quarta-feira, 31 de março de 2010

Mateus 26, 14-25 PAIXÃO E RESSURREIÇÃO DE JESUS. O Messias vai ser morto.

14 Então um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi aos chefes dos sacerdotes, 15 e disse: “O que é que vocês me darão para eu entregar Jesus a vocês?” Combinaram, então, trinta moedas de prata. 16 E a partir desse momento, Judas procurava uma boa oportunidade para entregar Jesus.
O novo Cordeiro pascal - 17 No primeiro dia dos ázimos, os discípulos se aproximaram de Jesus, e perguntaram: “Onde queres que façamos os preparativos para comermos a Páscoa?” 18 Jesus respondeu: “Vão à cidade, procurem certo homem, e lhe digam: ‘O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo, eu vou celebrar a Páscoa em sua casa, junto com os meus discípulos.’ “ 19 Os discípulos fizeram como Jesus mandou, e prepararam a Páscoa. 20 Ao cair da tarde, Jesus se pôs à mesa, com os doze discípulos. 21 Enquanto comiam, Jesus disse: “Eu lhes garanto: um de vocês vai me trair.” 22 Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a lhe perguntar: “Senhor, será que sou eu?” 23 Jesus respondeu: “Quem vai me trair, é aquele que comigo põe a mão no prato. 24 O Filho do Homem vai morrer, conforme a Escritura fala a respeito dele. Porém, ai daquele que trair o Filho do Homem. Seria melhor que nunca tivesse nascido!” 25 Então Judas, o traidor, perguntou: “Mestre, será que sou eu?” Jesus lhe respondeu: “É como você acaba de dizer.”
Comentário:
1-16: Cf. nota em Mc 14,1-11.
17-25: Cf. nota em Mc 14,12-21.

terça-feira, 30 de março de 2010

João 13, 21-33.36-38 Jesus é traído por um discípulo.

21 Depois de dizer essas coisas, Jesus ficou profundamente comovido e disse com toda a clareza: “Eu garanto que um de vocês vai me trair.” 22 Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem Jesus estava falando. 23 Um deles, aquele que Jesus amava, estava à mesa ao lado de Jesus. 24 Simão Pedro fez um sinal para que ele procurasse saber de quem Jesus estava falando. 25 Então o discípulo se inclinou sobre o peito de Jesus e perguntou: “Senhor, de quem estás falando?” 26 Jesus respondeu: “É aquele a quem vou dar o pedaço de pão que estou umedecendo no molho.” Então Jesus pegou um pedaço de pão, o molhou e o deu para Judas Iscariotes, filho de Simão. 27 Nesse momento, depois do pão, Satanás entrou em Judas. Então Jesus lhe disse: “O que você pretende fazer, faça logo.” 28 Ninguém aí presente compreendeu por que Jesus disse isso. 29 Como Judas era o responsável pela bolsa comum, alguns discípulos pensaram que Jesus o tinha mandado comprar o necessário para a festa ou dar alguma coisa aos pobres. 30 Judas pegou o pedaço de pão e saiu imediatamente. Era noite.
A expressão de fé em Jesus é o amor - 31 Quando Judas Iscariotes saiu, Jesus disse: “Agora o Filho do Homem foi glorificado, e também Deus foi glorificado nele. 32 Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo.
33 Filhinhos: vou ficar com vocês só mais um pouco. Vocês vão me procurar, e eu digo agora a vocês o que eu já disse aos judeus: para onde eu vou, vocês não podem ir.
36 Simão Pedro perguntou: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu: “Para onde eu vou, você não pode me seguir. Você me seguirá mais tarde.” 37 Pedro disse: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu daria a minha própria vida por ti.” 38 Jesus respondeu: “Você daria a vida por mim? Eu lhe garanto: antes que o galo cante, você me negará três vezes.”
Comentário:
18-30: A longa noite da paixão começa com a traição de Judas, símbolo da traição que pode estar presente dentro da própria comunidade cristã.
31-38: O mandamento novo supera todos os outros mandamentos. Deus e o homem são inseparáveis. E é somente amando ao homem que amamos a Deus. Em Jesus, Deus se fez presente no homem, tornando-o intocável. Tal mandamento novo gera uma comunidade, que oferece uma alternativa de vida digna e liberdade perante a morte e a opressão.

segunda-feira, 29 de março de 2010

João 12, 1-11 Jesus é ungido para a sepultura.

1 Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi para Betânia, onde morava Lázaro, que ele havia ressuscitado dos mortos. 2 Aí ofereceram um jantar para Jesus. Marta servia e Lázaro era um dos que estavam à mesa com Jesus. 3 Então Maria levou quase meio litro de perfume de nardo puro e muito caro. Ungiu com ele os pés de Jesus e os enxugou com seus cabelos. A casa inteira se encheu com o perfume. 4 Judas Iscariotes, um dos discípulos, aquele que ia trair Jesus, disse: 5 “Por que esse perfume não foi vendido por trezentas moedas de prata, para dar aos pobres?” 6 Judas disse isso não porque se preocupava com os pobres, mas porque era um ladrão. Ele tomava conta da bolsa comum e roubava do que era depositado nela. 7 Jesus, porém, disse: “Deixe-a. Ela guardou esse perfume para me ungir no dia do meu sepultamento. 8 No meio de vocês sempre haverá pobres; enquanto eu não estarei sempre com vocês.”
9 Muitos judeus ficavam sabendo que Jesus estava aí em Betânia. Então foram aí não só por causa de Jesus, mas também para verem Lázaro, que Jesus havia ressuscitado dos mortos. 10 Então os chefes dos sacerdotes decidiram matar também Lázaro, 11 porque, por causa dele, muitos judeus deixavam seus chefes e acreditavam em Jesus.
Comentário:
1-11: O gesto de Maria prepara o corpo de Jesus para a morte, isto é, o ato final com que ele entregará sua vida em favor dos homens. Desperdício inútil? Judas desculpa sua própria avareza, disfarçando-a com uma preocupação paternalista pelos pobres. A comunidade que vive o espírito de Jesus será eminentemente uma comunidade de pobres e sempre aberta fraternalmente para os pobres.

domingo, 28 de março de 2010

Filipenses 2, 6-11 O Evangelho autêntico.

6 Ele tinha a condição divina,
mas não se apegou a sua igualdade com Deus.
7 Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo,
assumindo a condição de servo
e tornando-se semelhante aos homens.
Assim, apresentando-se como simples homem,
8 humilhou-se a si mesmo,
tornando-se obediente até a morte,
e morte de cruz!
9 Por isso, Deus o exaltou grandemente,
e lhe deu o Nome
que está acima de qualquer outro nome;
10 para que, ao nome de Jesus,
se dobre todo joelho
no céu, na terra e sob a terra;
11 e toda língua confesse
que Jesus Cristo é o Senhor,
para a glória de Deus Pai.
Comentário:
5-11: Citando um hino conhecido, Paulo mostra qual é o Evangelho da cruz, o Evangelho autêntico, e apresenta em Cristo o modelo da humildade. Embora tivesse a mesma condição de Deus, Jesus se apresentou entre os homens como simples homem. E mais: abriu mão de qualquer privilégio, tornando-se apenas homem que obedece a Deus e serve aos homens. Não bastasse isso, Jesus serviu até o fim, perdendo a honra ao morrer na cruz, como se fosse criminoso. Por isso Deus o ressuscitou e o colocou no posto mais elevado que possa existir, como Senhor do universo e da história. Os cristãos são convidados a fazer o mesmo: abrir mão de todo e qualquer privilégio, até mesmo da boa fama, para pôr-se a serviço dos outros, até o fim.

Lucas 22, 14-23,56 A instituição da Eucaristia.

14 Quando chegou a hora, Jesus se pôs à mesa com os apóstolos. 15 E disse: “Desejei muito comer com vocês esta ceia pascal, antes de sofrer. 16 Pois eu lhes digo: nunca mais a comerei, até que ela se realize no Reino de Deus.” 17 Então Jesus pegou o cálice, agradeceu a Deus, e disse: “Tomem isto, e repartam entre vocês; 18 pois eu lhes digo que nunca mais beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus.”
19 A seguir, Jesus tomou um pão, agradeceu a Deus, o partiu e distribuiu a eles, dizendo: “Isto é o meu corpo, que é dado por vocês. Façam isto em memória de mim.” 20 Depois da ceia, Jesus fez o mesmo com o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança do meu sangue, que é derramado por vocês.
21 Mas vejam: a mão do homem que me atraiçoa está se servindo comigo, nesta mesa. 22 Sim, o Filho do Homem vai morrer, conforme Deus determinou, mas ai daquele homem que o está traindo!” 23 Então os apóstolos começaram a perguntar uns aos outros qual deles iria fazer tal coisa.
56 Ora, uma criada viu Pedro sentado perto do fogo. Encarou-o bem, e disse: “Este aqui também estava com Jesus!”
Comentário:
14-23: A última Páscoa celebrada por Jesus indica o sentido da sua morte: ele se entrega totalmente (corpo, sangue) em favor dos homens. Trata-se de gesto supremo de amor que liberta os homens de uma vida marcada pelo mal do egoísmo; só assim se constrói a Nova Aliança, que produz a sociedade fundada no dom de si para o bem de todos.
54-65: Enquanto Jesus é preso e conduzido à presença das autoridades, Pedro não tem coragem de confessar que é discípulo de Jesus diante de pessoas simples e inofensivas.

sábado, 27 de março de 2010

João 11, 45-56 Os poderosos procuram matar Jesus.

