quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Lucas 5, 5-13 Pedir com confiança.

* 5 Jesus acrescentou: “Se alguém de vocês tivesse um amigo, e fosse procurá-lo à meia-noite, dizendo: ‘Amigo, me empreste três pães, 6 porque um amigo meu chegou de viagem, e não tenho nada para oferecer a ele’. 7 Será que lá de dentro o outro responderia: ‘Não me amole! Já tranquei a porta, meus filhos e eu já nos deitamos; não posso me levantar para lhe dar os pães?’ 8 Eu declaro a vocês: mesmo que o outro não se levante para dar os pães porque é um amigo seu, vai levantar-se ao menos por causa da amolação, e dar tudo aquilo que o amigo necessita. 9 Portanto, eu lhes digo: peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! 10 Pois, todo aquele de que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta. 11 Será que alguém de vocês que é pai, se o filho lhe pede um peixe, em lugar do peixe lhe dá uma cobra? 12 Ou ainda: se pede um ovo, será que vai lhe dar um escorpião? 13 Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas aos filhos, quanto mais o Pai do céu! Ele dará o Espírito Santo àqueles que o pedirem.” Comentário: * 5-13: O Evangelho insiste na oração perseverante e confiante. Se os homens são capazes de atender ao pedido de amigos e filhos, quanto mais o Pai! Ele nada recusará. Pelo contrário, dará o Espírito Santo, isto é, a força de Deus que leva o homem a viver conforme a vida de Jesus Cristo. Jesus convida os discípulos a uma vida de oração constante. O Bem-aventurado Pe. Tiago Alberione, fundador da congregação dos Paulinos, ensinava: “Quem reza todo dia alcançará a graça de rezar melhor; quem reza, reconhece que tem necessidade de Deus e a confiança de obter as graças: enquanto teimarmos santamente em pedir, demonstramos ter fé, esperança e caridade, e, antes de concluir, já teremos alcançado a bênção divina. Em outras palavras: é necessário que haja sempre e realmente em cada dia da vida, para todos, a oração, do mesmo modo que sempre nos alimentamos e respiramos”. É assim que Jesus espera que a comunidade viva. A oração é combustível para a missão. O Espírito Santo é o grande presente que Deus nos dá, pois necessitamos de luzes, orientações, discernimento em nossa vida. O Espírito Santo virá em nosso socorro, pois não sabemos o que pedir (cf. Rm 8,26-27).

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Lucas 11, 1-4 O “Pai Nosso”.

* 1 Um dia, Jesus estava rezando em certo lugar. Quando terminou, um dos discípulos pediu: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou os discípulos dele.” 2 Jesus respondeu: “Quando vocês rezarem, digam: Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. 3 Dá-nos a cada dia o pão de amanhã, 4 e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos aqueles que nos devem; e não nos deixes cair em tentação.” Comentário: * 1-4: Os mestres costumavam ensinar os discípulos a rezar, transmitindo o resumo da própria mensagem. O Pai Nosso traz o espírito e o conteúdo fundamental de toda oração cristã. Esta oração se faz na intimidade filial com Deus (Pai), apresentando-lhe os pedidos mais importantes: que o Pai seja reconhecido por todos (nome); que sua justiça e amor se manifestem (Reino); que, na vida de cada dia, ele nos dê vida plena (pão de amanhã); que ele nos perdoe como nós repartimos o perdão; que ele não nos deixe abandonar o caminho de Jesus (tentação). Jesus transmite, na oração do Pai-nosso, o conteúdo fundamental de toda oração cristã. Nela aprendemos que, ao rezar, devemos pôr em primeiro lugar não nossos interesses, mas a vontade de Deus, dando-lhe abertura generosa. Os pedidos nela feitos revelam a relação divina com o ser humano. Trata-se de uma relação de Pai e filhos. Portanto, somos irmãos uns dos outros, de modo que a comunidade é reconciliada, porque o perdão mora no coração. O Reino é a nossa súplica: “venha teu Reino”. O Reino é a felicidade oferecida por Deus. Ele nos permite experimentar o Reino desde agora e se plenificará na eternidade.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Lucas 10, 38-42 Ouvir a palavra de Jesus.

* 38 Enquanto caminhavam, Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa. 39 Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e ficou escutando a sua palavra. 40 Marta estava ocupada com muitos afazeres. Aproximou-se e falou: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela venha ajudar-me!” 41 O Senhor, porém, respondeu: “Marta, Marta! Você se preocupa e anda agitada com muitas coisas; 42 porém, uma só coisa é necessária, Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada.” Comentário: * 38-42: Mais importante do que fazer as coisas, é fazê-las de modo novo. Para isso, é preciso ouvir a palavra de Jesus, que mostra o que fazer e como fazer. Na comunicação é fundamental a escuta. Quem fala quer ser escutado. Jesus quer ser escutado e Maria o ouve, sentado aos seus pés. É o testemunho do verdadeiro discipulado. Só aprende bem quem escuta. A comunidade que ouve a Palavra de Deus com atenção saberá executar suas tarefas com empenho. O serviço de Marta é importante também. “O problema não está sempre no excesso de atividades, mas sobretudo nas atividades mal vividas, sem as motivações adequadas, sem uma espiritualidade que impregne a ação e a torne desejável” (EG 82).

domingo, 2 de outubro de 2022

Lucas 10, 25-37 O amor é prática concreta.

