sexta-feira, 4 de abril de 2025
João 7, 40-53 A manifestação de Jesus provoca divisão.
- 40 Ouvindo essas palavras, alguns diziam no meio da multidão: “De fato, este homem é mesmo o Profeta!” 41 Outros diziam: “Ele é o Messias.” Outros ainda afirmavam: “Mas o Messias virá da Galileia? 42 A Escritura não diz que o Messias será da descendência de Davi e que virá de Belém, povoado de onde era Davi?”
43 Por isso, houve uma divisão no meio do povo por causa de Jesus. 44 Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém pôs as mãos em cima dele.
As autoridades recusam ouvir Jesus -* 45 Os guardas do Templo foram para onde estavam os chefes dos sacerdotes e fariseus. E estes perguntaram: “Por que é que vocês não trouxeram Jesus?” 46 Os guardas responderam: “Ninguém jamais falou como esse homem.” 47 Então os fariseus perguntaram: “Será que ele enganou vocês também? 48 Vocês já viram um só dos nossos chefes ou fariseu que acreditasse nele? 49 Esse povinho, que não conhece a Lei, é maldito.” 50 Mas Nicodemos, um dos fariseus, aquele que tinha ido encontrar-se com Jesus, disse: 51 “Será que a nossa Lei julga alguém antes de ouvir e saber o que ele faz?” 52 Eles responderam: “Você também é galileu? Estude e verá que da Galileia não sai profeta.” 53 E cada um voltou para sua casa.
Comentário:
* 25-36.40-44: Os dirigentes dos judeus tentam prender Jesus, que para eles é uma ameaça. E no meio do povo a divisão continua: o tema da discussão é sobre a origem do Messias. Uns não aceitam Jesus, baseados numa tradição teórica sobre a origem do Messias. Outros, que já são muitos, acreditam que Jesus é o Messias, porque prestam atenção na sua prática libertadora e veem nisso sinal da presença de Deus. E Jesus então mostra o verdadeiro critério para reconhecer o Messias: não é o lugar de sua origem, mas o fato de ele ser o enviado de Deus, cuja atividade seja reconhecida pelas obras que faz.
* 37-39: Jesus veio matar a sede do homem (Jo 4). Mas aqueles que estão bem de vida, satisfeitos com a situação, jamais vão aderir a Jesus porque não buscam ansiosamente uma alternativa, não sentem sede. Só os que estão abertos à novidade de Deus no mundo (Jo 3) conseguem acreditar e dar sua adesão a Jesus.
* 45-53: Aqueles que detêm o poder não toleram a mensagem de Jesus, porque ela acabaria com todos os seus privilégios. Por isso, amaldiçoam o povo simples e procuram prender Jesus, usando a Lei como arma repressiva.
As divergências sobre a messianidade de Jesus continuam. João desenvolve o tema com vários pormenores e certa ironia, zombando da ignorância dos chefes dos judeus sobre a origem de Jesus. Sua mensagem conduz a uma tomada de posição. Muitos creem e seguem Jesus, mas a dureza de coração e a cegueira da hipocrisia impedem os sacerdotes e fariseus de o reconhecerem como o Messias. O Evangelho de hoje nos alerta ainda para a importância de não julgar ninguém sem antes o ouvir e saber o que ele fez. Em certos acontecimentos, hoje como ontem, a sociedade julga pelas aparências e a partir de seus preconceitos. Muitas vezes, são os próprios cristãos que acabam caindo nesse pecado.
quinta-feira, 3 de abril de 2025
João 7, 1-2.10.25-30 Jesus é sinal de contradição.
