sexta-feira, 31 de maio de 2013

Lucas 1, 39-56 João aponta o Messias.

* 39 Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, às pressas, a uma cidade da Judéia. 40 Entrou na casa de Zacarias, e saudou Isabel. 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42 Com um grande grito exclamou: “Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre! 43 Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha me visitar? 44 Logo que a sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre. 45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu.”

O cântico de Maria -* 46 Então Maria disse:

 “Minha alma proclama a grandeza do Senhor,

47        meu espírito se alegra em Deus, meu salvador,

48        porque olhou para a humilhação

de sua serva.

Doravante todas as gerações me felicitarão,

49        porque o Todo-poderoso realizou grandes obras em meu favor:

seu nome é santo,

50        e sua misericórdia chega aos que o temem,

de geração em geração.

51        Ele realiza proezas com seu braço:

dispersa os soberbos de coração,

52        derruba do trono os poderosos e eleva os humildes;

53        aos famintos enche de bens, e despede os ricos de mãos vazias.

54        Socorre Israel, seu servo,

lembrando-se de sua misericórdia,

55        - conforme prometera aos nossos pais -

em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre.”

56        Maria ficou três meses com Isabel; e depois voltou para casa.
Comentário:
* 39-45: Ainda no seio de sua mãe, João Batista recebe o Espírito prometido (1,15). Reconhece o Messias e o aponta através da exclamação de sua mãe Isabel.

* 46-56: O cântico de Maria é o cântico dos pobres que reconhecem a vinda de Deus para libertá-los através de Jesus. Cumprindo a promessa, Deus assume o partido dos pobres, e realiza uma transformação na história, invertendo a ordem social: os ricos e poderosos são depostos e despojados, e os pobres e oprimidos são libertos e assumem a direção dessa nova história.

Cânticos.: Isaías 12, 2-6 Agradeçam a Javé.

*. 2 Sim, Deus é a minha salvação! Eu confio e nada tenho a temer, porque minha força e meu canto é Javé: ele é a minha salvação. 3 Com alegria vocês todos poderão beber água nas fontes da salvação”.
4 E nesse dia, vocês dirão: “Agradeçam a Javé, invoquem o seu nome, contem aos povos as façanhas que ele fez, proclamem que seu nome é sublime; 5 cantem hinos a Javé, pois ele fez proezas; que toda a terra as reconheça. 6 Gritem de alegria e exultem, moradores de Sião, pois o Santo de Israel é grande no meio de vocês”.
Comentário:
* 12,1-6: O livrinho do Emanuel se encerra com duplo canto de ação de graças, celebrando a ação salvadora de Javé, na qual se baseia a esperança e confiança do povo.

Romanos 12, 9-16b As relações dentro e fora da comunidade.

* 9 Que o amor de vocês seja sem hipocrisia: detestem o mal e apeguem-se ao bem; 10 no amor fraterno, sejam carinhosos uns com os outros, rivalizando na mútua estima. 11 Quanto ao zelo, não sejam preguiçosos; sejam fervorosos de espírito, servindo ao Senhor. 12 Sejam alegres na esperança, pacientes na tribulação e perseverantes na oração. 13 Sejam solidários com os cristãos em suas necessidades e se aperfeiçoem na prática da hospitalidade.
14 Abençoem os que perseguem vocês; abençoem e não amaldiçoem. 15 Alegrem-se com os que se alegram, e chorem com os que choram. 16 Vivam em harmonia uns com os outros. Não se deixem levar pela mania de grandeza, mas se afeiçoem às coisas modestas.
Comentário:
* 9-21: Paulo expõe as linhas-mestras do comportamento cristão, principalmente no que se refere à vida comunitária. A vida cristã deve ser inteiramente penetrada de sincero amor fraterno que, sem fraquezas ou simulações, enfrente todas as situações, sem excluir ninguém, nem os inimigos. Os vv. 9-13.15-16 se referem ao amor entre os irmãos da comunidade; os vv. 14.17-21 falam do amor para com os que não pertencem à comunidade.

Sofonias 3, 14-18 A alegria do perdão.

A reunião dos dispersos -* Afastarei o mal, para que você não carregue mais o peso da vergonha.
Comentário:
* 12-15: Na época de Sofonias, o Egito está sob a dominação dos etíopes. Portanto, é contra o Egito que o profeta está lançando esta ameaça. Nesse tempo, o império assírio ainda é senhor do Oriente Médio; mas a sua decadência está próxima.
* 14-18a: Este trecho foi acrescentado no pós-exílio. Depois de terem voltado da Babilônia, os judeus iniciaram a reconstrução de Jerusalém. O autor vê nessa obra o perdão dos pecados anteriores e o início de uma nova era para Israel.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Lucas 9, 11b-17 Saciar a fome do povo.

