, porém, ressuscitará e dará continuidade a seu projeto por meio de seus seguidores. Oração Ó Jesus, Messias de Deus, reconhecemos que não basta ter informações sobre quem tu és. É necessário que assumamos teu modo de vida, que sejamos teus fiéis seguidores, conscientes de que percorres um caminho de sofrimento até a entrega total de tua vida mediante tua morte na cruz. Amém.

quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Lucas 9, 7-9 Jesus começa a inquietar.

7O governador Herodes ouviu falar de tudo o que estava acontecendo e ficou perplexo, porque alguns diziam que João Batista tinha ressuscitado dos mortos. 8Outros diziam que Elias tinha aparecido; outros, ainda, que um dos antigos profetas tinha ressuscitado. 9Então Herodes disse: “Eu mandei degolar João. Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?” E procurava ver Jesus. Comentário: * 7-9: A palavra e ação de Jesus deixam o povo e as autoridades sem saber o que pensar. É que a presença dele força todo mundo a se perguntar: "Quem é esse homem? O encontro de Jesus e Herodes acontecerá na Paixão (23,6-12). Jesus vem para realizar e propor nova mentalidade e, por isso, novo estilo de vida. Por suas atitudes coerentes e por seu poder de expulsar as forças do mal e curar doenças, em pouco tempo, Jesus havia cativado e arrastado atrás de si numerosas multidões. Embora ele insistisse para não publicarem seus feitos, sua fama logo se espalhou por toda parte e chegou aos ouvidos de Herodes, homem forte do governo. Fosse o profeta Elias que voltava, fosse João Batista, ressuscitado dos mortos, ambas as lembranças eram um tormento para a cabeça do cruel Herodes, que fica confuso. “Queria ver Jesus”, talvez para livrar-se do pesadelo de sua vida desregrada. Na paixão de Jesus, Herodes fará de tudo para arrancar-lhe uma palavra. Em vão. Tratava-se de mera curiosidade, não desejo de se tornar discípulo. Oração Ó Jesus Mestre, Herodes Antipas se incomoda com as informações que circulam a teu respeito. Mera curiosidade pessoal, sem intenção de se tornar teu discípulo. Livra-nos, Senhor, dos prepotentes, que dificultam ou impedem a expansão do teu Reino de justiça, amor e paz. Amém.

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Lucas 9, 1-6 A missão dos discípulos.

1Jesus convocou os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças 2e enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os enfermos. 3E disse-lhes: “Não leveis nada para o caminho: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem mesmo duas túnicas. 4Em qualquer casa onde entrardes, ficai aí; e daí é que partireis de novo. 5Todos aqueles que não vos acolherem, ao sairdes daquela cidade, sacudi a poeira dos vossos pés como protesto contra eles”. 6Os discípulos partiram e percorriam os povoados, anunciando a Boa-nova e fazendo curas em todos os lugares. Comentário: * 9,1-6: Cf. nota em Mc 6,7-13: Os discípulos são enviados para continuar a missão de Jesus: pedir mudança radical da orientação de vida (conversão), desalienar as pessoas (libertar dos demônios), restaurar a vida humana (curas). Os discípulos devem estar livres, ter bom senso e estar conscientes de que a missão vai provocar choque com os que não querem transformações. Após certo período de ensinamento aos apóstolos, Jesus os envia em missão. Dá-lhes poder e autoridade sobre as coisas que oprimem as pessoas. Objetivamente, o que deverão fazer? Anunciar o Reino de Deus, isto é, que Jesus está presente e traz seu projeto de vida e liberdade para todos. Além disso, Jesus lhes dá o poder de curar as doenças. É um projeto inédito, revolucionário, que vai mexer com as estruturas da sociedade. Jesus e seus apóstolos não fecharão os olhos diante das injustiças que o povo sofre; não omitirão a verdade, mas proporão a transparência nos relacionamentos. São pregoeiros de uma sociedade assentada sobre a prática do amor, da justiça e da fraternidade. Ao enviar seus apóstolos, Jesus prevê conflitos, porque nem todos estão abertos para acolher o Reino de Deus e dele fazer parte. Oração Ó Jesus, missionário do Pai, aos doze apóstolos dás “poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças”. Assim autorizados, eles percorrem os vilarejos, anunciando a Boa Notícia e realizando curas por toda parte. Envia, Senhor, novos apóstolos para os novos tempos. Amém.

Mateus 9, 9-13 Justiça e misericórdia.

9Jesus viu um homem, chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos e disse-lhe: “Segue-me!” Ele se levantou e seguiu a Jesus. 10Enquanto Jesus estava à mesa, em casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. 11Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: “Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores?” 12Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. 13Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”. Comentário: * 9-13: Cf. nota em Mc 2,13-17. Com a citação de Oséias 6,6, Mateus esclarece o sentido da missão de Jesus: a justiça do Reino é inseparável da misericórdia. Mateus era cobrador de impostos. Ao chamado de Jesus responde prontamente. Admirável é seu desprendimento, pois ele promove em casa uma refeição de despedida, para a qual convida muitos colegas de profissão. Por prestar serviço aos ocupantes romanos, os cobradores de impostos eram malvistos e até mesmo desprezados pelos judeus. Jesus, que veio para oferecer a salvação a todos, não se deixa levar por esses preconceitos. Mateus escreveu o Evangelho que leva seu nome. É o Evangelho do Reino de Deus, do cumprimento em Cristo da Antiga Aliança. É o Evangelho do Sermão da Montanha, das parábolas do Reino e do juízo universal. Escrevendo para judeu-cristãos, insiste no messianismo de Jesus e na realização perfeita das promessas do Antigo Testamento. Oração Ó Jesus Mestre, para compor o primeiro núcleo de tua comunidade, escolheste o publicano Mateus. Assim agindo, valorizaste os cobradores de impostos, já que eram desprezados e tachados de pecadores por muitos de seus conterrâneos. Tu lhes renovaste a esperança, pois vieste justamente chamar os pecadores. Amém.

domingo, 19 de setembro de 2021

Lucas 8, 16-18 Ouvir e agir.

16“Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama; ao contrário, coloca-a no candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a luz. 17Com efeito, tudo o que está escondido deverá tornar-se manifesto; e tudo o que está em segredo deverá tornar-se conhecido e claramente manifesto. 18Portanto, prestai atenção à maneira como vós ouvis! Pois a quem tem alguma coisa, será dado ainda mais; e àquele que não tem, será tirado até mesmo o que ele pensa ter”. Comentário: * 16-18: Cf. nota em Mc 4,21-25: Quem não age, perde até mesmo a compreensão que pensa ter. Os discípulos receberam a explicação da parábola do semeador e foram iluminados. Não devem guardar para si o tesouro precioso dos ensinamentos do Mestre; ao contrário, devem ser luz para o mundo. A Palavra de Deus, de fato, tem cunho universal: não é exclusividade de grupos fechados. Sendo Palavra que liberta, não pode ficar oculta ou abafada: “A Palavra de Deus não está algemada” (2Tm 2,9). Em outra passagem, Jesus disse: “O que vocês disserem no quarto, ao pé do ouvido, será proclamado sobre os telhados”. A seus discípulos e a nós Jesus recomenda abertura de coração para acolhermos sua mensagem em medida generosa. Quanto mais a pessoa se abre para Deus sem cálculos, tanto mais Deus se manifesta a ela. Se a pessoa é mesquinha e se retrai, mesmo assim Deus não se retira nem deixa de se comunicar. Oração Ó Mestre Jesus, recomendas que tua Palavra não seja monopólio de pequeno grupo, como uma seita. Ao invés, queres que tua Palavra seja conhecida, amada, praticada e divulgada. Faze de nós, Senhor, autênticas testemunhas da tua Boa-Nova em toda parte e por todos os meios. Amém.

sábado, 18 de setembro de 2021

Marcos 9, 30-37 Quem é o maior?

30Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso, 31pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão. Mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará”. 32Os discípulos, porém, não compreendiam essas palavras e tinham medo de perguntar. 33Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: “O que discutíeis pelo caminho?” 34Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior. 35Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” 36Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse: 37“Quem acolher em meu nome uma destas crianças é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher está acolhendo não a mim, mas àquele que me enviou”. Comentário: * 30-37: Os discípulos não compreendem as conseqüências que a ação de Jesus vai provocar, pois ainda concebem uma sociedade onde existem diferenças de grandeza. Quem é o maior? Jesus mostra que a grandeza da nova sociedade não se baseia na riqueza e no poder, mas no serviço sem pretensões e interesses. “O que é que vocês discutiam no caminho?” A pergunta de Jesus desconcerta seus discípulos. Como criança arteira que é pega em flagrante fazendo algo indevido, os discípulos ficam sem graça e calados. Discutir é um modo de conversar, porém com os ânimos excitados. Uma espécie de bate-boca. Algo nada exemplar. Pois bem, o tema entre os discípulos era competição: qual deles era o maior no grupo de Jesus? Caminham bem na direção contrária do ensinamento do Mestre. Então, pacientemente, Jesus repete a lição: “Entre vocês, quem quiser ser o maior seja o servidor de todos”. A nova sociedade proposta por Jesus não prevê lugar para dominador e dominados, explorador e explorados. Todos são irmãos e irmãs, filhos do mesmo Pai celeste e regidos pela exigência do serviço fraterno. Oração Ó Jesus Mestre, atravessas a Galileia, focado na tua missão de libertar os oprimidos. Teus discípulos, ao invés, estão preocupados em saber qual deles é o maior. Esclareces que, na tua comunidade, maior é o que serve a todos. Dá-nos a graça de entender e praticar tuas sábias exigências. Amém.

Tiago 3,16-4,3 A verdadeira sabedoria.

16Onde há inveja e rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de obras más. 17Por outra parte, a sabedoria que vem do alto é, antes de tudo, pura, depois pacífica, modesta, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem fingimento. 18O fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz. A busca da realização humana - 4,1De onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm, justamente, das paixões que estão em conflito dentro de vós? 2Cobiçais, mas não conseguis ter. Matais e cultivais inveja, mas não conseguis êxito. Brigais e fazeis guerra, mas não conseguis possuir. E a razão está em que não pedis. 3Pedis, sim, mas não recebeis, porque pedis mal. Pois só quereis esbanjar o pedido nos vossos prazeres. Comentário: * 13-18: Muitas pessoas se apresentam como "aquelas que sabem tudo". A sabedoria verdadeira, porém, não é a cultura teórica que se aprende em livros, mas é a experiência da vida que se manifesta no discernimento que leva a um comportamento justo e pacífico. Sábio é aquele que nunca pára de aprender. Mais do que ensinar, ele é alguém que está sempre disposto a buscar a verdade junto com os outros. * 1-10: O homem é ser inacabado e, por isso, sua vida é busca permanente de realização. Freqüentemente ele a pede a Deus. Por que não é atendido? Porque muitas vezes imagina a sua própria realização dentro dos esquemas de uma sociedade idolátrica, que adora os deuses da riqueza e do poder. Ao invés de realizar-se, a pessoa encontra-se presa da cobiça e da inveja, que produzem todo tipo de conflitos e competições e levam até mesmo à morte. Este é o mundo que se absolutiza e se coloca no lugar de Deus (cf. Mt 6,24). Para chegar à sua própria realização, o homem precisa descobrir-se como criatura e reconhecer que Deus é o único Senhor absoluto, e só a ele se deve adorar e servir. Aí nasce o processo de conversão, pela qual o homem rompe com o espírito do mundo, abandonando o orgulho e a ambição, para tornar-se pequeno e submisso a Deus. E Deus, o único que pode conceder a realização, responde ao anseio do homem, manifestando-lhe a vida e a ação do seu Filho como o sentido e a meta da vida humana.

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Lucas 8, 4-15 Uma colheita custosa.

4reuniu-se uma grande multidão, e de todas as cidades iam ter com Jesus. Então ele contou esta parábola: 5“O semeador saiu para semear a sua semente. Enquanto semeava, uma parte caiu à beira do caminho; foi pisada e os pássaros do céu a comeram. 6Outra parte caiu sobre pedras; brotou e secou, porque não havia umidade. 7Outra parte caiu no meio de espinhos; os espinhos cresceram junto e a sufocaram. 8Outra parte caiu em terra boa; brotou e deu fruto, cem por um”. Dizendo isso, Jesus exclamou: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. O mistério da missão de Jesus - 9Os discípulos lhe perguntaram o significado dessa parábola. 10Jesus respondeu: “A vós foi dado conhecer os mistérios do Reino de Deus. Mas aos outros, só por meio de parábolas, para que, olhando, não vejam e, ouvindo, não compreendam. Compreender a Palavra nos conflitos - 11A parábola quer dizer o seguinte: a semente é a Palavra de Deus. 12Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouviram, mas depois vem o diabo e tira a Palavra do coração deles, para que não acreditem e não se salvem. 13Os que estão sobre a pedra são aqueles que, ouvindo, acolhem a Palavra com alegria. Mas eles não têm raiz: por um momento acreditam, mas, na hora da tentação, voltam atrás. 14Aquilo que caiu entre os espinhos são os que ouvem, mas, com o passar do tempo, são sufocados pelas preocupações, pela riqueza e pelos prazeres da vida e não chegam a amadurecer. 15E o que caiu em terra boa são aqueles que, ouvindo com um coração bom e generoso, conservam a Palavra e dão fruto na perseverança”. Comentário: * 4-8: Cf. nota em Mt 13,1-9: Se o Reino já está aqui, por que existem fracassos e conflitos? Jesus trouxe as sementes do Reino, e elas se espalharam pelo mundo. Mas, assim como Jesus encontrou resistência no meio do seu próprio povo, do mesmo modo pessoas e estruturas continuam impedindo a justiça do Reino de se estabelecer entre os homens. Sem dúvida, haverá uma colheita, mas à custa de muitas perdas, isto é, muitos procurarão sufocar as sementes do Reino, antes que chegue a vitória final. Querer negar e fugir dessas dificuldades para a implantação do Reino é não compreender o seu mistério. * 9-10: Cf. nota em Mc 4,10-12: As parábolas são histórias que ajudam a ler e compreender toda a missão de Jesus. Mas é preciso "estar dentro", isto é, seguir a Jesus, para perceber que o Reino de Deus está se aproximando através de sua ação. Os que não seguem a Jesus ficam "por fora", e nada podem compreender. * 11-15: Cf. notas em Mc 4,13-20: A explicação da parábola focaliza os vários terrenos, mostrando o efeito que a missão de Jesus (contada pela palavra do Evangelho) tem sobre os ouvintes ou leitores. Cada pessoa vê e entende a partir do lugar que ocupa na sociedade e das dificuldades que encontra para se comprometer com Jesus e para continuar a ação dele. e Mt 13,18-23 Os obstáculos para compreender a Palavra do Reino (= ensinamento de Jesus) são: a alienação, que tira o poder de decisão humana; as perseguições concretas que causam desânimo; as estruturas políticas e econômicas que fascinam e seduzem. A compreensão da Palavra do Reino se realiza na dramaticidade dos conflitos pessoais e sociais.. Para a grande multidão, Jesus conta a parábola do semeador e depois a explica a seus discípulos. Trata-se da disposição (diversos tipos de terreno) com que as pessoas acolhem a Palavra. Sabemos, pelos Evangelhos, que Jesus estava sempre disposto e não perdia nenhuma ocasião para anunciar o Reino de Deus. Entretanto, entre os ouvintes, uns eram impenetráveis (terreno pedregoso); outros, entusiastas superficiais; havia quem, após ouvir a Palavra, se deixasse seduzir pelos bens materiais; por fim, muitos ouviam a Palavra e lhe davam pleno consentimento, abrindo-se para a fé e o fiel seguimento de Jesus. Em nossos dias, a Palavra de Deus continua sendo semeada de múltiplos modos, inclusive os meios digitais. Resta saber como os cristãos estão “administrando” o grande tesouro dessa Palavra! Oração Senhor Jesus, não medes esforços para anunciar generosamente a Palavra de Deus. Entretanto, muitas pessoas estão de tal modo envolvidas com os bens terrenos, que não lhes sobram tempo nem disposição para acolher e frutificar a Palavra. Desperta-nos, Senhor, para o grande valor dos teus ensinamentos. Amém.