45 Então muitos judeus, que tinham ido à casa de Maria e que viram o que Jesus fez, acreditaram nele. 46 Alguns, porém, foram ao encontro dos fariseus e contaram o que Jesus tinha feito. 47 Então, os chefes dos sacerdotes e os fariseus reuniram o Conselho. E disseram: “Que é que vamos fazer? Esse homem está realizando muitos sinais. 48 Se deixamos que ele continue assim, todos vão acreditar nele; os romanos virão e destruirão o Templo e toda a nação.” 49 Um deles, chamado Caifás, sumo sacerdote nesse ano, disse: “Vocês não sabem nada. 50 Vocês não percebem que é melhor um só homem morrer pelo povo, do que a nação inteira perecer?” 51 Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo sacerdote nesse ano, profetizou que Jesus ia morrer pela nação. 52 E não só pela nação, mas também para reunir juntos os filhos de Deus que estavam dispersos. 53 A partir desse dia, as autoridades dos judeus decidiram matar Jesus. 54 Por isso, Jesus não andava mais em público entre os judeus. Retirou-se para uma região perto do deserto. Foi para uma cidade chamada Efraim, onde ficou com seus discípulos.
55 A Páscoa dos judeus estava próxima, e muita gente do campo foi a Jerusalém para purificar-se antes da Páscoa. 56 Eles procuravam Jesus, e quando se reuniram no Templo, comentavam: “Que é que vocês acham? Será que ele não vem para a festa?”
Comentário:
45-57: A comunicação da vida e liberdade é intolerável para um sistema opressor que gera a morte. As autoridades disfarçam sua hostilidade com a desculpa de que o bem da nação está em jogo. Apelam para a segurança nacional. Caifás apresenta a solução que, ironicamente, se tornou o coração da fé cristã: Jesus morrerá por todos. Matando a Jesus, o sistema opressor se denuncia e se destrói a si mesmo, abrindo a possibilidade da vida e liberdade para todos.

sexta-feira, 26 de março de 2010

João 10, 31-42 As credenciais de Jesus são as suas obras.

31 As autoridades dos judeus pegaram pedras outra vez para apedrejar Jesus. 32 Então Jesus disse: “Por ordem do meu Pai, tenho feito muitas coisas boas na presença de vocês. Por qual delas vocês me querem apedrejar?” 33 As autoridades dos judeus responderam: “Não queremos te apedrejar por causa de boas obras, e sim por causa de uma blasfêmia: tu és apenas um homem, e te fazes passar por Deus.”
34 Jesus disse: “Por acaso, não é na Lei de vocês que está escrito: ‘Eu disse: vocês são deuses’? 35 Ninguém pode anular a Escritura. Ora, a Lei chama de deuses as pessoas para as quais a palavra de Deus foi dirigida. 36 O Pai me consagrou e me enviou ao mundo. Por que vocês me acusam de blasfêmia, se eu digo que sou Filho de Deus? 37 Se não faço as obras do meu Pai, vocês não precisam acreditar em mim. 38 Mas se eu as faço, mesmo que vocês não queiram acreditar em mim, acreditem pelo menos em minhas obras. Assim vocês conhecerão, de uma vez por todas, que o Pai está presente em mim, e eu no Pai.” 39 Eles tentaram outra vez prender Jesus, mas ele escapou das mãos deles.
O testemunho é eficaz - 40 Jesus atravessou de novo o rio Jordão e foi para o lugar onde antes João ficava batizando. E aí ficou. 41 Muitos foram ao seu encontro. E diziam: “João não realizou nenhum sinal, mas tudo o que ele disse a respeito desse homem é verdade.” 42 E aí muitos acreditaram em Jesus.
Comentário:
22-39: Jesus define sua condição de Messias, apresentando-se como o Filho de Deus. As provas de seu messianismo não são teorias jurídicas, mas fatos concretos: suas ações comprovam que é Deus quem age nele.
40-42: O testemunho revela Jesus aos homens, levando-os a compreender que Jesus realiza o projeto de Deus (cf. 1,26-34).

quinta-feira, 25 de março de 2010

Hebreus 10, 4-10 Um sacrifício único.

4 uma vez que é impossível eliminar os pecados com o sangue de touros e bodes.
5 Por esse motivo, ao entrar no mundo, Cristo disse: “Tu não quiseste sacrifício e oferta. Em vez disso, tu me deste um corpo. 6 Holocaustos e sacrifícios não são do teu agrado. 7 Por isso eu disse: Eis-me aqui, ó Deus - no rolo do livro está escrito a meu respeito - para fazer a tua vontade.”
8 Primeiro diz: “Não queres e não te agradam sacrifícios e ofertas, holocaustos e sacrifícios pelo pecado.” Trata-se de coisas que são oferecidas segundo a Lei. 9 Depois acrescenta: “Eis-me aqui para fazer a tua vontade”. Desse modo, Cristo suprime o primeiro culto para estabelecer o segundo. 10 É por causa dessa vontade que nós fomos santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas.
Comentário:
1-18: O que são Paulo diz sobre a Lei, o autor repete sobre a liturgia judaica. Esta faz reviver a experiência do pecado, mas não consegue libertar dele. O sacrifício de Cristo, a existência inteira de Jesus, todo o movimento de sua consciência é o verdadeiro ato sacerdotal, o grande e perene ato de oferta. Ele tira o pecado, restabelece a ligação com Deus mediante a sua própria pessoa e experiência viva. Funda a nova aliança, o povo novo que pode ter acesso a Deus. E o caminho para esse acesso é o compromisso de fé com Cristo, compromisso que nenhuma liturgia pode substituir.

Lucas 1, 26-38 O Messias vai chegar.

26 No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré. 27 Foi a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de Davi. E o nome da virgem era Maria. 28 O anjo entrou onde ela estava, e disse: “Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!” 29 Ouvindo isso, Maria ficou preocupada, e perguntava a si mesma o que a saudação queria dizer. 30 O anjo disse: “Não tenha medo, Maria, porque você encontrou graça diante de Deus. 31 Eis que você vai ficar grávida, terá um filho, e dará a ele o nome de Jesus. 32 Ele será grande, e será chamado Filho do Altíssimo. E o Senhor dará a ele o trono de seu pai Davi, 33 e ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó. E o seu reino não terá fim.” 34 Maria perguntou ao anjo: “Como vai acontecer isso, se não vivo com nenhum homem?” 35 O anjo respondeu: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com sua sombra. Por isso, o Santo que vai nascer de você será chamado Filho de Deus. 36 Olhe a sua parenta Isabel: apesar da sua velhice, ela concebeu um filho. Aquela que era considerada estéril, já faz seis meses que está grávida. 37 Para Deus nada é impossível.” 38 Maria disse: “Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.” E o anjo a deixou.
Comentário:
26-38: Maria é outra representante da comunidade dos pobres que esperam pela libertação. Dela nasce Jesus Messias, o Filho de Deus. O fato de Maria conceber sem ainda estar morando com José indica que o nascimento do Messias é obra da intervenção de Deus. Aquele que vai iniciar nova história surge dentro da história de maneira totalmente nova.

quarta-feira, 24 de março de 2010

João 8, 31-42 A verdade liberta.

31 Então Jesus disse para as autoridades dos judeus que tinham acreditado nele: “Se vocês guardarem a minha palavra, vocês de fato serão meus discípulos; 32 conhecerão a verdade, e a verdade libertará vocês.” 33 Eles disseram: “Nós somos descendentes de Abraão, e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: 'vocês ficarão livres’?” 34 Jesus respondeu: “Eu garanto a vocês: quem comete o pecado, é escravo do pecado. 35 O escravo não fica para sempre na casa, mas o filho fica aí para sempre. 36 Por isso, se o Filho os libertar, vocês realmente ficarão livres. 37 Eu sei que vocês são descendentes de Abraão; no entanto, estão procurando me matar, porque minha palavra não entra na cabeça de vocês. 38 Eu falo das coisas que vi junto do Pai; vocês também devem fazer aquilo que ouvem do pai de vocês.”
A mentira escraviza - 39 As autoridades dos judeus disseram a Jesus: “Nosso pai é Abraão.” Jesus disse: “Se vocês são filhos de Abraão, façam as obras de Abraão. 40 Agora, porém, vocês querem me matar, e o que eu fiz, foi dizer a verdade que ouvi junto de Deus. Isso Abraão nunca fez. 41 Vocês fazem a obra do pai de vocês.” Então eles replicaram: “Não somos filhos ilegítimos; só temos um pai, que é Deus.” 42 Jesus disse: “Se Deus fosse pai de vocês, vocês me amariam, porque eu saí de Deus e venho dele. Não vim pela minha própria vontade, mas foi ele que me enviou.
Comentário:
31-38: A verdade que liberta é aceitar a vida nova trazida por Jesus, que relativiza tudo aquilo que antes parecia absoluto: riqueza, poder, idéias, estruturas. A liberdade só é possível quando se rompe com uma ordem injusta, que impede a experiência do amor de Deus através do amor ao homem.
39-47: O diabo é aquele que se opõe à vontade de Deus e se absolutiza, ocupando o lugar de Deus e criando uma sociedade mentirosa e assassina, que adora ídolos opressores, e é incapaz de assimilar a mensagem libertadora de Jesus.

terça-feira, 23 de março de 2010

João 8, 21-30 O pecado é rejeitar uma ordem nova.

21 Jesus continuou dizendo: “Eu vou-me embora e vocês vão me procurar, mas vocês vão morrer no seu pecado. Para onde eu vou, vocês não podem ir.” 22 As autoridades dos judeus comentavam: “Por acaso ele vai se matar? Pois está dizendo: ‘Para onde eu vou, vocês não podem ir’.”
23 Jesus continuou a falar: “Vocês são daqui de baixo, eu sou lá de cima. Vocês são deste mundo, mas eu não sou deste mundo. 24 É por isso que eu digo que vocês vão morrer nos seus pecados. Se vocês não acreditam que Eu Sou, vocês vão morrer nos seus pecados.” 25 Então as autoridades dos judeus perguntaram: “Quem és tu?” Jesus respondeu: “O que eu estou dizendo desde o começo. 26 Eu poderia dizer muita coisa a respeito de vocês, e condená-los. Mas, aquele que me enviou é verdadeiro, e eu digo ao mundo as coisas que ouvi dele.” 27 Eles não compreenderam que Jesus falava a respeito do Pai.
28 Jesus continuou dizendo: “Quando vocês levantarem o Filho do Homem, saberão que Eu Sou e que não faço nada por mim mesmo, pois falo apenas aquilo que o Pai me ensinou. 29 Aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho, porque sempre faço o que agrada a ele.” 30 Enquanto Jesus falava essas coisas, muitos acreditaram nele.
Comentário:
21-30: O pecado que leva à morte é permanecer fechado neste mundo de baixo, isto é, dentro de uma ordem sociorreligiosa injusta. Jesus é a presença atuante do Deus do êxodo ("Eu Sou", cf. Ex 3,14), que liberta o povo da escravidão e o conduz para uma vida nova, desejada por Deus ("mundo de cima"). É através da sua morte que Jesus realiza esse êxodo.

segunda-feira, 22 de março de 2010

João 11, 1-45 Sétimo sinal: A ressurreição de Lázaro. Jesus ressuscita os homens.

