quarta-feira, 3 de maio de 2023

João 13,16-20 Quem segue Jesus deve servir.

16 Eu garanto a vocês: o servo não é maior do que o seu senhor, nem o mensageiro é maior do que aquele que o enviou. 17 Se vocês compreenderam isso, serão felizes se o puserem em prática.” Jesus é traído por um discípulo -* 18 “Eu não falo de todos vocês. Eu conheço aqueles que escolhi, mas é preciso que se cumpra o que está na Escritura: ‘Aquele que come pão comigo, é o primeiro a me trair!’ 19 Digo isso agora, antes de acontecer, para que, quando acontecer, vocês acreditem que Eu Sou. 20 Eu garanto a vocês: quem recebe aquele que eu envio, está recebendo a mim, e quem me recebe, está recebendo aquele que me enviou.” Comentário: * 1-17: A morte de Jesus abre a passagem para o Pai, e testemunha o amor supremo que mostra o sentido de toda a sua vida. O gesto de Jesus é ensinamento: a autoridade só pode ser entendida como função de serviço aos outros. Pedro resiste, porque ainda acredita que a desigualdade é legítima e necessária, e não entende que o amor produz igualdade e fraternidade. Na comunidade cristã existe diferença de funções, mas todas elas devem concorrer para que o amor mútuo seja eficaz. Já não se justifica nenhum tipo de superioridade, mas somente a relação pessoal de irmãos e amigos. * 18-30: A longa noite da paixão começa com a traição de Judas, símbolo da traição que pode estar presente dentro da própria comunidade cristã. Na comunidade de Jesus, não há lugar para prepotências, vaidades. Ele é o mestre, e os discípulos não podem ser mais que ele, nem pretender outro caminho diferente do que ele seguiu. Ao lavar os pés dos apóstolos, Jesus deixou uma lição clara: é maior quem serve a todos. O próprio Jesus afirmou, em outra ocasião: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a própria vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). O caminho que Jesus traçou para nós é o da fraternidade e do serviço, simbolizados na atitude de lavar os pés uns dos outros. Jesus faz dos apóstolos os mensageiros do Altíssimo. Quem os acolher estará acolhendo Cristo e o Pai.

terça-feira, 2 de maio de 2023

João 14,6-14 Jesus é o caminho que leva ao Pai.

6 Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim. 7 Se vocês me conhecem, conhecerão também o meu Pai. Desde agora vocês o conhecem e já o viram.” 8 Filipe disse a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai e isso basta para nós.” 9 Jesus respondeu: “Faz tanto tempo que estou no meio de vocês, e você ainda não me conhece, Filipe? Quem me viu, viu o Pai. Como é que você diz: ‘Mostra-nos o Pai’? 10 Você não acredita que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que digo a vocês, não as digo por mim mesmo, mas o Pai que permanece em mim, ele é que realiza suas obras. 11 Acreditem em mim: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Acreditem nisso, ao menos por causa destas obras. 12 Eu garanto a vocês: quem acredita em mim, fará as obras que eu faço, e fará maiores do que estas, porque eu vou para o Pai. 13 O que vocês pedirem em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se vocês pedirem qualquer coisa em meu nome, eu o farei.” Comentário: * 1-14: Jesus é o verdadeiro caminho para a vida. Através da encarnação, Deus, doador da vida, se manifesta inteiramente na pessoa e ação de Jesus. A comunidade que segue Jesus não caminha para o fracasso, pois a meta é a vida. Jesus não apresenta apenas uma utopia, mas convida a percorrer um caminho historicamente concreto. Inspirada nos sinais que Jesus realizou, a comunidade criará novos sinais dentro do mundo, abrindo espaços de esperança e vida fraterna. Filipe foi um dos primeiros a seguir Jesus e pertencer ao grupo dos doze apóstolos. No Evangelho de João, as intervenções de Filipe expressam sua esperança de ver a realização das antigas profecias na pessoa de Jesus. A tradição aponta a Turquia como lugar do apostolado e martírio de Filipe. Tiago, filho de Alfeu, é um dos Doze e autor da carta de Tiago. Ocupou cargo de responsabilidade na comunidade de Jerusalém e teve importante papel no Concílio de Jerusalém. Morreu mártir pelo ano 62. A partir do pedido de Filipe, Jesus faz verdadeira catequese sobre sua identificação com o Pai. O que o Pai quer é o que o Filho executa; o que o Pai manda dizer é o que o Filho diz. Pela fé em Jesus, seus discípulos poderão realizar obras ainda maiores do que as feitas por Jesus durante sua missão terrena.

