domingo, 7 de fevereiro de 2021

Marcos 6, 53-56 Jesus é a presença de Deus.

 53 Tendo Jesus e seus discípulos acabado de atravessar o mar da Galileia, chegaram a Genesaré e amarraram a barca. 54Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus. 55Percorrendo toda aquela região, levavam os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. 56E, nos povoados, cidades e campos aonde chegavam, colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra de sua veste. E todos quantos o tocavam ficavam curados.

Comentário:

* 45-56: O episódio mostra o verdadeiro Deus sendo revelado em Jesus ("Eu Sou" - cf. Ex 3,14). Os discípulos não conseguem ver a presença de Deus em Jesus, porque não entenderam o acontecimento dos pães. Para quem não entende que o comércio e a posse devem ser substituídos pelo dom e pela partilha, Jesus se torna fantasma ou apenas fazedor de milagres que provoca medo, e não a presença do Deus verdadeiro.

As multidões se aglomeram ao redor de Jesus, pois, onde impera a doença, ele faz brotar a vida. Os doentes não eram benquistos na comunidade judaica; aliás, muitos deles eram forçados a viver afastados do convívio humano, como era o caso dos leprosos. Jesus não divide os doentes em categorias; ao contrário, acode a todos. Ele era a única esperança desses marginalizados. Familiares e amigos dos enfermos se unem para carregá-los em macas e colocá-los aos pés de Jesus. Não exigem muita coisa, apenas pedem licença para tocar no seu manto, certos de que ficarão curados, pois sabem que seu contato comunica vida. Com efeito, todos os que nele tocavam “eram salvos”. Recebiam não só a cura física, mas a saúde completa, pois podiam reintegrar-se à sociedade e levar vida digna.

ORAÇÃO
Ó Jesus, infatigável missionário do Reino, as multidões não te dão trégua. Nos vilarejos, nas cidades e nos campos, onde quer que compareças, muitas pessoas colocam os doentes diante de ti, convencidas de que basta tocar nas tuas vestes para serem curados. E assim acontece. Fé sem medida. Fé eficaz. Amém.

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Marcos 1, 29-39 Ser livre para servir.

29Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. 30A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. 31E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu, e ela começou a servi-los. 32À tarde, depois do pôr do sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. 33A cidade inteira se reuniu em frente da casa. 34Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era.  

Jesus rejeita a popularidade fácil - 35De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. 36Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. 37Quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando”. 38Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”. 39E andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios. 

Comentário:
* 29-34: Para os antigos, a febre era de origem demoníaca. Libertos do demônio, os homens podem levantar-se e pôr-se a serviço. Os demônios reconhecem quem é Jesus, porque sentem que a palavra e ação dele ameaça o domínio que eles têm sobre o homem.
* 35-39: O deserto é o ponto de partida para a missão. Aí Jesus encontra o Pai, que o envia para salvar os homens. Mas encontra também a tentação: Pedro sugere que Jesus aproveite a popularidade conseguida num dia. É o primeiro diálogo com os discípulos, e já se nota tensão. 

Jesus deixa a sinagoga e, com Tiago e João, vai até a casa de Pedro e André. Certamente, não para descansar. De fato, informado que a sogra de Pedro estava com febre, Jesus imediatamente “tomou-a pela mão e a fez levantar-se”. Recuperada a saúde, a sogra de Pedro “começou a servi-los”. Erguer os caídos e devolver-lhes a condição de servir o próximo foi o que Jesus fez, com frequência, ao longo de sua missão. De fato, no entardecer daquele dia, Jesus “curou muitos doentes de várias doenças e expulsou muitos demônios”. E não permitia que os demônios falassem quem ele era. Poderiam dar informações falsas, já que eram adversários. Ou, então, passariam dados incompletos sobre o Messias, o qual só será melhor conhecido quando entregar sua vida na cruz.

ORAÇÃO
Ó Jesus Mestre, sem trégua é tua atividade missionária. Começas discretamente curando a sogra de Pedro; depois, curas grande número de enfermos. Vais a um lugar
deserto para rezar. E, no dia seguinte, partes para outras aldeias. Benditos os corações que, em toda parte, te procuram e encontram. Amém.

1 Coríntios 9, 16-19.22-23 Tornar-se disponível e solidário.

 16Pregar o Evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade para mim, uma imposição. Ai de mim se eu não pregar o Evangelho! 17Se eu exercesse minha função de pregador por iniciativa própria, eu teria direito a salário. Mas, como a iniciativa não é minha, trata-se de um encargo que me foi confiado. 18Em que consiste então o meu salário? Em pregar o Evangelho, oferecendo-o de graça, sem usar os direitos que o Evangelho me dá. 19Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. 22Com os fracos, eu me fiz fraco, para ganhar os fracos. Com todos, eu me fiz tudo, para certamente salvar alguns. 23Por causa do Evangelho eu faço tudo, para ter parte nele.

Comentário:

* 15-27: Paulo não reivindica nenhum direito. Não considera seu ministério como profissão, da qual poderia tirar proveito e prestígio, mas como missão, na qual o Senhor o empenhou pessoalmente. Paulo vive a liberdade radical, que o leva a tornar-se disponível e solidário para com todos.