1 Um tal de Lázaro tinha caído de cama. Ele era natural de Betânia, o povoado de Maria e de sua irmã Marta. 2 Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com perfume, e que tinha enxugado os pés dele com os cabelos. Lázaro, que estava doente, era irmão dela. 3 Então as irmãs mandaram a Jesus um recado que dizia: “Senhor, aquele a quem amas está doente.” 4 Ouvindo o recado, Jesus disse: “Essa doença não é para a morte, mas para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela.” 5 Jesus amava Marta, a irmã dela e Lázaro. 6 Quando ouviu que ele estava doente, ficou ainda dois dias no lugar onde estava. 7 Só então disse aos discípulos: “Vamos outra vez à Judéia.” 8 Os discípulos contestaram: “Mestre, agora há pouco os judeus queriam te apedrejar, e vais de novo para lá?”
9 Jesus respondeu: “Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. 10 Mas se alguém caminha de noite, tropeça, porque nele não há luz.” 11 Disse isso e acrescentou: “O nosso amigo Lázaro adormeceu. Eu vou acordá-lo.” 12 Os discípulos disseram: “Senhor, se ele está dormindo, vai se salvar.” 13 Jesus se referia à morte de Lázaro, mas os discípulos pensaram que ele estivesse falando de sono natural.
14 Então Jesus falou claramente para eles: “Lázaro está morto. 15 E eu me alegro por não termos estado lá, para que vocês acreditem. Agora, vamos para a casa dele.” 16 Então Tomé, chamado Gêmeo, disse aos companheiros: “Vamos nós também para morrermos com ele.”
Jesus é a ressurreição e a vida - 17 Quando Jesus chegou, já fazia quatro dias que Lázaro estava no túmulo. 18 Betânia ficava perto de Jerusalém; uns três quilômetros apenas. 19 Muitos judeus tinham ido à casa de Marta e Maria para as consolar por causa do irmão. 20 Quando Marta ouviu que Jesus estava chegando, foi ao encontro dele. Maria, porém, ficou sentada em casa.
21 Então Marta disse a Jesus: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. 22 Mas ainda agora eu sei: tudo o que pedires a Deus, ele te dará.” 23 Jesus disse: “Seu irmão vai ressuscitar.” 24 Marta disse: “Eu sei que ele vai ressuscitar na ressurreição, no último dia.” 25 Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em mim, mesmo que morra, viverá. 26 E todo aquele que vive e acredita em mim, não morrerá para sempre. Você acredita nisso?” 27 Ela respondeu: “Sim, Senhor. Eu acredito que tu és o Messias, o Filho de Deus que devia vir a este mundo.”
Jesus e Maria: a dor por causa da morte - 28 Dito isso, Marta foi chamar sua irmã Maria. Falou com ela em voz baixa: “O Mestre está aí, e está chamando você.” 29 Quando Maria ouviu isso, levantou-se depressa e foi ao encontro de Jesus. 30 Jesus ainda não tinha entrado no povoado, mas estava no mesmo lugar onde Marta o havia encontrado.
31 Os judeus estavam com Maria na casa e a procuravam consolar. Quando viram Maria levantar-se depressa e sair, foram atrás dela, pensando que ela iria ao túmulo para aí chorar.
32 Então Maria foi para o lugar onde estava Jesus. Vendo-o, ajoelhou-se a seus pés e disse: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.” 33 Jesus viu que Maria e os judeus que iam com ela estavam chorando. Então ele se conteve e ficou comovido. 34 E disse: “Onde vocês colocaram Lázaro?» Disseram: “Senhor, vem e vê.” 35 Jesus começou a chorar. 36 Então os judeus disseram: “Vejam como ele o amava!” 37 Alguns deles, porém, comentaram: “Um que abriu os olhos do cego, não poderia ter impedido que esse homem morresse?”
Jesus e Lázaro: da morte para a vida. - 38 Jesus, contendo-se de novo, chegou ao túmulo. Era uma gruta, fechada com uma pedra. 39 Jesus falou: “Tirem a pedra.” Marta, irmã do falecido, disse: “Senhor, já está cheirando mal. Faz quatro dias.” 40 Jesus disse: “Eu não lhe disse que, se você acreditar, verá a glória de Deus?” 41 Então tiraram a pedra. Jesus levantou os olhos para o alto e disse: “Pai, eu te dou graças porque me ouviste. 42 Eu sei que sempre me ouves. Mas eu falo por causa das pessoas que me rodeiam, para que acreditem que tu me enviaste.” 43 Dizendo isso, gritou bem forte: “Lázaro, saia para fora!” 44 O morto saiu. Tinha os braços e as pernas amarrados com panos e o rosto coberto com um sudário. Jesus disse aos presentes: “Desamarrem e deixem que ele ande.”
Os poderosos procuram matar Jesus - 45 Então muitos judeus, que tinham ido à casa de Maria e que viram o que Jesus fez, acreditaram nele.
Comentário:
1-16: Numa comunidade marcada por relações de afeto e amor ativo, ninguém tem medo de perigo ou de se comprometer quando se trata de ajudar o irmão necessitado. O receio de enfrentar obstáculos nasce da falta de fé que não compreende a qualidade de vida que Jesus comunica.
17-27: Jesus se apresenta como a ressurreição e a vida, mostrando que a morte é apenas uma necessidade física. Para a fé cristã a vida não é interrompida com a morte, mas caminha para a sua plenitude. A vida plena da ressurreição já está presente naqueles que pertencem à comunidade de Jesus.
28-44: A morte é o resumo e o ponto máximo de todas as fraquezas humanas. O medo da morte acovarda o homem diante da opressão, e o impede de testemunhar. O medo fortalece o poder dos opressores. Libertando o homem desse medo, Jesus torna-o radicalmente livre e capaz de dar até o fim o testemunho da própria fé.
45-57: A comunicação da vida e liberdade é intolerável para um sistema opressor que gera a morte. As autoridades disfarçam sua hostilidade com a desculpa de que o bem da nação está em jogo. Apelam para a segurança nacional. Caifás apresenta a solução que, ironicamente, se tornou o coração da fé cristã: Jesus morrerá por todos. Matando a Jesus, o sistema opressor se denuncia e se destrói a si mesmo, abrindo a possibilidade da vida e liberdade para todos.

domingo, 21 de março de 2010

Filipenses 3, 8-14 O caminho da salvação.

8 E mais ainda: considero tudo uma perda, diante do bem superior que é o conhecimento do meu Senhor Jesus Cristo. Por causa dele perdi tudo, e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo, 9 e estar com ele. E isso, não mais mediante uma justiça minha, vinda da Lei, mas com a justiça que vem através da fé em Cristo, aquela justiça que vem de Deus e se apóia sobre a fé. 10 Quero, assim, conhecer a Cristo, o poder da sua ressurreição e a comunhão em seus sofrimentos, para tornar-me semelhante a ele em sua morte, 11 a fim de alcançar, se possível, a ressurreição dos mortos. 12 Não que eu já tenha conquistado o prêmio ou que já tenha chegado à perfeição; apenas continuo correndo para conquistá-lo, porque eu também fui conquistado por Jesus Cristo. 13 Irmãos, não acho que eu já tenha alcançado o prêmio, mas uma coisa eu faço: esqueço-me do que fica para trás e avanço para o que está na frente. 14 Lanço-me em direção à meta, em vista do prêmio do alto, que Deus nos chama a receber em Jesus Cristo.
Comentário
1-14: Paulo adverte a comunidade contra os pregadores judaizantes, chamando-os “cães”, apelido que os judeus davam aos pagãos. Para os judaizantes, a salvação e a justiça dependem da circuncisão (carne) e da observância da Lei: a circuncisão permite entrar para o povo de Deus; a Lei leva o homem a ser justo. Paulo frisa que nenhum ritual ou lei pode salvar ou justificar o homem. Pois a salvação e a justiça são dons de Deus e dependem da fé em Jesus e de uma vida movida pelo Espírito. A fé leva o cristão a participar da morte e ressurreição de Jesus. Essa participação, porém, não é automática; supõe que o cristão se deixe guiar pelo Espírito, dando o testemunho que provoca perseguições, sofrimentos, e até mesmo a morte.

João 8, 1-11 Jesus não veio para condenar.

1 Jesus foi para o monte das Oliveiras. 2 Ao amanhecer, ele voltou ao Templo, e todo o povo ia ao seu encontro. Então Jesus sentou-se e começou a ensinar. 3 Chegaram os doutores da Lei e os fariseus trazendo uma mulher, que tinha sido pega cometendo adultério. Eles colocaram a mulher no meio 4 e disseram a Jesus: “Mestre, essa mulher foi pega em flagrante cometendo adultério. 5 A Lei de Moisés manda que mulheres desse tipo devem ser apedrejadas. E tu, o que dizes?” 6 Eles diziam isso para pôr Jesus à prova e ter um motivo para acusá-lo. Então Jesus inclinou-se e começou a escrever no chão com o dedo. 7 Os doutores da Lei e os fariseus continuaram insistindo na pergunta. Então Jesus se levantou e disse: “Quem de vocês não tiver pecado, atire nela a primeira pedra.” 8 E, inclinando-se de novo, continuou a escrever no chão. 9 Ouvindo isso, eles foram saindo um a um, começando pelos mais velhos. E Jesus ficou sozinho. Ora, a mulher continuava ali no meio. 10 Jesus então se levantou e perguntou: “Mulher, onde estão os outros? Ninguém condenou você?” 11 Ela respondeu: “Ninguém, Senhor.” Então Jesus disse: “Eu também não a condeno. Pode ir, e não peque mais.”
Comentário:
1-11: Mais uma vez Jesus mostra que a pessoa humana está acima de qualquer lei. Os homens não podem julgar e condenar, porque nenhum deles está isento de pecado. O próprio Jesus não veio para julgar, pois o Pai não quer a morte do pecador, e sim que ele se converta e viva (Ez 18,23.32).

sábado, 20 de março de 2010

João 7, 40-53 A manifestação de Jesus provoca divisão.