segunda-feira, 1 de maio de 2023

João 10, 22-30 As credenciais de Jesus são as suas obra.

* 22 Em Jerusalém estava sendo celebrada a festa da Dedicação. Era inverno. 23 Jesus passeava pelo Templo, andando no pórtico de Salomão. 24 Então as autoridades dos judeus o rodearam e disseram: “Até quando nos irás deixar em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos abertamente.” 25 Jesus respondeu: “Eu já disse, mas vocês não acreditam em mim. As obras que eu faço em nome do meu Pai, dão testemunho de mim; 26 vocês, porém, não querem acreditar, porque vocês não são minhas ovelhas. 27 Minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço, e elas me seguem. 28 Eu dou a elas vida eterna, e elas nunca morrerão. Ninguém vai arrancá-las da minha mão. 29 O Pai, que tudo entregou a mim, é maior do que todos. Ninguém pode arrancar coisa alguma da mão do Pai. 30 O Pai e eu somos um.” Comentário: * 22-39: Jesus define sua condição de Messias, apresentando-se como o Filho de Deus. As provas de seu messianismo não são teorias jurídicas, mas fatos concretos: suas ações comprovam que é Deus quem age nele. Cheios de má vontade, os adversários de Jesus o insultam, provocando-o a ser mais claro quanto à sua pessoa: quem de fato ele é? Não faltava clareza nas explicações de Jesus, nem ele tinha intenção de enganar alguém. Inúmeras vezes e em diversas ocasiões, Jesus afirmou e reafirmou ser o Cristo Filho de Deus, e que as obras que ele realiza em nome do Pai dão testemunho dele, isto é, comprovam que ele vem de Deus. Aos chefes do povo, no entanto, faltam sensibilidade e disposição para ouvir e acolher Jesus e seus ensinamentos. Decididamente, não são ovelhas do seu rebanho. Não pertencem ao grupo dos que ouvem sua voz e o seguem. Privam-se de estar em mãos seguras, de ter a vida eterna garantida e de usufruir da constante proteção divina.

domingo, 30 de abril de 2023

João 10,11-18 Jesus é o único caminho.

11 Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. 12 O mercenário, que não é pastor a quem pertencem, e as ovelhas não são suas, quando vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e sai correndo. Então o lobo ataca e dispersa as ovelhas. 13 O mercenário foge porque trabalha só por dinheiro, e não se importa com as ovelhas. 14 Eu sou o bom pastor: conheço minhas ovelhas, e elas me conhecem, 15 assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou a vida pelas ovelhas. 16 Tenho também outras ovelhas que não são deste curral. Também a elas eu devo conduzir; elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. 17 O Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la de novo. 18 Ninguém tira a minha vida; eu a dou livremente. Tenho poder de dar a vida e tenho poder de retomá-la. Esse é o mandamento que recebi do meu Pai.” Comentário: * 7-21: O único meio de libertar-se de opressores ou de uma instituição opressora é comprometer-se com Jesus, pois ele é a única alternativa (a porta). Jesus é o modelo de pastor: ele não busca seus próprios interesses; ao contrário, ele dá a sua própria vida a todos aqueles que aceitam sua proposta. Jesus provoca divisão: para uns, suas palavras são loucura; para outros, sua ação é sinal de libertação. A festa de São José Operário foi introduzida no Calendário romano pelo papa Pio XII, em 1955. Ao introduzir essa festa, o papa quis dar sentido cristão para a comemoração que, havia várias décadas, a classe operária realizava em 1º de maio – dia do trabalho – como símbolo de seus direitos. Para isso, escolheu São José, um santo operário, carpinteiro em Nazaré. O Evangelho nos mostra que Jesus pertencia a uma família simples, bem conhecida, do mesmo nível social que a maioria dos moradores daquele lugarejo. Ele é “o filho do carpinteiro”. Por um lado, admiravam sua brilhante sabedoria e os milagres que realizava. Por outro, faltou-lhes fé para chegarem a Deus por meio do humano. Colocaram-se numa posição tão inflexível, que Jesus ficou sem condições de operar milagres entre eles.