-* 1 Depois disso, Jesus começou a andar pela Galileia. Ele evitava andar pela Judéia, porque os judeus queriam matá-lo. 2 Entretanto, a festa judaica das Tendas estava próxima. 3
10 Depois que seus irmãos foram para a festa, Jesus também foi; ele não foi publicamente, mas às escondidas.
Jesus é o enviado do Pai -* 25 Algumas pessoas de Jerusalém comentavam: “Não é este que estão procurando para matar? 26 Ele está aí falando em público, e ninguém diz nada! Será que até as autoridades reconheceram que ele é o Messias? 27 Entretanto, nós sabemos de onde vem esse Jesus, mas, quando chegar o Messias, ninguém saberá de onde ele vem.” 28 Jesus estava ensinando no Templo. Então ele gritou: “Será que de fato vocês me conhecem e sabem de onde eu sou? Eu não vim por mim mesmo. Quem me enviou é verdadeiro, e vocês não o conhecem. 29 Mas eu o conheço, porque venho de junto dele, e foi ele quem me enviou.”
30 Então tentaram prender Jesus. Mas ninguém pôs a mão em cima dele, porque a hora dele ainda não tinha chegado.
Comentário:
* 1-13: A atividade de Jesus denuncia o agir perverso da sociedade, e por isso provoca ódio. Os parentes de Jesus pensam no sucesso. As autoridades o procuram, vendo nele um perigo. E o povo expressa opiniões diversas a respeito dele: uns o julgam a partir das obras que ele realiza (Jesus é bom), e outros a partir de leis e estruturas estabelecidas (engana o povo). Assim a presença de Jesus é sinal de contradição que vai revelando a face das pessoas.
* 14-24: O que leva Jesus a agir não é a busca de sucesso pessoal, nem a defesa de algumas doutrinas de círculos religiosos oficiais que manipulam a fé. Na sua ação, Jesus busca apenas realizar a vontade do Pai, e esta se apresenta como libertação do homem. Uma doutrina que impede a realização do homem nunca pode ser apresentada como vontade de Deus.
* 25-36.40-44: Os dirigentes dos judeus tentam prender Jesus, que para eles é uma ameaça. E no meio do povo a divisão continua: o tema da discussão é sobre a origem do Messias. Uns não aceitam Jesus, baseados numa tradição teórica sobre a origem do Messias. Outros, que já são muitos, acreditam que Jesus é o Messias, porque prestam atenção na sua prática libertadora e veem nisso sinal da presença de Deus. E Jesus então mostra o verdadeiro critério para reconhecer o Messias: não é o lugar de sua origem, mas o fato de ele ser o enviado de Deus, cuja atividade seja reconhecida pelas obras que faz.
A espera do Messias faz parte da cultura judaica. Todos esperavam o messias anunciado pelos profetas para dar início ao tempo da graça do Senhor. Mas havia muitas divergências sobre como seria esse messias, por isso o reconhecimento de Jesus gera muitas polêmicas e controvérsias. Ao longo do Evangelho de João, vamos constatando que tudo o que falam sobre o messias confirma ser Jesus o esperado. Quando chegar a hora, tema caro a João, todos saberão que Jesus é o Filho de Deus, o Justo, já anunciado no Antigo Testamento.
quarta-feira, 2 de abril de 2025
João 5, 31-47 Testemunhas em favor de Jesus.
* 31 “Se eu dou testemunho de mim mesmo, meu testemunho não vale. 32 Mas há outro que dá testemunho de mim, e eu sei que o testemunho que ele dá de mim é válido. 33 Vocês mandaram mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. 34 Eu não preciso de testemunho de um homem, mas falo isso para que vocês sejam salvos. 35 João era uma lâmpada que estava acesa e iluminava. Vocês quiseram se alegrar com sua luz. 36 Mas eu tenho um testemunho maior que o de João: são as obras que o Pai me concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou. 37 E o Pai que me enviou deu testemunho a meu favor. Vocês nunca ouviram a voz dele, nem viram a sua face. 38 Desse modo, a palavra dele não permanece em vocês, porque vocês não acreditam naquele que ele enviou.
