domingo, 12 de outubro de 2014

Apocalipse de São João, 12, 1.5.13a.15-16a Jesus Messias vence o mal.

* 1 Apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher vestida com o sol, tendo a lua debaixo dos pés, e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. 5* Nasceu o Filho da Mulher. Era menino homem. Nasceu para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o Filho foi levado para junto de Deus e de seu trono.
13* Quando viu que tinha sido expulso para a terra, o Dragão começou a perseguir a Mulher, aquela que tinha dado à luz um menino homem. 15 A Serpente não desistiu: vomitou um rio de água atrás da Mulher, para que ela se afogasse. 16 Mas a terra socorreu a Mulher: abriu a boca e engoliu o rio que o Dragão tinha vomitado.
Comentário:
* 1-16,20: É a parte mais importante do livro. Mostra que o tempo do povo de Deus é o tempo de confronto com o mal, até chegar a consumação da história. João analisa agora a vitória sobre o mal (Ap 12), o ambiente onde os cristãos vão profetizar (Ap 13) e a conseqüência do testemunho profético, isto é, o julgamento (Ap 14,1-16,20). Os capítulos 12-14 interrompem o desenvolvimento linear do livro.
12,1-2: A Mulher é um símbolo cheio de significados: é Eva, a mãe da humanidade (cf. Gn 3,15-20); também o povo de Israel (doze estrelas = doze tribos) assim como Sião, o resto do povo de Deus que espera o Messias (Is 66,7). É também Maria enquanto mãe de Jesus e mãe dos discípulos de Jesus (Jo 19,25-27), e o povo de Deus da nova Aliança (doze estrelas = doze apóstolos).
* 3-4: O Dragão personifica o mal, inimigo de Deus. Trata-se do egoísmo, orgulho e auto-suficiência que deformam os indivíduos e os grupos sociais. Ele é sangüinário (vermelho), tem pleno poder sobre os impérios do mundo (sete cabeças e sete diademas), mas sua força é relativa e imperfeita (dez chifres). Ele tem a pretensão de lutar contra Deus (estrelas do céu). Quer devorar o Filho da Mulher, o Messias que veio para destruí-lo.
* 5-6: O Filho é Jesus, que nasce (ressurreição) para a glória e para dominar as nações, destruindo o poder do Dragão. O mal foi derrotado. Agora a situação do povo de Deus é como a dos hebreus no deserto, libertados da escravidão: viverá no deserto até o fim da história (mil, duzentos e sessenta dias), em meio a perseguições e na intimidade com Deus.
* 7-12: O mal foi cortado pela raiz. Miguel (= Quem é como Deus?) vence e expulsa o Dragão, o mal que sempre ameaçou a humanidade (Serpente, Diabo, Satanás). Mas os cristãos não podem ficar acomodados, porque o mal continua agindo no mundo e, agonizante, ainda vai perseguir os homens de todos os modos.
* 13-18: O mal não conseguiu vencer Jesus; por isso agora persegue os cristãos seguidores de Jesus. Mas estes são continuamente protegidos por Deus, até o final da história (três tempos e meio = mil, duzentos e sessenta dias). É tempo de perseguição (rio) mas, como no Êxodo, o povo de Deus não sucumbe.
* 13,1-18: O povo de Deus profetiza na Grande Cidade (11,8), onde estão os poderes que se tornam maus quando se absolutizam, tomando o lugar de Deus e escravizando os homens.
1-4: A Besta é o poder político absolutizado, isto é, os poderes totalitários, ditatoriais e opressores. Na época de João, trata-se de Roma, às margens do mar Mediterrâneo. A Besta encarna o mal (Dragão) na história (sete cabeças e dez chifres, que serão explicados em Ap 17). Blasfemar é tomar coisas ou pessoas humanas como divinas; usurpando títulos honoríficos e divinos é que os poderosos afirmam sua autoridade e oprimem os homens. A Besta é uma superpotência (pantera, urso, leão: Dn 7,4-7). Ela é agente do mal (Dragão), que lhe dá todo o poder. O Dragão e a Besta são uma paródia do Deus que entrega o domínio da história a Jesus ressuscitado (Ap 4-5). A Besta é também uma paródia de Cristo morto e ressuscitado (cabeça ferida e curada). O império romano parecia ter decaído com Nero, mas depois volta ao seu esplendor: é o mal que vai e vem na história através dos poderes absolutizados. As multidões se maravilham com isso e adoram a Besta como se ela fosse Deus: “Quem é como a Besta?”

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