segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Mateus 18, 1-5.10.12-14 Quem é o maior na comunidade?

-* 1 Naquele momento, os discípulos se aproximaram de Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino do Céu?” 2 Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles, 3 e disse: “Eu lhes garanto: se vocês não se converterem, e não se tornarem como crianças, vocês nunca entrarão no Reino do Céu. 4 Quem se abaixa, e se torna como essa criança, esse é o maior no Reino do Céu. 5 E quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe.” Por que alguém se afasta da comunidade? -* 10 “Cuidado para não desprezar nenhum desses pequeninos, pois eu digo a vocês: os anjos deles no céu estão sempre na presença do meu Pai que está no céu. 12 O que vocês acham? Se um homem tem cem ovelhas, e uma delas se perde, será que ele não vai deixar as noventa e nove nas montanhas, para procurar aquela que se perdeu? 13 Eu garanto a vocês: quando ele a encontra, fica muito mais feliz com ela, do que com as noventa e nove que não se perderam. 14 Do mesmo modo, o Pai que está no céu não quer que nenhum desses pequeninos se perca.” Comentário: * 1-5: A comunidade cristã não é a reprodução de uma sociedade que se baseia na riqueza e no poder. Nela, é maior ou mais importante aquele que se converte, deixando todas as pretensões sociais, para pertencer a um grupo que acolhe fraternalmente Jesus na pessoa dos pequenos, fracos e pobres. * 10-14: Por que alguém se extravia, isto é, se distancia da comunidade? Certamente por causa do escândalo (vv. 6-9), ou do desprezo daqueles que buscam poder e prestígio. A parábola mostra que a comunidade inteira deve preocupar-se e procurar aquele que se extraviou. A comunidade se alegra quando ele volta para o seu meio, porque a vontade do Pai foi cumprida. Os discípulos de Jesus manifestam a mentalidade corrente: o ser humano tem sede de poder. Jesus revira essa posição e mostra quem tem maior valor diante de Deus. Aponta uma criança, que é símbolo dos pobres, humildes, marginalizados e pecadores; enfim, aqueles que são esmagados pela sociedade injusta. Esses constituem justamente o centro de atenção de Jesus, tanto que seu Reino é constituído por pessoas assim. Mas, cuidado! Não aconteça que a comunidade cristã escandalize ou trate mal os que vão dando os primeiros passos na fé! O Pai do céu, em sintonia com a escolha de Jesus, tem os olhos voltados para esses pequenos. E no céu haverá festa quando um filho ou filha abandona o mau caminho e de novo volta a fazer parte da família de Deus.

domingo, 13 de agosto de 2023

Mateus 17, 22-27 A missão de Jesus é dar a vida.

-* 22 Quando os discípulos estavam reunidos na Galiléia, Jesus disse para eles: “O Filho do Homem vai ser entregue na mão dos homens. 23 Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará.” E os discípulos ficaram muito tristes. Os filhos são livres -* 24 Quando chegaram a Cafarnaum, os fiscais do imposto do Templo foram a Pedro, e perguntaram: “O mestre de vocês não paga o imposto do Templo?” 25 Pedro respondeu: “Paga, sim.” Ao entrar em casa, Jesus adiantou-se, e perguntou: “O que é que você acha, Simão? De quem os reis da terra recebem taxas ou impostos: dos filhos ou dos estrangeiros?” 26 Pedro respondeu: “Dos estrangeiros!” Então Jesus disse: “Isso quer dizer que os filhos não precisam pagar. 27 Mas, para não provocar escândalo, vá ao mar, e jogue o anzol. Na boca do primeiro peixe que você pegar, vai encontrar o dinheiro para pagar o imposto. Pegue-o, e pague por mim e por você.” Comentário: * 22-23: Jesus mostra, uma vez mais, qual é a verdadeira missão do Messias: dar a própria vida e ressuscitar. Os discípulos, porém, ainda não compreendem o significado da morte que gera a vida. * 24-27: O problema é pagar o imposto do Templo (v. 24) e o imposto imperial (v. 25). O imposto implica domínio sobre os bens da pessoa. Esses bens, em primeiro lugar, são de Deus. E os homens são filhos de Deus, antes de ser súditos de qualquer poder. Portanto, eles não têm obrigação de pagar impostos. A razão para pagá-lo é livre e secundária: evitar escândalo. O confronto e a ruptura entre Jesus e as instituições se dão nesse nível mais profundo e decisivo, que supera a própria instituição do Estado e do Templo. Jesus é questionado pelos fiscais do templo: vai pagar ou não o imposto anual ao templo? Consta que os sacerdotes e muitos mestres estavam isentos de pagar esse imposto. Os fiscais querem saber se Jesus, que é chamado Mestre, está se beneficiando da mesma mordomia. O fato de Jesus pagar mostra que ele não apoia uma sociedade injusta em que os grandes têm privilégios à custa dos pobres. Quanto ao imposto cobrado pelos reis, ou seja, as taxas cobradas pelos estrangeiros, Jesus denuncia a exploração internacional que empobrece os povos dominados e os faz viver na miséria. De qualquer forma, Jesus se serve da generosidade da natureza (peixe) e satisfaz a exigência da lei. Quando não há exploração do povo e acumulações de bens, a natureza supre a necessidade de todos.

sábado, 12 de agosto de 2023

Mateus 14, 22-33 A fé nos momentos difíceis.