39 Vocês vivem estudando as Escrituras, pensando que vão encontrar nelas a vida eterna. No entanto, as Escrituras dão testemunho de mim. 40 Mas vocês não querem vir a mim para terem a vida eterna. 41 Eu não aceito elogios dos homens. 42 Quanto a vocês, eu já os conheço muito bem: o amor de Deus não está dentro de vocês. 43 Eu vim em nome do meu Pai, e vocês não me receberam. Mas, se outro vem em seu próprio nome, vocês o receberão. 44 Como é que vocês poderão acreditar, se vivem elogiando uns aos outros, e não buscam a glória que vem do Deus único? 45 Não pensem que eu vou acusar vocês diante do Pai. Já existe alguém que os acusa: é Moisés, no qual vocês põem sua esperança. 46 Se vocês acreditassem mesmo em Moisés, também acreditariam em mim, porque foi a respeito de mim que Moisés escreveu. 47 Mas, se vocês não acreditam naquilo que ele escreveu, como irão acreditar nas minhas palavras?”
Comentário:
* 31-47: Como distinguir o verdadeiro e o falso, reconhecendo se Jesus realiza ou não a vontade de Deus? Jesus apresenta as três testemunhas que confirmam sua missão divina: primeiro, sua ação em favor da vida e da liberdade; segundo, o testemunho de João Batista, que o apresenta como salvador; terceiro, as Escrituras, que anunciavam o que Jesus agora realiza. Não adianta nada uma comunidade dizer que tem fé e repetir as palavras da Bíblia; é necessário que as ações dessa comunidade sejam continuação da ação de Jesus, confirmando a própria fé.
O testemunho é o tema central do Evangelho de João. Hoje lemos o segundo discurso de Jesus sobre esse tema, no qual recorda todos os que dão testemunho dele: Moisés, João Batista, seus sinais e, o principal, Deus Pai (recordando a cena do batismo, quando se ouviu a voz vinda do céu). O testemunho é verdadeiro exatamente porque provém de fontes diversas, e não de Jesus, em primeira pessoa. Mesmo assim, os opositores de Jesus não acreditam. A missão da Igreja, hoje, é continuar a testemunhar Cristo, a fim de que sempre mais pessoas se convertam e creiam.
terça-feira, 1 de abril de 2025
João 5, 17-30 A vida está acima da lei.
17 Jesus então lhes disse: “Meu Pai continua trabalhando até agora e eu também trabalho.” 18 Por isso, as autoridades dos judeus tinham mais vontade ainda de matar Jesus, porque, além de violar a lei do sábado, chegava até a dizer que Deus era o seu Pai, fazendo-se assim igual a Deus.
Jesus dá vida a quem está morto -* 19 Então Jesus disse às autoridades dos judeus: “Eu garanto a vocês: o Filho não pode fazer nada por sua própria conta; ele faz apenas o que vê o Pai fazer. O que o Pai faz, o Filho também faz. 20 O Pai ama o Filho, e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz. E lhe mostrará obras ainda maiores, que deixarão vocês admirados.
21 Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, o Filho também dá a vida a quem ele quer dar. 22 O Pai não julga ninguém. Ele deu ao Filho todo o poder de julgar, 23 para que todos honrem o Filho, da mesma forma que honram o Pai. Quem não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou.
24 Eu garanto a vocês: quem ouve a minha palavra e acredita naquele que me enviou, possui a vida eterna. Não será condenado, porque já passou da morte para a vida.
25 Eu garanto a vocês: está chegando, ou melhor, já chegou a hora em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus: aqueles que ouvirem sua voz, terão a vida. 26 Porque assim como o Pai possui a vida em si mesmo, do mesmo modo ele concedeu ao Filho possuir a vida em si mesmo. 27 Além disso, ele deu ao Filho o poder de julgar, porque é Filho do Homem.
28 Não fiquem admirados com isso, porque vai chegar a hora em que todos os mortos que estão nos túmulos ouvirão a voz do Filho, 29 e sairão dos túmulos: aqueles que fizeram o bem, vão ressuscitar para a vida; os que praticaram o mal, vão ressuscitar para a condenação.
30 Eu não posso fazer nada por mim mesmo. Eu julgo conforme o que escuto e o meu julgamento é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, e sim a vontade daquele que me enviou.”
Comentário:
* 1-18: O paralítico é figura do povo oprimido e paralisado, à espera de alguém que o liberte. Jesus vai ao encontro do paralítico, e lhe ordena que ele próprio se levante e ande, encontrando sua liberdade e decidindo seu próprio caminho.
