quinta-feira, 18 de agosto de 2022
Mateus 22, 34-40 O centro da vida.
-* 34 Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito os saduceus se calarem. Então eles se reuniram em grupo, 35 e um deles perguntou a Jesus para o tentar: 36 “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?” 37 Jesus respondeu: “Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento. 38 Esse é o maior e o primeiro mandamento. 39 O segundo é semelhante a esse: Ame ao seu próximo como a si mesmo. 40 Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos.”
Comentário:
* 34-40: Cf. nota em Mc 12,28-34: Jesus resume a essência e o espírito da vida humana num ato único com duas faces inseparáveis: amar a Deus com entrega total de si mesmo, porque o Deus verdadeiro e absoluto é um só e, entregando-se a Deus, o homem desabsolutiza a si mesmo, o próximo e as coisas; amar ao próximo como a si mesmo, isto é, a relação num espírito de fraternidade e não de opressão ou de submissão. O dinamismo da vida é o amor que tece as relações entre os homens, levando todos aos encontros, confrontos e conflitos que geram uma sociedade cada vez mais justa e mais próxima do Reino de Deus.
Jesus fez calar os saduceus por causa da hipocrisia deles. Os fariseus, igualmente, são fingidos. Eles estão preocupados com a forma da Lei e se esquecem de que a vivência do amor verdadeiro independe da letra fria. Dom Luciano Mendes de Almeida costumava dizer que “o segredo da felicidade está em sermos fiéis à verdade e às exigências do amor”. A frase traduz bem o que Jesus responde aos fariseus: o amor verdadeiro é exigente. Amar a Deus implica amar o próximo. E o próximo nem sempre é bom. Não é fácil. A comunidade, porém, conta com a força do Espírito Santo, fonte do amor. Amar, portanto, não depende somente de nossas próprias forças. Faz-se necessária uma disposição dócil ao Espírito, que é amor. Jesus é o modelo do cumprimento pleno de toda Lei e os Profetas. A cruz é a maior prova.
quarta-feira, 17 de agosto de 2022
Mateus 22, 1-14 O novo povo de Deus.
-* 1 Jesus voltou a falar em parábolas aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo. 2 Ele dizia: “O Reino do Céu é como um rei que preparou a festa de casamento do seu filho. 3 E mandou seus empregados chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram ir. 4 O rei mandou outros empregados, dizendo: ‘Falem aos convidados que eu já preparei o banquete, os bois e animais gordos já foram abatidos, e tudo está pronto. Que venham para a festa’. 5 Mas os convidados não deram a menor atenção; um foi para o seu campo, outro foi fazer os seus negócios, 6 e outros agarraram os empregados, bateram neles, e os mataram. 7 Indignado, o rei mandou suas tropas, que mataram aqueles assassinos, e puseram fogo na cidade deles.
8 Em seguida, o rei disse aos empregados: ‘A festa de casamento está pronta, mas os convidados não a mereceram. 9 Portanto, vão até as encruzilhadas dos caminhos, e convidem para a festa todos os que vocês encontrarem’. 10 Então os empregados saíram pelos caminhos, e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala da festa ficou cheia de convidados.
11 Quando o rei entrou para ver os convidados, observou aí alguém que não estava usando o traje de festa. 12 E lhe perguntou: ‘Amigo, como foi que você entrou aqui sem o traje de festa?’ Mas o homem nada respondeu. 13 Então o rei disse aos que serviam: ‘Amarrem os pés e as mãos desse homem, e o joguem fora na escuridão. Aí haverá choro e ranger de dentes’. 14 Porque muitos são chamados, e poucos são escolhidos.”
Comentário:
* 22,1-14: É em Jesus que Deus convoca os homens para uma nova aliança, simbolizada pela festa de casamento. Os que rejeitam o convite são aqueles que se apegam ao sistema religioso que defende seus interesses e, por isso, não aceitam o chamado de Jesus. Estes serão julgados e destruídos juntamente com o sistema que defendem. O convite é dirigido então aos que não estão comprometidos com tal sistema, mas, ao contrário, são até marginalizados por ele. Começa na história novo povo de Deus, formado de pobres e oprimidos. Os vv. 11-14, porém, mostram que até mesmo estes últimos serão excluídos, se não realizarem a prática da nova justiça (traje de festa)
A imagem do casamento expressa a Aliança de Deus com seu povo. Se, por um lado, Deus sempre foi fiel e insistiu em manter os vínculos; o povo, por sua vez, foi distraído e duro de coração. Jesus é a expressão plena do amor de Deus. Ainda assim, o povo eleito o rejeita. O banquete está preparado para todos. Contudo, o verdadeiro traje para usufruir da festa é estar revestido dos mesmos sentimentos e atitudes de Cristo. No Reino de Deus não há espaço para camuflagem. Nele, tudo é verdadeiro e transparente, porque, onde reina o amor, a mentira e a dissimulação se dissipam
terça-feira, 16 de agosto de 2022
Mateus 20, 1-16 O Reino é dom gratuito.
