quinta-feira, 11 de janeiro de 2024
Marcos 2, 1-12 Jesus liberta pela raiz.
-* 1 Alguns dias depois, Jesus entrou de novo na cidade de Cafarnaum. Logo se espalhou a notícia de que Jesus estava em casa. 2 E tanta gente se reuniu aí que já não havia lugar nem na frente da casa. E Jesus anunciava a palavra.
3 Levaram então um paralítico, carregado por quatro homens. 4 Mas eles não conseguiam chegar até Jesus, por causa da multidão. Então fizeram um buraco no teto, bem em cima do lugar onde Jesus estava, e pela abertura desceram a cama em que o paralítico estava deitado. 5 Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Filho, os seus pecados estão perdoados.”
6 Ora, alguns doutores da Lei estavam aí sentados, e começaram a pensar: 7 “Por que este homem fala assim? Ele está blasfemando! Ninguém pode perdoar pecados, porque só Deus tem poder para isso!” 8 Jesus logo percebeu o que eles estavam pensando no seu íntimo, e disse: “Por que vocês pensam assim? 9 O que é mais fácil dizer ao paralítico: ‘Os seus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘Levante-se, pegue a sua cama e ande?’ 10 Pois bem, para que vocês saibam que o Filho do Homem tem poder na terra para perdoar pecados, - disse Jesus ao paralítico - 11 eu ordeno a você: Levante-se, pegue a sua cama e vá para casa.” 12 O paralítico então se levantou e, carregando a sua cama, saiu diante de todos. E todos ficaram muito admirados e louvaram a Deus dizendo: “Nunca vimos uma coisa assim!”
Comentário:
* 2,1-12: Segundo os antigos, a doença era causada pelo pecado. Para libertar o homem, Jesus vai direto à raiz: o pecado invisível que causa os males externos e visíveis. A oposição a Jesus começa: os doutores da Lei só se preocupam com teorias religiosas, e não em transformar a situação do homem. A ação de Jesus é completa. É um dizer e fazer que cura por dentro e por fora, fazendo o homem reconquistar a capacidade de caminhar por si.
Numerosas pessoas se concentram ao redor de Jesus, animadas com sua pregação. Algo inédito se passa: quatro homens carregam um paralítico e, pela cobertura, o colocam diante de Jesus. O gesto deles já é um eloquente pedido de cura. Então Jesus toma a iniciativa e lhe perdoa os pecados. Ora, perdoar pecados é privilégio exclusivo de Deus. Do ponto de vista dos mestres da Lei, Jesus está blasfemando. A pena para quem blasfemava era o apedrejamento. Mas Jesus tem também o dom de saber o que estão matutando em seu interior. Perdoar pecados é uma realidade invisível, teoricamente mais fácil. Entretanto, para manifestar o poder de “perdoar pecados sobre a terra”, Jesus cura o paralítico. Cura o ser humano na sua totalidade.
quarta-feira, 10 de janeiro de 2024
Marcos 1, 40-45 Jesus e os marginalizados.
-* 40 Um leproso chegou perto de Jesus e pediu de joelhos: “Se queres, tu tens o poder de me purificar.” 41 Jesus ficou cheio de ira, estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero, fique purificado.” 42 No mesmo instante a lepra desapareceu e o homem ficou purificado. 43 Então Jesus o mandou logo embora, ameaçando-o severamente: 44 “Não conte nada para ninguém! Vá pedir ao sacerdote para examinar você, e depois ofereça pela sua purificação o sacrifício que Moisés ordenou, para que seja um testemunho para eles.” 45 Mas o homem foi embora e começou a pregar muito e a espalhar a notícia. Por isso, Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ele ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte as pessoas iam procurá-lo.
Comentário:
* 40-45: O leproso era marginalizado, devendo viver fora da cidade, longe do convívio social, por motivos higiênicos e religiosos (Lv 13,45-46). Jesus fica irado contra uma sociedade que produz a marginalização. Por isso, o homem curado deve apresentar-se para dar testemunho contra um sistema que não cura, mas só declara quem pode ou não participar da vida social. O marginalizado agora se torna testemunho vivo, que anuncia Jesus, aquele que purifica. E Jesus está fora da cidade, lugar que se torna o centro de nova relação social: o lugar dos marginalizados é o lugar onde se pode encontrar Jesus.