-* 22 Logo em seguida, Jesus obrigou os discípulos a entrar na barca, e ir na frente, para o outro lado do mar, enquanto ele despedia as multidões. 23 Logo depois de despedir as multidões, Jesus subiu sozinho ao monte, para rezar. Ao anoitecer, Jesus continuava aí sozinho. 24 A barca, porém, já longe da terra, era batida pelas ondas, porque o vento era contrário. 25 Entre as três e as seis da madrugada, Jesus foi até os discípulos, andando sobre o mar. 26 Quando os discípulos o avistaram, andando sobre o mar, ficaram apavorados, e disseram: “É um fantasma!” E gritaram de medo. 27 Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenham medo.” 28 Então Pedro lhe disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água.” 29 Jesus respondeu: “Venha.” Pedro desceu da barca, e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. 30 Mas ficou com medo quando sentiu o vento e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me.” 31 Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que você duvidou?” 32 Então eles subiram na barca. E o vento parou. 33 Os que estavam na barca se ajoelharam diante de Jesus, dizendo: “De fato, tu és o Filho de Deus.” Comentário: * 22-33: Sobressai aqui a figura de Pedro, protótipo da comunidade que, nas grandes crises, duvida da presença de Jesus em seu meio e, por isso, pede um sinal. E mesmo vendo sinais, continua com medo das ambiguidades da situação e, por isso, a sua fé fica paralisada. Então faz o seu pedido de socorro. Jesus atende ao pedido da comunidade. Mas deixa bem claro que ela precisa crescer na fé e não temer os passos dados dentro das águas agitadas do mundo. Ao caminhar sobre o mar, Jesus manifesta a presença e o domínio de Deus sobre as forças contrárias. Diante dos discípulos assustados, Jesus se apresenta com palavras familiares: “Coragem! Sou eu. Não tenham medo!”. Dizendo “Sou eu”, Jesus revela a presença salvadora de Deus. Pedro toma a iniciativa e pede permissão para caminhar até Jesus. Permissão concedida. Insuficiente, porém, para que Pedro tenha sucesso. Em vez de se concentrar no poder de Jesus, o líder dos discípulos se distrai com o “vento forte”. E começa a afundar. No aperto, grita por socorro. “Jesus estendeu a mão e o segurou.” Quando Pedro e Jesus entram na barca, figura da Igreja, o vento cessa. Serenar tempestades é também obra de Deus, reconhecida pelos discípulos: “Tu és verdadeiramente Filho de Deus!”.

Romanos 9, 1-5 Os privilégios de Israel.

-* 1 Digo a verdade em Cristo, não minto, e disso me dá testemunho a minha consciência pelo Espírito Santo: 2 tenho uma grande dor e um contínuo sofrimento no coração. 3 Sim, eu gostaria de ser amaldiçoado e separado de Cristo em favor dos meus irmãos de raça e sangue. 4 Eles são israelitas e possuem a adoção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas; 5 deles são os patriarcas e deles nasceu Cristo segundo a condição humana, que está acima de tudo. Deus seja bendito para sempre. Amém. Comentário: * 1-5: Nos capítulos 9-11, Paulo analisa a situação do povo de Israel, procurando responder à difícil questão: “Não é uma contradição o fato de que o próprio povo escolhido, portador da história da salvação, tenha rejeitado Jesus e se tenha excluído da salvação?” Esse problema escandalizava judeus e pagãos e comprometia o êxito do Evangelho.

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Mateus 17, 14-20 A força da fé.