40 Ouvindo essas palavras, alguns diziam no meio da multidão: “De fato, este homem é mesmo o Profeta!” 41 Outros diziam: “Ele é o Messias.” Outros ainda afirmavam: “Mas o Messias virá da Galiléia? 42 A Escritura não diz que o Messias será da descendência de Davi e que virá de Belém, povoado de onde era Davi?”
43 Por isso, houve uma divisão no meio do povo por causa de Jesus. 44 Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém pôs as mãos em cima dele.
As autoridades recusam ouvir Jesus - 45 Os guardas do Templo foram para onde estavam os chefes dos sacerdotes e fariseus. E estes perguntaram: “Por que é que vocês não trouxeram Jesus?” 46 Os guardas responderam: “Ninguém jamais falou como esse homem.” 47 Então os fariseus perguntaram: “Será que ele enganou vocês também? 48 Vocês já viram um só dos nossos chefes ou fariseu que acreditasse nele? 49 Esse povinho, que não conhece a Lei, é maldito.” 50 Mas Nicodemos, um dos fariseus, aquele que tinha ido encontrar-se com Jesus, disse: 51 “Será que a nossa Lei julga alguém antes de ouvir e saber o que ele faz?” 52 Eles responderam: “Você também é galileu? Estude e verá que da Galiléia não sai profeta.” 53 E cada um voltou para sua casa.
Comentário
25-36.40-44: Os dirigentes dos judeus tentam prender Jesus, que para eles é uma ameaça. E no meio do povo a divisão continua: o tema da discussão é sobre a origem do Messias. Uns não aceitam Jesus, baseados numa tradição teórica sobre a origem do Messias. Outros, que já são muitos, acreditam que Jesus é o Messias, porque prestam atenção na sua prática libertadora e vêem nisso sinal da presença de Deus. E Jesus então mostra o verdadeiro critério para reconhecer o Messias: não é o lugar de sua origem, mas o fato de ele ser o enviado de Deus, cuja atividade seja reconhecida pelas obras que faz.
45-53: Aqueles que detêm o poder não toleram a mensagem de Jesus, porque ela acabaria com todos os seus privilégios. Por isso, amaldiçoam o povo simples e procuram prender Jesus, usando a Lei como arma repressiva.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Romanos 4, 13.16-18.22 Os herdeiros de Abraão.

13 Não por causa da Lei, mas por causa da justiça da fé, que a promessa de receber o mundo em herança foi feita a Abraão ou à sua descendência. 16 A herança, portanto, vem através da fé, para que seja gratuita e para que a promessa seja garantida a toda a descendência, não só à descendência segundo a Lei, mas também à descendência segundo a fé de Abraão, que é o pai de todos nós. 17 De fato, a Escritura diz: “Eu constituí você pai de muitas nações.” Abraão é o nosso pai diante daquele no qual ele acreditou, o Deus que faz os mortos viverem e que chama à existência aquilo que não existe.
O que é ter fé - 18 Esperando contra toda esperança, Abraão acreditou e tornou-se o pai de muitas nações, conforme foi dito a ele: “Assim será a sua descendência.” 22 Eis o motivo pelo qual isso lhe foi creditado como justiça.
Comentário:
13-17: Em vista da justiça que vem da fé, Abraão recebeu gratuitamente de Deus a promessa de se tornar herdeiro do mundo. Ora, a promessa feita a Abraão permanece e é transmitida como herança aos seus descendentes. Todavia, os autênticos descendentes e herdeiros são aqueles que Deus justifica através da fé, como fez com Abraão, e não os que se limitam a observar a Lei.
18-25: Ter fé e entregar a própria vida a Deus é esperar contra toda esperança. Abraão acreditou que ia ser pai quando sua velhice e a esterilidade de Sara diziam o contrário. A justiça de Abraão é a fé confiante de que Deus pode realizar tudo o que promete. Nós também somos justificados por Deus quando acreditamos que ele ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos, para nos livrar da morte do pecado e nos dar a vida nova.

Lucas 2,41-51a O Messias é o Filho de Deus.

41 Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. 42 Quando o menino completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. 43 Passados os dias da Páscoa, voltaram, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. 44 Pensando que o menino estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre parentes e conhecidos. 45 Não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém à procura dele. 46 Três dias depois, encontraram o menino no Templo. Estava sentado no meio dos doutores, escutando e fazendo perguntas. 47 Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com a inteligência de suas respostas. 48 Ao vê-lo, seus pais ficaram emocionados. Sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que você fez isso conosco? Olhe que seu pai e eu estávamos angustiados, à sua procura.” 49 Jesus respondeu: “Por que me procuravam? Não sabiam que eu devo estar na casa do meu Pai?” 50 Mas eles não compreenderam o que o menino acabava de lhes dizer.
51 Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e permaneceu obediente a eles.
Comentário:
41-52: Neste Evangelho, as primeiras palavras de Jesus mostram que toda a sua missão decorre da sua relação filial com o Pai. Isto significa que essa missão provém do próprio mistério de Deus e da realização de sua vontade entre os homens. Contudo, ela se processa dentro do mistério da Encarnação, onde Jesus vai aprendendo a viver a vida humana como qualquer outro homem.

Mateus 1, 16.18-21.24a Prólogo: A nova história. Jesus, o Messias, realiza as promessas de Deus.

16 Jacó foi o pai de José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Messias.
O começo de uma nova história - 18 A origem de Jesus, o Messias, foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. 19 José, seu marido, era justo. Não queria denunciar Maria, e pensava em deixá-la, sem ninguém saber. 20 Enquanto José pensava nisso, o Anjo do Senhor lhe apareceu em sonho, e disse: “José, filho de Davi, não tenha medo de receber Maria como esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. 21 Ela dará à luz um filho, e você lhe dará o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados.”
24 Quando acordou, José fez conforme o Anjo do Senhor havia mandado: levou Maria para casa,
Comentário:
1-17: Em Jesus, continua e chega ao ápice toda a história de Israel. Sua árvore genealógica apresenta-o como descendente direto de Davi e Abraão. Como filho de Davi, Jesus é o Rei-Messias que vai instaurar o Reino prometido. Como filho de Abraão, ele estenderá o Reino a todos os homens, através da presença e ação da Igreja.
18-25: Jesus não é apenas filho da história dos homens. É o próprio Filho de Deus, o Deus que está conosco. Ele inicia nova história, em que os homens serão salvos (Jesus = Deus salva) de tudo o que diminui ou destrói a vida e a liberdade (os pecados).

quinta-feira, 18 de março de 2010

João 5, 31-47 Testemunhas em favor de Jesus.

31 “Se eu dou testemunho de mim mesmo, meu testemunho não vale. 32 Mas há outro que dá testemunho de mim, e eu sei que o testemunho que ele dá de mim é válido.
33 Vocês mandaram mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. 34 Eu não preciso de testemunho de um homem, mas falo isso para que vocês sejam salvos. 35 João era uma lâmpada que estava acesa e iluminava. Vocês quiseram se alegrar com sua luz. 36 Mas eu tenho um testemunho maior que o de João: são as obras que o Pai me concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou. 37 E o Pai que me enviou deu testemunho a meu favor. Vocês nunca ouviram a voz dele, nem viram a sua face. 38 Desse modo, a palavra dele não permanece em vocês, porque vocês não acreditam naquele que ele enviou.
39 Vocês vivem estudando as Escrituras, pensando que vão encontrar nelas a vida eterna. No entanto, as Escrituras dão testemunho de mim. 40 Mas vocês não querem vir a mim para terem a vida eterna.
41 Eu não aceito elogios dos homens. 42 Quanto a vocês, eu já os conheço muito bem: o amor de Deus não está dentro de vocês. 43 Eu vim em nome do meu Pai, e vocês não me receberam. Mas, se outro vem em seu próprio nome, vocês o receberão. 44 Como é que vocês poderão acreditar, se vivem elogiando uns aos outros, e não buscam a glória que vem do Deus único?
45 Não pensem que eu vou acusar vocês diante do Pai. Já existe alguém que os acusa: é Moisés, no qual vocês põem sua esperança. 46 Se vocês acreditassem mesmo em Moisés, também acreditariam em mim, porque foi a respeito de mim que Moisés escreveu. 47 Mas, se vocês não acreditam naquilo que ele escreveu, como irão acreditar nas minhas palavras?”
Comentário:
31-47: Como distinguir o verdadeiro e o falso, reconhecendo se Jesus realiza ou não a vontade de Deus? Jesus apresenta as três testemunhas que confirmam sua missão divina: primeiro, sua ação em favor da vida e da liberdade; segundo, o testemunho de João Batista, que o apresenta como salvador; terceiro, as Escrituras, que anunciavam o que Jesus agora realiza. Não adianta nada uma comunidade dizer que tem fé e repetir as palavras da Bíblia; é necessário que as ações dessa comunidade sejam continuação da ação de Jesus, confirmando a própria fé.

quarta-feira, 17 de março de 2010

João 5, 17-30 A vida está acima da lei.

17 Jesus então lhes disse: “Meu Pai continua trabalhando até agora e eu também trabalho.” 18 Por isso, as autoridades dos judeus tinham mais vontade ainda de matar Jesus, porque, além de violar a lei do sábado, chegava até a dizer que Deus era o seu Pai, fazendo-se assim igual a Deus.
Jesus dá vida a quem está morto - 19 Então Jesus disse às autoridades dos judeus: “Eu garanto a vocês: o Filho não pode fazer nada por sua própria conta; ele faz apenas o que vê o Pai fazer. O que o Pai faz, o Filho também faz. 20 O Pai ama o Filho, e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz. E lhe mostrará obras ainda maiores, que deixarão vocês admirados.
21 Assim como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá a vida, o Filho também dá a vida a quem ele quer dar. 22 O Pai não julga ninguém. Ele deu ao Filho todo o poder de julgar, 23 para que todos honrem o Filho, da mesma forma que honram o Pai. Quem não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou.
24 Eu garanto a vocês: quem ouve a minha palavra e acredita naquele que me enviou, possui a vida eterna. Não será condenado, porque já passou da morte para a vida.
25 Eu garanto a vocês: está chegando, ou melhor, já chegou a hora em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus: aqueles que ouvirem sua voz, terão a vida. 26 Porque assim como o Pai possui a vida em si mesmo, do mesmo modo ele concedeu ao Filho possuir a vida em si mesmo. 27 Além disso, ele deu ao Filho o poder de julgar, porque é Filho do Homem.
28 Não fiquem admirados com isso, porque vai chegar a hora em que todos os mortos que estão nos túmulos ouvirão a voz do Filho, 29 e sairão dos túmulos: aqueles que fizeram o bem, vão ressuscitar para a vida; os que praticaram o mal, vão ressuscitar para a condenação.
30 Eu não posso fazer nada por mim mesmo. Eu julgo conforme o que escuto e o meu julgamento é justo, porque não procuro fazer a minha vontade, e sim a vontade daquele que me enviou.”
Comentário:
1-18: O paralítico é figura do povo oprimido e paralisado, à espera de alguém que o liberte. Jesus vai ao encontro do paralítico, e lhe ordena que ele próprio se levante e ande, encontrando sua liberdade e decidindo seu próprio caminho.
Para Jesus e para seu Pai, o importante é a vida e a liberdade. Elas estão acima até mesmo das leis religiosas e da opinião de quaisquer autoridades.
19-30: Em tudo o que faz, Deus procura dar a vida, e sua maior obra é a ressurreição. Ressuscitar não é apenas voltar à vida física, mas levantar-se para começar vida nova e transformada. A fé em Jesus, que é compromisso com sua palavra e ação, leva o povo a começar a vida nova da ressurreição, organizando-se como família dos filhos de Deus e irmãos de Jesus. Assim, a morte já está sendo vencida, e o será definitivamente na ressurreição final.

terça-feira, 16 de março de 2010

João 5, 1-16 Terceiro sinal: Jesus cura o paralítico. A vida está acima da lei.