* 25 Um especialista em leis se levantou, e, para tentar Jesus perguntou: “Mestre, o que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” 26 Jesus lhe disse: “O que é que está escrito na Lei? Como você lê?” 27 Ele então respondeu: “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o seu coração, com toda a sua alma, com toda a sua força e com toda a sua mente; e ao seu próximo como a si mesmo.” 28 Jesus lhe disse: “Você respondeu certo. Faça isso, e viverá!” 29 Mas o especialista em leis, querendo se justificar, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” 30 Jesus respondeu: “Um homem ia descendo de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de assaltantes, que lhe arrancaram tudo, e o espancaram. Depois foram embora, e o deixaram quase morto. 31 Por acaso um sacerdote estava descendo por aquele caminho; quando viu o homem, passou adiante, pelo outro lado. 32 O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu, e passou adiante, pelo outro lado. 33 Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu, e teve compaixão. 34 Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal, e o levou a uma pensão, onde cuidou dele. 35 No dia seguinte, pegou duas moedas de prata, e as entregou ao dono da pensão, recomendando: ‘Tome conta dele. Quando eu voltar, vou pagar o que ele tiver gasto a mais’.” E Jesus perguntou: 36 “Na sua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” 37 O especialista em leis respondeu: “Aquele que praticou misericórdia para com ele.” Então Jesus lhe disse: “Vá, e faça a mesma coisa.” Comentário: * 25-37: O primeiro a colocar obstáculos no caminho de Jesus é um teólogo. Este sabe que o amor total a Deus e ao próximo é que leva à vida. Mas, não basta saber. É preciso amar concretamente. A parábola do samaritano mostra que o próximo é quem se aproxima do outro para lhe dar uma resposta às necessidades. Nessa tarefa prática, o amor não leva em conta barreiras de raça, religião, nação ou classe social. O próximo é aquele que eu encontro no meu caminho. O legista estabelecia limites para o amor: “Quem é o meu próximo?” Jesus muda a pergunta: “O que você faz para se tornar próximo do outro?” Três verbos importantes para nossa ação pastoral: viu, encheu-se (de compaixão) e aproximou-se. Não basta saber que o amor plenifica a vida como o especialista da lei. É preciso se aproximar da carne ferida. É importante notar que o samaritano não faz parte do grupo dos que professam a fé. Mas demonstra que ama a Deus de todo o coração e com todas as forças, e ama o próximo como a si mesmo. O próximo é o irmão desconhecido, caído, ferido. A religiosidade do samaritano é expressa em sua sensibilidade humana para o cuidado. Não basta conhecer o mandamento do amor, é necessário praticá-lo.

sábado, 1 de outubro de 2022

Lucas 17, 5-10 Atitudes do discípulo.

5 Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” 6 O Senhor respondeu: “Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: ‘Arranque-se daí, e plante-se no mar’. E ela obedeceria a vocês. 7 Se alguém de vocês tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Venha depressa para a mesa’? 8 Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepare-me o jantar, cinja-se e sirva-me, enquanto eu como e bebo; depois disso você vai comer e beber’? 9 Será que vai agradecer ao empregado, porque este fez o que lhe havia mandado? 10 Assim também vocês: quando tiverem cumprido tudo o que lhes mandarem fazer, digam: ‘Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer’.” Comentário: * 1-10: Lucas reúne aqui sentenças de Jesus sobre o escândalo, a correção fraterna, o perdão, o poder da fé e a necessidade de estar desinteressadamente a serviço de Deus. São atitudes fundamentais para a vida do discípulo de Jesus. Provavelmente a comunidade de Lucas está passando por dificuldades no seguimento ao Mestre. A viagem a Jerusalém reflete um pouco essa caminhada das comunidades: os altos e baixos do dia a dia. Essas dificuldades provocam nos discípulos a necessidade de fortalecer a fé: “Aumenta em nós a fé”, pedem ao Mestre. É a fé que nos dá a capacidade de aceitar o mistério de Deus que se revela na pessoa de Jesus. A falta de fé esmorece a comunidade no compromisso com o Reino de Deus. Os apóstolos reconhecem a falta de fé, por isso o pedido. Jesus mostra-lhes a importância da fé, por pequena que seja. Não se trata tanto de quantidade, mas de qualidade. A fé do cristão não está tanto em aderir a um conjunto de verdades, mas em assumir uma escolha concreta: a do seguimento ao Mestre. Segundo o texto, o poder da fé é muito grande: consegue coisas humanamente impossíveis. A pequena parábola dá a impressão de justificar a escravidão. Jesus, porém, não aprova escravidão nenhuma. O sistema escravocrata não faz parte do projeto do Reino que Jesus veio anunciar. A parábola mostra que os servidores do Evangelho não devem esperar aplausos e elogios. Ela pretende desfazer o conceito de um “deus capitalista”, que recompensa e castiga. Peçamos ao Senhor: aumenta a nossa fé.