Por que Jesus fica “irado” ao acolher o leproso? Jesus está indignado com a sociedade que, além de não curar os leprosos, os mantém afastados do convívio social e do culto religioso. Conforme mentalidade da época, o leproso é considerado impuro e excluído do Reino de Deus. Jesus, ao invés, tem vontade (“quero”) de restituir-lhe a saúde (“fique purificado”) e reintegrá-lo na convivência social e religiosa. O Reino de Deus não exclui ninguém da salvação. Deus acolhe a todos, não somente os que cumprem certas condições de pureza física ou ritual. Por que Jesus pede ao homem curado para não divulgar o fato? Porque ele acaba de tomar posição pública contra a marginalização e contra a Lei que a prescreve; quer evitar que as autoridades o retirem de circulação, já que sua fama se espalhou por toda parte
terça-feira, 9 de janeiro de 2024
Marcos 1, 29-39 Ser livre para servir.
-* 29 Saíram da sinagoga e foram logo para a casa de Simão e André, junto com Tiago e João. 30 A sogra de Simão estava de cama, com febre, e logo eles contaram isso a Jesus. 31 Jesus foi aonde ela estava, segurou sua mão e ajudou-a a se levantar. Então a febre deixou a mulher, e ela começou a servi-los.
32 À tarde, depois do pôr-do-sol, levavam a Jesus todos os doentes e os que estavam possuídos pelo demônio. 33 A cidade inteira se reuniu na frente da casa. 34 Jesus curou muitas pessoas de vários tipos de doença e expulsou muitos demônios. Os demônios sabiam quem era Jesus, e por isso Jesus não deixava que eles falassem.
Jesus rejeita a popularidade fácil -* 35 De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. 36 Simão e seus companheiros foram atrás de Jesus 37 e, quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando.” 38 Jesus respondeu: “Vamos para outros lugares, às aldeias da redondeza. Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim.” 39 E Jesus andava por toda a Galileia, pregando nas sinagogas e expulsando os demônios.
Comentário:
* 29-34: Para os antigos, a febre era de origem demoníaca. Libertos do demônio, os homens podem levantar-se e pôr-se a serviço. Os demônios reconhecem quem é Jesus, porque sentem que a palavra e ação dele ameaça o domínio que eles têm sobre o homem.
* 35-39: O deserto é o ponto de partida para a missão. Aí Jesus encontra o Pai, que o envia para salvar os homens. Mas encontra também a tentação: Pedro sugere que Jesus aproveite a popularidade conseguida num dia. É o primeiro diálogo com os discípulos, e já se nota tensão.
O evangelista nos oferece um vasto panorama da missão libertadora de Jesus. Vida dinâmica: viagens, ensinamentos, curas, expulsão de demônios, oração. Jesus sai da sinagoga e, juntamente com Tiago e João, vai à casa de Simão e André. Aí, com o toque de sua mão, cura da febre a sogra de Simão. Imediatamente, ela se põe a serviço da comunidade. O serviço ao próximo é a maneira de mostrar gratidão a Deus. Ao pôr do sol, Jesus cura muitos doentes e endemoninhados. Na madrugada, como se driblasse a todos, Jesus se retira a sós para rezar. Com isso, mostra a importância de entrar em comunhão com Deus no meio das nossas atividades. Simão e seus companheiros o “procuram ansiosos” e expressam o sentimento comum: “Todos te procuram”. Jesus não se deixa aprisionar: “Vamos a outros lugares…”.
segunda-feira, 8 de janeiro de 2024
Marcos 1, 21-28 Jesus vence a alienação.
-* 21 Foram à cidade de Cafarnaum e, no sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22 As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento, porque Jesus ensinava como quem tem autoridade e não como os doutores da Lei.
