segunda-feira, 19 de junho de 2023

Mateus 5, 43-48 Amar como o Pai ama.

-* 43 “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo, e odeie o seu inimigo!’ 44 Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês! 45 Assim vocês se tornarão filhos do Pai que está no céu, porque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos. 46 Pois, se vocês amam somente aqueles que os amam, que recompensa vocês terão? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47 E se vocês cumprimentam somente seus irmãos, o que é que vocês fazem de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48 Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês que está no céu.” Comentário: * 43-48: O Evangelho abre a perspectiva do relacionamento humano para além das fronteiras que os homens costumam construir. Amar o inimigo é entrar em relação concreta com aquele que também é amado por Deus, mas que se apresenta como problema para mim. Os conflitos também são uma tarefa do amor. O v. 48 é a conclusão e a chave para se compreender todo o conjunto formado por 5,17-47: os discípulos são convidados a um comportamento que os torne filhos testemunhando a justiça do Pai. Sobre os cobradores de impostos, cf. nota em Mc 2,13-17. O amor de quem crê em Jesus não pode ficar limitado a pessoas da mesma família ou círculo de amizade: “Se vocês cumprimentam apenas seus irmãos, o que fazem de mais?”. Seria incompleto e estaria muito distante do modelo de amor que é o próprio Deus. Seu amor é universal; ele não faz distinção de pessoas, cultura ou credo. Para todos, sem exceção, Deus oferece os benefícios do sol, da chuva e de toda a natureza. O cristão, à semelhança de Cristo, não pode deixar ninguém fora do alcance do seu amor, nem mesmo os que se tornam inimigos. Aos que nos perseguem ou que dificultam o nosso caminhar (também nas comunidades cristãs), Jesus recomenda a oração: “Rezem por aqueles que perseguem vocês”. Nosso amor deve ser absoluto e universal, semelhante ao amor do próprio Deus.

domingo, 18 de junho de 2023

Mateus 5, 38-42 Violência e resistência.

-* 38 “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ 39 Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês. Pelo contrário: se alguém lhe dá um tapa na face direita, ofereça também a esquerda! 40 Se alguém faz um processo para tomar de você a túnica, deixe também o manto! 41 Se alguém obriga você a andar um quilômetro, caminhe dois quilômetros com ele! 42 Dê a quem lhe pedir, e não vire as costas a quem lhe pedir emprestado.” Comentário: * 38-42: Como se pode superar a vingança ou até mesmo a “justa” punição? O Evangelho propõe atitude nova, a fim de eliminar pela raiz o círculo infernal da violência: a resistência ao inimigo não deve ser feita com as mesmas armas usadas por ele, mas através de comportamento que o desarme. “Olho por olho, dente por dente.” Essa regra, na sua origem, era uma tentativa de pôr freio à onda de violência. Era a lei da vingança que estava presente não só no Antigo Testamento, mas predomina até hoje nas relações pessoais, sociais e políticas, onde o Evangelho ainda não penetrou profundamente. Mas o cristão segue uma lógica diferente: é chamado a quebrar a espiral do ódio, respondendo ao mal com o bem. O direito à vingança (lei antiga) cedeu lugar à lei da misericórdia. Para não responder com a mesma moeda, o discípulo de Cristo deve se dispor a fazer gestos radicais de tolerância e compreensão. Uma das bem-aventuranças reforça nosso anseio de criar um mundo novo, em que as relações humanas estejam de fato assentadas sobre o amor: “Felizes os mansos, porque herdarão a terra!”.

sábado, 17 de junho de 2023

Mateus 9, 36-10,8 A origem da missão.