Para Jesus e para seu Pai, o importante é a vida e a liberdade. Elas estão acima até mesmo das leis religiosas e da opinião de quaisquer autoridades.
* 19-30: Em tudo o que faz, Deus procura dar a vida, e sua maior obra é a ressurreição. Ressuscitar não é apenas voltar à vida física, mas levantar-se para começar vida nova e transformada. A fé em Jesus, que é compromisso com sua palavra e ação, leva o povo a começar a vida nova da ressurreição, organizando-se como família dos filhos de Deus e irmãos de Jesus. Assim, a morte já está sendo vencida, e o será definitivamente na ressurreição final.
A hora mencionada por João no seu Evangelho é o momento em que Jesus – pela paixão, morte e ressurreição – será glorificado, ou seja, o momento em que Cristo regressará à intimidade de amor com o Pai. Essa hora significa o tempo da graça, o dia de salvação, a renovação da aliança de Deus com seu povo, quando toda a humanidade é iluminada pela luz da verdade. Esta hora é a Páscoa, que em breve celebraremos, mas da qual fazemos memória em cada celebração eucarística. Após a sua ressurreição, será clara a relação Pai/Filho, ouvir o Filho/crer no Pai, ouvir a palavra/ouvir a voz, fé/conduta, vida/julgamento. Jesus e o Pai são um.
segunda-feira, 31 de março de 2025
João 5, 1-16 A vida está acima da lei.
* 1 Depois disso, houve uma festa judaica, e Jesus foi a Jerusalém. 2 Em Jerusalém, perto da porta das Ovelhas, existe uma piscina rodeada por cinco corredores cobertos. Em hebraico a piscina chamava-se Betesda. 3 Muitos doentes ficavam aí deitados: eram cegos, coxos e paralíticos, esperando que a água se movesse (4 porque um anjo descia de vez em quando e movimentava a água da piscina. O primeiro doente que entrasse na piscina, depois que a água fosse movida, ficava curado de qualquer doença que tivesse). 5 Aí ficava um homem que estava doente havia trinta e oito anos. 6 Jesus viu o homem deitado e ficou sabendo que estava doente havia muito tempo. Então lhe perguntou: “Você quer ficar curado?” 7 O doente respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina quando a água está se movendo. Quando vou chegando, outro já entrou na minha frente.” 8 Jesus disse: “Levante-se, pegue sua cama e ande”. 9 No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua cama e começou a andar. Era um dia de sábado. 10 Por isso, as autoridades dos judeus disseram ao homem que tinha sido curado: “Hoje é dia de sábado. A lei não permite que você carregue a cama.” 11 Ele respondeu: “Aquele homem que me curou disse: ‘Pegue sua cama e ande’.” 12 Então os dirigentes dos judeus lhe perguntaram: “Quem foi que disse a você para pegar a cama e andar?” 13 O homem que tinha sido curado não sabia quem era, porque Jesus tinha desaparecido no meio das pessoas que estavam reunidas nesse lugar. 14 Mais tarde, Jesus encontrou aquele homem no Templo e lhe disse: “Você ficou curado. Não peque de novo, para que não lhe aconteça alguma coisa pior.”
15 Então o homem saiu e disse às autoridades dos judeus que tinha sido Jesus quem o havia curado. 16 Então as autoridades dos judeus começaram a perseguir Jesus, porque ele havia curado em dia de sábado.
Comentário:
* 1-18: O paralítico é figura do povo oprimido e paralisado, à espera de alguém que o liberte. Jesus vai ao encontro do paralítico, e lhe ordena que ele próprio se levante e ande, encontrando sua liberdade e decidindo seu próprio caminho.
Para Jesus e para seu Pai, o importante é a vida e a liberdade. Elas estão acima até mesmo das leis religiosas e da opinião de quaisquer autoridades.