* 10 Os apóstolos voltaram, e contaram a Jesus tudo o que haviam feito. Jesus os levou consigo, e se retirou para um lugar afastado na direção de uma cidade chamada Betsaida. 11 No entanto, as multidões souberam disso, e o seguiram. Jesus acolheu-as, e falava a elas sobre o Reino de Deus, e restituía a saúde a todos os que precisavam de cura.
12 A tarde vinha chegando. Os doze apóstolos se aproximaram de Jesus, e disseram: “Despede a multidão. Assim eles podem ir aos povoados e campos vizinhos para procurar alojamento e comida, porque estamos num lugar deserto.” 13 Mas Jesus disse: “Vocês é que têm de lhes dar de comer.” Eles responderam: “Só temos cinco pães e dois peixes... A não ser que vamos comprar comida para toda esse gente!” 14 De fato, estavam aí mais ou menos cinco mil homens. Mas Jesus disse aos discípulos: “Mandem o povo sentar-se em grupos de cinqüenta.” 15 Os discípulos assim fizeram, e todos se sentaram. 16 Então Jesus pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu, pronunciou sobre eles a bênção e os partiu, e ia dando aos discípulos a fim de que distribuíssem para a multidão. 17 Todos comeram, ficaram satisfeitos, e ainda foram recolhidos doze cestos de pedaços que sobraram.
Comentário:
* 10-17: Lucas salienta que o fato aconteceu em lugar deserto. Trata-se do povo de Deus em marcha pelo deserto, saciado pelo alimento que o próprio Deus concede. O alimento é dom de Deus. Mas os apóstolos, que são o núcleo da comunidade que cria a nova história, precisam não só perceber que o povo está desabrigado e passa fome, mas também organizar esse povo e providenciar para que o alimento seja distribuído de tal maneira que todos se sintam saciados. A Eucaristia é o sacramento do dom de Deus repartido entre os homens.

1 Coríntios 11, 23-26 Eucaristia e coerência.

23 De fato, eu recebi pessoalmente do Senhor aquilo que transmiti para vocês. Na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão 24 e, depois de dar graças, o partiu e disse: “Isto é o meu corpo que é para vocês; façam isto em memória de mim.” 25 Do mesmo modo, após a Ceia, tomou também o cálice, dizendo: “Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que vocês beberem dele, façam isso em memória de mim.” 26 Portanto, todas as vezes que vocês comem deste pão e bebem deste cálice, estão anunciando a morte do Senhor, até que ele venha.
Comentário:
* 17-34: O texto é o mais antigo testemunho sobre a Eucaristia: foi escrito no ano 56, dez anos antes dos Evangelhos. No início, a celebração eucarística se fazia depois de uma ceia, onde todos repartiam os alimentos que cada um levava. Em Corinto surge um problema: nas celebrações está havendo divisão de classes sociais e de mentalidades diferentes. Muitos chegam atrasados, provavelmente porque estavam trabalhando, e não encontram mais nada. Resultado: em vez de ser um testemunho de partilha, a celebração está se tornando lugar de ostentação, foco de discriminação e contrastes gritantes. A situação oferece oportunidade para um discernimento: quem é cristão de fato?
Nesse contexto, Paulo relembra a instituição da Eucaristia. Ela é a memória permanente da morte de Jesus como dom de vida para todos (corpo e sangue). A Eucaristia é a celebração da Nova Aliança, isto é, da nova humanidade que nasce da participação no ato de Jesus, não só no culto, mas na vida prática. Por isso, a comunidade que celebra a Eucaristia anuncia o futuro de uma reunião de toda a humanidade.
Voltando ao problema, Paulo interpela a comunidade a examinar-se: Não será uma incoerência celebrar a Eucaristia quando na própria celebração se fazem distinções e se marginalizam os mais pobres? Anteriormente (10,17), Paulo salientara que, ao participar da Eucaristia, a comunidade forma um só corpo. Se a comunidade não entender isso (“sem discernir o Corpo”, v. 29), estará celebrando a sua própria condenação, pois desligará a Eucaristia do seu antecedente e de suas conseqüências práticas: solidariedade e partilha.
O julgamento do Senhor se manifesta de dois modos: a própria Eucaristia se torna testemunho contra a comunidade; ao mesmo tempo, a fraqueza, doença e morte de muitos membros testemunham a falta de partilha e solidariedade.
Paulo termina com duas orientações práticas: esperar que todos cheguem para começar juntos a reunião (v. 33), e não transformá-la em ocasião de ostentação e gula (vv. 21 e 34).