23 Nesse momento, estava na sinagoga um homem possuído por um espírito mau, que começou a gritar: 24 “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!” 25 Jesus ameaçou o espírito mau: “Cale-se, e saia dele!” 26 Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu dele. 27 Todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “O que é isso? Um ensinamento novo, dado com autoridade... Ele manda até nos espíritos maus e eles obedecem!” 28 E a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a redondeza da Galileia.
Comentário:
* 21-28: A ação demoníaca escraviza e aliena o homem, impedindo-o de pensar e de agir por si mesmo (por exemplo: ideologias, propagandas, estruturas, sistemas etc.): outros pensam e agem através dele. O primeiro milagre de Jesus é fazer o homem voltar à consciência e à liberdade. Só assim o homem pode segui-lo.
Marcos não diz qual era o ensinamento de Jesus; contudo, mencionando-o junto com uma ação de cura, ele sugere que o ensinamento com autoridade repousa numa prática concreta de libertação: com sua ação Jesus interpreta as Escrituras de modo superior a toda a cultura dos doutores da Lei.
Jesus ensina na sinagoga, lugar onde se reúne a comunidade dos judeus. Fala com autoridade. Sua palavra provoca a reação do espírito impuro. Este representa as pessoas que estão acomodadas com o sistema vigente; acreditam que o povo de Israel é superior aos outros povos e, por isso, os desprezam. Isso é o que aprendem dos mestres da Lei e dos fariseus. Não é essa a mentalidade que Jesus vem apoiar. Ao contrário, Jesus anuncia o Reino de Deus, que é universal; abrange todas as nações. Por isso, pela força do Espírito Santo, Jesus comanda ao espírito impuro que saia daquele homem: “Cale-se e saia dele”. O efeito logo se vê. Desconcertada, a multidão reconhece em Jesus um poder superior: “O que é isso? Um ensinamento novo, dado com autoridade!”.
(Dia a dia c
domingo, 7 de janeiro de 2024
Marcos 1, 7-11 O anúncio da chegada do Messias.
7 E pregava: “Depois de mim, vai chegar alguém mais forte do que eu. E eu não sou digno sequer de me abaixar para desamarrar as suas sandálias. 8 Eu batizei vocês com água, mas ele batizará vocês com o Espírito Santo.”
O Messias é Jesus de Nazaré, o Filho de Deus -* 9 Nesses dias, Jesus chegou de Nazaré da Galileia, e foi batizado por João no rio Jordão. 10 Logo que Jesus saiu da água, viu o céu se rasgando, e o Espírito, como pomba, desceu sobre ele. 11 E do céu veio uma voz: «Tu és o meu Filho amado; em ti encontro o meu agrado.”
Comentário:
* 2-8: A pregação de João Batista é grande advertência. Ele anuncia a vinda do Messias, que vai provocar uma grande transformação. É preciso estar preparado, purificando-se e mudando o modo de ver a vida e de vivê-la.
* 9-11: O céu se rasgou: Na pessoa de Jesus, a separação que havia entre Deus e os homens se rompeu. A voz apresenta o mistério do homem de Nazaré: ele é o Filho de Deus, o Messias-Rei (Sl 2,7) que vai estabelecer o Reino de Deus através do serviço, como o Servo de Javé (Is 42,1-2).
João pregava e batizava. Por sua pregação, as pessoas eram convidadas a se manter fiéis ao projeto de Deus e acolher o Messias. Por seu batismo, deviam mudar de vida: batismo de conversão. “Mais forte” do que João, o Messias haveria de batizar com o Espírito Santo. Portanto, não é o batismo com água de rio, mas com o “vento” que desce do céu e renova a vida. Eis que Jesus vem de Nazaré da Galileia e se apresenta para receber o batismo de João. Nessa circunstância, Jesus testemunha a presença do Espírito Santo, que desce sobre ele em forma de pomba (cf. Gn 1,2: primeira criação), e a manifestação do Pai, cuja voz ecoa solenemente: “Tu és o meu Filho amado. Em ti eu me agrado”. Esse é o Messias servidor que, mediante o serviço, implantará entre nós o Reino de Deus.
sábado, 6 de janeiro de 2024
Mateus 2, 1-12 Jesus, perigo ou salvação?