1 Depois disso, houve uma festa judaica, e Jesus foi a Jerusalém.
2 Em Jerusalém, perto da porta das Ovelhas, existe uma piscina rodeada por cinco corredores cobertos. Em hebraico a piscina chamava-se Betesda. 3 Muitos doentes ficavam aí deitados: eram cegos, coxos e paralíticos, esperando que a água se movesse (4 porque um anjo descia de vez em quando e movimentava a água da piscina. O primeiro doente que entrasse na piscina, depois que a água fosse movida, ficava curado de qualquer doença que tivesse).
5 Aí ficava um homem que estava doente havia trinta e oito anos. 6 Jesus viu o homem deitado e ficou sabendo que estava doente havia muito tempo. Então lhe perguntou: “Você quer ficar curado?” 7 O doente respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina quando a água está se movendo. Quando vou chegando, outro já entrou na minha frente.” 8 Jesus disse: “Levante-se, pegue sua cama e ande”. 9 No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua cama e começou a andar.
Era um dia de sábado. 10 Por isso, as autoridades dos judeus disseram ao homem que tinha sido curado: “Hoje é dia de sábado. A lei não permite que você carregue a cama.” 11 Ele respondeu: “Aquele homem que me curou disse: ‘Pegue sua cama e ande’.” 12 Então os dirigentes dos judeus lhe perguntaram: “Quem foi que disse a você para pegar a cama e andar?” 13 O homem que tinha sido curado não sabia quem era, porque Jesus tinha desaparecido no meio das pessoas que estavam reunidas nesse lugar. 14 Mais tarde, Jesus encontrou aquele homem no Templo e lhe disse: “Você ficou curado. Não peque de novo, para que não lhe aconteça alguma coisa pior.”
15 Então o homem saiu e disse às autoridades dos judeus que tinha sido Jesus quem o havia curado. 16 Então as autoridades dos judeus começaram a perseguir Jesus, porque ele havia curado em dia de sábado.
Comentário:
1-18: O paralítico é figura do povo oprimido e paralisado, à espera de alguém que o liberte. Jesus vai ao encontro do paralítico, e lhe ordena que ele próprio se levante e ande, encontrando sua liberdade e decidindo seu próprio caminho.
Para Jesus e para seu Pai, o importante é a vida e a liberdade. Elas estão acima até mesmo das leis religiosas e da opinião de quaisquer autoridades.

segunda-feira, 15 de março de 2010

João 9, 1-41 Sexto sinal:O cego de nascença. Jesus cura a cegueira dos homens.

1 Ao passar, Jesus viu um cego de nascença. 2 Os discípulos perguntaram: “Mestre, quem foi que pecou, para que ele nascesse cego? Foi ele ou seus pais?” 3 Jesus respondeu: “Não foi ele que pecou, nem seus pais, mas ele é cego para que nele se manifestem as obras de Deus. 4 Nós temos que realizar as obras daquele que me enviou, enquanto é dia. Está chegando a noite, e ninguém poderá trabalhar. 5 Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo.” 6 Dizendo isso, Jesus cuspiu no chão, fez barro com a saliva e com o barro ungiu os olhos do cego. 7 E disse: “Vá se lavar na piscina de Siloé.” (Esta palavra quer dizer “O Enviado”). O cego foi, lavou-se, e voltou enxergando.
8 Os vizinhos e os que costumavam ver o cego, pois ele era mendigo, perguntavam: “Não é ele que ficava sentado, pedindo esmola?” 9 Uns diziam: “É ele mesmo.” Outros, porém, diziam: “Não é ele não, mas parece com ele.” Ele, no entanto, dizia: “Sou eu mesmo.” 10 Então lhe perguntaram: “Como é que seus olhos se abriram?” 11 Ele respondeu: “O homem que se chama Jesus fez barro, ungiu meus olhos e me disse: ‘Vá se lavar em Siloé’. Eu fui, me lavei, e comecei a enxergar.” 12 Perguntaram-lhe: “Onde está esse homem?”Ele disse: “Não sei.”
Pior cego é aquele que não quer ver - 13 Então levaram aos fariseus aquele que tinha sido cego. 14 Era sábado o dia em que Jesus fez o barro e abriu os olhos do cego. 15 Então os fariseus lhe perguntaram como é que tinha recuperado a vista. Ele disse: ‘‘Alguém colocou barro nos meus olhos, eu me lavei, e estou enxergando.” 16 Então os fariseus disseram: “Esse homem não pode vir de Deus; ele não guarda o sábado.” Outros diziam: “Mas como pode um pecador realizar esses sinais?” 17 E havia divisão entre eles. Perguntaram outra vez ao que tinha sido cego: “O que você diz do homem que abriu seus olhos?” Ele respondeu: “É um profeta.”
18 As autoridades dos judeus não acreditaram que ele tinha sido cego e que tinha recuperado a vista. Até que chamaram os pais dele 19 e perguntaram: “Este é o filho que vocês dizem ter nascido cego? Como é que ele agora está enxergando?” 20 Os pais disseram: “Sabemos que é o nosso filho e que nasceu cego. 21 Como é que ele agora está enxergando, isso não sabemos. Também não sabemos quem foi que abriu os olhos dele. Perguntem a ele. É maior de idade e pode dar explicação.” 22 Os pais do cego disseram isso porque tinham medo das autoridades dos judeus, que haviam combinado expulsar da sinagoga quem confessasse que Jesus era o Messias. 23 Foi por isso que os pais disseram: “É maior de idade; perguntem a ele.”
24 Então as autoridades dos judeus chamaram de novo o homem que tinha sido cego e lhe disseram: “Confesse a verdade. Nós sabemos que esse homem é um pecador.”25 Ele respondeu: “Se ele é pecador, isso eu não sei; só sei que eu era cego e agora estou enxergando.” 26 Eles insistiram: “Que é que ele fez? Como foi que abriu seus olhos?” 27 Ele respondeu: “Eu já lhes disse, e vocês não me escutaram. Por que vocês querem ouvir de novo? Será que também vocês querem se tornar discípulos dele?” 28 Então insultaram o cego curado e disseram: “Você é que é discípulo dele. Nós, porém, somos discípulos de Moisés. 29 Sabemos que Deus falou a Moisés, mas quanto a esse homem, nem sabemos de onde ele é.” 30 Ele respondeu: “Isso é de admirar! Vocês não sabem de onde ele é. No entanto, ele abriu meus olhos. 31 Sabemos que Deus não ouve os pecadores, mas ouve aquele que o respeita e faz a sua vontade. 32 Nunca se ouviu falar que alguém tenha aberto os olhos de um cego de nascença. 33 Se esse homem não vem de Deus, não poderia fazer nada.” 34 Eles disseram: “Você nasceu inteirinho no pecado e quer nos ensinar?” E o expulsaram.
Jesus torna cegos os que pensam ver - 35 Jesus, ouvindo dizer que tinham expulsado aquele que fora cego, foi à procura dele e perguntou-lhe: “Você acredita no Filho do Homem?” 36 Ele respondeu: “Quem é ele, Senhor, para que eu acredite nele?” 37 Jesus disse: “Você o está vendo; é aquele que está falando com você.” 38 O cego que tinha sido curado disse: “Eu acredito, Senhor.” E se ajoelhou diante de Jesus. 39 Então Jesus disse: “Eu vim a este mundo para um julgamento, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos.” 40 Alguns fariseus que estavam perto dele ouviram isso e disseram: “Será que também somos cegos?” 41 Jesus respondeu: “Se vocês fossem cegos, não teriam nenhum pecado. Mas como vocês dizem: ‘Nós vemos’, o pecado de vocês permanece.”
Comentário:
1-12: O cego de nascença simboliza o povo que nunca tomou consciência de sua própria condição de oprimido, e por isso não chegou a ver a verdadeira condição humana, o objetivo para o qual Deus o criou. A missão de Jesus, e dos que acreditam nele, é mostrar essa possibilidade, a partir de uma prática concreta, mais do que com palavras.
13-34: A ação de Jesus abala as idéias religiosas dos representantes do poder. Estes, em primeiro lugar, procuram transformar o fato em fraude. Não o conseguindo, recorrem à sua própria autoridade, para definirem o que está ou não de acordo com a vontade de Deus. Apegados a suas idéias, negam o que é evidente e invertem as coisas, defendendo a todo o custo sua posição de privilégio e poder. Para eles, Deus prefere a observância da Lei ao bem do homem. Por fim, recorrem à violência, expulsando o homem da comunidade, marginalizando-o. Pretendendo possuir a luz, eles se tornam cegos e querem cegar os outros.
35-41: Curado por Jesus, o homem enfrenta a luta com os dirigentes de uma sociedade cega que o afasta. Como conseqüência, ele passa então para uma nova comunidade e começa seu novo culto. Por outro lado, os dirigentes não querem aceitar essa realidade e por isso permanecem intransigentes dentro da instituição opressora. Este é o julgamento de Jesus.