Usando as imagens do atletismo e do pugilato, Paulo incentiva os cristãos a lutarem pela fé; e isso não pode ser feito sem séria disciplina.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Marcos 6, 30-34 O banquete da vida.

 30 Os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31Ele lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo, que não tinham tempo nem para comer. 32Então foram sozinhos, de barco, para um lugar deserto e afastado. 33Muitos os viram partir e reconheceram que eram eles. Saindo de todas as cidades, correram a pé e chegaram lá antes deles. 34Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas.

Comentário:

* 30-44: Enquanto Herodes celebra o banquete da morte com os grandes, Jesus celebra o banquete da vida com o povo simples. Marcos não diz o que Jesus ensina, mas o grande ensinamento de toda a cena está no fato de que não é preciso muito dinheiro para comprar comida para o povo. É preciso simplesmente dar e repartir entre todos o pouco que cada um possui. Jesus projeta nova sociedade, onde o comércio é substituído pelo dom, e a posse pela partilha. Mas, para que isso realmente aconteça, é preciso organizar o povo. Dando e repartindo, todos ficam satisfeitos, e ainda sobra muita coisa.

Os apóstolos voltam da missão, provavelmente entusiasmados com o resultado, e se reúnem ao redor de Jesus, ansiosos por partilhar com ele “tudo o que tinham feito e ensinado”. A repercussão desse movimento missionário é imediata: o povo vinha de toda parte para ver Jesus e os apóstolos, de modo que eles “não tinham tempo nem para comer”. Jesus convida os missionários a um descanso salutar. Uma pausa entre as atividades é ocasião favorável para a recuperação das forças, a avaliação do trabalho, a correção dos defeitos e a elaboração de novos projetos. Aos líderes religiosos recomenda-se não se deixarem absorver totalmente pelos fiéis e reservarem tempo para o cultivo pessoal, incluindo exercício espiritual e cursos de reciclagem. Tudo com equilíbrio, pois o povo continua como ovelhas sem pastor.

ORAÇÃO
Ó Jesus, incansável evangelizador, convidas teus apóstolos para uma pausa restauradora. Voltam da missão, cheios de novidades e ansiosos para partilhar os prodígios realizados. Não deu tempo. Multidões aguardavam a tua presença e a deles. Tiveram prioridade, pois “eram como ovelhas sem pastor”. Amém.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Marcos 6, 14-29 O banquete da morte.

 14 O rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tinha tornado muito conhecido. Alguns diziam: “João Batista ressuscitou dos mortos. Por isso os poderes agem nesse homem”. 15Outros diziam: “É Elias”. Outros ainda diziam: “É um profeta como um dos profetas”. 16Ouvindo isso, Herodes disse: “Ele é João Batista. Eu mandei cortar a cabeça dele, mas ele ressuscitou!” 17Herodes tinha mandado prender João e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher do seu irmão Filipe, com quem se tinha casado. 18João dizia a Herodes: “Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão”. 19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não podia. 20Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava. 21Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galileia. 22A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Pede-me o que quiseres e eu te darei”. 23E lhe jurou, dizendo: “Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino”. 24Ela saiu e perguntou à mãe: “O que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista”. 25E, voltando depressa para junto do rei, pediu: “Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”. 26O rei ficou muito triste, mas não pôde recusar. Ele tinha feito o juramento diante dos convidados. 27Imediatamente, o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, degolou-o na prisão, 28trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela a entregou à sua mãe. 29Ao saberem disso, os discípulos de João foram lá, levaram o cadáver e o sepultaram.

Comentário:

* 14-29: A narração da morte de João Batista apresenta o destino de Jesus e dos que o seguem. A morte de João acontece dentro de um banquete de poderosos. Assim, o profeta que pregava o início de transformação radical é morto por aqueles que se sentem incomodados com essa transformação.

Os três primeiros versículos introduzem a circunstância da morte de João Batista. Herodes manda matar João, que ele mesmo havia acorrentado no cárcere. Motivo? O que João havia feito de grave para merecer trágico fim? João Batista procurava ser coerente com a Lei e com a verdade, apontando os erros dos poderosos e do próprio casal real (adultério), pondo em risco o poder político de Herodes. O prepotente Herodes manda tirar a vida do Batista, durante um banquete que ele oferecera “a seus magnatas, aos oficiais e às grandes personalidades da Galileia”. Nessa ocasião, faz os caprichos da filha de Herodíades, que pede a cabeça de João. Tão sem juízo a filha quanto maligna e impiedosa a mãe. O profeta se vai, mas o seu testemunho de fidelidade a Deus permanece para sempre.

ORAÇÃO
Senhor Jesus, teu precursor João encontra-se na cadeia, a mando de Herodes, que cultivava pensamentos e sentimentos contraditórios a respeito dele: prazer em ouvi–lo, medo, ódio, proteção. Ódio maior foi o de Herodíades, que mandou degolar o justo e santo João Batista. Senhor, livra-nos do mal. Amém.