quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Lucas 14, 1-6 Festejar o sábado é dar vida aos homens.

-* 1 Num dia de sábado aconteceu que Jesus foi comer em casa de um dos chefes dos fariseus, que o observavam. 2 Havia um homem hidrópico diante de Jesus. 3 Tomando a palavra, Jesus falou aos especialistas em leis e aos fariseus: “A Lei permite ou não permite curar em dia de sábado?” 4 Mas eles ficaram em silêncio. Então Jesus tomou o homem pela mão, o curou, e o despediu. 5 Depois disse a eles: “Se alguém de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tiraria logo, mesmo em dia de sábado?” 6 E eles não foram capazes de responder a isso. Comentário: *1-6: A lei do sábado deve ser interpretada como libertação e vida para o homem. Coerente com sua missão de libertar as pessoas, Jesus, mais uma vez, vai causar certo transtorno. Desta vez, na casa de um chefe dos fariseus. Apegados à letra da Lei, eles punham a observância do sábado acima de qualquer outro mandamento. Não conseguiam entender que a cura de um ser humano é um modo de glorificar o Deus da vida! Decididos a manter sua posição fixa, permaneceram calados e confusos diante da pergunta do Mestre: “É permitido curar no sábado ou não?”. A hidropisia, ou acumulação de líquido, é figura do povo, “inchado pelo ensinamento dos fariseus, também estes inchados pelo orgulho pretensioso e hipócrita de serem perfeitos” (Ivo Storniolo). Jesus, com a implantação do Reino de Deus, mostra que sua missão é devolver ao ser humano a dignidade que lhe é devida.

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Lucas 13, 31-35 Jesus vai até o fim.

* 31 Nesse momento, alguns fariseus se aproximaram, e disseram a Jesus: “Deves ir embora daqui, porque Herodes quer te matar.” 32 Jesus disse: “Vão dizer a essa raposa: eu expulso demônios, e faço curas hoje e amanhã; e no terceiro dia terminarei o meu trabalho. 33 Entretanto preciso caminhar hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não convém que um profeta morra fora de Jerusalém.” O julgamento sobre Jerusalém -* 34 “Jerusalém, Jerusalém, você que mata os profetas e apedreja os que lhe foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir seus filhos, como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas você não quis! 35 Eis que a casa de vocês ficará abandonada. Eu lhes digo: vocês não me verão mais, até que chegue o tempo em que vocês mesmos dirão: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.” Comentário: * 31-33: A atividade de Jesus provoca temor e reação das autoridades. Jesus não as teme, e continua a realizar a missão que liberta as pessoas e ao mesmo tempo vai levá-lo à morte. * 34-35: Cf. nota em Mt 23, 37-39: Jerusalém personifica o sistema que se fechou em si mesmo, e recusou a novidade trazida por Jesus. Por isso, seu destino já está traçado: em Jerusalém Jesus vai ser morto, e sua morte trará o julgamento definitivo sobre ela. Densas e escuras nuvens ameaçam intimidar Jesus em sua missão. A notícia é péssima: “Herodes quer te matar”. Onde cavar força e entusiasmo para seguir fazendo o bem? Um autêntico profeta, porém, não esmorece. Fica abalado, mas não abandona o bom combate. Está decidido a ir até o fim: “Hoje, amanhã e depois de amanhã devo continuar caminhando”. Jesus expressa sentido lamento por Jerusalém, “que mata os profetas”, em cujo número ele se inclui. Faz alusão à destruição do templo: “Eis que sua casa ficará abandonada”. Entretanto, avisa que virá o tempo em que também os inimigos o reconhecerão como o Enviado de Deus, glorificado por seu povo: “Bendito aquele que vem em nome do Senhor!”. Por sua morte e sua ressurreição, Jesus realiza a salvação.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Lucas 13, 22-30 A salvação é para todos.

-* 22 Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo caminho para Jerusalém. 23 Alguém lhe perguntou: “Senhor, é verdade que são poucos aqueles que se salvam?” Jesus respondeu: 24 “Façam todo o esforço possível para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo: muitos tentarão entrar, e não conseguirão. 25 Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vocês vão ficar do lado de fora. E começarão a bater na porta, dizendo: ‘Senhor, abre a porta para nós!’ E ele responderá: ‘Não sei de onde são vocês’. 26 E vocês começarão a dizer: ‘Nós comíamos e bebíamos diante de ti, e tu ensinavas em nossas praças!’ 27 Mas ele responderá: ‘Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, todos vocês que praticam injustiça!’ 28 Então haverá aí choro e ranger de dentes, quando vocês virem Abraão, Isaac e Jacó junto com todos os profetas no Reino de Deus, e vocês jogados fora. 29 Muita gente virá do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. 30 Vejam: há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos.” Comentário: * 22-30: Jesus não responde diretamente à pergunta. A salvação é universal, está aberta para todos, e não só para aqueles que conhecem a Jesus. A condição é entrar pela porta estreita, isto é, escolher o caminho de vida que cria a nova história. Séria advertência de Jesus a seus conterrâneos, sobretudo aos dirigentes do povo de Israel. Apoiados nos inúmeros preceitos, que eles procuravam cumprir à risca, estavam convencidos de que já possuíam o Reino dos Céus e a felicidade eterna. Esqueciam, porém, o essencial, ou seja, a prática da justiça e o constante exercício da misericórdia. Ao dizerem “comíamos e bebíamos na tua presença”, eles mentem; na verdade, criticavam Jesus, que fazia refeição com os pecadores (cf. Lc 15,2). Estes, sim, aceitaram Jesus em sua vida: “Há últimos que serão os primeiros”. Não basta saber quem é Jesus ou argumentar, de modo brilhante, sobre seus ensinamentos. É necessário aceitá-lo como Mestre e seguir com ele “no caminho para Jerusalém”. É para esses que o “dono da casa” abrirá a porta da salvação.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Lucas 13, 18-21 O Reino atingirá o mundo inteiro.

* 18 E Jesus dizia: “A que é semelhante o Reino de Deus, e com o que eu poderia compará-lo? 19 Ele é como a semente de mostarda que um homem pega e joga no seu jardim. A semente cresce, torna-se árvore, e as aves do céu fazem seus ninhos nos ramos dela.” 20 Jesus disse ainda: “Com o que eu poderia comparar o Reino de Deus? 21 Ele é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado.” Comentário: * 18-21: Cf. nota em Mc 4, 30-34: Diante das estruturas e ações deste mundo, a atividade de Jesus e daqueles que o seguem parece impotente, e mesmo ridícula. Mas ela crescerá, até atingir o mundo inteiro. A semente de mostarda e o fermento, aparentemente insignificantes, são elementos que encerram promessa de crescimento e grandeza. Contêm vitalidade. O Reino de Deus é assim: traz, na sua essência, o dinamismo do Espírito Santo. Ninguém vê nem conhece o processo de crescimento do Reino e da Igreja, mas os resultados aparecem. É no coração das pessoas que se dá o movimento de adesão a Cristo. E isso se dá em ritmo lento e exige empenho. Jesus não se impõe; simplesmente propõe e aguarda, com paciência, a resposta positiva dos seus possíveis discípulos. Pessoas humildes e frágeis constituem o germe da salvação universal: com o poder de Deus, tornam-se capazes de cristianizar a grande massa humana. Cabe-nos perseverar na prática cotidiana do bem. No devido tempo, os frutos surgirão.

Lucas 6, 12-19 Os doze apóstolos.

* 12 Nesses dias, Jesus foi para a montanha a fim de rezar. E passou toda a noite em oração a Deus. 13 Ao amanhecer, chamou seus discípulos, e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos: 14 Simão, a quem também deu o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; 15 Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelota; 16 Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, aquele que se tornou traidor. Anseio por um mundo novo -* 17 Jesus desceu da montanha com os doze apóstolos, e parou num lugar plano. Estava aí numerosa multidão de seus discípulos com muita gente do povo de toda a Judéia, de Jerusalém, e do litoral de Tiro e Sidônia. 18 Foram para ouvir Jesus e serem curados de suas doenças. E aqueles que estavam atormentados por espíritos maus, foram curados. 19 Toda a multidão procurava tocar em Jesus, porque uma força saía dele, e curava a todos. Comentário: * 12-16: Jesus escolhe os doze apóstolos, que formarão o núcleo da comunidade nova que ele veio criar. A palavra apóstolo significa aquele que Jesus envia para continuar a sua obra. * 17-26: O povo vem de todas as partes ao encontro de Jesus, porque a ação dele faz nascer a esperança de uma sociedade nova, libertada da alienação e dos males que afligem os homens. Os vv. 20-26 proclamam o cerne de toda a atividade de Jesus: produzir uma sociedade justa e fraterna, aberta para a novidade de Deus. Para isso, é preciso libertar os pobres e famintos, os aflitos e os que são perseguidos por causa da justiça. Isso, porém, só se alcança denunciando aqueles que geram a pobreza e a opressão e depondo-os dos seus privilégios. Não é possível abençoar o pobre sem libertá-lo da pobreza. Não é possível libertar o pobre da pobreza sem denunciar o rico para libertá-lo da riqueza. Simão é denominado “zelota”, talvez por pertencer, antes de ser apóstolo, ao partido dos zelotas, famosos por sua forte oposição aos ocupantes romanos. Nas listas dos apóstolos, Simão, conhecido também como “o cananeu”, aparece sempre ao lado de Judas Tadeu. Sobre sua vida posterior nada se sabe. Quanto a Judas – não o Iscariotes -, foi-lhe atribuída a paternidade de uma das cartas chamadas “católicas”, isto é, endereçadas não a uma só pessoa ou a uma comunidade determinada, mas a grande número de destinatários. Essa carta, contendo apenas 25 versículos, previne os fiéis contra os falsos mestres e convida todos a perseverarem na fé autêntica. Não obstante a escassez de dados seguros sobre sua missão, São Judas conta hoje com uma multidão de devotos que acorrem aos santuários erigidos em sua honra.

sábado, 26 de outubro de 2024

Marcos 10, 46-52 O verdadeiro discípulo.