domingo, 14 de março de 2010

2 Coríntios 5, 17-21 O ministério da reconciliação.

17 Se alguém está em Cristo, é nova criatura. As coisas antigas passaram; eis que uma realidade nova apareceu. 18 Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo por meio de Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação. 19 Pois era Deus quem reconciliava com ele mesmo o mundo por meio de Cristo, não levando em conta os pecados dos homens e colocando em nós a palavra da reconciliação. 20 Sendo assim exercemos a função de embaixadores em nome de Cristo, e é por meio de nós que o próprio Deus exorta vocês. Em nome de Cristo, suplicamos: reconciliem-se com Deus. 21 Aquele que nada tinha a ver com o pecado, Deus o fez pecado por causa de nós, a fim de que por meio dele sejamos reabilitados por Deus.
Comentário:
14-6,2: Os inimigos de Paulo dizem que ele não é apóstolo porque não foi testemunha ocular da vida terrestre de Jesus, nem lhe conheceu as palavras e atos. Por isso, não pode ser testemunha do Evangelho. No entanto, o Apóstolo mostra que o Evangelho não é simples história de Jesus, e sim o anúncio de sua morte e ressurreição, que restaura a condição humana, vence a alienação causada pelo pecado e inaugura nova era. A cruz de Jesus anuncia o fim da inimizade com Deus e inaugura a era da reconciliação universal. Enquanto esperamos o dia da ressurreição, Deus escolheu apóstolos para exercer o ministério da reconciliação. Por meio deles, o Senhor Jesus continua sua atividade na terra e convoca todos os homens: "reconciliem-se com Deus".

Lucas 15, 1-3 Jesus provoca escândalo.

1 Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar. 2 Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus, dizendo: “Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!”
A ovelha perdida - 3 Então Jesus contou-lhes esta parábola: Os dois filhos - 11 Jesus continuou: “Um homem tinha dois filhos. 12 O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, me dá a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. 13 Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu, e partiu para um lugar distante. E aí esbanjou tudo numa vida desenfreada. 14 Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome nessa região, e ele começou a passar necessidade. 15 Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para a roça, cuidar dos porcos. 16 O rapaz queria matar a fome com a lavagem que os porcos comiam, mas nem isso lhe davam. 17 Então, caindo em si, disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome... 18 Vou me levantar, e vou encontrar meu pai, e dizer a ele: - Pai, pequei contra Deus e contra ti; 19 já não mereço que me chamem teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. 20 Então se levantou, e foi ao encontro do pai.
Quando ainda estava longe, o pai o avistou, e teve compaixão. Saiu correndo, o abraçou, e o cobriu de beijos. 21 Então o filho disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho’. 22 Mas o pai disse aos empregados: ‘Depressa, tragam a melhor túnica para vestir meu filho. E coloquem um anel no seu dedo e sandálias nos pés. 23 Peguem o novilho gordo e o matem. Vamos fazer um banquete. 24 Porque este meu filho estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’. E começaram a festa.
25 O filho mais velho estava na roça. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26 Então chamou um dos criados, e perguntou o que estava acontecendo. 27 O criado respondeu: ‘É seu irmão que voltou. E seu pai, porque o recuperou são e salvo, matou o novilho gordo’. 28 Então, o irmão ficou com raiva, e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29 Mas ele respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua; e nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30 Quando chegou esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho gordo!’ 31 Então o pai lhe disse: ‘Filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu. 32 Mas, era preciso festejar e nos alegrar, porque esse seu irmão estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’.”
Comentário:
1-2: O capítulo 15 de Lucas é o coração de todo o Evangelho (= Boa Notícia). Aí vemos que o amor do Pai é o fundamento da atitude de Jesus diante dos homens. Respondendo à crítica daqueles que se consideram justos, cheios de méritos, e se escandalizam da solidariedade para com os pecadores, Jesus narra três parábolas. A primeira e a segunda mostram a atitude de Deus em Jesus, questionando a hipocrisia dos homens. A terceira tem dois aspectos: o processo de conversão do pecador e o problema do “justo” que resiste ao amor do Pai.
3-7: A parábola não quer dizer que Deus prefere o pecador ao justo, ou que os justos sejam hipócritas. Ela ressalta o mistério do amor do Pai que se alegra em acolher o pecador arrependido ao lado do justo que persevera.
11-32: O processo de conversão começa com a tomada de consciência: o filho mais novo sente-se perdido econômica e moralmente. A acolhida do pai e as medidas tomadas mostram não só o perdão, mas também o restabelecimento da dignidade de filho. O filho mais velho é justo e perseverante, mas é incapaz de aceitar a volta do irmão e o amor do pai que o acolheu. Recusa-se a participar da alegria. Com esta parábola, Jesus faz apelo supremo para que os doutores da Lei e os fariseus aceitem partilhar da alegria de Deus pela volta dos pecadores à dignidade da vida.

sábado, 13 de março de 2010

Lucas 18, 9-15 A justificação é dom de Deus.

9 Para alguns que confiavam na sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou esta parábola: 10 “Dois homens subiram ao Templo para rezar; um era fariseu, o outro era cobrador de impostos. 11 O fariseu, de pé, rezava assim no seu íntimo: ‘Ó Deus, eu te agradeço, porque não sou como os outros homens, que são ladrões, desonestos, adúlteros, nem como esse cobrador de impostos. 12 Eu faço jejum duas vezes por semana, e dou o dízimo de toda a minha renda’. 13 O cobrador de impostos ficou à distância, e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: ‘Meu Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!’ 14 Eu declaro a vocês: este último voltou para casa justificado, o outro não. Pois quem se eleva, será humilhado, e quem se humilha, será elevado.”
Comentário:
9-14: Não basta ser perseverante e insistente. É preciso reconhecer e confessar a própria pequenez, recorrendo à misericórdia de Deus. De nada adianta o homem justificar a si mesmo, pois a justificação é dom de Deus.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Marcos 12, 28b-34 O centro da vida.

28 Um doutor da Lei estava aí, e ouviu a discussão. Vendo que Jesus tinha respondido bem, aproximou-se dele e perguntou: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?” 29 Jesus respondeu: “O primeiro mandamento é este: Ouça, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor! 30 E ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, com todo o seu entendimento e com toda a sua força. 31 O segundo mandamento é este: Ame ao seu próximo como a si mesmo. Não existe outro mandamento mais importante do que esses dois.”
32 O doutor da Lei disse a Jesus: “Muito bem, Mestre! Como disseste, ele é, na verdade, o único Deus, e não existe outro além dele. 33 E amá-lo de todo o coração, de toda a mente, e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo, é melhor do que todos os holocaustos e do que todos os sacrifícios.” 34 Jesus viu que o doutor da Lei tinha respondido com inteligência, e disse: “Você não está longe do Reino de Deus.” E ninguém mais tinha coragem de fazer perguntas a Jesus.
Comentário:
28-34: Jesus resume a essência e o espírito da vida humana num ato único com duas faces inseparáveis: amar a Deus com entrega total de si mesmo, porque o Deus verdadeiro e absoluto é um só e, entregando-se a Deus, o homem desabsolutiza a si mesmo, o próximo e as coisas; amar ao próximo como a si mesmo, isto é, a relação num espírito de fraternidade e não de opressão ou de submissão. O dinamismo da vida é o amor que tece as relações entre os homens, levando todos aos encontros, confrontos e conflitos que geram uma sociedade cada vez mais justa e mais próxima do Reino de Deus.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Lucas 11, 14-23 Jesus é mais forte do que Satanás.

14 Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas. 15 Mas alguns disseram: “É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios.” 16 Outros, para tentar Jesus, pediram-lhe um sinal do céu. 17 Mas, conhecendo o pensamento deles, Jesus disse: “Todo reino dividido em grupos que lutam entre si, será destruído; e uma casa cairá sobre outra. 18 Ora, se até Satanás está dividido contra si mesmo, como o seu reino poderá sobreviver? Vocês dizem que é por Belzebu que eu expulso os demônios. 19 Se é através de Belzebu que eu expulso os demônios, através de quem os filhos de vocês expulsam os demônios? Por isso, eles mesmos hão de julgar vocês. 20 Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus chegou para vocês. 21 Quando um homem forte e bem armado guarda a sua casa, os bens dele estão em segurança. 22 Mas, quando chega um homem mais forte do que ele e o vence, arranca-lhe a armadura na qual ele confiava, e reparte o que roubou. 23 Quem não está comigo, está contra mim. E quem não recolhe comigo, dispersa.”
Comentário:
14-23: A cura do endemoninhado mostra que a ação de Jesus consiste em libertar o homem da alienação que o impede de falar. A ação de Jesus testemunha a chegada do Reino de Deus, pois para vencer Satanás é preciso ser mais forte do que ele. Mas Jesus é, ao mesmo tempo, a presença da salvação e do julgamento: quem não age com Jesus, torna-se adversário.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Mateus 5, 17-19 A lei e a justiça.

17 “Não pensem que eu vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim abolir, mas dar-lhes pleno cumprimento. 18 Eu garanto a vocês: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem sequer uma letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo aconteça. 19 Portanto, quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem os praticar e ensinar, será considerado grande no Reino do Céu.
Comentário:
17-20: A lei não deve ser observada simplesmente por ser lei, mas por aquilo que ela realiza de justiça. Cumprir a lei fielmente não significa subdividi-la em observâncias minuciosas, criando uma burocracia escravizante; significa, isto sim, buscar nela inspiração para a justiça e a misericórdia, a fim de que o homem tenha vida e relações mais fraternas. Em 5,21-48, Mateus apresenta cinco exemplos, para mostrar como é que uma lei deve ser entendida.


terça-feira, 9 de março de 2010

Mateus 18, 21-35 Perdoar sem limites.