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Lucas 8, 1-7 As mulheres servem a Jesus.

1Jesus andava por cidades e povoados, pregando e anunciando a Boa-nova do Reino de Deus. Os doze iam com ele; 2e também algumas mulheres que haviam sido curadas de maus espíritos e doenças: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios; 3Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes; Susana e várias outras mulheres que ajudavam a Jesus e aos discípulos com os bens que possuíam. Comentário: * 1-3: Jesus continua sua missão, e vai formando uma comunidade nova, a partir daqueles que são marginalizados pela sociedade do seu tempo, como eram as mulheres. Elas também são parte integrante do grupo que acompanha Jesus. Esta passagem nos mostra, em parte, como era organizada a vida pública de Jesus e seus apóstolos. Jesus não é um pregador solitário. Além dos Doze que o acompanham, também algumas mulheres fazem parte do anúncio apostólico da mensagem cristã. A tradição evangélica conservou o nome de algumas delas (Joana, Suzana) e sua atuação em momentos importantes (Maria Madalena, na ressurreição de Jesus). A Igreja primitiva, à semelhança de Jesus, abriu significativo espaço para a ação das mulheres nas comunidades. A mulher não tem papel passivo no mistério da salvação, e hoje é chamada a novos encargos apostólicos, como evidenciou o Concílio Vaticano II. O papa Francisco diz que “ainda é preciso ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja”(Evangelii Gaudium, 103). Oração Ó incansável missionário do Reino, Senhor Jesus, ao grupo dos Doze agregaste algumas mulheres que te serviam “com os bens que possuíam”. Com isso desmantelas ou, ao menos, reprovas o preconceito da época contra a mulher e a tornas valorosa colaboradora na evangelização. Amém.

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Lucas 7, 36-50 O perdão gera o amor.

36Um fariseu convidou Jesus para uma refeição em sua casa. Jesus entrou na casa do fariseu e pôs-se à mesa. 37Certa mulher, conhecida na cidade como pecadora, soube que Jesus estava à mesa, na casa do fariseu. Ela trouxe um frasco de alabastro com perfume 38e, ficando por detrás, chorava aos pés de Jesus; com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés, enxugava-os com os cabelos, cobria-os de beijos e os ungia com o perfume. 39Vendo isso, o fariseu que o havia convidado ficou pensando: “Se este homem fosse um profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele, pois é uma pecadora”. 40Jesus disse então ao fariseu: “Simão, tenho uma coisa para te dizer”. Simão respondeu: “Fala, mestre!” 41“Certo credor tinha dois devedores; um lhe devia quinhentas moedas de prata, o outro cinquenta. 42Como não tivessem com que pagar, o homem perdoou os dois. Qual deles o amará mais?” 43Simão respondeu: “Acho que é aquele ao qual perdoou mais”. Jesus lhe disse: “Tu julgaste corretamente”. 44Então, Jesus virou-se para a mulher e disse a Simão: “Estás vendo esta mulher? Quando entrei em tua casa, tu não me ofereceste água para lavar os pés; ela, porém, banhou meus pés com lágrimas e enxugou-os com os cabelos. 45Tu não me deste o beijo de saudação; ela, porém, desde que entrei, não parou de beijar meus pés. 46Tu não derramaste óleo na minha cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com perfume. 47Por essa razão, eu te declaro: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados, porque ela mostrou muito amor. Aquele a quem se perdoa pouco mostra pouco amor”. 48E Jesus disse à mulher: “Teus pecados estão perdoados”. 49Então, os convidados começaram a pensar: “Quem é este que até perdoa pecados?” 50Mas Jesus disse à mulher: “Tua fé te salvou. Vai em paz!” Comentário: * 36-50: O fariseu não se considera pecador; por isso, fica numa atitude de julgamento, e não é capaz de entender e experimentar o perdão e o amor. Jesus mostra que a justiça de Deus se manifesta como amor que perdoa os pecados e transforma as condições das pessoas. O amor é expressão e sinal do perdão recebido. A atitude da pecadora em relação a Jesus, na casa do fariseu, desconcerta a sociedade machista de todos os tempos. Com efeito, mulher judia não tocava publicamente em nenhum rabino. E se fosse conhecida como pecadora, não era bem-vinda à casa dos fariseus. Entretanto, movida pelo arrependimento (chorava) e impulsionada pela gratidão, oferece a Jesus a prova de amor, usando o charme de que era capaz. Jesus acolhe, com total compreensão, os gestos amorosos da nova mulher. O fariseu pensa mal de ambos. Jesus põe num prato da balança os atos positivos da mulher e, no outro prato, o vazio do fariseu, isto é, o que ele não fez em favor do Mestre. A sentença é óbvia: os pecados dela estão perdoados (“ela muito amou”). O fariseu, não se reconhecendo pecador, é incapaz de amar. Oração Ó Mestre e Senhor, livre de preconceitos e de normas opressoras, permites que a pecadora toque no teu corpo. Então, gestos de amor, arrependimento e gratidão misturam- se no mesmo ritual. O perdão se dá: “Seus pecados estão perdoados”. E a mulher, totalmente transfigurada, retira-se em paz. Amém.

terça-feira, 14 de setembro de 2021

João 19, 25-27 A relação entre Israel e a comunidade de Jesus.

25Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. 26Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, este é o teu filho”. 27Depois disse ao discípulo: “Esta é a tua mãe”. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo. Comentário: * 25-27: A mãe de Jesus representa aqui o povo da antiga aliança que se conservou fiel às promessas e espera pelo salvador. E o discípulo amado representa o novo povo de Deus, formado por todos os que dão sua adesão a Jesus. Na relação mãe-filho, o evangelista mostra a unidade e continuação do povo de Deus, fiel à promessa e herdeiro da sua realização. A celebração litúrgica das Sete Dores da Virgem foi acolhida no calendário romano pelo papa Pio VII (século XVII). Pio X fixou a data definitiva para 15 de setembro, conservada no atual calendário litúrgico, que mudou o título da festa: de Sete Dores de Maria para Nossa Senhora das Dores. A paixão de Maria se concentra na cena em que ela está de pé junto à cruz de seu Filho. Sabemos, porém, que Maria, durante toda a sua vida, com seu coração de Mãe, conheceu e experimentou o sofrimento ao ver seu Filho rejeitado pelos adversários. Por isso a devoção popular enumerou os principais momentos dolorosos de Maria, suas Sete Dores: a profecia de Simeão, a fuga para o Egito, a perda de Jesus, o caminho para o Calvário, a crucificação, a deposição da cruz, o sepultamento de Jesus. Oração Ó Jesus crucificado, na tua hora derradeira, sob o fogo de indizíveis dores, tiveste a solidária presença de tua santa Mãe. Queremos também nós, Senhor, no sofrimento e na hora de nossa morte, contar com a força de Maria Santíssima, que a Igreja achou por bem invocar como Nossa Senhora das Dores. Amém.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

João 3, 13-17 A vida nova vem de Jesus.

13“Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem. 14Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, 15para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. Jesus provoca decisão - 16Pois Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele”. Comentário: * 9-15: A grande novidade que Deus tem para os homens está em Jesus, que vai revelar na cruz a vida nova. Aí ele demonstra o maior ato de amor: a doação de sua própria vida em favor dos homens. * 16-21: Deus não quer que os homens se percam, nem sente prazer em condená-los. Ele manifesta todo o seu amor através de Jesus, para salvar e dar a vida a todos. Mas a presença de Jesus é incômoda, pois coloca o mundo dos homens em julgamento, provocando divisão e conflito, e exigindo decisão. De um lado, os que acreditam em Jesus e vivem o amor, continuando a palavra e a ação dele em favor da vida. De outro lado, os que não acreditam nele e não vivem o amor, mas permanecem fechados em seus próprios interesses e egoísmo, que geram opressão e exploração; por isso estes sempre escondem suas verdadeiras intenções: não se aproximam da luz. Já no final do século V, no Oriente, e final do século VII, no Ocidente, havia uma comemoração em torno da cruz do Senhor. No dia 14 de setembro, as igrejas que tinham uma relíquia maior da cruz costumavam expô-la à veneração dos fiéis, em celebração solene. A esse fato dava-se o nome de “exaltação” da Santa Cruz. Instrumento de suplício e símbolo de derrota, a cruz se transformou em sinal de luz e esperança, por ato e mérito de Jesus Cristo, que aceitou fazer dela sinal de amor: “Ninguém tem amor maior do que alguém que dá a vida pelos amigos” (Jo 15,13). São Paulo compreendeu e expressou a riqueza contida na crucificação de Jesus: “Ele me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20). Sua cruz se torna para nós fonte de salvação: “Vocês foram resgatados […] pelo precioso sangue de Cristo” (1Pd 1,19). Oração Ó Jesus Redentor, para nos redimir e salvar, morreste crucificado. Mudaste, assim, o sentido da cruz: de instrumento de condenação a transformaste em trono de vitória e resgate em favor da humanidade. Embora traga a lembrança dos teus indizíveis sofrimentos, a cruz se torna para nós fonte de salvação. Amém.

domingo, 12 de setembro de 2021

Lucas 7, 1-10 A fé não tem fronteiras.

1Quando acabou de falar ao povo que o escutava, Jesus entrou em Cafarnaum. 2Havia lá um oficial romano que tinha um empregado a quem estimava muito e que estava doente, à beira da morte. 3O oficial ouviu falar de Jesus e enviou alguns anciãos dos judeus para pedirem que Jesus viesse salvar seu empregado. 4Chegando aonde Jesus estava, pediram-lhe com insistência: “O oficial merece que lhe faças esse favor, 5porque ele estima o nosso povo. Ele até nos construiu uma sinagoga”. 6Então, Jesus pôs-se a caminho com eles. Porém, quando já estava perto da casa, o oficial mandou alguns amigos dizerem a Jesus: “Senhor, não te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. 7Nem mesmo me achei digno de ir pessoalmente ao teu encontro. Mas ordena com a tua palavra, e o meu empregado ficará curado. 8Eu também estou debaixo de autoridade, mas tenho soldados que obedecem às minhas ordens. Se ordeno a um: ‘Vai!’, ele vai; e a outro: ‘Vem!’, ele vem; e ao meu empregado: ‘Faze isto!’, e ele o faz”. 9Ouvindo isso, Jesus ficou admirado. Virou-se para a multidão que o seguia e disse: “Eu vos declaro que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé”. 10Os mensageiros voltaram para a casa do oficial e encontraram o empregado em perfeita saúde. Comentário: * 7,1-10: O oficial era "temente a Deus", isto é, simpatizante do judaísmo, embora não pertencesse oficialmente aos seus quadros religiosos. Muitas vezes pode-se encontrar mais fé em pessoas que não pertencem a uma instituição religiosa do que entre aquelas que dela fazem parte. Estamos diante de um modelo de fé. Um centurião (chefe de cem soldados, a serviço dos ocupantes romanos) não se dirige diretamente a Jesus, mas envia-lhe uma comitiva de anciãos judeus a pedir-lhe que vá curar seu funcionário a quem tanto estima. Pelos emissários, sabemos que o homem tinha bom coração. Jesus parte com eles. Mas, cheio de humildade e confiança, o militar envia alguns amigos com este recado para Jesus: “Diga apenas uma palavra e meu servo ficará curado”. Assim acontece, de modo que os emissários, ao voltar para casa, encontram o servo curado. E Jesus, tomado de profunda admiração, engrandece a fé que o pagão demonstrou. Com esse episódio, Lucas já anuncia o tempo em que o Evangelho, pela ação do Espírito Santo, se estenderá também aos não judeus. Oração Ó Jesus, nosso Libertador, cheio de compaixão, atendes toda pessoa que te busca de coração sincero, sem levar em conta raça, religião ou função social. Movido de ardente zelo missionário, atendeste o pedido do centurião e lhe curaste o servo. E elogiaste o alto grau de sua fé. Amém.

sábado, 11 de setembro de 2021

Marcos 8, 27-35 Jesus é o Messias.

27Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesareia de Filipe. No caminho perguntou aos discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” 28Eles responderam: “Alguns dizem que tu és João Batista; outros, que és Elias; outros, ainda, que és um dos profetas”. 29Então ele perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Messias”. 30Jesus proibiu-lhes severamente de falar a alguém a seu respeito. 31Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei; devia ser morto e ressuscitar depois de três dias. 32Ele dizia isso abertamente. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo. 33Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Vai para longe de mim, satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens”. O seguimento de Jesus - 34Então chamou a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 35Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho vai salvá-la”. Comentário: * 27-33: A pergunta de Jesus força os discípulos a fazer uma revisão de tudo o que ele realizou no meio do povo. Esse povo não entendeu quem é Jesus. Os discípulos, porém, que acompanham e vêem tudo o que Jesus tem feito, reconhecem agora, através de Pedro, que Jesus é o Messias. A ação messiânica de Jesus consiste em criar um mundo plenamente humano, onde tudo é de todos e repartido entre todos. Esse messianismo destrói a estrutura de uma sociedade injusta, onde há ricos à custa de pobres e poderosos à custa de fracos. Por isso, essa sociedade vai matar Jesus, antes que ele a destrua. Mas os discípulos imaginam um messias glorioso e triunfante. * 34-38: A morte de cruz era reservada a criminosos e subversivos. Quem quer seguir a Jesus esteja disposto a se tornar marginalizado por uma sociedade injusta (perder a vida) e mais, a sofrer o mesmo destino de Jesus: morrer como subversivo (tomar a cruz). Jesus faz uma pesquisa, junto a seus discípulos, para averiguar o que eles e o povo pensam a seu respeito. Não há consenso. Pedro responde: “Tu és o Messias”. Mas “embarca” numa ideia errônea sobre o Messias: esperado como um salvador da pátria, com poderes para expulsar os dominadores estrangeiros… Jesus apresenta sua identidade: ele é o Filho do Homem, enviado por Deus para salvar a humanidade. Ele enfrentará terrível oposição em Jerusalém e será capturado pelos dirigentes do povo, que irão torturá-lo e condená-lo à morte, reação inevitável de um sistema social injusto à sua obra. Ele, porém, ressuscitará. Pedro reage a essa perspectiva. Então, Jesus mostra que a sorte do Mestre é a mesma que está reservada a quem se dispõe a segui-lo: “Se alguém quiser seguir após mim…”. Oração Ó Jesus Messias, dá-nos compreender quem de fato és, o que vieste fazer entre nós e o que exiges para que sejamos autênticos seguidores teus. Foste enviado pelo Pai, a fim de nos resgatar para a vida divina, e nos salvas por tua morte na cruz. A ti, Senhor, nosso amor e sincera gratidão. Amém.

Tiago 2, 14-18 A fé se manifesta em atos concretos.

14Meus irmãos, que adianta alguém dizer que tem fé quando não a põe em prática? A fé seria então capaz de salvá-lo? 15Imaginai que um irmão ou uma irmã não têm o que vestir e que lhes falta a comida de cada dia; 16se então alguém de vós lhes disser: “Ide em paz, aquecei-vos”, e: “Comei à vontade”, sem lhes dar o necessário para o corpo, que adiantará isso? 17Assim também a fé, se não se traduz em obras, por si só está morta. 18Em compensação, alguém poderá dizer: “Tu tens a fé e eu tenho a prática! Tu, mostra-me a tua fé sem as obras, que eu te mostrarei a minha fé pelas obras!” Comentário: * 14-26: O único meio de salvação é a fé, a adesão a Jesus Cristo. Essa fé, porém, não é coisa teórica ou mero sentimento interior; é o compromisso que se manifesta concretamente em atos e fatos visíveis (cf. Mt 7,21). Tiago toma dois exemplos do Antigo Testamento, que podem ser comparados com Hb 11,31 e, principalmente, com Rm 4 e Gl 3. Aparentemente, Tiago e Paulo tiram conclusões opostas, ao usar o mesmo exemplo. Notemos, porém: Paulo diz que Abraão se tornou justo por meio da fé, e não mediante a prática da Lei. Tiago diz mais: a fé que justificou Abraão é uma realidade que se traduz na prática de atos concretos. Ao falar de prática da Lei, Paulo afirma que nenhuma observância de regras pode levar à salvação, e que a fé é o princípio de toda a vida cristã. Tiago, por sua vez, salienta que a fé se traduz no amor, e este realiza atos concretos. Paulo diz a mesma coisa: "a fé age por meio do amor" (Gl 5,6).

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Lucas 6, 43-49 Os atos revelam a pessoa.

43“Não existe árvore boa que dê frutos ruins nem árvore ruim que dê frutos bons. 44Toda árvore é reconhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros nem uvas de plantas espinhosas. 45O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração. Mas o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, pois sua boca fala do que o coração está cheio. Passar para a ação - 46Por que me chamais: ‘Senhor! Senhor!’, mas não fazeis o que eu digo? 47Vou mostrar-vos com quem se parece todo aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as põe em prática. 48É semelhante a um homem que construiu uma casa: cavou fundo e colocou o alicerce sobre a rocha. Veio a enchente, a torrente deu contra a casa, mas não conseguiu derrubá-la, porque estava bem construída. 49Aquele, porém, que ouve e não põe em prática é semelhante a um homem que construiu uma casa no chão, sem alicerce. A torrente deu contra a casa, e ela imediatamente desabou; e foi grande a ruína dessa casa”. Comentário: * 43-45: Assim como as árvores são conhecidas pelos frutos, do mesmo modo os homens são conhecidos pelos seus atos. * 46-49: Quem põe em prática a mensagem de Jesus, constrói a vida pessoal e comunitária sobre alicerce firme, que resiste à alienação, aos conflitos e até mesmo à perseguição. Quem fica somente no ouvir ou no falar, jamais colabora na construção de nova sociedade. A primeira parte é um alerta de Jesus contra o perigo da falsidade. Ninguém se deixe levar pelo aspecto exterior: boa aparência, belos discursos, promessas sedutoras. É preciso prestar atenção ao testemunho de vida honesta e de amor sincero. Portanto, o que conta é o que vem do íntimo da pessoa. Quem tem consciência reta também pratica ações corretas. Antes ou depois, cada um revela o que de fato é. A segunda parte denuncia uma fé vazia, superficial, que não corresponde a uma vida alicerçada em Cristo. A casa de nossa vida terá valor aos olhos de Deus se for construída sobre o alicerce inabalável da Palavra de Deus. Se não for, enganamos a nós mesmos e aos outros, pois todos os projetos de vida que não levam em conta Jesus Cristo e seu Reino estão destinados a desmoronar. Oração Senhor Jesus Cristo, tua mensagem confirma que nossas palavras precisam corresponder ao testemunho de vida. Belos discursos e fascinante aparência podem até enganar por um tempo, mas o que conta realmente são as boas obras. São como “tijolos” consistentes na edificação da própria vida. Amém.

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Lucas 6, 39-42 Só Deus pode julgar.

39Jesus contou uma parábola aos discípulos: “Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco? 40Um discípulo não é maior do que o mestre; todo discípulo bem formado será como o mestre. 41Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão e não percebes a trave que há no teu próprio olho? 42Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho’, quando tu não vês a trave no teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão”. Comentário: * 37-42: Cf. nota em Mt 7,1-5. Lucas salienta que as relações numa sociedade nova não devem ser de julgamento e condenação, mas de perdão e dom. Só Deus pode julgar. Tendência habitual do ser humano é apontar os defeitos alheios. Os fariseus, algumas vezes, foram chamados de cegos por Jesus. Por se acharem melhores que os outros, pensavam ter as credenciais para criticar o próximo. Muitas vezes censuraram o comportamento de Jesus e de seus discípulos. Jesus quer melhorar na vida comunitária o nível do relacionamento humano. Madre Teresa de Calcutá dizia: “Quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las”. Então, sigamos os conselhos do Mestre: ninguém é tão perfeito que tem condições de remexer a vida dos outros. Cuidado! A ânsia de corrigir um pequeno defeito do próximo pode significar que temos o mesmo defeito em grau bem maior! Olhemos, portanto, nossos irmãos e irmãs com o olhar puro e misericordioso do Pai celeste. Oração Divino Mestre, com firmeza nos prevines contra os falsos líderes. Mais que visar ao crescimento dos outros, preocupam-se em autopromover-se. Outro perigo é criticar pequenos defeitos alheios, sem antes corrigir os próprios erros. Contigo aprendemos, ó Senhor, que a melhor medida é a misericórdia. Amém.