* 46 Chegaram a Jericó. Jesus saiu de Jericó, junto com seus discípulos e uma grande multidão. Na beira do caminho havia um cego que se chamava Bartimeu, o filho de Timeu; estava sentado, pedindo esmolas. 47 Quando ouviu dizer que era Jesus Nazareno que estava passando, o cego começou a gritar: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!” 48 Muitos o repreenderam e mandaram que ficasse quieto. Mas ele gritava mais ainda: “Filho de Davi, tem piedade de mim!” 49 Então Jesus parou e disse: “Chamem o cego.” Eles chamaram o cego e disseram: “Coragem, levante-se, porque Jesus está chamando você.” 50 O cego largou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. 51 Então Jesus lhe perguntou: “O que você quer que eu faça por você?” O cego respondeu: “Mestre, eu quero ver de novo.” 52 Jesus disse: “Pode ir, a sua fé curou você.” No mesmo instante o cego começou a ver de novo e seguia Jesus pelo caminho. Comentário: * 46-52: O último milagre de Jesus é uma cura significativa. Ele não abre apenas os olhos do cego, mas também o coração. E o cego curado reconhece Jesus como o Messias (filho de Davi). E, com mais coragem do que Pedro (8,32) e do que o homem rico (10,22), segue a Jesus no caminho para a morte. Desse modo, Bartimeu torna-se o modelo do verdadeiro discípulo. O cego representa os discípulos, que não sabem quem é Jesus, não compreendem seu projeto. De fato, eles querem manter uma sociedade em que imperam a desigualdade e a opressão. Jesus lhes falava de entregar a vida; eles, porém, discutiam quem dentre eles seria o maior no Reino. O mendigo quer sair de sua marginalidade. Se dependesse da ajuda dos que estavam ao redor de Jesus, o homem permaneceria no seu estado deplorável. Insensibilidade; falta de solidariedade! Mas o próprio Jesus o chama e lhe devolve a visão. O gesto de jogar fora o manto significa que ele abandona seu passado; quer vida nova. Uma vez livre das amarras que o paralisavam (mendicância e cegueira), ele decide seguir Jesus no caminho para Jerusalém. Que tipo de “cegueira” atrapalha nossa caminhada cristã?

Hebreus 5, 1-6 Jesus é misericordioso com os homens.

1 Todo sumo sacerdote, escolhido entre os homens, é constituído para o bem dos homens nas coisas que se referem a Deus. Sua função é oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. 2 Desse modo, ele é capaz de sentir justa compaixão por aqueles que ignoram e erram, porque também ele próprio está cercado de fraqueza; 3 e, por causa disso, ele deve oferecer sacrifícios, tanto pelos próprios pecados como pelos pecados do povo. 4 Ninguém pode atribuir a si mesmo essa honra, se não for chamado por Deus, como o foi Aarão. 5 Da mesma forma, Cristo não atribuiu a si mesmo a glória de ser sumo sacerdote; esta lhe foi conferida por aquele que lhe disse: “Você é o meu Filho, eu hoje o gerei.” 6 E, noutra passagem da Escritura, ele diz: “Você é sacerdote para sempre, segundo a ordem do sacerdócio de Melquisedec.” Comentário: * 4,15-5,10: Os cristãos não devem temer a Jesus, mas aproximar-se dele confiantes, certos de sua acolhida misericordiosa. A figura do sumo sacerdote se realiza plenamente em Jesus, de modo superior ao sacerdócio de Aarão e de qualquer liturgia terrena. Cristo atravessou o céu (4,14) e, ressuscitado, vive para sempre aquela “justa compaixão” que testemunhou aos homens no momento da Paixão. Como Filho, e do mesmo modo que o misterioso Melquisedec, Jesus se empenha para sempre, com toda a sua pessoa, na súplica e no sacrifício. A Paixão é vista aqui como a mais solene prece de intercessão e o mais sublime ato de obediência.

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Lucas 13, 1-9 Urgência da conversão.

-* 1 Nesse tempo, chegaram algumas pessoas levando notícias a Jesus sobre os galileus que Pilatos tinha matado, enquanto ofereciam sacrifícios. 2 Jesus respondeu-lhes: “Pensam vocês que esses galileus, por terem sofrido tal sorte, eram mais pecadores do que todos os outros galileus? 3 De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo. 4 E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu em cima deles? Pensam vocês que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? 5 De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo.” 6 Então Jesus contou esta parábola: “Certo homem tinha uma figueira plantada no meio da vinha. Foi até ela procurar figos, e não encontrou. 7 Então disse ao agricultor: ‘Olhe! Hoje faz três anos que venho buscar figos nesta figueira, e não encontro nada! Corte-a. Ela só fica aí esgotando a terra’. 8 Mas o agricultor respondeu: ‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e pôr adubo. 9 Quem sabe, no futuro ela dará fruto! Se não der, então a cortarás’.” Comentário: * 1-9: No caminho da vida há acontecimentos trágicos. Estes não significam que as vítimas são mais pecadoras do que os outros. Ao contrário, são convites abertos para que se pense no imprevisível dos fatos e na urgência da conversão, para se construir a nova história. A parábola (vv. 6-9) salienta que, em Jesus, Deus sempre dá uma última chance. Duas tragédias oferecem ocasião para Jesus fazer um apelo à conversão. Deram a Jesus uma informação: Pilatos havia matado um grupo de galileus. Outra notícia é acrescentada pelo próprio Jesus: a torre de Siloé tinha caído e matado dezoito pessoas. A conclusão de Jesus surpreende e choca: “Se vocês não se converterem, morrerão todos da mesma forma”. Não se trata de caçar pecadores ou imaginar que Deus castiga os malfeitores. Os fenômenos da natureza seguem seu curso, suas leis. O que importa é cada um olhar para si mesmo e examinar como está sua relação com Deus e com o próximo. A parábola da figueira indica o nível de tolerância do Pai misericordioso. Ele sempre espera que a “ovelha desgarrada” volte ao seu rebanho. As oportunidades são dadas. Não se pode desperdiçá-las.

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Lucas 12, 54-59 Interpretar o tempo presente.

* 54 Jesus também dizia às multidões: “Quando vocês veem uma nuvem vinda do ocidente, vocês logo dizem que vem chuva; e assim acontece. 55 Quando vocês sentem soprar o vento do sul, vocês dizem que vai fazer calor; e assim acontece. 56 Hipócritas! Vocês sabem interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que vocês não sabem interpretar o tempo presente? 57 Por que vocês não julgam por si mesmos o que é justo? 58 Quando, pois, você está para se apresentar com seu adversário diante do magistrado, procure resolver o caso com o adversário enquanto estão a caminho, senão este o levará ao juiz, e o juiz entregará você ao guarda, e o guarda o jogará na cadeia. 59 Eu digo: daí você não sairá, enquanto não pagar o último centavo.” Comentário: * 54-59: Assim como os homens podem prever o tempo a partir dos sinais da natureza, também é possível reconhecer na atividade de Jesus a manifestação do Reino de Deus. Essa tarefa empenhativa e urgente implica uma decisão a favor ou contra o Reino. É preciso agir enquanto é tempo. Claro que as multidões do tempo de Jesus possuíam conhecimento e experiência sobre os movimentos das estações do ano. Entretanto, permaneciam alheias a um fenômeno grandioso: Jesus e sua obra de salvação. Era impossível não sentir a transformação que o Mestre vinha causando nas pessoas e na sociedade. Sua presença era acompanhada de muitos e diferentes sinais: “Cegos recuperam a vista e coxos andam; leprosos são purificados e surdos ouvem; mortos são ressuscitados e pobres recebem a Boa Notícia” (Mt 11,5). Tempos novos. O mundo se renovando mediante a obra misericordiosa de Deus. Diante da verdade nua e crua, é necessário decidir. Atitude inteligente é reconciliar-se com Deus e com o próximo, enquanto é tempo; do contrário, fica uma pendência até que seja pago “o último centavo”.

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Lucas 12, 49-53 Jesus é sinal de contradição.

-* 49 “Eu vim para lançar fogo sobre a terra: e como gostaria que já estivesse aceso! 50 Devo ser batizado com um batismo, e como estou ansioso até que isso se cumpra! 51 Vocês pensam que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu lhes digo, vim trazer divisão. 52 Pois, daqui em diante, numa família de cinco pessoas, três ficarão divididas contra duas, e duas contra três. 53 Ficarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra.” Comentário: * 49-53: A missão de Jesus, desde o batismo até a cruz, é anunciar e tornar presente o Reino, entrando em choque com as concepções dominantes na sociedade. Por isso, é preciso tomar uma decisão diante de Jesus, e isso provoca divisões até mesmo no relacionamento familiar. Vida, dinamismo, transformação pessoal e social são valores que certamente estavam no pensamento de Jesus, quando ele disse que veio “lançar fogo sobre a terra”. Na linguagem dos profetas, fogo é sinal de julgamento definitivo de Deus. Por sua morte e ressurreição (“batismo”), Jesus mostrou qual é o projeto de Deus. Tal projeto levará a uma decisão, que provocará divisões até mesmo na família. O fogo simboliza também o Espírito Santo (cf. At 2,3 4). Ele é a força renovadora que cura, liberta as pessoas e transforma as relações humanas. Diante das mudanças suscitadas pelo Espírito, as pessoas se posicionam a favor de Jesus ou contra ele. O velho Simeão já havia profetizado: “Este menino será causa de queda e reerguimento de muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição” (Lc 2,34).

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Lucas 12, 39-48 Vigilância e responsabilidade.