A água sempre foi associada à pureza, à cura e à vida. Basta recordar diversas passagens do Antigo Testamento para comprovar sua importância na vida do ser humano e na ação de Deus. Além da presença deste símbolo no Evangelho de hoje, também na primeira leitura, ela é determinante. Ezequiel utiliza-a numa bela metáfora que simboliza o poder de Deus que dá a vida por toda a terra, enquanto João associa a água ao poder taumatúrgico de Jesus. As águas descritas na profecia de Ezequiel são símbolo de vida nova, pelas quais terá novo alento todo ser vivo que nelas se mover. Uma nova vida que o paralítico do Evangelho também esperava receber pelas águas da piscina, que a tradição popular acreditava serem agitadas por um anjo. Mas, a vida nova, o doente a recebe por meio de Jesus Cristo.
domingo, 30 de março de 2025
João 4, 43-54 Muitos acreditam só quando veem milagres.
-* 43 Dois dias depois, Jesus foi para a Galileia. 44 Mas o próprio Jesus tinha declarado: “Um profeta nunca é bem recebido em sua própria terra.” 45 Entretanto, quando ele chegou à Galileia, os galileus o receberam bem, porque tinham visto tudo o que Jesus havia feito em Jerusalém durante a festa. Pois eles também tinham ido à festa.
Segundo sinal: Jesus cura o filho do funcionário do rei
A fé na palavra de Jesus produz vida - 46 Jesus voltou para Caná da Galileia, onde havia transformado a água em vinho. Ora, em Cafarnaum havia um funcionário do rei que tinha um filho doente. 47 Ele ouviu dizer que Jesus tinha ido da Judéia para a Galileia. Saiu ao encontro de Jesus e lhe pediu que fosse a Cafarnaum curar seu filho que estava morrendo. 48 Jesus disse-lhe: “Se vocês não veem sinais e prodígios, vocês não acreditam.” 49 O funcionário do rei disse: “Senhor, desce, antes que meu filho morra!” 50 Jesus disse-lhe: “Pode ir, seu filho está vivo.” O homem acreditou na palavra de Jesus e foi embora. 51 Enquanto descia para Cafarnaum, seus empregados foram ao seu encontro e disseram: “Seu filho está vivo.” 52 O funcionário perguntou a que horas o menino tinha melhorado. Eles responderam: “A febre desapareceu ontem pela uma hora da tarde.” 53 O pai percebeu que tinha sido exatamente na mesma hora em que Jesus lhe havia dito: “Seu filho está vivo.” Então ele acreditou, juntamente com toda a sua família. 54 Esse foi o segundo sinal de Jesus. Foi realizado quando ele voltou da Judéia para a Galileia.
Comentário:
* 43-54: O círculo da missão evangelizadora de Jesus se expande, distanciando-se cada vez mais das instituições consideradas salvadoras. Os judeus recusam Jesus, os samaritanos o acolhem. E agora um pagão acredita na palavra dele e se converte com toda a família. Fica assim rompida toda relação de dependência entre salvação e lei, entre fé e instituição. A salvação é dom de Deus para todos aqueles que se abrem e respondem a esse dom.
O funcionário do rei, um pagão, é o terceiro exemplo típico de ser humano que vai à procura da fé (Nicodemos é o primeiro, e a samaritana, o segundo). Apesar da dor e do sofrimento por ver seu filho à beira da morte, o funcionário real vai ao encontro de Jesus e confia nas suas palavras, por isso é atendido. Como consequência, sua fé contagia todos os seus familiares, comprovando que o testemunho que damos é fundamental para conduzirmos as pessoas com quem convivemos à fé e à boa conduta. O fato de um pagão crer em Cristo, ser atendido por ele e toda a sua família se converter demonstra ainda a abertura do Reino a todos os que aceitam a Boa-nova de Jesus e revela uma das práticas muito difundidas no início do cristianismo, com as tradicionais igrejas domésticas.
sábado, 29 de março de 2025
Lucas 11, 1-3.11-32 Jesus provoca escândalo.
* 1 Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar. 2 Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus, dizendo: “Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!”