21 Pedro aproximou-se de Jesus, e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” 22 Jesus respondeu: “Não lhe digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23 Porque o Reino do Céu é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24 Quando começou o acerto, levaram a ele um que devia dez mil talentos. 25 Como o empregado não tinha com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26 O empregado, porém, caiu aos pés do patrão e, ajoelhado, suplicava: ‘Dá-me um prazo. E eu te pagarei tudo’. 27 Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado, e lhe perdoou a dívida. 28 Ao sair daí, esse empregado encontrou um de seus companheiros que lhe devia cem moedas de prata. Ele o agarrou, e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Pague logo o que me deve’. 29 O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dê-me um prazo, e eu pagarei a você’. 30 Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. 31 Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão, e lhe contaram tudo. 32 O patrão mandou chamar o empregado, e lhe disse: ‘Empregado miserável! Eu lhe perdoei toda a sua dívida, porque você me suplicou. 33 E você, não devia também ter compaixão do seu companheiro, como eu tive de você?’ 34 O patrão indignou-se, e mandou entregar esse empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35 É assim que fará com vocês o meu Pai que está no céu, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão.”
Comentário:
21-35: Na comunidade de Jesus não existem limites para o perdão (setenta vezes sete). Ao entrar na comunidade, cada pessoa já recebeu do Pai um perdão sem limites (dez mil talentos). A vida na comunidade precisa, portanto, basear-se no amor e na misericórdia, compartilhando entre todos esse perdão que cada um recebeu.

segunda-feira, 8 de março de 2010

João 4, 5-42 Jesus sacia a sede do homem.

5 Chegou, então, a uma cidade da Samaria chamada Sicar, perto do campo que Jacó tinha dado ao seu filho José. 6 Aí ficava a fonte de Jacó. Cansado da viagem, Jesus sentou-se junto à fonte. Era quase meio-dia.
7 Então chegou uma mulher da Samaria para tirar água. Jesus lhe pediu: “Dê-me de beber.” 8 (Os discípulos tinham ido à cidade para comprar mantimentos). 9 A samaritana perguntou: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou samaritana?” (De fato, os judeus não se dão bem com os samaritanos). 10 Jesus respondeu: “Se você conhecesse o dom de Deus, e quem lhe está pedindo de beber, você é que lhe pediria. E ele daria a você água viva.”
11 A mulher disse a Jesus: “Senhor, não tens um balde, e o poço é fundo. De onde vais tirar a água viva? 12 Certamente não pretendes ser maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, e do qual ele bebeu junto com seus filhos e animais!” 13 Jesus respondeu: “Quem bebe desta água vai ter sede de novo. 14 Mas aquele que beber a água que eu vou dar, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe darei, vai se tornar dentro dele uma fonte de água que jorra para a vida eterna.” 15 A mulher disse a Jesus: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise vir aqui para tirar.”
A verdadeira religião sai de dentro do homem - 16 Jesus disse à samaritana: “Vá chamar o seu marido e volte aqui.” 17 A mulher respondeu: “Eu não tenho marido.” Jesus disse: “Você tem razão ao dizer que não tem marido. 18 De fato, você teve cinco maridos. E o homem que você tem agora, não é seu marido. Nisso você falou a verdade.” 19 A mulher então disse a Jesus: “Senhor, vejo que és profeta! 20 Os nossos pais adoraram a Deus nesta montanha. E vocês judeus dizem que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.”
21 Jesus disse: “Mulher, acredite em mim. Está chegando a hora, em que não adorarão o Pai, nem sobre esta montanha nem em Jerusalém. 22 Vocês adoram o que não conhecem, nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. 23 Mas está chegando a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e verdade. Porque são estes os adoradores que o Pai procura. 24 Deus é espírito, e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade.” 25 A mulher disse a Jesus: “Eu sei que vai chegar um Messias (aquele que se chama Cristo); e quando chegar, ele nos vai mostrar todas as coisas.” 26 Jesus disse: “Esse Messias sou eu, que estou falando com você.”
Os discípulos continuam a missão de Jesus - 27 Nesse momento, os discípulos de Jesus chegaram. E ficaram admirados de ver Jesus falando com uma mulher, mas ninguém perguntou o que ele queria, ou por que ele estava conversando com a mulher. 28 Então a mulher deixou o balde, foi para a cidade e disse para as pessoas: 29 “Venham ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Será que ele não é o Messias?” 30 O pessoal saiu da cidade e foi ao encontro de Jesus.
31 Enquanto isso, os discípulos insistiam com Jesus, dizendo: “Mestre, come alguma coisa.” 32 Jesus disse: “Eu tenho um alimento para comer, que vocês não conhecem.” 33 Os discípulos comentavam: “Será que alguém trouxe alguma coisa para ele comer?” 34 Jesus disse: “O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra. 35 Vocês não dizem que faltam quatro meses para a colheita? Pois eu digo a vocês: ergam os olhos e olhem os campos: já estão dourados para a colheita. 36 Aquele que colhe, recebe desde já o salário, e recolhe fruto para a vida eterna; desse modo, aquele que semeia se alegra junto com aquele que colhe. 37 Na verdade é como diz o provérbio: ‘Um semeia e outro colhe’. 38 Eu enviei vocês para colher aquilo que vocês não trabalharam. Outros trabalharam, e vocês entraram no trabalho deles.”
O encontro com a palavra de Jesus produz a verdadeira fé - 39 Muitos samaritanos dessa cidade acreditaram em Jesus, por causa do testemunho que a mulher tinha dado. “Ele me disse tudo o que eu fiz.” 40 Os samaritanos então foram ao encontro de Jesus e lhe pediram que ficasse com eles. E Jesus ficou aí dois dias. 41 Muitas outras pessoas acreditaram em Jesus ao ouvir sua palavra. 42 E diziam à mulher: “Já não acreditamos por causa daquilo que você disse. Agora, nós mesmos ouvimos e sabemos que este é, de fato, o salvador do mundo.”
Comentário:
1-15: Conversando com uma mulher que era samaritana, Jesus supera os preconceitos de raça e as discriminações sociais. Como qualquer pessoa, essa mulher tem sede de vida. Todos buscam algo que lhes mate a sede, mas encontram apenas águas paradas. Jesus traz água viva corrente e faz com que a fonte brote de dentro de cada um.
16-26: Enquanto os judeus adoravam a Deus no templo de Jerusalém, os samaritanos o adoravam no templo do monte Garizim. Jesus supera o nacionalismo religioso, mostrando que Deus quer ser adorado na própria dimensão da vida humana. A própria vida, dedicada ao bem dos outros, como a de Jesus, é o verdadeiro culto a Deus, a adoração em espírito e verdade. Como Pai, Deus está presente na família humana e não quer que os homens separem religião e vida.
27-38: Com sua palavra e ação, Jesus realiza a obra do semeador. Todos os que fazem a experiência de Jesus partem para anunciá-lo, como a samaritana, provocando a vinda do povo. A vontade do Pai é reunir a humanidade em torno de Jesus, e cabe aos discípulos continuar essa tarefa, iniciada pelo próprio Jesus.
39-42: Os judeus se consideravam escolhidos por Deus, mas não compreenderam e não aceitaram a mensagem de Jesus, e até o obrigaram a sair da Judéia (4,1-3). Os samaritanos, que eram considerados como povo marginalizado e herege, acolheram Jesus como o Salvador do mundo.

domingo, 7 de março de 2010

1 Coríntios 10, 1-6.10-12 Aprender da história.

1 Irmãos, não quero que vocês ignorem uma coisa: todos os nossos antepassados estiveram sob a nuvem; todos atravessaram o mar 2 e, na nuvem e no mar, todos receberam um batismo que os ligava a Moisés. 3 Todos comeram o mesmo alimento espiritual, 4 e todos beberam a mesma bebida espiritual, pois bebiam de uma rocha espiritual que os acompanhava; e essa rocha era Cristo. 5 Apesar disso, a maioria deles não agradou a Deus, e caíram mortos no deserto.
6 Ora, esses fatos aconteceram como exemplo para nós, para que não cobicemos coisas más, como eles cobiçaram.
10 Não murmurem, como alguns deles murmuraram, e pereceram em mãos do anjo exterminador. 11 Tais coisas aconteceram a eles como exemplo, e foram escritas para nossa instrução, a nós que vivemos no fim dos tempos. 12 Portanto, aquele que julga estar em pé, tome cuidado para não cair. Comentário:
10,1-13: Paulo faz uma releitura do AT, mostrando que a história é um exemplo e instrução para a comunidade cristã, que vive a etapa final dessa mesma história (v. 11). Segundo tradições dos rabinos, a rocha golpeada por Moisés (cf. Nm 20,1-13) seguia os hebreus para providenciar-lhes água. Essa interpretação é aqui usada para dizer que Cristo conduz o povo desde os tempos do Êxodo. O comportamento dos hebreus daquele tempo torna-se advertência para que os cristãos se mantenham fiéis, confiando no apoio de Deus.

Lucas 13, 1-9 Urgência da conversão.

1 Nesse tempo, chegaram algumas pessoas levando notícias a Jesus sobre os galileus que Pilatos tinha matado, enquanto ofereciam sacrifícios. 2 Jesus respondeu-lhes: “Pensam vocês que esses galileus, por terem sofrido tal sorte, eram mais pecadores do que todos os outros galileus? 3 De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo. 4 E aqueles dezoito que morreram quando a torre de Siloé caiu em cima deles? Pensam vocês que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? 5 De modo algum, lhes digo eu. E se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo modo.” 6 Então Jesus contou esta parábola: “Certo homem tinha uma figueira plantada no meio da vinha. Foi até ela procurar figos, e não encontrou. 7 Então disse ao agricultor: ‘Olhe! Hoje faz três anos que venho buscar figos nesta figueira, e não encontro nada! Corte-a. Ela só fica aí esgotando a terra’. 8 Mas o agricultor respondeu: ‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e pôr adubo. 9 Quem sabe, no futuro ela dará fruto! Se não der, então a cortarás’.”
Comentário:
1-9: No caminho da vida há acontecimentos trágicos. Estes não significam que as vítimas são mais pecadoras do que os outros. Ao contrário, são convites abertos para que se pense no imprevisível dos fatos e na urgência da conversão, para se construir a nova história. A parábola (vv. 6-9) salienta que, em Jesus, Deus sempre dá uma última chance.

sábado, 6 de março de 2010

Lucas 15, 1-3 Jesus provoca escândalo.