39 Mas, fiquem certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que lhe arrombasse a casa. 40 Vocês também estejam preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que vocês menos esperarem.” 41 Então Pedro disse a Jesus: “Senhor, estás contando essa parábola só para nós, ou para todos?” 42 E o Senhor respondeu: “Quem é o administrador fiel e prudente, que o senhor coloca à frente do pessoal de sua casa, para dar a comida a todos na hora certa? 43 Feliz o empregado que o senhor, ao chegar, encontra fazendo isso! 44 Em verdade, eu digo a vocês: o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. 45 Mas, se esse empregado pensar: ‘Meu patrão está demorando’, e se puser a surrar os criados e criadas, a comer, beber, e embriagar-se, 46 o senhor desse empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista. O senhor o expulsará de casa, e o fará tomar parte do destino dos infiéis. 47 Todavia aquele empregado que, mesmo conhecendo a vontade do seu senhor, não ficou preparado, nem agiu conforme a vontade dele, será chicoteado muitas vezes. 48 Mas, o empregado que não sabia, e fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido.” Comentário: * 35-48: Esperando continuamente a chegada imprevisível do Senhor que serve, a comunidade cristã permanece atenta, concretizando a busca do Reino através da prontidão para o serviço fraterno. Os vv. 41-46 mostram que isso vale ainda mais para os dirigentes da comunidade, que receberam de Jesus o encargo de servir, provendo às necessidades da comunidade. A responsabilidade é ainda maior, quando se sabe o que deve ser feito (vv. 47-48). “Fiquem preparados” para a chegada do Filho do Homem. Mediante parábolas, Jesus convida todos a se manterem vigilantes e ativos nas obras do Senhor. Aos líderes religiosos, porém, Jesus acrescenta séria recomendação, pois correm o perigo de se envolver com as coisas deste mundo e descuidar os fiéis. Pode até acontecer que esses “administradores” abusem da posição que ocupam e comecem a “espancar servos e servas, a comer, a beber e a se embriagar”. Isso significa oprimir, explorar, já que existe também a embriaguez do poder. Quanto mais formação e maior esclarecimento eles tiverem sobre a religião e a vida da Igreja, mais severa será sua prestação de contas: “A quem muito foi confiado, muito mais será exigido”. Os que receberam mais devem ajudar os que receberam menos.

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Lucas 12, 35-38 Vigilância e responsabilidade.

* 35 “Estejam com os rins cingidos e com as lâmpadas acesas. 36 Sejam como homens que estão esperando o seu senhor voltar da festa de casamento: tão logo ele chega e bate, eles imediatamente vão abrir a porta. 37 Felizes dos empregados que o senhor encontra acordados quando chega. Eu garanto a vocês: ele mesmo se cingirá, os fará sentar à mesa, e, passando, os servirá. 38 E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão se assim os encontra!. Comentário: * 35-48: Esperando continuamente a chegada imprevisível do Senhor que serve, a comunidade cristã permanece atenta, concretizando a busca do Reino através da prontidão para o serviço fraterno. Os vv. 41-46 mostram que isso vale ainda mais para os dirigentes da comunidade, que receberam de Jesus o encargo de servir, provendo às necessidades da comunidade. A responsabilidade é ainda maior, quando se sabe o que deve ser feito (vv. 47-48). O ser humano tem forte tendência a acomodar-se. No campo religioso, muitas vezes, contentamo-nos com o mínimo: pouco interesse pelas coisas de Deus, escassa participação nos sacramentos e rara presença às celebrações litúrgicas. Nossa cultura catequética se limitou à preparação para a primeira comunhão. E, assim, vamos tocando em frente. Jesus nos desperta para o dinamismo da vida cristã. Padre Alberione, fundador dos Padres e Irmãos Paulinos, repetia uma sentença secular: “Nas obras de Deus, não progredir é ficar para trás”. Válida para todo o povo, a advertência de Jesus tem em mira, principalmente, as lideranças religiosas. Além de cuidar do próprio crescimento espiritual, elas têm a incumbência de zelar pelo progresso dos fiéis. Cada dia de nossa vida terrena é tempo de fazer o bem.

domingo, 20 de outubro de 2024

Lucas 12, 13-21 A vida é dom de Deus.

* 13 Do meio da multidão, alguém disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo.” 14 Jesus respondeu: “Homem, quem foi que me encarregou de julgar ou dividir os bens entre vocês?” 15 Depois Jesus falou a todos: “Atenção! Tenham cuidado com qualquer tipo de ganância. Porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a sua vida não depende de seus bens.” 16 E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. 17 E o homem pensou: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. 18 Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir outros maiores; e neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. 19 Então poderei dizer a mim mesmo: meu caro, você possui um bom estoque, uma reserva para muitos anos; descanse, coma e beba, alegre-se!’ 20 Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Nesta mesma noite você vai ter que devolver a sua vida. E as coisas que você preparou, para quem vão ficar?’ 21 Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico para Deus.” Comentário: * 13-21: No caminho da vida, o homem depara com o problema das riquezas. Jesus mostra que é idiotice acumular bens para assegurar a própria vida. Só Deus pode dar ao homem a riqueza que é a própria vida. Jesus faz referência à cobiça pelo dinheiro, mas existem outros tipos de cobiça: pela fama, pelo poder, pelo prazer… Toda a pregação de Jesus valoriza o despojamento, o desapego dos bens materiais, e alerta sobre o perigo de confiar nas riquezas terrenas: “Cuidado! Evitem todo tipo de ganância”; “Felizes são os pobres, porque deles é o Reino dos Céus”. Benfeitor generoso é o samaritano que investe tempo, atenções e dinheiro para acudir o homem ferido à beira do caminho (cf. Lc 10,25-37). A parábola retrata um homem ganancioso que fala sozinho, projetando como aumentar suas posses e lucros. Tentação de todos os tempos. Contas no exterior são um modo de aplicar a exorbitante soma de dinheiro! Só não podemos esquecer que a vida é única e breve sobre a terra. Melhor ser “rico para Deus”.

sábado, 19 de outubro de 2024

Marcos 10, 35-45 Autoridade é serviço.

35 Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe disseram: “Mestre, queremos que faças por nós o que vamos te pedir.” 36 Jesus perguntou: “O que vocês querem que eu lhes conceda?” 37 Eles responderam: “Quando estiveres na glória, deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda.” 38 Jesus então lhes disse: “Vocês não sabem o que estão pedindo. Por acaso vocês podem beber o cálice que eu vou beber? Podem ser batizados com o batismo com que eu vou ser batizado?” 39 Eles responderam: “Podemos.” Jesus então lhes disse: “Vocês vão beber o cálice que eu vou beber, e vão ser batizados com o batismo com que eu vou ser batizado. 40 Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou esquerda. É Deus quem dará esses lugares àqueles, para os quais ele preparou.” 41 Quando os outros dez discípulos ouviram isso, começaram a ficar com raiva de Tiago e João. 42 Jesus chamou-os e disse: “Vocês sabem: aqueles que se dizem governadores das nações têm poder sobre elas, e os seus dirigentes têm autoridade sobre elas. 43 Mas, entre vocês não deverá ser assim: quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês, 44 e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se o servo de todos. 45 Porque o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos.” Comentário: * 32-45: Jesus anuncia a sua morte como consequência de toda a sua vida. Enquanto isso, Tiago e João sonham com poder e honrarias, suscitando discórdia e competição entre os outros discípulos. Jesus mostra que a única coisa importante para o discípulo é seguir o exemplo dele: servir e não ser servido. Em a nova sociedade que Jesus projeta, a autoridade não é exercício de poder, mas a qualificação para serviço que se exprime na entrega de si mesmo para o bem comum. Com insistência, Jesus retoma este conceito: “Quem de vocês quiser ser grande, seja o servidor de vocês”. Jesus já havia escutado algum resto de conversa entre seus discípulos, em que se debatia a questão de quem seria o maior no Reino. Jesus argumenta tomando por base o comportamento dos grandes deste mundo. Como agem? Como dominadores e tiranos. Governam pela força, oprimindo. Bem outro é o sistema que Jesus exige de seus discípulos, em vista de formar sua nova comunidade. Aí não deve haver espaço para opressão, ganância e exploração. Ao contrário, devem reinar o diálogo, a partilha, o serviço generoso, a doação da própria vida. Com valores desse nível, pode-se formar um ambiente de fraternidade e paz. Esse é o mundo que Jesus propõe; esse é o mundo que Deus quer!

Hebreus 4, 14-16 Fidelidade e fé em Jesus.

14 Nós temos um sumo sacerdote eminente, que atravessou os céus: Jesus, o Filho de Deus. Por isso, mantenhamos firme a fé que professamos. Jesus é misericordioso com os homens -* 15 De fato, não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado como nós, em todas as coisas, menos no pecado. 16 Portanto, aproximemo-nos do trono da graça com plena confiança, a fim de alcançarmos misericórdia, encontrarmos graça e sermos ajudados no momento oportuno. Comentário: * 3,7-4,14: Após uma exposição sobre a fidelidade de Jesus, o autor faz longa exortação, mostrando que os cristãos devem ser fiéis, professando a fé em Jesus. Moisés e Josué não conseguiram introduzir o povo no descanso de Deus, porque o povo se revoltou e foi infiel a Deus tanto no deserto como em Canaã. Jesus é o novo Josué, é o guia do novo povo de Deus. Ele alcançou a verdadeira terra prometida, o verdadeiro descanso. Os cristãos não devem ser infiéis, como o povo israelita no deserto, mas acreditar em Jesus e segui-lo, para também eles chegarem ao descanso prometido. * 4,15-5,10: Os cristãos não devem temer a Jesus, mas aproximar-se dele confiantes, certos de sua acolhida misericordiosa. A figura do sumo sacerdote se realiza plenamente em Jesus, de modo superior ao sacerdócio de Aarão e de qualquer liturgia terrena. Cristo atravessou o céu (4,14) e, ressuscitado, vive para sempre aquela “justa compaixão” que testemunhou aos homens no momento da Paixão. Como Filho, e do mesmo modo que o misterioso Melquisedec, Jesus se empenha para sempre, com toda a sua pessoa, na súplica e no sacrifício. A Paixão é vista aqui como a mais solene prece de intercessão e o mais sublime ato de obediência. Os vv. 9-10 anunciam o tema da próxima parte: levado à perfeição, Jesus tornou-se o princípio de salvação eterna, pois recebeu de Deus o título de sumo sacerdote.