36 Vendo as multidões, Jesus teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. 37 Então Jesus disse a seus discípulos: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos! 38 Por isso, peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita.” O núcleo da nova comunidade -* 1 Então Jesus chamou seus discípulos e deu-lhes poder para expulsar os espíritos maus, e para curar qualquer tipo de doença e enfermidade. 2 São estes os nomes dos Doze Apóstolos: primeiro Simão, chamado Pedro, e seu irmão André; Tiago e seu irmão João, filhos de Zebedeu; 3 Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; 4 Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus. A missão dos apóstolos -* 5 Jesus enviou os Doze com estas recomendações: “Não tomem o caminho dos pagãos, e não entrem nas cidades dos samaritanos. 6 Vão primeiro às ovelhas perdidas da casa de Israel. 7 Vão e anunciem: ‘O Reino do Céu está próximo’. 8 Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça, deem também de graça! Comentário: * 35-38: Mateus apresenta um resumo da atividade de Jesus (cf. 4,23), mostrando a raiz da ação dele: nasce da visão da realidade, que o leva a compadecer-se, isto é, a sentir junto com o povo cansado e abatido. O trabalho é grande, e necessita de pessoas dispostas a continuar a obra de Jesus. A comunidade deve assumir a preocupação de levar a Boa Notícia do Reino ao mundo inteiro, consciente da necessidade de trabalhadores disponíveis para essa missão divina. * 10,1-4: Os discípulos recebem o mesmo poder de Jesus: desalienar os homens (expulsar demônios) e libertá-los de todos os males (curar doenças). Os doze apóstolos formam o núcleo da nova comunidade, chamada a continuar a palavra e ação de Jesus. * 5-15: A missão é reunir o povo para seguir a Jesus, o novo Pastor. Ela se realiza mediante o anúncio do Reino e pela ação que concretiza os sinais da presença do Reino. A missão se desenvolve em clima de gratuidade, pobreza e confiança, e comunica o bem fundamental da paz, isto é, da plena realização de todas as dimensões da vida humana. Os enviados são portadores da libertação; rejeitá-los é rejeitar a salvação e atrair sobre si o julgamento. Jesus tem, diante de si, um panorama pesado: uma multidão de pessoas tristes, abatidas, famintas, como ovelhas abandonadas. Relembra para elas a passagem do profeta Ezequiel (cf. Ez 34): Deus, indignado com o descaso das autoridades, cuidará pessoalmente das ovelhas. Deus as livrará das nações (poder estrangeiro) e proverá alimento, justiça, segurança, força e um pastor, o próprio Deus, descendente de Davi. E Jesus sabe que a tarefa é enorme e os trabalhadores do Reino são poucos. A solução está na oração. Lança por isso um apelo válido para todos os tempos: “Peçam ao Senhor da colheita que envie trabalhadores”. Jesus chama os doze apóstolos e os dota de sua mesma autoridade: deverão percorrer o mundo, transformando as relações humanas, estabelecendo o reinado do Deus libertador.

Romanos 5, 6-11 O motivo da nossa esperança.

6 De fato, quando ainda éramos fracos, Cristo, no momento oportuno, morreu pelos ímpios. 7 Dificilmente se encontra alguém disposto a morrer em favor de um justo; talvez haja alguém que tenha coragem de morrer por um homem de bem. 8 Mas Deus demonstra seu amor para conosco porque Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores. 9 Assim, tornados justos pelo sangue de Cristo, com maior razão seremos salvos da ira por meio dele. 10 Se quando éramos inimigos fomos reconciliados com Deus por meio da morte do seu Filho, muito mais agora, já reconciliados, seremos salvos por sua vida. 11 E não só isso. Também nos gloriamos em Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, do qual obtivemos agora a reconciliação. Comentário: * 1-11: Justificados pela fé em Jesus Cristo, estamos em paz com Deus; por isso, começamos a viver a esperança da salvação. Essa esperança é vivida em meio a uma luta perseverante, ancorada na certeza, garantida pelo Espírito Santo que nos foi dado (vv. 1-5). Deus manifestou seu amor em Jesus Cristo, que morreu por nós quando ainda éramos pecadores (vv. 6-8). Agora que já fomos reconciliados podemos crer com maior razão e esperar que seremos salvos pela vida-ressurreição de Jesus (vv. 9-11). O termo “tribulação”, que aparece muitas vezes no Novo Testamento, se refere às opressões e repressões de que é vítima o povo de Deus. Opressões e repressões por parte dos poderes humanos, que procuram reduzir o alcance do testemunho cristão para que este não abale a estrutura vigente na sociedade.

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Lucas 2, 41-51 O Messias é o Filho de Deus.

* 41 Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. 42 Quando o menino completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. 43 Passados os dias da Páscoa, voltaram, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. 44 Pensando que o menino estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre parentes e conhecidos. 45 Não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém à procura dele. 46 Três dias depois, encontraram o menino no Templo. Estava sentado no meio dos doutores, escutando e fazendo perguntas. 47 Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com a inteligência de suas respostas. 48 Ao vê-lo, seus pais ficaram emocionados. Sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que você fez isso conosco? Olhe que seu pai e eu estávamos angustiados, à sua procura.” 49 Jesus respondeu: “Por que me procuravam? Não sabiam que eu devo estar na casa do meu Pai?” 50 Mas eles não compreenderam o que o menino acabava de lhes dizer. 51 Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e permaneceu obediente a eles. E sua mãe conservava no coração todas essas coisas Comentário: * 41-52: Neste Evangelho, as primeiras palavras de Jesus mostram que toda a sua missão decorre da sua relação filial com o Pai. Isto significa que essa missão provém do próprio mistério de Deus e da realização de sua vontade entre os homens. Contudo, ela se processa dentro do mistério da Encarnação, onde Jesus vai aprendendo a viver a vida humana como qualquer outro homem. Enfocada já desde os Padres da Igreja, a grandeza do coração de Maria recebe devoção especial durante a Idade Média. A passagem da devoção privada ao culto público do Coração de Maria é obra de São João Eudes (1601-1680). Em 1942, o papa Pio XII estendeu essa festa a toda a Igreja. O caminho para Jerusalém é imagem da caminhada de fé, vivida por Maria no seu coração. Os pais sempre alimentam projetos com relação ao futuro dos filhos. Com doze anos, Jesus entra responsavelmente na sociedade cultual e social do povo da Aliança. O que fará ele de sua vida? Jesus deve realizar o projeto do Pai, projeto para o qual nasceu. Jerusalém (mencionada três vezes) é a meta rumo à qual Jesus caminha em total obediência à vontade do Pai. Com Jesus, devem caminhar também sua mãe e todo discípulo seu.