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Lucas 6, 27-38 A gratuidade nas relações.

27″A vós que me escutais, eu digo: amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, 28bendizei os que vos amaldiçoam e rezai por aqueles que vos caluniam. 29Se alguém te der uma bofetada numa face, oferece também a outra. Se alguém te tomar o manto, deixa-o levar também a túnica. 30Dá a quem te pedir e, se alguém tirar o que é teu, não peças que o devolva. 31O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles. 32Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Até os pecadores amam aqueles que os amam. 33E se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que recompensa tereis? Até os pecadores fazem assim. 34E se emprestais somente àqueles de quem esperais receber, que recompensa tereis? Até os pecadores emprestam aos pecadores, para receber de volta a mesma quantia. 35Ao contrário, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e os maus. 36Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Só Deus pode julgar - 37Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. 38Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso colo; porque, com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”. Comentário: * 27-36: A vida em sociedade é feita de relacionamentos de interesses e reciprocidade, que geram lucro, poder e prestígio. O Evangelho revoluciona o campo das relações humanas, mostrando que, numa sociedade justa e fraterna, as relações devem ser gratuitas, à semelhança do amor misericordioso do Pai. * 37-42: Cf. nota em Mt 7,1-5. Lucas salienta que as relações numa sociedade nova não devem ser de julgamento e condenação, mas de perdão e dom. Só Deus pode julgar. A seus discípulos, e a nós, Jesus propõe um caminho exigente. Não se trata apenas de ter amor no coração; é necessário demonstrá-lo com ações. São exigências que vão na direção contrária de nossas tendências egoístas. Aqui a ordem do Mestre é sair de nós mesmos e favorecer gratuitamente o próximo. Mais que isso, é amar os inimigos e rezar por aqueles que nos caluniam, lembrando que a calúnia produz um rasgo profundo no íntimo da vítima. A motivação para tudo isso é sermos semelhantes ao Pai celeste; é assumirmos as atitudes benevolentes que ele assume em relação a todos, bons e maus. Por isso, Jesus declara solenemente: “Sejam misericordiosos, como o Pai de vocês é misericordioso”. Nossas escolhas, se forem segundo as exigências do Reino, serão recompensadas por Deus em larga medida. Oração Ó Jesus, nosso Mestre, cada vez que nos deparamos com estes teus ensinamentos, nos sentimos ainda na superfície em relação ao teu Reino. São exigências que pedem de nós mudança radical de mentalidade e de atitudes. Ajuda-nos, Senhor, a assimilar e a praticar tua mensagem de amor e fraternidade. Amém.

terça-feira, 7 de setembro de 2021

Mateus 1, 1-16.18-23 Jesus, o Messias, realiza as promessas de Deus.

1Livro da origem de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. 2Abraão gerou Isaac; Isaac gerou Jacó; Jacó gerou Judá e seus irmãos. 3Judá gerou Farés e Zara, cuja mãe era Tamar. Farés gerou Esrom; Esrom gerou Aram; 4Aram gerou Aminadab; Aminadab gerou Naasson; Naasson gerou Salmon; 5Salmon gerou Booz, cuja mãe era Raab. Booz gerou Obed, cuja mãe era Rute. Obed gerou Jessé. 6Jessé gerou o rei Davi. Davi gerou Salomão, daquela que tinha sido a mulher de Urias. 7Salomão gerou Roboão; Roboão gerou Abias; Abias gerou Asa; 8Asa gerou Josafá; Josafá gerou Jorão; Jorão gerou Ozias; 9Ozias gerou Jotão; Jotão gerou Acaz; Acaz gerou Ezequias; 10Ezequias gerou Manassés; Manassés gerou Amon; Amon gerou Josias. 11Josias gerou Jeconias e seus irmãos, no tempo do exílio na Babilônia. 12Depois do exílio na Babilônia, Jeconias gerou Salatiel; Salatiel gerou Zorobabel; 13Zorobabel gerou Abiud; Abiud gerou Eliaquim; Eliaquim gerou Azor; 14Azor gerou Sadoc; Sadoc gerou Aquim; Aquim gerou Eliud; 15Eliud gerou Eleazar; Eleazar gerou Matã; Matã gerou Jacó. 16Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo. O começo de uma nova história - 18A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. 19José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria em segredo. 20Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe em sonho e lhe disse: “José, filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. 21Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”. 22Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: 23“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco”. Comentário: * 1-17: Em Jesus, continua e chega ao ápice toda a história de Israel. Sua árvore genealógica apresenta-o como descendente direto de Davi e Abraão. Como filho de Davi, Jesus é o Rei-Messias que vai instaurar o Reino prometido. Como filho de Abraão, ele estenderá o Reino a todos os homens, através da presença e ação da Igreja. * 18-25: Jesus não é apenas filho da história dos homens. É o próprio Filho de Deus, o Deus que está conosco. Ele inicia nova história, em que os homens serão salvos (Jesus = Deus salva) de tudo o que diminui ou destrói a vida e a liberdade (os pecados). A comemoração da Natividade de Maria tem origem no século V. Segundo a tradição, foi construída em Jerusalém uma igreja no lugar onde havia sido a casa de Joaquim e Ana, pais de Maria. Mais tarde, outra igreja foi aí edificada e recebia grande número de peregrinos que iam venerar o nascimento de Maria. No Ocidente, a festa foi acolhida pela Igreja de Roma ao longo do século VII. Difundida por toda a Europa, tornou-se, a partir da Idade Média, uma festa muito valorizada. Ao contemplar o nascimento de Maria, São João Damasceno exclama: “Formou-se um céu sobre a terra, porque está para iniciar a salvação”. Deus olha e admira a menina que descansa tranquila nos braços de Sant’Ana e a prepara para o futuro: um dia ela dará à luz aquele que o universo não pode conter. Oração Ó Jesus, Filho de Abraão, tua vinda ao mundo passa pelas sucessivas gerações que tecem a história da salvação. Deus está no comando dos preparativos para o teu nascimento entre nós. No último elo da corrente encontra-se tua santa Mãe, comprometida em casamento com José, “filho de Davi”. Amém.

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Lucas 6, 12-19 Os doze apóstolos.