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Lucas 12, 8-12 Testemunhar sem medo.

8 Eu digo a vocês: todo aquele que der testemunho de mim diante dos homens, o Filho do Homem também dará testemunho dele diante dos anjos de Deus. 9 Mas, aquele que me renegar diante dos homens, será renegado diante dos anjos de Deus. 10 Todo aquele que disser alguma coisa contra o Filho do Homem, será perdoado. Mas, quem blasfemar contra o Espírito Santo, não será perdoado. 11 Quando introduzirem vocês diante das sinagogas, magistrados e autoridades, não fiquem preocupados como ou com que vocês se defenderão, ou o que dirão. 12 Pois, nessa hora o Espírito Santo ensinará o que vocês devem dizer.” Comentário: * 4-12: Cf. nota em Mt 10, 26-33: Os discípulos não devem ter medo, porque a missão se baseia na verdade, que põe a descoberto toda a mentira de um sistema social que não mostra a sua verdadeira face. Os homens podem até matar o corpo dos discípulos, mas não conseguirão tirar-lhes a vida, pois é Deus quem dá e conserva ou tira a vida para sempre. A segurança do discípulo está na promessa: quem é fiel a Jesus, terá Jesus a seu favor diante de Deus. Jesus foi concebido pelo Espírito Santo (cf. Lc 1,35). E, pelo mesmo Espírito, realiza curas e expulsa demônios. No dia da ressurreição, com o sopro do Espírito, Jesus dá aos discípulos o poder de perdoar pecados. Antes de enviá-los a evangelizar o mundo inteiro, recomenda-lhes que esperem “na cidade, até serem revestidos da força do Alto” (Lc 24,49). Blasfemar contra o Espírito Santo é negar a bondade da ação libertadora de Jesus. É atribuir aos poderes do mal o que, na verdade, é obra divina. É não aceitar Jesus como o Enviado de Deus. Blasfemar contra o Espírito Santo é querer eliminar o motor do Reino de Deus e da vida da Igreja. Diante dos tribunais, os cristãos perseguidos terão a assistência do Espírito Santo, que “vai lhes ensinar o que eles deverão dizer”.

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Lucas 10, 1-9 Os anunciadores do Reino.

* 1 O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos, e os enviou dois a dois, na sua frente, para toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2 E lhes dizia: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita. 3 Vão! Estou enviando vocês como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não parem no caminho, para cumprimentar ninguém. 5 Em qualquer casa onde entrarem, digam primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6 Se aí morar alguém de paz, a paz de vocês irá repousar sobre ele; se não, ela voltará para vocês. 7 Permaneçam nessa mesma casa, comam e bebam do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem passando de casa em casa. 8 Quando entrarem numa cidade, e forem bem recebidos, comam o que servirem a vocês, 9 curem os doentes que nela houver. E digam ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vocês!’ Comentário: * 1-16: Os discípulos são organizados por Jesus para anunciarem a Boa Notícia no caminho e começarem a realizar os atos que concretizam o Reino. Aqueles que não quiserem aderir à Boa Notícia ficarão fora da nova história. Autor do terceiro Evangelho e dos Atos dos Apóstolos, São Lucas é de Antioquia (Síria), pertencente à segunda ou terceira geração dos seguidores de Cristo. Seu nome consta na carta a Filêmon (v. 24) e na segunda carta a Timóteo (4,11); aparece também na carta aos Colossenses (4,14), cujo autor o saúda como “Lucas, o médico amado”. Não faltaram autores para comparar o vocabulário de Lucas com a linguagem e o estilo dos outros médicos gregos da época e concluir que, nos dois escritos de Lucas, transparece, claramente, certa familiaridade com o linguajar médico. Mediante o estudo dos seus escritos, pode-se afirmar que Lucas era pessoa culta e conhecia muito bem a língua grega. São Jerônimo não esconde sua admiração pelo escritor: “O mais dotado em língua grega entre os evangelistas”.

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Lucas 11, 47-54 Jesus desmascara os hipócritas.

47 Ai de vocês, porque constroem túmulos para os profetas; no entanto, foram os pais de vocês que os mataram. 48 Com isso, vocês são testemunhas e aprovam as obras dos pais de vocês, pois eles mataram os profetas, e vocês constroem os túmulos. 49 É por isso que a sabedoria de Deus disse: ‘Eu lhes enviarei profetas e apóstolos. Eles os matarão e perseguirão, 50 a fim de que se peçam contas a esta geração do sangue de todos os profetas, derramado desde a criação do mundo, 51 desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário’. Sim, eu digo a vocês: pedirão contas disso a esta geração. 52 Ai de vocês, especialistas em leis, porque vocês se apoderaram da chave da ciência. Vocês mesmos não entraram, e impediram os que queriam entrar.” 53 Quando Jesus saiu daí, os doutores da Lei e os fariseus começaram a tratá-lo mal, e a provocá-lo sobre muitos pontos. 54 Armavam ciladas, para pegá-lo de surpresa em qualquer coisa que saísse de sua boca. Comentário: * 37-54: No seu caminho, Jesus desmascara os donos da estrutura antiga. Os fariseus deixam de lado a justiça e o amor de Deus e, para esconder roubos e maldades, se refugiam atrás de todo um aparato de falsa religiosidade. Os especialistas em leis se apossam da chave da ciência, isto é, interpretam as leis de acordo com seus próprios interesses; exercem assim controle ideológico sobre o povo, impedindo-o de ver as possibilidades de transformação. Jesus reprova o comportamento dos fariseus, porque levam vida falsa. Apresentam uma imagem de gente honesta, no entanto, disfarçadamente, aprovam a morte dos profetas, como fizeram seus antepassados. Na mesma linha dos profetas coloca-se Jesus, a legítima voz de Deus na história humana. Jesus também será eliminado, e seus apóstolos, perseguidos. Aos especialistas da Lei, Jesus chama a atenção porque se apoderam da “chave da ciência”. Sentem-se donos das Escrituras, mas não as entendem e ainda atrapalham o povo simples que gostaria de entendê-las. O saber usado como meio de dominação é uma forma de injustiça e um dos obstáculos à fraternidade universal. Mais do que compreensível a reação dos fariseus e dos especialistas da Lei. Jesus pagará caro por sua franqueza e coerência com a verdade.

terça-feira, 15 de outubro de 2024

Lucas 11, 42-46 Jesus desmascara os hipócritas.

42 Mas, ai de vocês, fariseus, porque vocês pagam o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas deixam de lado a justiça e o amor de Deus. Vocês deveriam praticar isso, sem deixar de lado aquilo. 43 Ai de vocês, fariseus, porque gostam do lugar de honra nas sinagogas, e de serem cumprimentados em praças públicas. 44 Ai de vocês, porque são como túmulos que não se veem, e os homens pisam sobre eles sem saber.” 45 Um especialista em leis tomou a palavra, e disse: “Mestre, falando assim insultas também a nós!” 46 Jesus respondeu: “Ai de vocês também, especialistas em leis! Porque vocês impõem sobre os homens cargas insuportáveis, e vocês mesmos não tocam essas cargas nem com um só dedo. Comentário: * 37-54: No seu caminho, Jesus desmascara os donos da estrutura antiga. Os fariseus deixam de lado a justiça e o amor de Deus e, para esconder roubos e maldades, se refugiam atrás de todo um aparato de falsa religiosidade. Os especialistas em leis se apossam da chave da ciência, isto é, interpretam as leis de acordo com seus próprios interesses; exercem assim controle ideológico sobre o povo, impedindo-o de ver as possibilidades de transformação. Jesus reprova os fariseus porque eles: 1) apegam-se a preceitos minúsculos, mas esquecem o mais importante, isto é, a justiça e o amor de Deus; 2) buscam honras nas sinagogas e nas praças públicas; 3) contaminam, com seus vícios, as pessoas que deles se aproximam (v. 44). Quanto aos especialistas da Lei, Jesus os acusa de sobrecarregar o povo com suas leis, enquanto eles mesmos se esquivam delas. É que davam muita importância a observâncias secundárias e descuidavam o essencial. O profeta Miqueias dizia: “Ó homem, já foi explicado o que é bom e o que o Senhor exige de você: praticar o direito, amar a misericórdia, caminhar humildemente com o seu Deus” (Mq 6,8). Podemos perguntar-nos: dentre as muitas boas obras que realizamos, quais são as que mais agradam a Deus?

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Lucas 11, 37-41 Jesus desmascara os hipócritas.