-* 1 “De fato, o Reino do Céu é como um patrão, que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. 2 Combinou com os trabalhadores uma moeda de prata por dia, e os mandou para a vinha. 3 Às nove horas da manhã, o patrão saiu de novo. Viu outros que estavam desocupados na praça, 4 e lhes disse: ‘Vão vocês também para a minha vinha. Eu lhes pagarei o que for justo’. 5 E eles foram. O patrão saiu de novo ao meio-dia e às três horas da tarde, e fez a mesma coisa. 6 Saindo outra vez pelas cinco horas da tarde, encontrou outros que estavam na praça, e lhes disse: ‘Por que vocês estão aí o dia inteiro desocupados?’ 7 Eles responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’. O patrão lhes disse: ‘Vão vocês também para a minha vinha’. 8 Quando chegou a tarde, o patrão disse ao administrador: ‘Chame os trabalhadores, e pague uma diária a todos. Comece pelos últimos, e termine pelos primeiros’. 9 Chegaram aqueles que tinham sido contratados pelas cinco da tarde, e cada um recebeu uma moeda de prata. 10 Em seguida chegaram os que foram contratados primeiro, e pensavam que iam receber mais. No entanto, cada um deles recebeu também uma moeda de prata. 11 Ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão: 12 ‘Esses últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor do dia inteiro!’ 13 E o patrão disse a um deles: ‘Amigo, eu não fui injusto com você. Não combinamos uma moeda de prata? 14 Tome o que é seu, e volte para casa. Eu quero dar também a esse, que foi contratado por último, o mesmo que dei a você. 15 Por acaso não tenho o direito de fazer o que eu quero com aquilo que me pertence? Ou você está com ciúme porque estou sendo generoso?’ 16 Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos.”
Comentário:
* 1-16: No Reino não existem marginalizados. Todos têm o mesmo direito de participar da bondade e misericórdia divinas, que superam tudo o que os homens consideram como justiça. No Reino não há lugar para o ciúme. Aqueles que julgam possuir mais méritos do que os outros devem aprender que o Reino é dom gratuito.
A parábola dos trabalhadores da vinha nos revela que Deus é justo e seu Reino é dom gratuito. Ali não pode haver ciúme e competição. Diferente da lógica e das relações estabelecidas em certos ambientes da nossa sociedade. Para Deus, ninguém é excluído. Todos merecem encontrar seu lugar no mundo. O discurso da meritocracia não cabe aqui. Os tratados como últimos, e até sem oportunidade alguma, na dinâmica do Reino ocupam o mesmo patamar dos que já estão há mais tempo no caminho. O pensamento do papa Francisco pode iluminar a reflexão: “Maria Santíssima nos ajude a acolher na nossa vida a lógica do amor, que nos liberta da presunção de merecer a recompensa de Deus e do juízo negativo sobre os outros”.
segunda-feira, 15 de agosto de 2022
Mateus 19, 23-30 O Reino é dom e partilha.
23 Então Jesus disse aos discípulos: “Eu garanto a vocês: um rico dificilmente entrará no Reino do Céu. 24 E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus.” 25 Ouvindo isso, os discípulos ficaram muito espantados, e perguntaram: “Então, quem pode ser salvo?” 26 Jesus olhou para os discípulos, e disse: “Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível.”
27 Então Pedro tomou a palavra, e disse: Vê! Nós deixamos tudo e te seguimos. O que vamos receber?” 28 Jesus respondeu: “Eu garanto a vocês: no mundo novo, quando o Filho do Homem se sentar no trono de sua glória, vocês, que me seguiram, também se sentarão em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. 29 E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais, e terá como herança a vida eterna. 30 Muitos que agora são os primeiros, serão os últimos; e muitos que agora são os últimos, serão os primeiros.”
Comentário:
* 16-30: Cf. nota em Mc 10,17-31. Mateus salienta: quem se engaja completamente no seguimento de Jesus, participará como juiz, quando a história for julgada.
Deixar tudo e seguir Jesus não significa somente um seguimento geográfico, mas um seguimento radical, no qual mentalidade, palavras e atitudes estão em consonância com o Mestre. O discípulo de Jesus sabe que a maior riqueza a se almejar é a profundidade interior. Os bens materiais são importantes. Podemos possuí-los. Eles, porém, jamais deveriam nos possuir. O rico pode correr o perigo de se deixar dominar pelas posses. Santa Teresinha de Jesus costumava dizer da importância de ocupar o último lugar, porque ninguém briga por causa dele. O discípulo, sabendo que seu lugar é o dos últimos, não gastará energia e tempo com mania de grandeza.
domingo, 14 de agosto de 2022
Mateus 19, 16-22 O Reino é dom e partilha.