Os dois filhos -* 11 Jesus continuou: “Um homem tinha dois filhos. 12 O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, me dá a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. 13 Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu, e partiu para um lugar distante. E aí esbanjou tudo numa vida desenfreada. 14 Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome nessa região, e ele começou a passar necessidade. 15 Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para a roça, cuidar dos porcos. 16 O rapaz queria matar a fome com a lavagem que os porcos comiam, mas nem isso lhe davam. 17 Então, caindo em si, disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome... 18 Vou me levantar, e vou encontrar meu pai, e dizer a ele: - Pai, pequei contra Deus e contra ti; 19 já não mereço que me chamem teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. 20 Então se levantou, e foi ao encontro do pai.
Quando ainda estava longe, o pai o avistou, e teve compaixão. Saiu correndo, o abraçou, e o cobriu de beijos. 21 Então o filho disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho’. 22 Mas o pai disse aos empregados: ‘Depressa, tragam a melhor túnica para vestir meu filho. E coloquem um anel no seu dedo e sandálias nos pés. 23 Peguem o novilho gordo e o matem. Vamos fazer um banquete. 24 Porque este meu filho estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’. E começaram a festa.
25 O filho mais velho estava na roça. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26 Então chamou um dos criados, e perguntou o que estava acontecendo. 27 O criado respondeu: ‘É seu irmão que voltou. E seu pai, porque o recuperou são e salvo, matou o novilho gordo’. 28 Então, o irmão ficou com raiva, e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29 Mas ele respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua; e nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30 Quando chegou esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho gordo!’ 31 Então o pai lhe disse: ‘Filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu. 32 Mas, era preciso festejar e nos alegrar, porque esse seu irmão estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’.”
Comentário:
* 15,1-2: O capítulo 15 de Lucas é o coração de todo o Evangelho (= Boa Notícia). Aí vemos que o amor do Pai é o fundamento da atitude de Jesus diante dos homens. Respondendo à crítica daqueles que se consideram justos, cheios de méritos, e se escandalizam da solidariedade para com os pecadores, Jesus narra três parábolas. A primeira e a segunda mostram a atitude de Deus em Jesus, questionando a hipocrisia dos homens. A terceira tem dois aspectos: o processo de conversão do pecador e o problema do “justo” que resiste ao amor do Pai.
* 3-7: A parábola não quer dizer que Deus prefere o pecador ao justo, ou que os justos sejam hipócritas. Ela ressalta o mistério do amor do Pai que se alegra em acolher o pecador arrependido ao lado do justo que persevera.
* 11-32: O processo de conversão começa com a tomada de consciência: o filho mais novo sente-se perdido econômica e moralmente. A acolhida do pai e as medidas tomadas mostram não só o perdão, mas também o restabelecimento da dignidade de filho. O filho mais velho é justo e perseverante, mas é incapaz de aceitar a volta do irmão e o amor do pai que o acolheu. Recusa-se a participar da alegria. Com esta parábola, Jesus faz apelo supremo para que os doutores da Lei e os fariseus aceitem partilhar da alegria de Deus pela volta dos pecadores à dignidade da vida.
O capítulo 15 do Evangelho de Lucas nos apresenta três parábolas: a ovelha perdida, a moeda extraviada e o filho fujão. O objetivo dessas parábolas é revelar a misericórdia de Deus e de seu Filho. A chave de interpretação dessas parábolas está na acusação que as autoridades fazem a Jesus: ele acolhe os pecadores e come com eles. O texto nos apresenta a terceira parábola, conhecida como parábola do filho pródigo. O filho mais novo resolve tomar o destino de sua própria vida e abandona a família. Sai em busca de aventura e acaba se tornando escravo de sua própria escolha. Ao voltar para a casa paterna, o pai vai ao encontro dele e o acolhe com alegria e festa. O Pai sempre acolhe de braços abertos quem volta para ele. O filho mais velho, porém, não concorda com a volta do irmão e a atitude do pai. É alguém que não aceita o amor e a misericórdia de Deus para com os pecadores. A parábola nos mostra a grande misericórdia do Pai, que acolhe, perdoa e se alegra com a volta de seus filhos e filhas.
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