-* 14 Eles foram em direção à multidão. Um homem aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se, 15 e disse: “Senhor, tem piedade do meu filho. Ele é epilético, e tem ataques tão fortes que muitas vezes cai no fogo ou na água. 16 Eu o levei aos teus discípulos, mas eles não conseguiram curá-lo!” 17 Jesus respondeu: “Gente sem fé e pervertida! Até quando deverei ficar com vocês? Até quando terei que suportá-los? Tragam o menino aqui.” 18 Então Jesus ordenou, e o demônio saiu. E na mesma hora o menino ficou curado. 19 Os discípulos se aproximaram de Jesus, e lhe perguntaram em particular: “Por que nós não conseguimos expulsar o demônio?” 20 Jesus respondeu: “É porque vocês não têm bastante fé. Eu garanto a vocês: se vocês tiverem fé do tamanho de uma semente de mostarda, podem dizer a esta montanha: ‘Vá daqui para lá’, e ela irá. E nada será impossível para vocês. Comentário: * 14-21: Cf. nota em Mc 9,14-29. Os discípulos, que estão iniciando o trabalho de continuar a obra de Jesus, falham nas primeiras tentativas. O motivo é a falta de fé, ou seja, não acreditam que o poder de Deus se expressa através da ação concreta deles. Considerar impossível a desalienação dos homens é não acreditar no poder de Deus que age na pessoa de Jesus e em nós. Jesus se encontra no meio da multidão, quando o pai do menino epilético se apresenta. Tem um pedido a fazer ao Mestre e uma informação a dar. O pedido é que Jesus lhe cure o filho, que se agita, cai na água, às vezes no fogo, isto é, está exposto a todo perigo. Um drama para qualquer família. A informação é que os discípulos de Jesus não deram conta de curar a criança. Por que não puderam? A razão é a falta de fé dos mesmos discípulos. E pela explicação de Jesus, não se tratava de uma fé extraordinária; uma fé “como um grão de mostarda” seria suficiente para obter resultados surpreendentes, ou realizar coisas mais difíceis (transportar montanha). A falta de fé dos discípulos era na verdade a falta de compromisso com o Reino de Deus, o compromisso de libertar os oprimidos e marginalizados.

quinta-feira, 10 de agosto de 2023

Mateus 16, 24-28 O seguimento de Jesus.

* 24 Então Jesus disse aos discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz, e me siga. 25 Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. 26 Com efeito, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? O que um homem pode dar em troca da sua vida? 27 Porque o Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a própria conduta. 28 Eu garanto a vocês: alguns daqueles que estão aqui, não morrerão sem terem visto o Filho do Homem vindo com o seu Reino.” Comentário: * 24-28: Cf. nota em Mc 8,34-38: A morte de cruz era reservada a criminosos e subversivos. Quem quer seguir a Jesus esteja disposto a se tornar marginalizado por uma sociedade injusta (perder a vida) e mais, a sofrer o mesmo destino de Jesus: morrer como subversivo (tomar a cruz). Sem rodeios, Jesus apresenta a seus discípulos as condições do seguimento. Primeiramente, devem renunciar aos projetos pessoais para assumir as propostas do Reino de Deus. Depois, são convidados a tomar a cruz de cada dia, isto é, adotar as obrigações da nova comunidade de Jesus. Não se trata de buscar a cruz em si mesma; ela aparece na vida do discípulo como consequência da escolha, que é lutar pela implantação da justiça no mundo. Enfim, o apelo para seguir o Mestre, nas intenções e nas obras. Quem enfrenta a cruz por causa de Jesus, encontrará a salvação. “Quem perder a própria vida por causa de mim, a encontrará”. Quem se desvia da cruz, pensando salvar-se, coloca-se no caminho da perdição. No final da caminhada, Jesus dará “a cada um de acordo com o seu comportamento”.

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

João 12, 24-26 A missão do verdadeiro Messias.

24 Eu garanto a vocês: se o grão de trigo não cai na terra e não morre, fica sozinho. Mas se morre, produz muito fruto. 25 Quem tem apego à sua vida, vai perdê-la; quem despreza a sua vida neste mundo, vai conservá-la para a vida eterna. 26 Se alguém quer servir a mim, que me siga. E onde eu estiver, aí também estará o meu servo. Se alguém serve a mim, o Pai o honrará. Comentário: * 12-36: Temos aqui duas concepções sobre o Messias. Seguindo a tradição transmitida pelos dirigentes, o povo aclama Jesus como um rei político. Mais tarde, essa ideia será transformada em motivo da condenação de Jesus. Por outro lado, Jesus se apresenta como o Messias predito pelas Escrituras, mostrando, porém, sua verdadeira missão: dar a vida para salvar e reunir o povo. Lourenço é um dos mártires mais conhecidos e venerados, já desde os primeiros séculos. Encarregado de cuidar dos bens da Igreja, repartiu-os entre os pobres, já que pressentia prisão iminente. Aprisionado junto com o papa Sisto II, não sofreu de imediato o martírio, mas suportou corajosamente atrozes dores na grelha incandescente. Alguns escritos permitem introduzir aqui um gracejo de Lourenço. No meio de tormentos, ele teria dito ao carrasco: “Vira-me, pois deste lado já estou bem assado”. Entretanto, a maioria dos escritores modernos julga que Lourenço tenha sido decapitado como o papa Sisto II, martirizado três dias antes. Morreu em 258 e foi sepultado no Campo Verano, na Via Tiburtina (Roma), onde Constantino edificou a basílica que tem o seu nome.