2 Timóteo 1, 6-8.13-14 Não se envergonhar do Evangelho.

* 6 Por esse motivo, o convido a reavivar o dom de Deus que está em você pela imposição de minhas mãos. 7 De fato, Deus não nos deu um espírito de medo, mas um espírito de força, de amor e de sabedoria. 8 Não se envergonhe, portanto, de dar testemunho de nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro; pelo contrário, participe do meu sofrimento pelo Evangelho, confiando no poder de Deus. 13 Tome por modelo as sãs palavras que você ouviu de mim, com a fé e o amor que estão em Jesus Cristo. 14 Guarde o bom depósito com o auxílio do Espírito Santo que habita em nós. Comentário: * 6-14: Preso e prestes a enfrentar o martírio, Paulo procura estimular seu companheiro Timóteo, convidando-o a reavivar o dom que este recebeu em sua "ordenação" para a missão. Esta consiste fundamentalmente em testemunhar o Evangelho, e isso pode levar a testemunha ao mesmo destino de Jesus: o sofrimento e a morte. "Envergonhar-se" é renegar o testemunho por causa da perseguição social que ele provoca (cf. Mc 8,38). A vocação cristã é dom gratuito de participação no projeto de Deus: projeto de salvação feito desde a eternidade, manifesto em Jesus Cristo e entregue a todos pelo anúncio do Evangelho. Sobre o "depósito da fé" (vv. 12.14), cf. nota em 1Tm 6,20-21. O Espírito garante o discernimento que faz compreender o núcleo fundamental da fé, isto é, o testemunho de Jesus Cristo, e como concretizá-lo em novas situações históricas.

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Lucas 10, 17-24 A alegria do discípulo.

-* 17 Os setenta e dois voltaram muito alegres, dizendo: “Senhor, até os demônios obedecem a nós por causa do teu nome.” 18 Jesus respondeu: “Eu vi Satanás cair do céu como um relâmpago. 19 Vejam: eu dei a vocês o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo, e nada poderá fazer mal a vocês. 20 Contudo, não se alegrem porque os maus espíritos obedecem a vocês; antes, fiquem alegres porque os nomes de vocês estão escritos no céu.” Os pobres evangelizam -* 21 Nessa hora, Jesus se alegrou no Espírito Santo, e disse: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 22 Meu Pai entregou tudo a mim. Ninguém conhece quem é o Filho, a não ser o Pai, e ninguém conhece quem é o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar.” 23 E Jesus voltou-se para os discípulos, e lhes disse em particular: “Felizes os olhos que vêem o que vocês vêem. 24 Pois eu digo a vocês que muitos profetas quiseram ver o que vocês estão vendo, e não puderam ver; quiseram ouvir o que vocês estão ouvindo, e não puderam ouvir.” Comentário: * 17-20: Os milagres realizados são motivo de alegria para os discípulos que retornam. No entanto, Jesus mostra que são apenas sinais de uma libertação muito mais ampla, que ameaça o domínio de Satanás. A verdadeira alegria dos discípulos é saber que a novidade do Reino está surgindo, e que eles estão participando dela. * 21-24: Os sábios e inteligentes não são capazes de perceber em Jesus a presença do Reino. Só os desfavorecidos e pobres conseguem penetrar o sentido da atividade de Jesus e continuá-la. Maior que a alegria dos sinais que acompanham os seguidores de Jesus, é a alegria de saber que esses sinais evidenciam a presença do Reino de Deus. As manifestações do Reino revelam que o céu começa aqui, quando a comunidade está em sintonia com a palavra do Mestre. O testemunho dos setenta e dois discípulos é uma injeção de ânimo na comunidade. Nas horas de desânimo e de crises, é importante a comunidade recordar os sinais de libertação ao longo do caminho. O próprio Jesus exulta no Espírito Santo, porque os pequeninos deixaram-se envolver pelos mistérios do amor de Deus. Coisas extraordinárias os discípulos haviam realizado pelo poder de Jesus, que os acolhe e participa da alegria deles. Alegria que se intensifica por saberem que seus nomes “estão inscritos nos céus”. Eles estão a serviço da ação misericordiosa de Deus. São seus instrumentos privilegiados. Incentivo a perseverarem, colaborando na missão libertadora de Jesus.