12Naqueles dias, Jesus foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus. 13Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos: 14Simão, a quem impôs o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; 15Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado zelota; 16Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, aquele que se tornou traidor. 17Jesus desceu da montanha com eles e parou num lugar plano. Ali estavam muitos dos seus discípulos e grande multidão de gente de toda a Judeia e de Jerusalém, do litoral de Tiro e Sidônia. 18Vieram para ouvir Jesus e serem curados de suas doenças. E aqueles que estavam atormentados por espíritos maus também foram curados. 19A multidão toda procurava tocar em Jesus, porque uma força saía dele e curava a todos. Comentário: * 12-16: Jesus escolhe os doze apóstolos, que formarão o núcleo da comunidade nova que ele veio criar. A palavra apóstolo significa aquele que Jesus envia para continuar a sua obra. * 17-26: O povo vem de todas as partes ao encontro de Jesus, porque a ação dele faz nascer a esperança de uma sociedade nova, libertada da alienação e dos males que afligem os homens. Os vv. 20-26 proclamam o cerne de toda a atividade de Jesus: produzir uma sociedade justa e fraterna, aberta para a novidade de Deus. Para isso, é preciso libertar os pobres e famintos, os aflitos e os que são perseguidos por causa da justiça. Isso, porém, só se alcança denunciando aqueles que geram a pobreza e a opressão e depondo-os dos seus privilégios. Não é possível abençoar o pobre sem libertá-lo da pobreza. Não é possível libertar o pobre da pobreza sem denunciar o rico para libertá-lo da riqueza. Lucas condensa aqui várias informações importantes sobre o ministério de Jesus. A primeira é que ele sobe à montanha e passa a noite inteira em oração a Deus. Nesse colóquio com o Pai, Jesus se prepara para a escolha que está prestes a fazer: selecionar e nomear, dentre seus discípulos, os doze apóstolos, aos quais vai dedicar uma formação especial. Era a maneira de garantir a missão da Igreja. Ao descer da montanha, juntamente com os discípulos, Jesus se depara com outros discípulos e com imensa multidão, sedentos de ouvir sua Palavra e serem curados de suas doenças. A escolha dos apóstolos não fez Jesus esquecer as massas aflitas e abandonadas. Uma nota própria de Lucas é a energia boa que de Jesus procede e que é capaz de curar a todos. Claro que “toda a multidão” queria tocar nele! Oração Ó Jesus, enviado do Pai celeste, passas “a noite inteira em oração a Deus”, por um bom motivo, já que, em seguida, escolhes doze apóstolos como teus imediatos colaboradores na missão. Continua, Senhor, a chamar mulheres e homens, dispostos a entregar a própria vida a serviço do teu Reino. Amém.

domingo, 5 de setembro de 2021

Lucas 6, 6-11 A lei de Jesus é salvar o homem.

6Em outro sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. Aí havia um homem cuja mão direita era seca. 7Os mestres da Lei e os fariseus o observavam, para verem se Jesus iria curá-lo em dia de sábado e assim encontrarem motivo para acusá-lo. 8Jesus, porém, conhecendo seus pensamentos, disse ao homem da mão seca: “Levanta-te e fica aqui no meio”. Ele se levantou e ficou de pé. 9Disse-lhes Jesus: “Eu vos pergunto, o que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca?” 10Então Jesus olhou para todos os que estavam ao seu redor e disse ao homem: “Estende a tua mão”. O homem assim o fez e sua mão ficou curada. 11Eles ficaram com muita raiva e começaram a discutir entre si sobre o que poderiam fazer contra Jesus. Comentário: * 6-11: Jesus mostra que a lei do sábado deve ser interpretada como libertação e vida para o homem. Por isso, os que preferem ficar com o velho sistema se reúnem para planejar a morte de Jesus: ele está destruindo as idéias de religião e sociedade que eles tinham. Volta a questão da observância do sábado. Desta vez, na sinagoga, enquanto Jesus ensina. Doutores da Lei e fariseus o observam “para terem motivo de acusá-lo”. O benefício redunda em favor de um homem com a mão paralisada. Antes de curá-lo, Jesus deixa mudos os adversários, dirigindo-lhes a pergunta: “No sábado, é permitido fazer o bem ou fazer o mal, salvar uma vida ou destruí-la?”. Com certeza, o povo simples, a quem o Pai revela seus segredos (cf. Lc 10,21) sabia responder: tudo o que é bom glorifica a Deus. Mas os doutores da Lei e fariseus “se encheram de raiva”. Buscam, na verdade, motivos para eliminar Jesus. Ao curar esse enfermo, Jesus reafirma sua posição tomada anteriormente: a salvação de uma vida diminuída está acima das disposições negativas da lei do sábado. Oração Senhor Jesus, o ser humano é mesmo estranho! Como podem os fariseus ficar com raiva porque, em dia de sábado, fizeste o bem, curando a mão paralisada de um homem? Concede-nos, ó Mestre, sabedoria e abertura de coração para compreender teus ensinamentos e praticá-los. Amém.

sábado, 4 de setembro de 2021

Marcos 7, 31-37 Jesus inicia uma nova criação.

31Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole. 32Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão. 33Jesus afastou-se com o homem para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e, com a saliva, tocou a língua dele. 34Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer “abre-te!” 35Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade. 36Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. 37Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem todas as coisas: aos surdos faz ouvir e aos mudos falar”. Comentário: * 31-37: A missão de Jesus inicia nova criação (Gn 1,31). Para isso ele abre os ouvidos e a boca dos homens, para que eles sejam capazes de ouvir e falar, isto é, discernir a realidade e dizer a palavra que a transforma. O surdo que fala com dificuldade representa os discípulos de Jesus, que continuam aferrados à ideologia nacionalista e exclusivista do judaísmo. Em outras palavras, consideram-se um povo privilegiado diante de Deus e, desse modo, permanecem inteiramente fechados (surdos) em relação aos pagãos. Não aceitam que estes façam parte do Reino de Deus. Jesus quer mudar essa mentalidade, por isso age primeiramente sobre o ouvido. Uma vez em condições de ouvir os ensinamentos do Mestre, seus discípulos serão capazes de passá-los adiante. Efatá (abre-te) é uma ordem de Jesus também para os cristãos de hoje. É necessário que tenhamos os ouvidos bem abertos para captar e assimilar a Palavra de Deus, pô-la em prática e difundi-la por toda parte, usando todos os meios da técnica moderna. Oração Ó Jesus, que fazes os surdos ouvirem e os mudos falarem, de coração sincero te pedimos: abre nossos ouvidos e o coração para captarmos integralmente tua mensagem de amor, justiça e paz e fortalece nosso ânimo para que anunciemos, com ousadia, teu Evangelho por toda parte. Amém.

Tiago 2, 1-5 Deus prefere os pobres.

1Meus irmãos, a fé que tendes em nosso Senhor Jesus Cristo glorificado não deve admitir acepção de pessoas. 2Pois bem, imaginai que na vossa reunião entra uma pessoa com anel de ouro no dedo e bem vestida, e também um pobre, com sua roupa surrada, 3e vós dedicais atenção ao que está bem vestido, dizendo-lhe: “Vem sentar-te aqui, à vontade”, enquanto dizeis ao pobre: “Fica aí, de pé”, ou então: “Senta-te aqui no chão, aos meus pés” – 4não fizestes, então, discriminação entre vós? E não vos tornastes juízes com critérios injustos? 5Meus queridos irmãos, escutai: não escolheu Deus os pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam? Comentário: * 2,1-4: O favoritismo, que faz diferença entre as pessoas, opõe-se à fé no Senhor Jesus Cristo. De fato, para o cristão existe uma só glória: é a glória do Senhor. Os vv. 2-4 apresentam exemplo concreto do favoritismo que deforma a comunidade cristã. * 5-13: Deus prefere os pobres e, portanto, essa é a única preferência que se justifica na sociedade humana. A dignidade dos pobres repousa no fato de que eles são ricos na fé e herdeiros do Reino (cf. Mt 5,3; 11,25-27). Os ricos são indignos porque difamam o nome, isto é, a própria pessoa de Jesus (cf. At 9,5) oprimindo, perseguindo e distorcendo a justiça contra aqueles que se comprometem com o projeto de Deus. O favoritismo em prol dos ricos não se concilia com a fé cristã, porque se choca com o mais importante dos mandamentos. Segundo o contexto, próximo, aqui, significa o pobre e oprimido. Qualquer tipo de favoritismo em favor do rico não é simplesmente desobediência a um dos pontos da lei de Deus, mas à lei inteira, que se resume no amor ao pobre. O cristão se rege pelo Evangelho, que tem como centro o mandamento do amor (= lei da liberdade, cf. nota em 1,19-25). E este mandamento se realiza na prática da misericórdia, concretizada na preferência pelos pobres e marginalizados, tornando-se a matéria única do julgamento (cf. Mt 25,31-46).