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Mateus 11, 25-30 Os pobres evangelizam.

* 25 Naquele tempo, Jesus disse: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. 26 Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 27 Meu Pai entregou tudo a mim. Ninguém conhece o Filho, a não ser o Pai, e ninguém conhece o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar. 28 Venham para mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso do seu fardo, e eu lhes darei descanso. 29 Carreguem a minha carga e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para suas vidas. 30 Porque a minha carga é suave e o meu fardo é leve.” Comentário: * 25-30: Com sua palavra e ação, Jesus revela a vontade do Pai, que é instaurar o Reino. Contudo, os sábios e inteligentes não são capazes de perceber a presença do Reino e sua justiça através de Jesus. Ao contrário, os desfavorecidos e os pobres é que conseguem penetrar o sentido dessa atividade de Jesus e continuá-la. Jesus veio tirar a carga pesada que os sábios e inteligentes haviam criado para o povo. Em troca, ele traz novo modo de viver na justiça e na misericórdia: doravante, os pobres serão evangelizados e partirão para evangelizar. "Sábios e entendidos" são os líderes e poderosos, que se recusam a reconhecer os caminhos de Deus. Eles não são humildes, não respeitam a Deus. São insensíveis à revelação de Deus e defensores dos seus próprios interesses. Não se dispõem a ouvir e praticar os ensinamentos de Jesus. São autossuficientes. O termo "pequeninos" se refere à pequena comunidade de discípulos que havia respondido ao chamado de Jesus (o grupo dos apóstolos); mas, de modo geral, aplica-se a todos os que acolhem a presença salvadora de Jesus e seu Reino. Jesus promete alívio aos cansados e oprimidos. São os sobrecarregados pela vida sob o controle dos dirigentes do povo e suas pesadas estruturas políticas, sociais e econômicas. Tomar o "suave" jugo de Jesus é aceitar seu Reino, assentado sobre a justiça.

1 João 4, 7-16 Deus é amor.

* 7 Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus. E todo aquele que ama, nasceu de Deus e conhece a Deus. 8 Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. 9 Nisto se tornou visível o amor de Deus entre nós: Deus enviou o seu Filho único a este mundo, para dar-nos a vida por meio dele. 10 E o amor consiste no seguinte: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou, e nos enviou o seu Filho como vítima expiatória por nossos pecados. 11 Amados, se Deus nos amou a tal ponto, também nós devemos amar-nos uns aos outros. 12 Ninguém jamais viu Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus está conosco, e o seu amor se realiza completamente entre nós. 13 Nisto reconhecemos que permanecemos com Deus, e ele conosco: ele nos deu o seu Espírito. 14 E nós vimos e testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. 15 Quando alguém confessa que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece com ele, e ele com Deus. 16 E nós reconhecemos o amor que Deus tem por nós e acreditamos nesse amor. Deus é amor: quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus permanece nele. Comentário: * 7-21: O centro da vida é a prática do amor. Esse amor testemunha concreta e visivelmente o conhecimento e a união que temos com Deus, com seu Filho e com o Espírito. De fato, Deus Pai torna-se conhecido pelos homens no ato de dar, por amor, o seu Filho ao mundo (Jo 3,16). O Filho é conhecido pela entrega de si mesmo, no amor, até o fim (Jo 13,1). O Espírito gera a memória do Pai e do Filho nos cristãos, isto é, a própria vida no amor. A fé na Trindade é a teoria de uma prática que se expressa no amor concreto aos irmãos, a quem Deus ama. A incoerência fundamental seria afirmar uma fé na Trindade que não correspondesse à prática do amor. João deixa claro que o julgamento de Deus será feito sobre a prática do amor vivida ou não (cf. Mt 25,31-46). Por isso, quem ama não teme o julgamento.