-* 37 Enquanto Jesus falava, um fariseu o convidou para jantar em casa. Jesus entrou, e se pôs à mesa. 38 O fariseu ficou admirado ao ver que Jesus não tinha lavado as mãos antes da refeição. 39 O Senhor disse ao fariseu: “Vocês, fariseus, limpam o copo e o prato por fora, mas o interior de vocês está cheio de roubo e maldade. 40 Gente sem juízo! Aquele que fez o exterior, não fez também o interior? 41 Antes, deem em esmola o que vocês possuem, e tudo ficará puro para vocês. Comentário: * 37-54: No seu caminho, Jesus desmascara os donos da estrutura antiga. Os fariseus deixam de lado a justiça e o amor de Deus e, para esconder roubos e maldades, se refugiam atrás de todo um aparato de falsa religiosidade. Os especialistas em leis se apossam da chave da ciência, isto é, interpretam as leis de acordo com seus próprios interesses; exercem assim controle ideológico sobre o povo, impedindo-o de ver as possibilidades de transformação. Fazer refeição em casa de um fariseu pode acarretar a Jesus algum desconforto. Com efeito, neste episódio, o fariseu critica Jesus por sentar-se à mesa sem antes ter-se lavado. Os fariseus davam muita importância a certas ações exteriores, como se fossem obras agradáveis a Deus. Não executá-las seria transgredir a Lei. Jesus aponta para o essencial: a pureza de coração, a reta intenção, o amor ao próximo. Não basta a boa intenção, é necessário traduzi-la em gestos concretos. Por isso, Jesus lança aos fariseus um intrigante desafio: “Deem como esmola o que vocês têm, e tudo ficará puro para vocês”. Dar esmola, símbolo da prática da caridade fraterna, é mais significativo e valioso do que a simples limpeza das mãos e dos utensílios domésticos.

domingo, 13 de outubro de 2024

Lucas 11, 29-32 O grande sinal.

-* 29 Quando as multidões se reuniram, Jesus começou a dizer: “Esta geração é uma geração má. Ela busca um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, a não ser o sinal de Jonas. 30 De fato, assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim também será o Filho do Homem para esta geração. 31 No dia do julgamento, a rainha do Sul se levantará contra os homens desta geração, e os condenará. Porque ela veio de uma terra distante para ouvir a sabedoria de Salomão. E aqui está quem é maior do que Salomão. 32 No dia do julgamento, os homens da cidade de Nínive ficarão de pé contra esta geração. Porque eles fizeram penitência quando ouviram Jonas pregar. E aqui está quem é maior do que Jonas.” Comentário: * 29-32: Não é um sinal maravilhoso que leva os homens à conversão, e sim a adesão ao projeto da nova história, manifestado na palavra de Jesus. O resultado da ação missionária de Jesus parece não corresponder às suas expectativas. Muita semeadura, mas colheita escassa; preciosos ensinamentos, porém caídos em terreno árido. A decepção se dá, não porque Jesus trabalha demais e vê poucos frutos; afinal, ele é um mestre sem preguiça. Ele se aborrece porque “essa geração é uma geração má”: todos aqueles que não se abrem aos valores do Reino de Deus. Com efeito, Jonas prega aos pagãos e obtém resultados mais que satisfatórios; Salomão é procurado pela rainha de Sabá, que vem de longe para escutar sua sabedoria. Tanto os ninivitas quanto a rainha do Sul foram dóceis à pregação dos profetas de Deus. Essa geração, ao invés, ignora a presença e a voz do próprio Filho de Deus. No Julgamento, prestarão contas de sua escolha.

sábado, 12 de outubro de 2024

Marcos 10, 17-30 O Reino é dom e partilha.

-* 17 Quando Jesus saiu de novo a caminhar, um homem foi correndo, ajoelhou-se diante dele e perguntou: “Bom Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?” 18 Jesus respondeu: “Por que você me chama de bom? Só Deus é bom, e ninguém mais. 19 Você conhece os mandamentos: não mate; não cometa adultério; não roube; não levante falso testemunho; não engane; honre seu pai e sua mãe.” 20 O homem afirmou: “Mestre, desde jovem tenho observado todas essas coisas.” 21 Jesus olhou para ele com amor, e disse: “Falta só uma coisa para você fazer: vá, venda tudo, dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois venha e siga-me.” 22 Quando ouviu isso, o homem ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque ele era muito rico. 23 Jesus então olhou em volta e disse aos discípulos: “Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!” 24 Os discípulos se admiraram com o que Jesus disse. Mas ele continuou: “Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! 25 É mais fácil passar um camelo pelo buraco de uma agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus!” 26 Os discípulos ficaram muito espantados quando ouviram isso, e perguntavam uns aos outros: “Então, quem pode ser salvo?” 27 Jesus olhou para os discípulos e disse: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível.” 28 Pedro começou a dizer a Jesus: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos.” 29 Jesus respondeu: “Eu garanto a vocês: quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e da Boa Notícia, 30 vai receber cem vezes mais. Agora, durante esta vida, vai receber casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, junto com perseguições. E, no mundo futuro, vai receber a vida eterna. Comentário: * 17-31: Para entrar no Reino (ou vida eterna) é preciso mais do que observar leis ou regras. O Reino é dom de Deus aos homens, e nele tudo deve ser partilhado entre todos. Isso significa repartir as riquezas em vista de uma igualdade, abolindo o sistema classista. É por isso que os ricos ficam tristes e dificilmente entram no Reino. E o que acontece quando a gente deixa tudo para seguir a Jesus e continuar o seu projeto? Encontra nova sociedade, embora em meio à perseguição, e já vive a certeza da plenitude que virá. Levado pelo entusiasmo, um homem corre até Jesus, ajoelha- se diante dele e expressa seu profundo anseio: qual é o melhor modo para crescer no caminho de Deus? Jesus aponta-lhe os deveres para com o próximo, coisa que o homem já observa. Chega-se ao momento crítico. Jesus lhe pede o que ele não está preparado para assumir, a religião da partilha: “Vá, venda tudo o que você tem e dê aos pobres”. Esfria o entusiasmo e dá lugar à tristeza: o homem “foi embora triste, porque tinha muitos bens”. Seu deus era o dinheiro. Os discípulos, que viviam a experiência da pobreza, ficam assustados com as palavras de Jesus sobre o rico e sua riqueza: “Quem conseguirá salvar-se?”. Jesus, ciente da tendência humana de apegar-se aos bens materiais, remete a questão à esfera de Deus, para o qual “tudo é possível”.

Hebreus 4, 12-13 Fidelidade e fé em Jesus.

12 A palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto onde a alma e o espírito se encontram, e até onde as juntas e medulas se tocam; ela sonda os sentimentos e pensamentos mais íntimos. 13 Não existe criatura que possa esconder-se de Deus; tudo fica nu e descoberto aos olhos dele; e a ele devemos prestar contas. 14 Nós temos um sumo sacerdote eminente, que atravessou os céus: Jesus, o Filho de Deus. Por isso, mantenhamos firme a fé que professamos. Comentário: * 3,7-4,14: Após uma exposição sobre a fidelidade de Jesus, o autor faz longa exortação, mostrando que os cristãos devem ser fiéis, professando a fé em Jesus. Moisés e Josué não conseguiram introduzir o povo no descanso de Deus, porque o povo se revoltou e foi infiel a Deus tanto no deserto como em Canaã. Jesus é o novo Josué, é o guia do novo povo de Deus. Ele alcançou a verdadeira terra prometida, o verdadeiro descanso. Os cristãos não devem ser infiéis, como o povo israelita no deserto, mas acreditar em Jesus e segui-lo, para também eles chegarem ao descanso prometido.

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Apocalipse 12, 1.5.13.15-16 Jesus Messias vence o mal.