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Lucas 6, 1-5 Jesus liberta da lei.

1Num sábado, Jesus estava passando através de plantações de trigo. Seus discípulos arrancavam e comiam as espigas, debulhando-as com as mãos. 2Então alguns fariseus disseram: “Por que fazeis o que não é permitido em dia de sábado?” 3Jesus respondeu-lhes: “Acaso vós não lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando estavam sentindo fome? 4Davi entrou na casa de Deus, pegou dos pães oferecidos a Deus e os comeu, e ainda por cima os deu a seus companheiros. No entanto, só os sacerdotes podem comer desses pães”. 5E Jesus acrescentou: “O Filho do Homem é senhor também do sábado”. Comentário: * 6,1-5: Sendo senhor do sábado, Jesus está acima das leis, mesmo religiosas, que os homens elaboram. Ele relativiza essas leis, mostrando que elas não têm sentido quando impedem o homem de ter acesso aos bens necessários para a própria sobrevivência. Os discípulos de Jesus colhem espigas e as comem. Interpretando o fato de debulhar espigas como colheita e, portanto, como violação ao repouso sabático, os fariseus recriminam a atitude dos discípulos. Apoiado em passagem da Escritura e citando o respeitado nome de Davi, Jesus enuncia um princípio decisivo: em caso de necessidade, a manutenção da vida tem precedência sobre o respeito às proibições religiosas. Sem alimentar-se não há ser humano, que é maior do que qualquer prescrição, pois “o sábado foi feito por causa do homem” (Mc 2,27). Ao dizer que “o Filho do Homem é senhor do sábado”, Jesus nos ensina que as instituições, estruturas, leis e costumes devem estar a serviço do homem: podem ser abolidos e cair para segundo plano em qualquer circunstância em que uma necessidade urgente o exigir. Oração Ó Jesus, Filho do Homem, os fariseus fazem tempestade num copo d’água: acusam teus discípulos como se tivessem cometido grave escândalo. Apenas debulhavam espigas para matar a fome, em dia de sábado. Citando as Escrituras, argumentas que as Leis foram criadas para favorecer a vida humana. Amém.

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Lucas 5, 33-39 Jesus provoca ruptura.

33Os fariseus e os mestres da Lei disseram a Jesus: “Os discípulos de João, e também os discípulos dos fariseus, jejuam com frequência e fazem orações. Mas os teus discípulos comem e bebem”. 34Jesus, porém, lhes disse: “Os convidados de um casamento podem fazer jejum enquanto o noivo está com eles? 35Mas dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, naqueles dias, eles jejuarão”. 36Jesus contou-lhes ainda uma parábola: “Ninguém tira retalho de roupa nova para fazer remendo em roupa velha; senão vai rasgar a roupa nova, e o retalho novo não combinará com a roupa velha. 37Ninguém coloca vinho novo em odres velhos; porque, senão, o vinho novo arrebenta os odres velhos e se derrama, e os odres se perdem. 38Vinho novo deve ser colocado em odres novos. 39E ninguém, depois de beber vinho velho, deseja vinho novo, porque diz: o velho é melhor”. Comentário: * 33-39: Cf. nota em Mc 2,18-22. Lucas salienta que quem está habituado às estruturas do velho sistema, e não se predispõe à mudança, jamais aceita a novidade trazida por Jesus (v. 39).O assunto cai sobre a prática do jejum. Há dois grupos de discípulos que o praticam, os de João e os dos fariseus, ao passo que os discípulos de Jesus não o fazem. Doutores da Lei e fariseus querem de Jesus uma satisfação. Jesus desloca a importância do jejuar para o significado do noivo (o próprio Messias), que ora está presente no meio deles. São tempos novos: o tempo da espera já se cumpriu, agora é alegrar- se com a presença de Jesus e da sua Boa-Nova, ouvir-lhe o apelo e dar-lhe adesão pela fé. A comparação de Jesus acentua a necessidade de dar um salto de qualidade para superar esquemas envelhecidos (roupa velha, vinho velho) e assumir a novidade do Reino (roupa nova, vinho novo), isto é, vida abundante e liberdade para todos. Há cristãos que relutam em aceitar que a Igreja se renove! Oração Ó Jesus Messias, és o protagonista de um novo tempo. Inauguras o tão esperado Reino de Deus. És o “noivo” da humanidade e nos ofereces a festa da salvação. Doutores da Lei e fariseus mantêm-se fechados à novidade. Concede-nos, Senhor, mentalidade aberta para acatar a tua Boa-Nova. Amém.

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Lucas 5, 1-11 O seguimento de Jesus.

1Jesus estava na margem do lago de Genesaré, e a multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a Palavra de Deus. 2Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago. Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes. 3Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois, sentou-se e, da barca, ensinava as multidões. 4Quando acabou de falar, disse a Simão: “Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca”. 5Simão respondeu: “Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes”. 6Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes, que as redes se rompiam. 7Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que viessem ajudá-los. Eles vieram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem. 8Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” 9É que o espanto se apoderara de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer. 10Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Jesus, porém, disse a Simão: “Não tenhas medo! De hoje em diante, tu serás pescador de homens”. 11Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus. Comentário: * 1-11: A cena é simbólica. Jesus chama seus primeiros discípulos, mostrando-lhes qual a missão reservada a eles: fazer que os homens participem da libertação trazida por Jesus e que só pode realizar-se no seguimento dele, mediante a união com ele e sua missão. O convite ao seguimento é exigente: é preciso "deixar tudo", para que nada impeça o discípulo de anunciar a Boa Notícia do Reino. Uma página a respeito da missão de Jesus e dos discípulos. As multidões comprimiam-se ao redor de Jesus a fim de ouvirem a Palavra de Deus. O ensinamento se dá a partir da barca, símbolo da Igreja. Sem Jesus, a missão é estéril. É ele quem garante a eficácia da ação, por mais difícil que seja a situação. Diante do sucesso, Pedro sente o poder de Deus e se reconhece pecador. Sem comentar a atitude humilde de Pedro, Jesus o projeta para obras grandiosas: “A partir de agora, você vai ser pescador de gente”. Os outros sócios de Simão também são chamados a compor o grupo dos apóstolos. Em várias ocasiões, os três – Simão, Tiago e João – serão convidados a testemunhar situações significativas na vida do Mestre (transfiguração, paixão), certamente para consolidá-los na fé em Jesus, o Filho de Deus. Oração Ó Jesus Mestre, em obediência à tua Palavra, Pedro e seus companheiros lançaram as redes em águas mais profundas. Surpresos, apanharam “tanto peixe que as redes se arrebentavam”. Queremos, Senhor, estar sempre atentos aos teus apelos, certos de que, desse modo, nossa labuta não será em vão. Amém.