1 Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para o escutar. 2 Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus, dizendo: “Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!”
A ovelha perdida - 3 Então Jesus contou-lhes esta parábola: Os dois filhos - 11 Jesus continuou: “Um homem tinha dois filhos. 12 O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, me dá a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. 13 Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu, e partiu para um lugar distante. E aí esbanjou tudo numa vida desenfreada. 14 Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome nessa região, e ele começou a passar necessidade. 15 Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para a roça, cuidar dos porcos. 16 O rapaz queria matar a fome com a lavagem que os porcos comiam, mas nem isso lhe davam. 17 Então, caindo em si, disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome... 18 Vou me levantar, e vou encontrar meu pai, e dizer a ele: - Pai, pequei contra Deus e contra ti; 19 já não mereço que me chamem teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. 20 Então se levantou, e foi ao encontro do pai.
Quando ainda estava longe, o pai o avistou, e teve compaixão. Saiu correndo, o abraçou, e o cobriu de beijos. 21 Então o filho disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho’. 22 Mas o pai disse aos empregados: ‘Depressa, tragam a melhor túnica para vestir meu filho. E coloquem um anel no seu dedo e sandálias nos pés. 23 Peguem o novilho gordo e o matem. Vamos fazer um banquete. 24 Porque este meu filho estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’. E começaram a festa.
25 O filho mais velho estava na roça. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26 Então chamou um dos criados, e perguntou o que estava acontecendo. 27 O criado respondeu: ‘É seu irmão que voltou. E seu pai, porque o recuperou são e salvo, matou o novilho gordo’. 28 Então, o irmão ficou com raiva, e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29 Mas ele respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua; e nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30 Quando chegou esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho gordo!’ 31 Então o pai lhe disse: ‘Filho, você está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu. 32 Mas, era preciso festejar e nos alegrar, porque esse seu irmão estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’.”
Comentario:
1-2: O capítulo 15 de Lucas é o coração de todo o Evangelho (= Boa Notícia). Aí vemos que o amor do Pai é o fundamento da atitude de Jesus diante dos homens. Respondendo à crítica daqueles que se consideram justos, cheios de méritos, e se escandalizam da solidariedade para com os pecadores, Jesus narra três parábolas. A primeira e a segunda mostram a atitude de Deus em Jesus, questionando a hipocrisia dos homens. A terceira tem dois aspectos: o processo de conversão do pecador e o problema do "justo" que resiste ao amor do Pai.
3-7: A parábola não quer dizer que Deus prefere o pecador ao justo, ou que os justos sejam hipócritas. Ela ressalta o mistério do amor do Pai que se alegra em acolher o pecador arrependido ao lado do justo que persevera.
11-32: O processo de conversão começa com a tomada de consciência: o filho mais novo sente-se perdido econômica e moralmente. A acolhida do pai e as medidas tomadas mostram não só o perdão, mas também o restabelecimento da dignidade de filho. O filho mais velho é justo e perseverante, mas é incapaz de aceitar a volta do irmão e o amor do pai que o acolheu. Recusa-se a participar da alegria. Com esta parábola, Jesus faz apelo supremo para que os doutores da Lei e os fariseus aceitem partilhar da alegria de Deus pela volta dos pecadores à dignidade da vida.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Mateus, 21, 33-43.45-46 Jesus acusa as autoridades.

33 “Escutem essa outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, cercou-a, fez um tanque para pisar a uva, e construiu uma torre de guarda. Depois arrendou a vinha para alguns agricultores, e viajou para o estrangeiro. 34 Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos agricultores para receber os frutos. 35 Os agricultores, porém, agarraram os empregados, bateram num, mataram outro, e apedrejaram o terceiro. 36 O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma. 37 Finalmente, o proprietário enviou-lhes o seu próprio filho, pensando: ‘Eles vão respeitar o meu filho’. 38 Os agricultores, porém, ao verem o filho, pensaram: ‘Esse é o herdeiro. Venham, vamos matá-lo, e tomar posse da sua herança’. 39 Então agarraram o filho, o jogaram para fora da vinha, e o mataram. 40 Pois bem: quando o dono da vinha voltar, o que irá fazer com esses agricultores?” 41 Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “É claro que mandará matar de modo violento esses perversos, e arrendará a vinha a outros agricultores, que lhe entregarão os frutos no tempo certo.” 42 Então Jesus disse a eles: “Vocês nunca leram na Escritura: ‘A pedra que os construtores deixaram de lado tornou-se a pedra mais importante; isso foi feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos’? 43 Por isso eu lhes afirmo: o Reino de Deus será tirado de vocês, e será entregue a uma nação que produzirá seus frutos.
45 Os chefes dos sacerdotes e os fariseus ouviram as parábolas de Jesus, e compreenderam que estava falando deles. 46 Procuraram prender Jesus, mas ficaram com medo das multidões, pois elas consideravam Jesus um profeta.
Comentário:
33-46: Cf. nota em Mc 12,1-12. Mateus salienta a formação de um novo povo de Deus, formado agora não por uma nação particular, mas por todos aqueles que acreditam, comprometendo-se com Jesus.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Lucas 16, 19-31 O rico e o pobre.

19 “Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino, e dava banquete todos os dias. 20 E um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, que estava caído à porta do rico. 21 Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E ainda vinham os cachorros lamber-lhe as feridas. 22 Aconteceu que o pobre morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. Morreu também o rico, e foi enterrado. 23 No inferno, em meio aos tormentos, o rico levantou os olhos, e viu de longe Abraão, com Lázaro a seu lado. 24 Então o rico gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque este fogo me atormenta’. 25 Mas Abraão respondeu: ‘Lembre-se, filho: você recebeu seus bens durante a vida, enquanto Lázaro recebeu males. Agora, porém, ele encontra consolo aqui, e você é atormentado. 26 Além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, nunca poderia passar daqui para junto de vocês, nem os daí poderiam atravessar até nós’. 27 O rico insistiu: ‘Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa de meu pai, 28 porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não acabem também eles vindo para este lugar de tormento’. 29 Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os profetas: que os escutem!’ 30 O rico insistiu: ‘Não, pai Abraão! Se um dos mortos for até eles, eles vão se converter’. 31 Mas Abraão lhe disse: ‘Se eles não escutam a Moisés e aos profetas, mesmo que um dos mortos ressuscite, eles não ficarão convencidos’.”
Comentário:
19-31: A parábola é uma crítica à sociedade classista, onde o rico vive na abundância e no luxo, enquanto o pobre morre na miséria. O problema é o isolamento e afastamento em que o rico vive, mantendo um abismo de separação que o pobre não consegue transpor. Para quebrar esse isolamento, o rico precisa se converter. Nada o levará a essa conversão, se ele não for capaz de abrir o coração para a palavra de Deus, o que o leva a voltar-se para o pobre. Assim, mais do que explicação da vida no além, a parábola é exigência de profunda transformação social, para criar uma sociedade onde haja partilha de bens entre todos.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Mateus 20, 17-28 Autoridade é serviço.

17 Enquanto subia para Jerusalém, Jesus tomou consigo os doze discípulos em particular e, durante a caminhada, disse para eles: 18”Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem vai ser entregue aos chefes dos sacerdotes e aos doutores da Lei. Eles o condenarão à morte, 19 e o entregarão aos pagãos para zombarem dele, flagelá-lo e crucificá-lo. E no terceiro dia ele ressuscitará.”
20 A mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos, e ajoelhou-se para pedir alguma coisa. 21 Jesus perguntou: “O que você quer?” Ela respondeu: “Promete que meus dois filhos se sentem, um à tua direita e o outro à tua esquerda, no teu Reino.” 22 Jesus, então, disse:“Vocês não sabem o que estão pedindo. Por acaso, vocês podem beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos.” 23 Então Jesus disse: “Vocês vão beber do meu cálice. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou esquerda. É meu Pai quem dará esses lugares àqueles para os quais ele mesmo preparou.” 24 Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram com raiva dos dois irmãos. 25 Mas Jesus chamou-os, e disse: “Vocês sabem: os governadores das nações têm poder sobre elas, e os grandes têm autoridade sobre elas. 26 Entre vocês não deverá ser assim: quem de vocês quiser ser grande, deve tornar-se o servidor de vocês; 27 e quem de vocês quiser ser o primeiro, deverá tornar-se servo de vocês. 28 Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir, e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos.”
Comentário:
17-28: Cf. nota em Mc 10,32-45.

terça-feira, 2 de março de 2010

Mateus 23, 1-12 Jesus condena a dominação intelectual.

1 Jesus falou às multidões e aos seus discípulos: 2 «Os doutores da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. 3 Por isso, vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem suas ações, pois eles falam e não praticam. 4 Amarram pesados fardos e os colocam no ombro dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo. 5 Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Vejam como eles usam faixas largas na testa e nos braços, e como põem na roupa longas franjas, com trechos da Escritura. 6 Gostam dos lugares de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas; 7 gostam de ser cumprimentados nas praças públicas, e de que as pessoas os chamem mestre. 8 Quanto a vocês, nunca se deixem chamar mestre, pois um só é o Mestre de vocês, e todos vocês são irmãos. 9 Na terra, não chamem a ninguém Pai, pois um só é o Pai de vocês, aquele que está no céu. 10 Não deixem que os outros chamem vocês líderes, pois um só é o Líder de vocês: o Messias. 11 Pelo contrário, o maior de vocês deve ser aquele que serve a vocês. 12 Quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será elevado.”
Comentário:
1-12: Jesus critica os intelectuais e os líderes da classe dominante, que transformam o saber em poder, agindo hipocritamente e oprimindo o povo. Na nova comunidade de Jesus todos são irmãos, voltados para o serviço mútuo e reunidos em torno de Deus que é Pai, e de Jesus, que é o único líder e que veio para servir.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Lucas 6, 36-38 A gratuidade nas relações.

36 Sejam misericordiosos, como também o Pai de vocês é misericordioso.”
Só Deus pode julgar - 37 “Não julguem, e vocês não serão julgados; não condenem, e não serão condenados; perdoem, e serão perdoados. 38 Dêem, e será dado a vocês; colocarão nos braços de vocês uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante. Porque a mesma medida que vocês usarem para os outros, será usada para vocês.”
Comentário:
27-36: A vida em sociedade é feita de relacionamentos de interesses e reciprocidade, que geram lucro, poder e prestígio. O Evangelho revoluciona o campo das relações humanas, mostrando que, numa sociedade justa e fraterna, as relações devem ser gratuitas, à semelhança do amor misericordioso do Pai.
37-42: Cf. nota em Mt 7,1-5. Lucas salienta que as relações numa sociedade nova não devem ser de julgamento e condenação, mas de perdão e dom. Só Deus pode julgar.