* 1 Apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher vestida com o sol, tendo a lua debaixo dos pés, e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. 5* Nasceu o Filho da Mulher. Era menino homem. Nasceu para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o Filho foi levado para junto de Deus e de seu trono. 13* Quando viu que tinha sido expulso para a terra, o Dragão começou a perseguir a Mulher, aquela que tinha dado à luz um menino homem. 15 A Serpente não desistiu: vomitou um rio de água atrás da Mulher, para que ela se afogasse. 16 Mas a terra socorreu a Mulher: abriu a boca e engoliu o rio que o Dragão tinha vomitado. Comentário: 12,1-16,20: É a parte mais importante do livro. Mostra que o tempo do povo de Deus é o tempo de confronto com o mal, até chegar a consumação da história. João analisa agora a vitória sobre o mal (Ap 12), o ambiente onde os cristãos vão profetizar (Ap 13) e a consequência do testemunho profético, isto é, o julgamento (Ap 14,1-16,20). Os capítulos 12-14 interrompem o desenvolvimento linear do livro. 12,1-2: A Mulher é um símbolo cheio de significados: é Eva, a mãe da humanidade (cf. Gn 3,15-20); também o povo de Israel (doze estrelas = doze tribos) assim como Sião, o resto do povo de Deus que espera o Messias (Is 66,7). É também Maria enquanto mãe de Jesus e mãe dos discípulos de Jesus (Jo 19,25-27), e o povo de Deus da nova Aliança (doze estrelas = doze apóstolos). * 5-6: O Filho é Jesus, que nasce (ressurreição) para a glória e para dominar as nações, destruindo o poder do Dragão. O mal foi derrotado. Agora a situação do povo de Deus é como a dos hebreus no deserto, libertados da escravidão: viverá no deserto até o fim da história (mil, duzentos e sessenta dias), em meio a perseguições e na intimidade com Deus. * 7-12: O mal foi cortado pela raiz. Miguel (= Quem é como Deus?) vence e expulsa o Dragão, o mal que sempre ameaçou a humanidade (Serpente, Diabo, Satanás). Mas os cristãos não podem ficar acomodados, porque o mal continua agindo no mundo e, agonizante, ainda vai perseguir os homens de todos os modos. * 13-18: O mal não conseguiu vencer Jesus; por isso agora persegue os cristãos seguidores de Jesus. Mas estes são continuamente protegidos por Deus, até o final da história (três tempos e meio = mil, duzentos e sessenta dias). É tempo de perseguição (rio) mas, como no Êxodo, o povo de Deus não sucumbe. Evangelho: João 2,1-11 João 2, 1-11 Vida nova para os homens. * 1 No terceiro dia, houve uma festa de casamento em Caná da Galiléia, e a mãe de Jesus estava aí. 2 Jesus também tinha sido convidado para essa festa de casamento, junto com seus discípulos. 3 Faltou vinho e a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho!” 4 Jesus respondeu: “Mulher, que existe entre nós? Minha hora ainda não chegou.” 5 A mãe de Jesus disse aos que estavam servindo: “Façam o que ele mandar.” 6 Havia aí seis potes de pedra de uns cem litros cada um, que serviam para os ritos de purificação dos judeus. 7 Jesus disse aos que serviam: “Encham de água esses potes.” Eles encheram os potes até a boca. 8 Depois Jesus disse: “Agora tirem e levem ao mestre-sala.” Então levaram ao mestre-sala. 9 Este provou a água transformada em vinho, sem saber de onde vinha. Os que serviam estavam sabendo, pois foram eles que tiraram a água. Então o mestre-sala chamou o noivo 10 e disse: “Todos servem primeiro o vinho bom e, quando os convidados estão bêbados, servem o pior. Você, porém, guardou o vinho bom até agora.” 11 Foi assim, em Caná da Galiléia, que Jesus começou seus sinais. Ele manifestou a sua glória, e seus discípulos acreditaram nele. Comentário: * 2,1-12: Segundo João, a primeira semana de Jesus termina com a festa de casamento em Caná. João relata este episódio por causa do seu aspecto simbólico: o casamento é o símbolo da união de Deus com a humanidade, realizada de maneira definitiva na pessoa de Jesus, Deus-e-Homem. Sem Jesus, a humanidade vive uma festa de casamento sem vinho. Maria, aliviando a situação constrangedora, simboliza a comunidade que nasce da fé em Jesus, e as últimas palavras que ela diz neste evangelho são um convite: “Façam o que Jesus mandar.” Jesus diz que a sua hora ainda não chegou, pois só acontecerá na sua morte e ressurreição, quando ele nos reconcilia com Deus. Jesus utilizou a água que os judeus usavam para as purificações. Os judeus estavam cegos pela preocupação de não se mancharem, e sua religião multiplicava os ritos de purificação. Mas Jesus transformou a água em vinho! É que a religião verdadeira não se baseia no medo do pecado. O importante é receber de Jesus o Espírito. Este, como vinho generoso, faz a gente romper com as normas que aprisionam e com a mesquinhez da nossa própria sabedoria. O episódio de Caná é uma espécie de resumo daquilo que vai acontecer através de toda a atividade de Jesus: com sua palavra e ação, Jesus transforma as relações dos homens com Deus e dos homens entre si. As bodas de Caná representam o primeiro dos sete sinais no Evangelho de João. O autor não fala em milagres, mas em sinais, pois não quer exaltar o fato em si, mas o que está por trás dele: revelar a glória de Jesus, para que os discípulos acreditem nele. Ele e seus discípulos foram convidados para um casamento, e a Mãe de Jesus também estava presente. Ao longo da festa, o vinho veio a faltar. A Mãe de Jesus intercede ao Filho em favor dos noivos e dos convidados. Festa sem vinho (bebida) é festa incompleta, sem alegria. Jesus é apresentado como o noivo da comunidade. A mãe tem importante papel na família, na comunidade, em todos os lugares. Ela é perspicaz e sensível diante das necessidades. Aqui, ela desempenha a função de convidar para fazer o que o Mestre pedir. Nós, católicos brasileiros, temos uma devoção e um carinho todo especial para com Maria, Mãe de Jesus e nossa. Entre muitos outros títulos, no Brasil, é conhecida como Nossa Senhora Aparecida. Ela olha com muito amor para o povo brasileiro e intercede a Jesus para que nunca falte o vinho da alegria e da dignidade para seus filhos e filhas.

Lucas 11, 15-26 Jesus é mais forte do que Satanás.

15 Mas alguns disseram: “É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios.” 16 Outros, para tentar Jesus, pediram-lhe um sinal do céu. 17 Mas, conhecendo o pensamento deles, Jesus disse: “Todo reino dividido em grupos que lutam entre si, será destruído; e uma casa cairá sobre outra. 18 Ora, se até Satanás está dividido contra si mesmo, como o seu reino poderá sobreviver? Vocês dizem que é por Belzebu que eu expulso os demônios. 19 Se é através de Belzebu que eu expulso os demônios, através de quem os filhos de vocês expulsam os demônios? Por isso, eles mesmos hão de julgar vocês. 20 Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou para vocês. 21 Quando um homem forte e bem armado guarda a sua casa, os bens dele estão em segurança. 22 Mas, quando chega um homem mais forte do que ele e o vence, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava, e reparte o que roubou. 23 Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa.” Pior do que antes -* 24 “Quando um espírito mau sai de um homem, fica vagando em lugares desertos à procura de repouso, e não encontra. Então diz: ‘Vou voltar para a casa de onde saí’. 25 Quando ele chega, encontra a casa varrida e arrumada. 26 Então ele vai, e traz consigo outros sete espíritos piores do que ele. Eles entram, moram aí e, no fim, esse homem fica em condição pior do que antes.” Comentário: * 14-23: A cura do endemoninhado mostra que a ação de Jesus consiste em libertar o homem da alienação que o impede de falar. A ação de Jesus testemunha a chegada do Reino de Deus, pois para vencer Satanás é preciso ser mais forte do que ele. Mas Jesus é, ao mesmo tempo, a presença da salvação e do julgamento: quem não age com Jesus, torna-se adversário. * 24-26: Cf. nota em Mt 12, 43-45: Recusando Jesus e o Reino de justiça que ele traz, os homens ficam entregues a uma alienação maior do que aquela em que se encontravam antes da sua vinda. Dizer que Jesus expulsa demônios pelo poder de Beelzebu é acusação absurda. Ofensa intolerável. Jesus reage, aponta a falta de bom senso dos adversários e esclarece que ele liberta as pessoas pelo poder do Espírito Santo (“dedo de Deus”). “Homem forte” é referência a Jesus, que derrota o inimigo (satanás) e resgata os pecadores mantidos em cativeiro. Jesus é aquele que faz triunfar, na terra, o Reino de Deus. É importante que todos os que são libertados por Jesus assumam, de fato, os valores do Reino de Deus, isto é, a prática da justiça e da fraternidade. Quem está com Jesus faz comunhão com ele e com os irmãos e irmãs. O encontro com Jesus é decisivo: ou a pessoa fica com ele e se liberta, ou fica contra ele e se mantém escrava das forças do mal.

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Lucas 11, 5-13 Pedir com confiança.

-* 5 Jesus acrescentou: “Se alguém de vocês tivesse um amigo, e fosse procurá-lo à meia-noite, dizendo: ‘Amigo, me empreste três pães, 6 porque um amigo meu chegou de viagem, e não tenho nada para oferecer a ele’. 7 Será que lá de dentro o outro responderia: ‘Não me amole! Já tranquei a porta, meus filhos e eu já nos deitamos; não posso me levantar para lhe dar os pães?’ 8 Eu declaro a vocês: mesmo que o outro não se levante para dar os pães porque é um amigo seu, vai levantar-se ao menos por causa da amolação, e dar tudo aquilo que o amigo necessita. 9 Portanto, eu lhes digo: peçam, e lhes será dado! Procurem, e encontrarão! Batam, e abrirão a porta para vocês! 10 Pois, todo aquele de que pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, a porta será aberta. 11 Será que alguém de vocês que é pai, se o filho lhe pede um peixe, em lugar do peixe lhe dá uma cobra? 12 Ou ainda: se pede um ovo, será que vai lhe dar um escorpião? 13 Se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas aos filhos, quanto mais o Pai do céu! Ele dará o Espírito Santo àqueles que o pedirem.” Comentário: * 5-13: O Evangelho insiste na oração perseverante e confiante. Se os homens são capazes de atender ao pedido de amigos e filhos, quanto mais o Pai! Ele nada recusará. Pelo contrário, dará o Espírito Santo, isto é, a força de Deus que leva o homem a viver conforme a vida de Jesus Cristo. Pedir alguma coisa com insistência pode significar real necessidade. Quando pedimos, reconhecemos nossa carência e insuficiência. No terreno das relações humanas, esse método funciona na maioria das vezes. Existe até uma ideia formada de que, entre nós, setenta por cento dos nossos pedidos são atendidos. Ora, Jesus aplica a imagem do comportamento humano para nos ensinar como Deus se posiciona com relação aos nossos pedidos. Ele é Pai misericordioso e está atento às necessidades de seus filhos e filhas. “Peçam […] procurem […] batam”, e o Pai os atenderá. O Espírito Santo é o grande presente que Deus nos dá, pois necessitamos de luzes, orientações, discernimento em nossa vida. O Espírito Santo virá em nosso socorro, pois não sabemos o que pedir (cf. Rm 8,26-27).

Lucas 11, 1-4 O “Pai Nosso”.

* 1 Um dia, Jesus estava rezando em certo lugar. Quando terminou, um dos discípulos pediu: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou os discípulos dele.” 2 Jesus respondeu: “Quando vocês rezarem, digam: Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. 3 Dá-nos a cada dia o pão de amanhã, 4 e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos aqueles que nos devem; e não nos deixes cair em tentação.” Comentário: * 1-4: Os mestres costumavam ensinar os discípulos a rezar, transmitindo o resumo da própria mensagem. O Pai Nosso traz o espírito e o conteúdo fundamental de toda oração cristã. Esta oração se faz na intimidade filial com Deus (Pai), apresentando-lhe os pedidos mais importantes: que o Pai seja reconhecido por todos (nome); que sua justiça e amor se manifestem (Reino); que, na vida de cada dia, ele nos dê vida plena (pão de amanhã); que ele nos perdoe como nós repartimos o perdão; que ele não nos deixe abandonar o caminho de Jesus (tentação). Por conhecer o espírito de oração de Jesus, um de seus discípulos expressa-lhe o desejo de aprender a rezar. Com isso, somos agraciados com a oração do Senhor, o Pai-nosso. A primeira palavra é “Pai”, termo simples que exprime a relação de Jesus com Deus (cf. Lc 2,49; 10,21; 22,42; 23,46 e 24,49). Então, o discípulo, à semelhança do Mestre, pode reconhecer e invocar a Deus como doador da vida e cheio de misericórdia. A seguir, os dois primeiros pedidos voltam-se para os interesses do Pai: o nome e o Reino; os três últimos se relacionam com as necessidades do ser humano: o pão, o perdão e a fidelidade a Deus. É a oração da solidariedade, característica de toda oração cristã: pão nosso, nossos pecados, nossos devedores…

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Lucas 10, 38-42 Ouvir a palavra de Jesus.