sábado, 29 de abril de 2023

João 10,1-10 O povo conhece a voz de Jesus.

-* 1 !Eu garanto a vocês: aquele que não entra pela porta no curral das ovelhas, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. 2 Mas aquele que entra pela porta, é o pastor das ovelhas. 3 O porteiro abre a porta para ele, e as ovelhas ouvem a sua voz; ele chama cada uma de suas ovelhas pelo nome e as conduz para fora. 4 Depois de fazer sair todas as suas ovelhas, ele caminha na frente delas; e as ovelhas o seguem porque conhecem a sua voz. 5 Elas nunca vão seguir um estranho; ao contrário, vão fugir dele, porque elas não conhecem a voz dos estranhos.” 6 Jesus contou-lhes essa parábola, mas eles não entenderam o que Jesus queria dizer. Jesus é o único caminho -* 7 Jesus continuou dizendo: “Eu garanto a vocês: eu sou a porta das ovelhas. 8 Todos os que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os ouviram. 9 Eu sou a porta. Quem entra por mim, será salvo. Entrará, e sairá, e encontrará pastagem. 10 O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância. Comentário: * 1-6: Nesta comparação, o curral representa a instituição que explora e domina o povo. Os ladrões e assaltantes são os dirigentes. Jesus mostra que sua mensagem é incompatível com qualquer instituição opressora e que sua missão é conduzir para fora da influência dela os que nele acreditam, a fim de formar uma comunidade que possa ter vida plena e liberdade. * 7-21: O único meio de libertar-se de opressores ou de uma instituição opressora é comprometer-se com Jesus, pois ele é a única alternativa (a porta). Jesus é o modelo de pastor: ele não busca seus próprios interesses; ao contrário, ele dá a sua própria vida a todos aqueles que aceitam sua proposta. Jesus provoca divisão: para uns, suas palavras são loucura; para outros, sua ação é sinal de libertação. Os dirigentes de Israel exploravam o povo e o deixavam na miséria. Em vez de dar a vida, eles a destruíam. Seguindo seus interesses egoístas, destruíram o “rebanho” de Deus. Por isso Jesus os chama de ladrões e assaltantes. Em contrapartida, Jesus se apresenta como o pastor segundo o coração de Deus, aquele que foi anunciado pelos profetas. Ele é a “porta”, o mediador. Conduz o povo com a autoridade de quem ama e doa vida. Aqueles que se tornam seus discípulos escutam sua voz e o seguem. Jesus convida as lideranças político-religiosas a passarem por ele, “a porta das ovelhas”, assumindo a sua prática libertadora, empenhando-se eficazmente para que todos “tenham vida, e a tenham em abundância”. À semelhança do bom Pastor, a Igreja é continuamente solicitada a assumir a causa dos mais fracos.