-* 1 Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judéia, no tempo do rei Herodes, alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém, 2 e perguntaram: “Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos para prestar-lhe homenagem.”
3 Ao saber disso, o rei Herodes ficou alarmado, assim como toda a cidade de Jerusalém. 4 Herodes reuniu todos os chefes dos sacerdotes e os doutores da Lei, e lhes perguntou onde o Messias deveria nascer. 5 Eles responderam: “Em Belém, na Judéia, porque assim está escrito por meio do profeta: 6 ‘E você, Belém, terra de Judá, não é de modo algum a menor entre as principais cidades de Judá, porque de você sairá um Chefe, que vai apascentar Israel, meu povo.’ “
7 Então Herodes chamou secretamente os magos, e investigou junto a eles sobre o tempo exato em que a estrela havia aparecido. 8 Depois, mandou-os a Belém, dizendo: “Vão, e procurem obter informações exatas sobre o menino. E me avisem quando o encontrarem, para que também eu vá prestar-lhe homenagem.”
9 Depois que ouviram o rei, eles partiram. E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até que parou sobre o lugar onde estava o menino. 10 Ao verem de novo a estrela, os magos ficaram radiantes de alegria.
11 Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e lhe prestaram homenagem. Depois, abriram seus cofres, e ofereceram presentes ao menino: ouro, incenso e mirra. 12 Avisados em sonho para não voltarem a Herodes, partiram para a região deles, seguindo por outro caminho.
Comentário:
* 1-12: Jesus é o Rei Salvador prometido pelas Escrituras. Sua vinda, porém, desperta reações diferentes. Aqueles que conhecem as Escrituras, em vez de se alegrarem com a realização das promessas, ficam alarmados, vendo em Jesus uma séria ameaça para o seu próprio modo de viver. Outros, apenas guiados por um sinal, procuram Jesus e o acolhem como Rei Salvador. Não basta saber quem é o Messias; é preciso seguir os sinais da história que nos encaminham para reconhecê-lo e aceitá-lo. A cena mostra o destino de Jesus: rejeitado e morto pelas autoridades do seu próprio povo, é aceito pelos pagãos.
Jesus nasce em Belém, como descendente de Davi, potencialmente sucessor legítimo. Para Herodes, o “recém-nascido rei dos judeus” é um rival perigoso a ser eliminado. Prenuncia-se, desde já, a forte oposição do rei e seus aliados. Em contrapartida, os magos orientais (entendidos de astronomia) vêm prestar homenagem ao menino Jesus. Herodes diz querer compartilhar desse nobre gesto, mas o faz só para despistar suas más intenções! A estrela acompanha os magos, indica-lhes o lugar, e o encontro se dá: “Viram o menino com Maria, sua mãe, e se ajoelharam diante dele”. Então, os magos entregam o tributo dos pagãos ao Rei infante. A Igreja leu, nesse episódio, a manifestação (epifania) do Salvador aos pagãos, deixando claro que a salvação não é privilégio dos judeus, mas é para todos os povos.
(
Efésios 3, 2-3.5-6 Paulo e o mistério de Cristo.
2 Certamente ouviram falar do modo como a graça de Deus me foi confiada em benefício de vocês. 3 Foi por revelação que Deus me fez conhecer o mistério que acabo de expor brevemente. 5 Deus não manifestou esse mistério para as gerações passadas da mesma forma com que o revelou agora, pelo Espírito, aos seus santos apóstolos e profetas: 6 em Jesus Cristo, por meio do Evangelho, os pagãos são chamados a participar da mesma herança, a formar o mesmo corpo e a participar da mesma promessa.
Comentário:
* 1-13: O mistério é o centro do anúncio de Paulo, e está inseparavelmente ligado à sua vocação de missionário entre os pagãos. Esse mistério é o projeto de Deus, que se realizou em Jesus Cristo e que manifesta toda a sua grandeza na Igreja, mediante o ministério de Paulo: os pagãos são chamados a pertencer ao povo de Deus.
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