-* 38 Enquanto caminhavam, Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, o recebeu em sua casa. 39 Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e ficou escutando a sua palavra. 40 Marta estava ocupada com muitos afazeres. Aproximou-se e falou: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela venha ajudar-me!” 41 O Senhor, porém, respondeu: “Marta, Marta! Você se preocupa e anda agitada com muitas coisas; 42 porém, uma só coisa é necessária, Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada.” Comentário: * 38-42: Mais importante do que fazer as coisas, é fazê-las de modo novo. Para isso, é preciso ouvir a palavra de Jesus, que mostra o que fazer e como fazer. Jesus vai à casa de família amiga. Como é confortador estar em ambiente hospitaleiro e fraterno! O incansável pregador da Galileia precisava descansar um pouco e aproveitou a ocasião para nos deixar preciosa lição de vida. Antes de tudo, Jesus quebra um tabu: os mestres de sua época não ensinavam a lei às mulheres. Jesus, porém, ao ser recebido na casa de duas mulheres, confirma sua soberana liberdade com relação às proibições desse tipo. Ele não despreza os cuidados de Marta com a casa, mas insiste na prioridade que se deve dar à escuta de sua Palavra (Maria sentada aos pés do Senhor). Seu ensinamento é vida. Se o sustento do corpo é necessário, para viver, é mais importante o que sai da boca de Jesus, sua mensagem. Os muitos afazeres acabam impedindo a escuta eficaz da Palavra de Deus.

domingo, 6 de outubro de 2024

Lucas 1, 26-38 O Messias vai chegar.

-* 26 No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré. 27 Foi a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de Davi. E o nome da virgem era Maria. 28 O anjo entrou onde ela estava, e disse: “Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!”29 Ouvindo isso, Maria ficou preocupada, e perguntava a si mesma o que a saudação queria dizer. 30 O anjo disse: “Não tenha medo, Maria, porque você encontrou graça diante de Deus. 31 Eis que você vai ficar grávida, terá um filho, e dará a ele o nome de Jesus. 32 Ele será grande, e será chamado Filho do Altíssimo. E o Senhor dará a ele o trono de seu pai Davi, 33 e ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó. E o seu reino não terá fim.” 34 Maria perguntou ao anjo: “Como vai acontecer isso, se não vivo com nenhum homem?” 35 O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de você será chamado Filho de Deus. 36 Olhe a sua parenta Isabel: apesar da sua velhice, ela concebeu um filho. Aquela que era considerada estéril, já faz seis meses que está grávida. 37 Para Deus nada é impossível.” 38 Maria disse: “Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.” E o anjo a deixou. Comentário: * 26-38: Maria é outra representante da comunidade dos pobres que esperam pela libertação. Dela nasce Jesus Messias, o Filho de Deus. O fato de Maria conceber sem ainda estar morando com José indica que o nascimento do Messias é obra da intervenção de Deus. Aquele que vai iniciar nova história surge dentro da história de maneira totalmente nova. São Paulo VI definiu o rosário como “resumo de todo o Evangelho, onde a repetição da Ave-Maria em forma de ladainha torna-se louvor incessante a Cristo”. O rosário teve sua origem no século XII, por iniciativa dos dominicanos. Em 1573, o papa Gregório XIII, para realçar a importância do rosário, permitiu que a ordem dominicana, as confrarias do Santo Rosário e as igrejas com um altar em honra da Virgem do Rosário celebrassem, no primeiro domingo de outubro, a festa do “Santo Rosário da Bem-aventurada Virgem Maria”. São Pio X fixou a festa para o dia 7 de outubro. O atual calendário romano manteve a data, porém retocou o título da festa para: “Bem-aventurada Virgem Maria do Rosário”, abreviado na edição brasileira do missal para “Nossa Senhora do Rosário”.

sábado, 5 de outubro de 2024

Marcos 10, 2-16 Deus une o homem e a mulher.

2 Alguns fariseus se aproximaram de Jesus. Queriam tentá-lo e lhe perguntaram se a Lei permitia um homem se divorciar da sua mulher. 3 Jesus perguntou: “O que é que Moisés mandou vocês fazer?” 4 Os fariseus responderam: “Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio e depois mandar a mulher embora.” 5 Jesus então disse: “Foi por causa da dureza do coração de vocês que Moisés escreveu esse mandamento. 6 Mas, desde o início da criação, Deus os fez homem e mulher. 7 Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe, 8 e os dois serão uma só carne. Portanto, eles já não são dois, mas uma só carne. 9 Portanto, o que Deus uniu, o homem não deve separar.” 10 Quando chegaram em casa, os discípulos fizeram de novo perguntas sobre o mesmo assunto. 11 Jesus respondeu: “O homem que se divorciar de sua mulher e se casar com outra, cometerá adultério contra a primeira mulher. 12 E se a mulher se divorciar do seu marido e se casar com outro homem, ela cometerá adultério.” O Reino pertence aos pobres -* 13 Depois disso, alguns levaram crianças para que Jesus tocasse nelas. Mas os discípulos os repreendiam. 14 Vendo isso, Jesus ficou zangado e disse: “Deixem as crianças vir a mim. Não lhes proíbam, porque o Reino de Deus pertence a elas. 15 Eu garanto a vocês: quem não receber como criança o Reino de Deus, nunca entrará nele.” 16 Então Jesus abraçou as crianças e abençoou-as, pondo a mão sobre elas. Comentário: *1-12: Jesus recusa ver o matrimônio a partir de permissões ou restrições legalistas. Ele reconduz o matrimônio ao seu sentido fundamental: aliança de amor e, como tal, abençoada por Deus e com vocação de eternidade. Diante desse princípio fundamental, marido e mulher são igualmente responsáveis por uma união que deve crescer sempre, e os dois se equiparam quanto aos direitos e deveres. * 13-16: Aqui a criança serve de exemplo não pela inocência ou pela perfeição moral. Ela é o símbolo do ser fraco, sem pretensões sociais: é simples, não tem poder nem ambições. Principalmente na sociedade do tempo de Jesus, a criança não era valorizada, não tinha nenhuma significação social. A criança é, portanto, o símbolo do pobre marginalizado, que está vazio de si mesmo, pronto para receber o Reino. O divórcio encontrava apoio na lei judaica (cf. Dt 24,1). Com facilidade, o marido arrumava motivo para despedir sua mulher. Bastava ele querer a separação. Segundo a mentalidade da época, o marido era considerado superior à sua esposa e a tratava como sua propriedade. Por sua prática e ensinamentos, Jesus afirma a igualdade de homem e mulher. Sem negar a lei judaica, ele a coloca no seu devido lugar: Moisés “escreveu esse mandamento por causa da dureza do coração de vocês”. Ao fazer esse alerta, Jesus resgata o plano original do Criador: “Os dois serão uma só carne”. O casamento estabelece igualdade entre homem e mulher. Ser uma só carne é criar íntima união e mútua compreensão entre marido e mulher. É favorecer o respeito, já que foram criados com igual dignidade e liberdade.

Hebreus 2, 9-11 Jesus, irmão solidário dos homens.

9 Mas aquele Jesus, que foi feito pouco menor do que os anjos, nós o vemos agora coroado de glória e honra, por causa da morte que sofreu. Desse modo, pela graça de Deus, ele experimentou a morte em favor de todos. 10 De fato, Deus, por quem e para quem todas as coisas existem, queria conduzir para a glória um grande número de filhos. Em vista disso, pareceu-lhe conveniente levar à consumação, por meio do sofrimento, o Iniciador da salvação de todos eles. 11 Pois, tanto aquele que santifica, como aqueles que são santificados, todos têm a mesma origem. Por isso, ele não se envergonha de chamá-los irmãos, Comentário: * 5-18: A Lei transmitida pelos anjos não é capaz de abrir o mundo novo da salvação. A alienação produzida pelo mal, pelo pecado e pelo medo da morte exigem transformação radical da condição humana. Encarnando-se, Jesus se torna irmão solidário dos homens e assume totalmente os problemas deles, chegando a entregar-se à morte para introduzir os homens no reino da vida. A cruz é o seu sinal de glória e honra: o Filho de Deus feito homem e crucificado foi glorificado e agora domina o universo (cf. Fl 2,6-11). A humanidade encontra em Jesus um seu semelhante, capaz de ser sua garantia junto de Deus, como verdadeiro sumo sacerdote (v. 17). Os vv. 17-18 apresentam o tema central do sermão, que vai ser desenvolvido nos capítulos seguintes, a saber: Jesus é o sumo sacerdote, fiel a Deus e solidário com os homens.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Lucas 10, 17-24 A alegria do discípulo.