1 Pedro 2, 20-25 Só Deus é Senhor.

20 Que mérito haveria em suportar com paciência, se vocês fossem esbofeteados por terem agido errado? Pelo contrário, se vocês são pacientes no sofrimento quando fazem o bem, isto sim é ação louvável diante de Deus. 21 De fato, para isso é que vocês foram chamados, pois Cristo também sofreu por vocês, deixando-lhes exemplo para que sigam os passos dele. 22 Ele não cometeu nenhum pecado e mentira nenhuma foi encontrada em sua boca. 23 Quando insultado, não revidava; ao sofrer, não ameaçava. Antes, depositava sua causa nas mãos daquele que julga com justiça. 24 Sobre o madeiro levou os nossos pecados em seu próprio corpo, a fim de que nós, mortos para nossos pecados, vivêssemos para a justiça. Através dos ferimentos dele é que vocês foram curados, 25 pois estavam desgarrados como ovelhas, mas agora retornaram ao seu Pastor e Guardião. Comentário: * 18-25: O ponto importante é que os cristãos devem sempre fazer o bem (v. 20), em qualquer condição, mesmo que para isso tenham de suportar sofrimentos. Quando nem se pensava em abolição da escravatura, esta exortação mostra que Deus não quer a escravidão. De fato, Pedro considera os sofrimentos como injustos (v. 19). Se na época era impensável deixar de ser escravo, torna-se claro que essa submissão é feita por temor a Deus a exemplo de Jesus Cristo e não como submissão servil aos patrões (no v. 18 “com todo temor” se refere a Deus). A resistência cristã numa situação sem saída consiste em fazer o bem. Se aqui não há nenhuma referência ao comportamento dos patrões é porque estes, provavelmente, não fazem parte dos destinatários da carta. Já vimos (cf. Introdução) que se trata de gente fora da pátria e em situação de oprimidos.

sexta-feira, 28 de abril de 2023

João 6,60-69 A fé em Jesus exige decisão.

-* 60 Depois que ouviram essas coisas, muitos discípulos de Jesus disseram: “Esse modo de falar é duro demais. Quem pode continuar ouvindo isso?” 61 Jesus sabia que seus discípulos estavam criticando o que ele tinha dito. Então lhes perguntou: “Isso escandaliza vocês? 62 Imaginem então se vocês virem o Filho do Homem subir para o lugar onde estava antes! 63 O Espírito é que dá a vida, a carne não serve para nada. As palavras que eu disse a vocês são espírito e vida. 64 Mas entre vocês há alguns que não acreditam.” Jesus sabia desde o começo quais eram aqueles que não acreditavam e quem seria o traidor. 65 E acrescentou: “É por isso que eu disse: ‘Ninguém pode vir a mim, se isso não lhe é concedido pelo Pai.’ “ 66 A partir desse momento, muitos discípulos voltaram atrás, e não andavam mais com Jesus. 67 Então Jesus disse aos Doze: “Vocês também querem ir embora?” 68 Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. 69 Agora nós acreditamos e sabemos que tu és o Santo de Deus.” Comentário: * 60-71: As palavras de Jesus provocam resistência e desistência até entre os discípulos. Muitos conservam a ideia de um Messias Rei, e não querem seguir Jesus até à morte, entendida por eles como fracasso. E não assumem a fé por medo de se comprometerem. Os Doze apóstolos, porém, aceitam a proposta de Jesus e o reconhecem como Messias, dando-lhe sua adesão e aceitando suas exigências. O discurso sobre o pão da vida chega ao ponto em que até os discípulos de Jesus entram em crise. Incapazes de dar um passo na fé, afastam-se. Jesus não retira nenhuma palavra do seu discurso, nem procura adocicar o assunto para torná-lo mais digerível. Apesar das resistências, Jesus expõe abertamente sua verdade libertadora. Acrescenta que eles ficarão ainda mais escandalizados quando virem o Filho do Homem voltar para onde estava antes, fazendo alusão à sua glorificação através da morte. Aos Doze, que permanecem firmes e solidários, Jesus lhes questiona a fé e adesão. De que lado estão eles? Por meio de Pedro, os apóstolos reiteram sua fé na pessoa de Jesus: “Só tu tens palavras de vida eterna”. Esta solene profissão de fé suaviza a incômoda sombra da incredulidade dos outros discípulos e da já projetada traição de Judas.