-* 16 Um jovem se aproximou, e disse a Jesus: “Mestre, que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?” 17 Jesus respondeu: “Por que você me pergunta sobre o que é bom? Um só é o bom. Se você quer entrar para a vida, guarde os mandamentos.” 18 O homem perguntou: “Quais mandamentos?” Jesus respondeu: “Não mate; não cometa adultério; não roube; não levante falso testemunho; 19 honre seu pai e sua mãe; e ame seu próximo como a si mesmo.” 20 O jovem disse a Jesus: “Tenho observado todas essas coisas. O que é que ainda me falta fazer?” 21 Jesus respondeu: “Se você quer ser perfeito, vá, venda tudo o que tem, dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois venha, e siga-me.” 22 Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico.
Comentário:
* 16-30: Cf. nota em Mc 10,17-31. Mateus salienta: quem se engaja completamente no seguimento de Jesus, participará como juiz, quando a história for julgada.
Conhecer os mandamentos é importante. Mas é necessário bem mais. O jovem que se aproxima de Jesus é alguém cumpridor dos preceitos, uma pessoa de coração bom e de boas intenções. Contudo, ainda apegado às coisas efêmeras. Ele pode ser o retrato da comunidade, que, embora bem intencionada, ainda não se deu conta de que o seguimento a Jesus implica radicalidade, isto é, os bens são importantes; porém, o Bem maior é Jesus mesmo. Ele é a nossa segurança. O pensamento de Santo Óscar Romero é ilustrativo nesse sentido: “Quantos hão que não dizem ser cristãos, porque não têm fé. Têm mais fé no seu dinheiro e em suas coisas do que no Deus que criou tudo”.
sábado, 13 de agosto de 2022
Lucas 12, 49-53 Jesus é sinal de contradição.
-* 49 “Eu vim para lançar fogo sobre a terra: e como gostaria que já estivesse aceso! 50 Devo ser batizado com um batismo, e como estou ansioso até que isso se cumpra! 51 Vocês pensam que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu lhes digo, vim trazer divisão. 52 Pois, daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas, e duas contra três. 53 Ficarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra.”
Comentário:
* 49-53: A missão de Jesus, desde o batismo até a cruz, é anunciar e tornar presente o Reino, entrando em choque com as concepções dominantes na sociedade. Por isso, é preciso tomar uma decisão diante de Jesus, e isso provoca divisões até mesmo no relacionamento familiar.
A linguagem do texto do Evangelho é um pouco provocadora e enigmática. O fogo que Jesus traz não é fogo destruidor, mas o fogo do Espírito Santo, com sua força purificadora e inovadora. Sua mensagem arde no coração das pessoas que optam por ele, transformando-as em novas criaturas. No Pentecostes, o Espírito pousou em forma de línguas de fogo sobre as pessoas presentes na sala, fogo que não se apagará e continuará ardendo ao longo dos tempos. O batismo de que fala Jesus é sua morte e glorificação, pleno cumprimento de sua obra de salvação. O fogo do Espírito infundirá vida e dinamismo nos seguidores de Jesus, que vão continuar o que ele começou. A mensagem do Evangelho é uma provocação, ou seja, a vida do cristão não é um mar de rosas, um refúgio cômodo para pessoas medrosas e tímidas. O cristão é chamado a viver a decisão de seguir Jesus até a cruz. O projeto de Jesus, selado com seu sangue na cruz, vem abalar os fundamentos da sociedade injusta. O Mestre não veio trazer divisão, mas a opção por ele é que pode provocar conflito na comunidade e até na família. Jesus rompe com a falsa paz da propalada “ordem estabelecida”. Quem aceita a novidade do Reino de Deus, assume a prática do amor, tão revolucionária que acaba provocando divisões.
Hebreus 12, 1-4 Olhos fixos em Jesus.
* 1 Portanto, estamos rodeados dessa grande nuvem de testemunhas. Deixemos de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que se agarra em nós. Corramos com perseverança na corrida, 2 mantendo os olhos fixos em Jesus, autor e consumador da fé. Em troca da alegria que lhe era proposta, ele se submeteu à cruz, desprezando a vergonha, e se assentou à direita do trono de Deus. 3 Para que vocês não se cansem e não percam o ânimo, pensem atentamente em Jesus, que suportou contra si tão grande hostilidade por parte dos pecadores.
Deus nos trata como filhos -* 4 Vocês ainda não resistiram até o derramamento do sangue na luta contra o pecado,
Comentário:
* 1-3: Após o exemplo de fé dos antigos, apresenta-se agora um modelo muito maior para nos estimular à perseverança: o próprio Jesus. Ele sofreu até à morte de cruz e, no entanto, agora está junto de Deus, glorificado pela ressurreição.
* 4-13: Os cristãos vão sofrer por causa do testemunho que deverão dar; muitas vezes, terão até que enfrentar o martírio. Num primeiro momento, podemos achar que se trata de castigo. Mas, à luz do destino de Jesus, podemos descobrir que o sofrimento e a perseguição por causa do testemunho é a maneira pela qual o Pai nos educa para percorrermos o mesmo caminho do seu Filho.
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