-* 17 Os setenta e dois voltaram muito alegres, dizendo: “Senhor, até os demônios obedecem a nós por causa do teu nome.” 18 Jesus respondeu: “Eu vi Satanás cair do céu como um relâmpago. 19 Vejam: eu dei a vocês o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo, e nada poderá fazer mal a vocês. 20 Contudo, não se alegrem porque os maus espíritos obedecem a vocês; antes, fiquem alegres porque os nomes de vocês estão escritos no céu.” Os pobres evangelizam -* 21 Nessa hora, Jesus se alegrou no Espírito Santo, e disse: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 22 Meu Pai entregou tudo a mim. Ninguém conhece quem é o Filho, a não ser o Pai, e ninguém conhece quem é o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar.” 23 E Jesus voltou-se para os discípulos, e lhes disse em particular: “Felizes os olhos que veem o que vocês veem. 24 Pois eu digo a vocês que muitos profetas quiseram ver o que vocês estão vendo, e não puderam ver; quiseram ouvir o que vocês estão ouvindo, e não puderam ouvir.” Comentário: * 17-20: Os milagres realizados são motivo de alegria para os discípulos que retornam. No entanto, Jesus mostra que são apenas sinais de uma libertação muito mais ampla, que ameaça o domínio de Satanás. A verdadeira alegria dos discípulos é saber que a novidade do Reino está surgindo, e que eles estão participando dela. * 21-24: Os sábios e inteligentes não são capazes de perceber em Jesus a presença do Reino. Só os desfavorecidos e pobres conseguem penetrar o sentido da atividade de Jesus e continuá-la. Sucesso na missão, alegria geral. A alegria é um tema que atravessa todo o Evangelho de Lucas. Numerosas são as pessoas que experimentam profunda alegria, procedente do Espírito Santo, a começar por Maria, que exclama: “Meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque olhou para a humilhação de sua serva” (Lc 1,47-48). O próprio Jesus exulta no Espírito Santo, porque os pequeninos deixaram-se envolver pelos mistérios do amor de Deus. Coisas extraordinárias os discípulos haviam realizado pelo poder de Jesus, que os acolhe e participa da alegria deles. Alegria que se intensifica por saberem que seus nomes “estão inscritos nos céus”. Eles estão a serviço da ação misericordiosa de Deus. São seus instrumentos privilegiados. Incentivo a perseverarem, colaborando na missão libertadora de Jesus.

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Lucas 10, 13-16 Os anunciadores do Reino.

13 Ai de você, Corazin! Ai de você, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no meio de vocês, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. 14 Pois bem: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura que vocês. 15 Ai de você, Cafarnaum! Será erguida até o céu? Será jogada no inferno, isso sim! 16 Quem escuta vocês, escuta a mim, e quem rejeita vocês, rejeita a mim; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou.” Comentário: * 1-16: Os discípulos são organizados por Jesus para anunciarem a Boa Notícia no caminho e começarem a realizar os atos que concretizam o Reino. Aqueles que não quiserem aderir à Boa Notícia ficarão fora da nova história. Com tristeza, e em forma de ameaça, Jesus se queixa das cidades que, tendo recebido a visita de Deus, não se converteram. Mudar de mentalidade e de atitudes é a primeira condição para receber a salvação. Deus se manifesta constantemente a seu povo, dando sinais que chamam à conversão: acontecimentos tristes ou alegres, crises, doenças, frustrações, esperanças… Tudo pode ser ocasião para a pessoa refletir sobre a própria vida. No entanto, a experiência nos mostra que muita gente, mergulhada nas preocupações terrenas ou alimentando os próprios sonhos egoístas, deixam escapar a graça de Deus. “Rejeitar a visita de Deus é escolher a própria destruição […] ficando fora da nova história e das novas relações sociais produzidas pelo projeto de Deus”

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Lucas 10, 1-12 Os anunciadores do Reino.

* 1 O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos, e os enviou dois a dois, na sua frente, para toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2 E lhes dizia: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso peçam ao dono da colheita que mande trabalhadores para a colheita. 3 Vão! Estou enviando vocês como cordeiros para o meio de lobos. 4 Não levem bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não parem no caminho, para cumprimentar ninguém. 5 Em qualquer casa onde entrarem, digam primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’ 6 Se aí morar alguém de paz, a paz de vocês irá repousar sobre ele; se não, ela voltará para vocês. 7 Permaneçam nessa mesma casa, comam e bebam do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não fiquem passando de casa em casa. 8 Quando entrarem numa cidade, e forem bem recebidos, comam o que servirem a vocês, 9 curem os doentes que nela houver. E digam ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vocês!’ 10 Mas quando vocês entrarem numa cidade, e não forem bem recebidos, saiam pelas ruas e digam: 11 ‘Até a poeira dessa cidade, que se grudou em nossos pés, nós sacudimos contra vocês. Apesar disso, saibam que o Reino de Deus está próximo’. 12 Eu lhes afirmo: no dia do julgamento, Deus será mais tolerante com Sodoma do que com tal cidade. Comentário: * 10,1-16: Os discípulos são organizados por Jesus para anunciarem a Boa Notícia no caminho e começarem a realizar os atos que concretizam o Reino. Aqueles que não quiserem aderir à Boa Notícia ficarão fora da nova história. Jesus envia seus discípulos “como ovelhas no meio de lobos”. A perspectiva de rejeição assusta. Entretanto, é possível entrever um movimento carregado de esperança: evangelizar é transformar uma sociedade de lobos numa sociedade de irmãos. Com efeito, os discípulos levam a mansidão, a pobreza, o espírito de paz. Sem exigências, “comendo e bebendo o que tiverem”. Curam os doentes e anunciam o Reino de Deus. Recebem a justa retribuição pelo trabalho, e batem os pés como gesto de julgamento contra os inimigos do Reino. Naturalmente, essa benéfica transformação entra em choque com o egoísmo de muitos e as estruturas sociais injustas. Diante do panorama um tanto sombrio da missão, os discípulos não precisam recuar de medo. Eles vão em nome de Jesus: “O Senhor […] os enviou à sua frente”.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Mateus 18, 1-5.10 Quem é o maior na comunidade?

* 1 Naquele momento, os discípulos se aproximaram de Jesus e perguntaram: “Quem é o maior no Reino do Céu?” 2 Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles, 3 e disse: “Eu lhes garanto: se vocês não se converterem, e não se tornarem como crianças, vocês nunca entrarão no Reino do Céu. 4 Quem se abaixa, e se torna como essa criança, esse é o maior no Reino do Céu. 5 E quem recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe.” Por que alguém se afasta da comunidade? -* 10 “Cuidado para não desprezar nenhum desses pequeninos, pois eu digo a vocês: os anjos deles no céu estão sempre na presença do meu Pai que está no céu. 11 O Filho do Homem veio para salvar o que estava perdido. Comentário: * 1-5: A comunidade cristã não é a reprodução de uma sociedade que se baseia na riqueza e no poder. Nela, é maior ou mais importante aquele que se converte, deixando todas as pretensões sociais, para pertencer a um grupo que acolhe fraternalmente Jesus na pessoa dos pequenos, fracos e pobres. * 10-14: Por que alguém se extravia, isto é, se distancia da comunidade? Certamente por causa do escândalo (vv. 6-9), ou do desprezo daqueles que buscam poder e prestígio. A parábola mostra que a comunidade inteira deve preocupar-se e procurar aquele que se extraviou. A comunidade se alegra quando ele volta para o seu meio, porque a vontade do Pai foi cumprida. O Antigo e o Novo Testamento falam com frequência sobre o papel dos anjos: são mensageiros de Deus e se manifestam nas situações concretas das pessoas: “Vou enviar meu mensageiro à sua frente para que cuide de você no caminho […] Respeite-o e obedeça à voz dele. Não se revolte, porque ele leva o meu nome” (Ex 23,20-21). A Igreja ensina que Deus destinou a cada pessoa um anjo que a proteja e acompanhe ao longo da vida. Eis o que diz o Catecismo da Igreja católica (n. 334): “A vida da Igreja se beneficia da ajuda misteriosa e poderosa dos anjos” (cf. At 5,18-20; 8,26-28; 10,3- 8; 12,6-11; 27,23-25). O culto aos anjos da guarda estava, primeiramente, ligado ao de São Miguel. A partir do século XVI, figura como festa própria em muitas igrejas. No calendário romano, essa celebração foi introduzida em 1615.

Lucas 9, 51-56 Jesus vai para Jerusalém.

-* 51 Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém, 52 e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho, e entraram num povoado de samaritanos, para conseguir alojamento para Jesus. 53 Mas, os samaritanos não o receberam, porque Jesus dava a impressão de quem se dirigia para Jerusalém. 54 Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para acabar com eles?” 55 Jesus porém, voltou-se e os repreendeu. 56 E partiram para outro povoado. Comentário: * 51-56: Jesus inicia o seu caminho para Jerusalém (cf. Introdução). Nessa viagem, Lucas mostra a pedagogia de Jesus, que vai indicando o caminho para aqueles que querem unir-se a ele. Tal processo por ele iniciado vai provocar sérios conflitos com aqueles que não querem mudar o rumo da história. Por enquanto, nem os samaritanos entendem que Jesus vai a Jerusalém para salvá-los. E os discípulos não imaginam que a Samaria será um dos primeiros lugares que eles evangelizarão ao saírem de Jerusalém (At 1,8). Começa a grande viagem de Jesus para Jerusalém, para a cruz, para o céu. A expressão “ele tomou a firme resolução” corresponde às palavras do servo sofredor: “Endureço meu rosto como pedra, porque sei que não vou me sentir envergonhado” (Is 50,7). Logo no começo do caminho, Jesus e seus discípulos encontram resistência por parte dos samaritanos, inimigos dos judeus. É lamentável que neguem hospitalidade a Jesus (cf. Lc 10,33; 17,16; Jo 4,7ss). A reação de Tiago e João não é cristã. Não compreendem o programa de Jesus, que não veio destruir vidas, mas salvá-las. Jesus reprova os “filhos do trovão” (Mc 3,17) e os convida a dar o tempo necessário à conversão dos povos e ao progresso do Reino. A impaciência dos apóstolos é também a nossa.